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D.T-2º Aula DRº RUI [PARACOCCIDIOIDOMICOSE | TUBERCULOSE] JÉSSICA MEIRELES NOGUEIRA 20/02/2020 INTRODUÇÃO-PARACOCCIDIOIDOMICOSE A paracoccidioidomicose (PCM) é uma micose sistêmica causada por Paracoccidioides brasiliensis (figura 1), um fungo dimórfico, de morfologia variável de acordo com a temperatura externa. Em temperatura ambiente (em torno de 25º C), desenvolve-se na forma filamentosa ou miceliana, caracterizada pela presença de hifas verdadeiras. À temperatura do corpo humano (próxima a 37º C), apresenta-se em forma de levedura, sua apresentação unicelular parasitária. Sua morfologia característica – multibrotamentos que possuem um aspecto de “roda de leme” – permite a identificação da forma leveduriforme em amostras clínicas (secreções, escarro e tecido). Está presente na natureza, no solo, em matéria orgânica vegetal e em alguns animais, como os tatus. A PCM é uma doença insidiosa, que pode comprometer pulmões, sistema reticuloendotelial (fígado, baço, medula óssea, linfonodos), adrenais e tegumento. Presente em pacientes imunocompetentes. No adulto, a forma clínica predominante é crônica; Em crianças ou adolescentes, apresenta-se na forma aguda ou subaguda; OBS: Quando não diagnosticada e não tratada, pode levar a forma disseminada levando a gravidade e letalidade. EPIDEMIOLOGIA O fungo está presente, principalmente na América Latina, em locais: Úmido/Temperado Com rios e florestas No Brasil, a prevalência de PCM é maior em populações de áreas rurais. A aquisição acontece por via respiratória: No hospedeiro: Figura 1 - Paracoccidiodes brasiliensis (levedura) P. brasiliensis diretamente do solo é muito difícil Infecção por tatus em áreas endêmicas Inalação de Conídios (esporos assexuados) Forma miceliana de P. brasiliensis Os Conídios se desenvolvem Forma de levedura D.T-2º Aula DRº RUI [PARACOCCIDIOIDOMICOSE | TUBERCULOSE] JÉSSICA MEIRELES NOGUEIRA 20/02/2020 A faixa etária mais acometida situa-se: 30 e 50 anos, e mais de 90% dos casos são do sexo masculino. Os principais fatores de risco para a aquisição da infecção são: Profissões ou atividades relacionadas ao manejo do solo contaminado pelo fungo. Tabagismo e alcoolismo estão frequentemente associados à micose. FISIOPATOLOGIA O fungo está na natureza na forma saprofítica (micélio), que produz esporos assexuados denominados conídios, que constituem as formas infectantes. Acabam se desprendendo das hifas e são carregados pelo ar, de maneira que podem ser inalados por hospedeiros suscetíveis. Uma vez inalados, os conídios se alojam nos alvéolos e pequenas vias aéreas, germinam e permitem a proliferação do fungo. Na forma de levedura, desencadeiam um processo inflamatório granulomatosa (complexo primário, em semelhança à tuberculose), que acontece simultaneamente à disseminação do fungo para outros tecidos por via hematogênica. Após a exposição do fungo: A maioria das pessoas passa por uma infecção subclínica assintomática. O intervalo entre a infecção e o surgimento da doença crônica pode durar mais de 20 anos. Fatores como desnutrição, alcoolismo e tabagismo reduzem as defesas naturais ao fungo, aumentando as chances de doença em homens ser muito maior do que em mulheres. As formas agudas e crônicas: Nas formas agudas, a doença se desenvolve logo após a aquisição do fungo, por inabilidade do hospedeiro em desencadear uma resposta imune específica efetiva, capaz de conter a disseminação do agente, no momento da primeira-infecção. A imunidade celular na forma aguda está muito deprimida, e há abundância celular de anticorpos. Na forma crônica da infecção é o granuloma fúngico. Os granulomas podem ser pauciparasitados (pobres em fungos) ou multiparasitados. O último acaba apresentando áreas de necrose e estão presentes em indivíduos que não apresentam uma boa resposta celular. Os eosinófilos são abundantes, sendo elementos celulares comuns nesta infecção fúngica. D.T-2º Aula DRº RUI [PARACOCCIDIOIDOMICOSE | TUBERCULOSE] JÉSSICA MEIRELES NOGUEIRA 20/02/2020 CLASSIFICAÇÃO A classificação mais aceita das formas clínicas de PCM, proposta em 1986: PCM infecção; PCM doença; Forma aguda/subaguda; Forma crônica; PCM infecção: é a forma latente, apresentada pelo indivíduo que adquiriu a infecção pelo P.brasiliensis, formou o complexo primário e permanece assintomático. Pode ser diagnosticada apenas pela paracoccidioidina positiva. Paracoccidioidina – 4,6 a 43,8% prevalência Infância – aumenta com a idade. PCM doença: Abrange as formas sintomáticas, classificadas de acordo com aspectos clínicos e com o momento da apresentação em relação à aquisição da infecção (aguda/subaguda ou crônica). Incidência estimada – 1 a 3 casos/100.000 hab. Faixa etária mais acometida – 30 a 50 anos. Relação mas/fem – 11 a 15:1 (Mas: pelo fato de trabalhar na “lavoura” – Fem: por está mais em “casa”). APRESENTAÇÃO CLÍNICA Forma aguda/subaguda (juvenil) Afetam de 3 a 5% dos casos da doença, com predomínio em crianças e adolescentes, mas podem acometer indivíduos até os 35 anos. Ocorre em ambos os sexos, acomete o sistema reticuloendotelial (baço, fígado, medula óssea e linfonodos) e decorre na incapacidade do sistema imune de conter os múltiplos focos. A PCM juvenil é classificada em moderada e grave, de acordo com o grau de acometimento e a disfunção dos órgãos envolvidos. Sintomas: Febre Queda do estado geral Linfadenopatia extensa Acometimento pulmonar Pancitopenia por acometimento da medula óssea Insuficiência adrenal D.T-2º Aula DRº RUI [PARACOCCIDIOIDOMICOSE | TUBERCULOSE] JÉSSICA MEIRELES NOGUEIRA 20/02/2020 A linfadenopatia da PCM aguda é vista: Gânglios superficiais (cervical posterior/anterior, submandibular); Gânglios profundos (gânglios abdominais, que podem comprimir a veia cava inferior e vias biliares simulando linfomas); Forma Crônica Acometem por mais de 95 a 97% dos pacientes, principalmente em adultos entre os 30 e os 60 anos, a maioria do sexo masculino. Sua classificação é considerada de forma leve, moderada e grave, de acordo com a quantidade de sítios envolvidos. Clinicamente, o comprometimento pulmonar da PCM caracteriza-se por uma dissociação clínico-radiológica: A anamnese revela uma história crônica de tosse e pigarro, existem poucos achados ao exame físico; Na radiografia de tórax é muito característico o comprometimento dos pulmões com infiltrado reticulonodular com fibrose. O acometimento pulmonar concentra-se em seu terço médio o que confere ao infiltrado a denominação “em asa de borboleta”. As lesões cutâneas que aparecem, acompanham o quadro pulmonar, podem ser: Ulceradas; Verrucosas ou; Nodulares, podendo concentra-se mais em face e em membros. A estomatite moriforme (lesões em mucosa oral semelhante a amoras) é comum, e lesões em pregas vocais causam rouquidão. As principais complicações da doença são as sequelas pulmonares (fibrose pulmonar, cor pulmonale). DIAGNÓSTICO 1. Micológico Direto 2. Cultura 3. Histopatologia 4. Radiológico – Ex: “Asa de Borboleta” 5. TC de abdome – gânglios aumentados e hepatoesplenomegalia Fibrose pulmonar: É a substituição do tecido pulmonar normal por um tecido cicatricial. Cor pulmonale: Alteração funcional do ventrículo direito manifesta estruturalmente como hipertrofia ou dilatação, resultante diretamente da hipertensão pulmonar. D.T-2º Aula DRº RUI [PARACOCCIDIOIDOMICOSE | TUBERCULOSE] JÉSSICA MEIRELES NOGUEIRA 20/02/2020 Diagnóstico diferencial: Lesões orais; Lesões cutâneas; Lesões pulmonares; Lesões abdominais; TRATAMENTO Medidas gerais: Dieta hiperprotéica e Hipercalórica; Suplementação vitamínica; Restriçãodo Álcool e do tabaco; O tratamento depende da forma clínica e da gravidade do paciente. Medidas específicas: Itraconzol; Sulfametoxazol+trimetroprima PONTOS IMPORTANTES Ocorre em pacientes usualmente imunocompetentes; Provoca lesões pulmonares crônicas e mucocutâneas envolvendo cavidade oral, face, laringe, orelhas e nariz; O diagnóstico definitivo é feito por cultura de pus, sangue ou espécime histológico; A sorologia por imunodifusão é positiva em 95% dos casos. D.T-2º Aula DRº RUI [PARACOCCIDIOIDOMICOSE | TUBERCULOSE] JÉSSICA MEIRELES NOGUEIRA 20/02/2020 INTRODUÇÃO – TUBERCULOSE EPIDEMIOLOGIA Cerca de 1/3 da população mundial está infectada pelo Mycobacterium tuberculosis. Em todo o mundo, estimam-se cerca de 9 milhões de novos casos de tuberculose (TB) por ano, com 3 milhões de óbitos. O M. tuberculosis mata mais do que qualquer outro agente infeccioso isolado, sendo responsável por até 25% das mortes nos países em desenvolvimento. O Brasil ocupa o 19º lugar entre os 22 países responsáveis por 80% do total de casos de TB no mundo. Com o surgimento da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), no final da década de 1970, observa-se, tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento, um crescente número de casos notificados de TB em pessoas infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). A associação dessas enfermidades constitui um sério problema de saúde pública, podendo levar ao aumento da morbidade e mortalidade pela TB em muitos países. O surgimento da multirresistência, com necessidade de terapêutica combinada de longa duração, e a coinfecção com o HIV têm constituído fatores agravantes da disseminação mundial da doença na atualidade. Nos pacientes imunodeprimidos, o tratamento pode ser prolongado, o que favorece o surgimento de cepas multirresistentes. A mortalidade em 2 anos é de 70 a 80% em portadores dessas cepas. FISIOPATOLOGIA A tuberculose é uma doença infecciosa crônica causada por micobactérias de replicação lenta, do complexo Mycobacterium tuberculosis. Trata-se de bacilos pequenos, não esporulados, aeróbios, que possuem uma parede celular rica em lipídios. As características físico-químicas dessa parede fazem com que a bactéria seja corada por fucsina na técnica de Ziehl-Neelsen, o que define como Bacilo Álcool-Ácido-Resistente (BAAR). Seu crescimento é lento, com tempo de duplicação em torno de 18 horas, formando colônias em culturas ao redor de 30 dias. Locais com tensão elevada de O², os alvéolos pulmonares – sobretudo aqueles presentes nos ápices dos pulmões – são mais propícios à proliferação do M. tuberculosis. Doença Infecciosa: Pulmões, pleura, rins, coração, ossos, sistema nervoso, outros; Fonte de Infecção: Doente pulmonar bacilífero; D.T-2º Aula DRº RUI [PARACOCCIDIOIDOMICOSE | TUBERCULOSE] JÉSSICA MEIRELES NOGUEIRA 20/02/2020 TRANSMISSÃO A transmissão se dá por meio da inalação de aerossóis contendo o bacilo proveniente das secreções da via respiratória de indivíduos bacilíferos. As partículas inspiradas atravessam as barreiras mecânicas existentes nas vias aéreas superiores e se instalam nos alvéolos. A alteração de clearance mucociliar do receptor é fundamental na patogênese da doença. Há um processo inflamatório local inespecífico do qual participam células polimorfonucleares e macrófagos não ativados. Os macrófagos fagocitam os bacilos, processam seus antígenos e apresentam epítopos para linfócitos T CD4+ específicos, os quais secretam citocinas quimiotáxicas e ativadores de macrófagos. Diferenciam em células epitelioides, e organizam-se em uma estrutura característica da resposta granulomatosa. Se os granulomas estão bem formados, a infecção é contida. A capacidade de conter a multiplicação do bacilo e impedir que a infecção progrida para doença envolve a integridade do sistema imune celular. A célula responsável pela resposta imune efetiva é o macrófago, entretanto sua funcionalidade depende da interação com os linfócitos T CD4+. As citocinas produzidas e liberadas pelos linfócitos TCD4+ ->sobretudo IFN- gama, IL-2 e TNF-alfa – promovem a ativação e a diferenciação dos macrófagos e a migração de células específicas, tais como monócitos e linfócitos. Ainda garantem a formação e a manutenção da estrutura do granuloma, cujo microambiente é dinâmico, com constante renovação das células ali presentes. Condições que interfiram quantitativamente ou qualitativamente na imunidade celular configuram fatores de risco para o desenvolvimento de TB. Infecção por HIV/AIDS Outra condição de imunossupressão, como transplante de órgão sólido; Idade inferior a 5 anos ou superior a 60 anos; Desnutrição; Alcoolismo; Diabetes mellitus Doenças autoimunes, especialmente aquelas em tratamento com corticosteroides. Período de incubação da infecção: Desde a inalação da bactéria até a formação de granuloma, é de 6 a 14 semanas. Nesse momento, já é possível observar positividade nas provas de hipersensibilidade tardia, como a reação intra-dérmica à tuberculina (PPD). D.T-2º Aula DRº RUI [PARACOCCIDIOIDOMICOSE | TUBERCULOSE] JÉSSICA MEIRELES NOGUEIRA 20/02/2020 Por via linfática, os macrófagos com bacilos fagocitados vão para os linfonodos hilares, originando o complexo primário ou complexo de Gohn. O termo “nódulo de Gohn” faz referência à observação radiológica do complexo de Gohn calcifado. No período que vai da inalação do bacilo à formação de uma resposta imune celular específica, o bacilo circula por via hematogência por todo corpo, inclusive pelo parênquima pulmonar. Essa disseminação justifica a possibilidade de manifestação das formas miliares e extrapulmonares localizadas da doença. Durante a fase do complexo primário, a maioria dos indivíduos infectados é assintomática, principalmente os adultos. As crianças podem apresentar: Tosse e Febre. Os linfonodos hilares podem aumentar a ponto de provocar obstrução dos brônquios, causando atelectasia. Outros sintomas que podem surgir são eritema nodoso e cerato-conjuntivite flictenular, ambos os fenômenos imunomediados, que ocorrem na época da viragem tuberculínica. D.T-2º Aula DRº RUI [PARACOCCIDIOIDOMICOSE | TUBERCULOSE] JÉSSICA MEIRELES NOGUEIRA 20/02/2020 APRESENTAÇÃO CLÍNICA TUBERCULOSE PRIMÁRIA O complexo primário de Gohn pode evoluir para: Cura espontânea; Doença circunscrita; Doença disseminada; A cura ocorre na grande maioria dos casos, e o complexo primário calcifica-se e perde a capacidade de reativação. A doença localizada manifesta-se por TB pulmonar primária ou pleurite tuberculosa. A TB pulmonar progressiva primária, ou pneumonia tuberculosa primária, decorre da evolução do processo que teve início no complexo primário, ainda nos 2 anos que se seguem à aquisição da infecção. Localiza-se mais frequentemente na porção superior do lobo inferior ou na porção inferior do lobo médio à direita. Quadro clínico: Na TB miliar primária, é muito comum o comprometimento do SNC (neurotuberculose e meningite tuberculosa). O doente desenvolve insuficiência dos múltiplos órgãos afetados, febre, insuficiência respiratória aguda e pode ter evolução fatal. Corresponde a uma pneumonia clássica, com febre e tosse produtiva, raramente evolui para a insuficiência respiratória aguda. É de dor pleurítica aguda, com tosse e febre alta, e pode ser observada mais frequentemente em crianças e adultos jovens. A pleurite tuberculosa ocorre quando o processo de desenvolve numa região justapleural, com inflamação secundária da pleura e derrame pleural, que se resolve espontaneamente na maioria dos casos. A doença disseminada é representada pela TB miliar primária. É mais comum em recém-nascidose crianças com imunodeficiências, que não conseguem conter os focos a distância, formados durante a fase de disseminação hematogênica. D.T-2º Aula DRº RUI [PARACOCCIDIOIDOMICOSE | TUBERCULOSE] JÉSSICA MEIRELES NOGUEIRA 20/02/2020 TUBERCULOSE SECUNDÁRIA OU DE REATIVAÇÃO Depois de anos após a infecção inicial, os bacilos viáveis presentes no complexo primário podem voltar a se multiplicar e induzir doença. O processo é denominado reativação e geralmente origina um quadro de febre vespertina, tosse produtiva ou não, queda do estado geral e perda de peso. A reativação é mais comum em indivíduos com algum tipo de imunodepressão, desnutrição, alcoolismo, na gravidez e em doentes com outras afecções pulmonares subjacentes, como DPOC e câncer de pulmão. A ausculta pulmonar, no início, é de diminuição dos murmúrios vesiculares, principalmente nos ápices, que pode progredir para ausculta de sopro anfórico, produzido pela presença de cavidade. Na maioria dos casos de TB secundária deve-se à reativação de bacilos latentes, resultantes de uma falha localizada da resposta imune no microambiente dos granulomas do complexo primário. A resposta imune adaptativa específica ao M. tuberculosis desencadeia reação inflamatória à infecção, levando à formação de focos de necrose caseosa importante. Se esse sítio de inflamação e necrose comunica-se com um brônquico, o material necrótico é drenado pelas vias aéreas, formando uma cavidade. As cavidades são repletas de bacilos, e o doente com essa forma de TB é a principal fonte de transmissão da doença. Podem ocorrer lesões das paredes de vasos sanguíneos próximos às cavidades, produzindo hemoptise. D.T-2º Aula DRº RUI [PARACOCCIDIOIDOMICOSE | TUBERCULOSE] JÉSSICA MEIRELES NOGUEIRA 20/02/2020 Sem tratamento, TB por reativação pode evoluir das seguintes maneiras: TB AVANÇADA: 1. Os bacilos disseminam-se por via broncogênica para outras áreas do pulmão afetado, para pulmão contralateral, o que pode produzir cavidades bilaterias. 2. Pode ocorrer espessamento da pleura, sem derrame pleural concomitante (pleurisia seca). 3. Em imunodeprimidos com reativação de focos infecciosos pulmonares, não é frequente a formação de cavernas, pois a disfunção da imunidade celular leva à resposta inflamatória ineficiente; TB MILIAR SECUNDÁRIA: 1. Pode estar associada à disseminação hematogênica de TB pulmonar secundária ou por reativação simultânea de vários focos latentes, formandos na fase inicial de disseminação hematogênica. 2. Os locais preferencialmente acometidos são o fígado, o baço e os ossos. TUBERCULOSE EXTRAPULMONAR O acometimento de outros órgãos, além dos pulmões, pode acontecer tanto na infecção primária quanto na reativação da TB. A principal forma de manifestação é a TB pleural, seguida pela TB ganglionar. NEUROTUBERCULOSE É a forma mais grave de TB, mas representa somente uma pequena proporção dos casos de TB extrapulmonar, efeito principalmente da alta cobertura da vacinação com BCG em crianças com menos de 5 anos. Os pacientes apresentam quadro clínico de meningite ou meningoencefalite, caracterizado pela ocorrência de irritação meníngea e sintomas de hipertensão intracraniana com: Febre Rigidez de nuca; Sinais de Kernig e Brudzinski presentes; Náuseas; Vômitos; Cefaleia; A meningite tuberculosa evolui de maneira mais lenta em relação à bacteriana e cursa com envolvimento de pares cranianos, muito difícil de diferenciar m.bacteriana e m. tuberculosa, pelos achados clínicos isoladamente. D.T-2º Aula DRº RUI [PARACOCCIDIOIDOMICOSE | TUBERCULOSE] JÉSSICA MEIRELES NOGUEIRA 20/02/2020 Algumas formas de fazer diagnósticos: Punção liquórica (Evidenciando liquor com pleocitose e predomínio de linfomononucleares). A bacterioscopia por método de Gram é negativa, a pesquisa de BAAR pode ser positiva e a cultura, embora seja mais sensível que a baciloscopia, permite o isolamento do bacilo de 15% dos casos. Testes indiretos (Dosagem de ADA no liquor). PCR (Apresenta bons resultados). Tomografia de crânio (Hidrocefalia, edema cerebral, espessamento da meninge basal e indícios de pequenos infartos parenquimatosos). Outros órgãos ou tecidos Gânglios, rins, ossos, órgãos genitais e glândulas suprarrenais podem ser envolvidos. A TB é a principal causa de insuficiência adrenal (síndrome de Addison) no mundo, embora, em países desenvolvidos, já tenha sido superada pela Adrenalite autoimune. No Brasil, também se deve considerar a paracoccidioidomicose como uma das principais causas infecciosas de insuficiência adrenal, ao lado da TB. A TB ganglionar, uma das formas mais comuns, pode ter seu diagnóstico realizado por biópsia ou por punção aspirativa da massa ganglionar, indicada especialmente a linfonodos amolecidos em vias de supuração, quando o rendimento da baciloscopia é alto, semelhante ao da biópsia. A lesão apresenta-se como um granuloma, geralmente com necrose caseosa e infiltrado histiocitário de células multinucleadas. O achado de BAAR na lesão é importante para a conclusão do diagnóstico. O material deve ser enviado para baciloscopia e cultura micobactérias. DIAGNÓSTICOS O diagnóstico da TB, além da avaliação clínica, deve fundamentar-se nos métodos a seguir: A. Baciloscopia; B. Cultura para micobactéria; C. Radiológico; D. Tomografia de tórax; E. Prova tuberculínica (PPD) F. Histopatológico 0 a 4 mm – não reator: Individuo não infectado pelo M. tuberculosis. 5 a 9 mm – reator fraco: Individuo vacinado com BCG ou infectado pelo M. tuberculosis. Maior que 10 mm – reator forte: Indivíduo infectado pelo M. tuberculosis, que pode estar doente ou não. D.T-2º Aula DRº RUI [PARACOCCIDIOIDOMICOSE | TUBERCULOSE] JÉSSICA MEIRELES NOGUEIRA 20/02/2020 TRATAMENTO A TB é uma doença grave, porém curável em, praticamente, 100% dos casos novos. A associação medicamentosa adequada, doses corretas, uso por tempo suficiente com supervisão da tomada dos medicamentos são os meios para evitar a persistência bacteriana e o desenvolvimento de resistência às drogas, assegurando, assim, a cura do paciente. O tratamento dos bacilíferos é a atividade prioritária de controle da TB, uma vez que permite anular, rapidamente, as maiores fontes de infecção. O tratamento para caso suspeito de TB sem comprovação bacteriológica deve ser iniciado após tentativa de tratamento específico para pneumonia, com antibiótico de largo espectro, sem melhora dos sintomas. Uma vez iniciado, o tratamento não deve ser interrompido, salvo após uma rigorosa revisão clínica e laboratorial que determine mudanças de diagnóstico.
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