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psicologia social unidade 4 novembro 2018

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Prévia do material em texto

Psicologia Social
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Nirleu Dragonetti
Profa. Dra. Gisele de Lima Fernandes Ribeiro
Revisão Textual:
Prof. Dra. Selma Aparecida
Psicologia Social e Contemporaneidade
• Psicologia Social no Brasil e seus Aspectos 
Relevantes nos Países Afora
• A Psicologia Social na América do Norte
• A Psicologia Social na Europa
• A Psicologia Social na América Latina
• A Psicologia Social no Brasil
• Ética, Paradigmas, Tendências e Atualidades
 · Por que estudar a Psicologia Social em outros países?;
 · Por que conhecer seus aspectos evolutivos?;
 · Quais suas contribuições para a sociedade?;
 · Quais suas contribuições para a Psicologia?;
 · Como está a ética, os paradigmas, as tendências e as atualidades na 
Contemporaneidade?
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Nesta Unidade, vamos conhecer um pouco sobre a Psicologia Social no 
Brasil e seus aspectos relevantes nos países afora, como se deu o processo 
evolutivo, as influências, as transformações e as conquistas, tão importantes 
para que norteemos qualquer ação ou trabalho voltado para o indivíduo.
Então, procure dedicar tempo aos estudos e esteja atento(a) a todos os 
conceitos para que possamos aproveitá-los integralmente.
Procure ler o conteúdo disponibilizado e o material complementar, esse 
último é tão importante quanto o conteúdo básico. As dúvidas que por 
ventura tiver, anote e tire-as com seu tutor.
Além disso, na pasta de atividades, você encontrará as avaliações referentes 
ao conteúdo apresentado, uma atividade reflexiva e a videoaula. Esses são 
elementos importantes para o entendimento e compreensão do conteúdo.
ORIENTAÇÕES
Psicologia Social e Contemporaneidade
UNIDADE Psicologia Social e Contemporaneidade
Contextualização
Mudamos o Meio e por Ele Somos Mudados
As conquistas que o nosso país e o mundo alcançaram, podemos dizer que estão 
implicadas diretamente nos dias atuais, no que vivenciamos hoje. É importante 
que tenhamos consciência de que houve um processo histórico por trás do que 
vivemos hoje, sendo este, segundo Lane (1995), de lutas, derrotas e vitórias, que 
possibilitaram os avanços alcançados e dos quais desfrutamos hoje. Atrelado a 
isto, para termos conhecimento do quanto custaram avanços à época, veremos 
brevemente como ocorreu o desenvolvimento da Psicologia Social no Brasil e em 
alguns países.
O conhecimento do desenvolvimento da Psicologia Social nos servirá como base 
para que tenhamos conduta ética e produtiva, assertiva e humanizada.
A Psicologia Social, ao estudar o indivíduo e sua relação na sociedade, ou seja, 
seu processo de socialização desde o âmbito familiar até suas relações Institucionais, 
segundo Torres e Neiva (2011), contribui para a compreensão ao enxergarmos o 
ser humano como multideterminado, vez que a constituição do homem se dá pela 
subjetividade humana, pois as relações humanas de um indivíduo para com o outro 
acabam influenciando o comportamento dos demais indivíduos.
Desse modo, é importante falarmos sobre isso nesta Unidade, pois as interações, 
segundo Torres e Neiva (2011), fazem parte do nosso dia a dia, do cotidiano e da 
vida em geral, na qual sofremos influências por meio dessas relações e também 
influenciamos nosso meio social, sendo essa a maneira de construção da nossa 
identidade social.
A relação que construímos em nosso meio de convivência, seja com família, seja 
com amigos, trabalho etc., conforme abordado pelos mesmos autores, é compreendida 
como interação indissociável, pois não viemos ao mundo de maneira isolada.
Para melhor clarificar o que tratamos acima no que diz respeito ao comportamento 
e suas influências, podemos usar como exemplo o comportamento que 
apresentamos em casa, pois em nosso local de trabalho ele tende a ser diferente dos 
comportamentos que habitualmente temos no seio familiar, ou então tendemos a 
apresentar comportamentos diferentes quando estamos na presença de estranhos. 
Outro exemplo que podemos utilizar para ilustrar melhor é o comportamento 
agressivo dos soldados em Guerra. Ao estarem em seu ambiente familiar, o 
comportamento dos soldados muda, deixando de exercer toda aquela agressividade, 
apresentando atitudes afetivas e dóceis.
6
7
Nó, como profissionais de Ciências Humanas Sociais, devemos obter conheci-
mentos sobre o surgimento e o processo evolutivo da Psicologia Social em suas 
divisões, tais como, Psicologia Social Psicológica, Psicologia Social Sociológica e 
Psicologia Social Crítica.
Além de interagirmos com os temas voltados à ética, aos paradigmas e às suas 
tendências e atualidades, vez que estas fazem parte da área do saber psicológico. 
Portanto, objetivamos, aqui, compreender os paradigmas em Psicologia Social para 
que, por meio da reflexão e da obtenção de novos conhecimentos, seja possível 
uma atuação interdisciplinar assertiva e conscientizada.
7
UNIDADE Psicologia Social e Contemporaneidade
Psicologia Social no Brasil e seus 
Aspectos Relevantes nos Países Afora
Na presente Unidade, iremos estudar a Psicologia Social em seu processo de 
desenvolvimento, ou seja, seu estudo evolutivo ao longo dos anos, levando em 
consideração os aspectos relevantes da América do Norte, Europa, América Latina 
e Brasil; sua ética e paradigmas, tendências e atualidades na contemporaneidade.
Para dar andamento aos nossos estudos, vale ressaltar o que Lane (1984) apud 
Strey (2003) diz a respeito da Psicologia Social: que ela nada mais é do que o 
estudo do indivíduo em seu meio social, tanto no que é específico de sua espécie, 
quanto no que é apresentado/manifesto em suas relações grupais e sociais.
Ao longo da história do desenvolvimento da Psicologia Social, podemos 
observar, segundo Ferreira (2010), que seu modelo de estudo passou por diversas 
alterações, visto que anteriormente suas análises eram voltadas para os processos 
socioculturais, ou seja, da relação homem e sociedade, e que, com o passar dos 
anos, suas análises passaram a ser fechadas e direcionadas ao individualismo.
A presente mudança ambivalente fez com que alguns Psicólogos Sociais à época 
fizessem a separação entre as duas possibilidades de Psicologia Social, quando ela 
começou a ser vista como uma nova Disciplina independente: Psicologia Social 
Psicológica e Psicologia Social Sociológica.
A primeira, segundo G. Allport (1954) apud Ferreira (2010), refere-se às 
explicações do comportamento do homem em seu meio social, isto é, apenas 
o indivíduo é levado em consideração no momento da análise, o que Bernardes 
(2003) chama de individualização da Psicologia Social. Nessa mesma 
perspectiva, Allport (1924) apud Bernardes (2003) afirma não ser possível levar 
em consideração o pensamento originário e construído em grupos, pois, segundo 
sua teoria, os pensamentos são individuais e peculiares a cada pessoa.
A segunda, a Psicologia Social Sociológica, é o oposto da Psicologia Social 
Psicológica, a qual, para Stephan e Stephan (1985) apud Ferreira (2010), se refere 
ao conhecimento adquirido pelo homem por meio de sua participação em diversos 
e diferentes grupos, ou seja, por meio de sua interação social.
É por meio dessas e de outras vertentes da Psicologia Social que surgiram, com o 
passar dos tempos, e ainda é predominante nos dias atuais, o estudo da Psicologia 
Social voltada para a Psicologia Social Crítica, sendo esta, segundo Ferreira (2010), 
o estudo crítico da postura social, grupal, organizacional e institucional, na busca 
de combater a opressão social e possibilitar que o indivíduo alcance a qualidade de 
vida e o bem-estar social.
Desse modo, objetivamos, de forma breve, fazer um aparato dos principais 
aspectos evolutivos da Psicologia Social e da repercussão que esses aspectos 
tiveram, não somente no Brasil, mas também fora dele.
8
9
De antemão, podemos notar que esse processo evolutivo é baseado nas 
mudanças que foram surgindo ao longo dos tempos, mediante as novas análises, 
questionamentos e necessidades, que assim possibilitaram e possibilitamalcançar 
novos avanços.
Segundo Ferreira (2010), o processo evolutivo da Psicologia Social ocorreu no 
mundo inteiro, sendo acompanhado por suas diferentes modalidades. Destaca-se 
que uma modalidade poderá ser mais relevante o que outra quando comparadas 
entre países, como, por exemplo, no caso da Psicologia Social Psicológica, que 
apresenta ser mais predominante na América do Norte, enquanto na Europa, o 
que predomina é a Psicologia Social Sociológica, e no caso da América Latina e do 
Brasil, o predomínio é a Psicologia Social Crítica.
Ao recapitular o que já foi abordado nas Unidades anteriores, será que você é capaz de 
responder a essas perguntas: É possível pensar no homem isoladamente? Será que existe a 
possibilidade de uma Psicologia que não seja Psicologia Social?
Ex
pl
or
Para facilitar e responder a essas perguntas, podemos pensar e indagar o 
seguinte: É possível o homem ser ele sem ser no meio social? Sem suas relações 
acadêmicas, trabalho, amigos, hospitais e sem sua família? Ou seja, é possível 
pensar no homem e em sua atuação de maneira isolada?
Já no que diz respeito à segunda pergunta, podemos pensar o seguinte: Será 
que toda Psicologia é social, levando em consideração que análises partem do 
princípio de que o indivíduo, em seu processo evolutivo, constrói seu histórico e 
sua identidade social?
Para que possamos entender hoje o modelo da Psicologia Social no Brasil, faz-
se necessário tomar conhecimento dos aspectos históricos que repercutiram em 
outros países e o quanto o nosso país foi influenciado por eles.
É importante saber quando ocorreram e começaram tais mudanças, como e 
porque elas ocorreram, quais foram as influências para isso e quais consequências 
essas mudanças acarretaram, ou seja, quais suas contribuições nos dias de hoje, 
quais foram os avanços e as conquistas nesse período.
A Psicologia Social na América do Norte
Ao aprofundarmos e resgatarmos a história evolutiva do surgimento da 
Psicologia Social na América do Norte, notamos que tudo começou por meio de 
duas publicações marcantes, que ocorreram em meados de 1908.
Segundo Pepitone (1981) apud Ferreira (2010), o estopim para a efetiva 
fundação da Psicologia Social foi a publicação do livro: Uma introdução à 
Psicologia Social, pelo Psicólogo Wiliam Mc Dougall, e o livro: Psicologia Social, 
uma resenha e um livro texto, do Sociólogo Edward Ross.
9
UNIDADE Psicologia Social e Contemporaneidade
Devido aos autores aqui explicitados seguirem à época linhas de atuações 
distintas, cada obra publicada foi direcionada para um campo específico da 
Psicologia Social, que passou a ser dividida em duas partes: um para Sociologia 
e outro para Psicologia, sendo esse o momento no qual houve a separação entre 
Psicologia Social Psicológica e Psicologia Social Sociológica.
Fonte: Wikimedia/Commons
Em meados do século XX, Ferreira (2010) aborda que a Psicologia Social 
Psicológica ganhou forças como tendência na América do Norte por meio do 
behaviorismo: “[...] a Psicologia Social Psicológica estrutura-se progressivamente 
como uma ciência natural e empírica, que desconsidera o papel que as estruturas 
sociais e os sistemas culturais exercem sobre os indivíduos” (APFELBAUM, 1992 
apud FERREIRA, 2010, p. 53).
Farr (1991-1996) apud Bernardes (2003) enfatiza que a Psicologia Social 
Psicológica tinha como base explicar os fenômenos sociais como algo natural por 
meio da análise experimental, sendo esta uma análise de individualização.
Em outras palavras, Mc Garty & Haslam (1997) apud Ferreira, M.(2011), dizem 
que a Psicologia, como campo científico, explicava o comportamento humano 
somente pela observação, sem levar em consideração sua subjetividade.
A Psicologia Social Psicológica, que ganhou forças na América do Norte, segundo 
Gordon Allport (1954) apud Ferreira, M. (2011), visou a estudar o seguinte tripé: o 
sentir, pensar e as atitudes do indivíduo humano, quando existe ou não a presença 
real de uma pessoa.
O autor Apfelbaum (1992) apud Ferreira (2010) trata que no ano de 1970 
a América do Norte enfrentou uma grande crise frente ao exagero de sua 
individualização da Psicologia Social Psicológica e dos movimentos sociais, 
10
11
crise esta que foi denominada crise da Psicologia Social, que teve início mediante 
as indagações de seus conceitos e metodologias, inclusive no que diz respeito à sua 
neutralidade, pois os psicólogos da época afirmavam que tal conduta era favorável 
ao distanciamento das demandas sociais reais.
A crise referenciada nesse contexto está “associada às ideias de transição, decisão e 
mudança. A crise por que passa a Psicologia Social não pode ser considerada como distante 
desses signifi cados e tampouco alheia à lógica do pensamento cientifi co e do pensamento 
social” (FONSECA, 2003, p.35).
Ex
pl
or
Jones (1995) apud Ferreira, M. (2011) ressalta que, além desses, a Psicologia 
Social Psicológica era criticada pela falta de seu comprometimento ético e pelo 
excessivo trabalho voltado para o modelo teórico:
[...] Com o passar do tempo, porém, as investigações nessa área 
tenderam a se concentrar em níveis cada vez mais micros de análise, que 
se focalizavam sobremaneira nas qualidades, características e ações dos 
membros individuais, quando na presença de um grupo. (FORSYTH & 
BURNETTE, 2010 apud FERREIRA, 2010, p.56).
Mediante o cenário que nos foi apresentado, Ferreira (2010) ressalta que foi 
por meio da presente crise que houve uma movimentação da internacionalização 
da Psicologia Social que, consequentemente, foi a responsável pelo crescimento 
da Psicologia Social Europeia (esta se preocupando com o âmbito social), e 
responsável pelo crescimento da Psicologia Social Latino Americana (voltada às 
demandas sociais).
Embora os psicólogos sociais da América do Norte, nos dias atuais, exerçam 
trabalhos com novas temáticas, segundo Ferreira (2010), eles ainda continuam 
trabalhando com os temas tradicionais.
A Psicologia Social na Europa
Como vimos mencionado no texto acima, a Psicologia Social Sociológica 
na Europa teve início em 1970, sob influências da crise da Psicologia Social na 
América do Norte. Foi a partir daí que, segundo Ferreira (2010), a Europa começou 
a desenvolver sua identidade social:
 Apoiando-se em tal perspectiva, desenvolveu a teoria da identidade social, 
por meio da qual defende que as relações intergrupais estão intimamente 
relacionadas a processos de identificação grupal e de comparação social 
(TAJFEL, 1981 apud FERREIRA, M., 2011, p.25).
Segundo Stepan e Stepan (1995) apud Ferreira, M. (2011), a Psicologia Social 
Sociológica, que ganhou força na Europa, visou ao estudo do aprendizado social 
11
UNIDADE Psicologia Social e Contemporaneidade
que o indivíduo obtém por meio de suas vivências em diversos grupos sociais, 
sendo voltada sempre para o contexto social; em outras palavras, voltada para as 
interações simbólicas.
Fonte: Wikimedia/Commons
A identidade social é uma das temáticas mais discutidas na Europa. Segundo 
Ferreira (2010), seu surgimento se deu por meio de Henri Tajfel, na Inglaterra, 
quando se buscava dar ênfase ao comportamento individual e grupal na 
afirmativa de que o indivíduo adquire suas formas mediante sua relação no meio 
cultural e social.
Ferreira (2010, p.57) diz que: “[...] Nesse sentido, defendem que as relações 
intergrupais estão intimamente relacionadas a processos de identificação grupal e 
de comparação social”.
A identidade social aqui explicitada possui como base três princípios, que, segundo 
Ferreira (2010), são: o autoconhecimento, que diz respeito ao reconhecimento 
que determinado indivíduo tem de ser pertencente a um grupo, aos indivíduos 
serem estimulados a possuírem alto-astral e ao indivíduo possuir identidade 
social positiva, ao comparar seu grupo com outros grupos. Quando a presente 
comparação é negativa, o grupo realiza uma movimentação na busca de sempre 
favorecer seu grupo pertencente, sendo esta a identidade social grupal construída. 
Por meiode análises, Ferreira (2010) nos traz que Tajfel, em 1981, iniciou 
experimentos para validação da identidade social e favoritismo ao próprio grupo 
e, ao serem comprovados, notou que a energia do grupo, ao ser reconhecida, e 
o anseio de preservar a autoestima positiva do grupo tornam-se o alicerce das 
relações intergrupais, quando o grupo busca o favorecimento de seu próprio 
grupo pertencente.
12
13
Importante!
Para melhor elucidar, vamos pensar em um grupo de pessoas no qual todos ali se 
identifi cam uns com os outros e estão em sintonia no que diz respeito à autoestima. Esse 
grupo tende sempre a favorecer seu grupo pertencente quando comparado com outros 
grupos, como, por exemplo, um grupo no qual todos os membros dele pertencentes 
apresentam a autoestima rebaixada; esse grupo tenderá a apresentar estereótipos.
Trocando ideias...
Segundo Brown (2000) apud Ferreira (2010), a identidade social ganhou 
visibilidade e se expandiu não somente na categoria das relações intergrupais, 
mas também em outros tipos de grupos, como, por exemplo, dentro das empresas, 
ao estudar e analisar a relação existente entre liderança e funcionários.
Mediante esse pensamento grupal apresentado, Turner et al (1987) apud 
Ferreira (2010) nos apresentam uma nova teoria, a da autocategorização, que diz 
respeito aos impulsos que levam e determinam o comportamento coletivo.
“A teoria de autocategorização de Turner, Hogg, Oakes, Reicher e 
Wetherell (1987) refere-se aos fatores que levam os indivíduos a realizarem 
determinadas categorizações, bem como suas consequências para o 
comportamento coletivo” (FERREIRA, 2010, p.58).
Segundo esses mesmos autores, o comportamento coletivo parte da situação 
em que o indivíduo é exposto a uma pressão social, na qual possivelmente 
sua percepção pessoal passará a se tornar inferior à identidade social, o que, 
consequentemente, irá conduzi-lo a atitudes e ao consenso grupal. Portanto, 
podemos notar que a identidade social é construída por meio de categorias, que 
são desenvolvidas/expostas no meio social/grupal.
Ao falarmos em identidade social, não podemos deixar de considerar as 
representações sociais que, segundo Moscovici (1981) apud Ferreira (2010), 
referem-se ao conjunto de ideias, percepções e esclarecimentos que nascem do 
senso comum, no meio social, por meio das relações e que por elas são estabelecidas. 
Esse conjunto de ideias, percepções e esclarecimentos estão em constantes 
transformações e na medida em que vão sendo ressignificadas, mudam o presente/
futuro do indivíduo.
“Ressignifi car – v.t.d. Uso restrito. Atribuir uma nova signifi cação a; dar um novo signifi cado, 
um novo sentido a alguma coisa: Precisava ressignifi car experiências.Ex
pl
or
Dicionário Online de Português – https://www.dicio.com.br/ressignificar/. Acesso em: 27 set. 2016.
Segundo Ferreira (2010), em 1984, Moscovici afirma que a representação 
social nada mais é do que o ato de dar significado ao que é desconhecido, ou 
seja, de tornar semelhante o que não lhe é semelhante. A presente teoria ganhou 
13
UNIDADE Psicologia Social e Contemporaneidade
grande visibilidade na época e ainda nos dias de hoje, pois é vista como tendência 
da Psicologia Social na Europa.
Ferreira (2010, p.58) diz que:
Nesse sentido, a análise das teorias mantidas pelo homem comum tem 
contribuído para a compreensão de fenômenos tão diversificados quanto 
a saúde/doença, a doença mental, a violência, a justiça, o desemprego, a 
amizade, os sistemas tecnológicos, os sistemas econômicos etc.
A Psicologia Social na América Latina
Ao nos debruçarmos no processo evolutivo histórico da Psicologia Social na 
América Latina, percebemos que sua atuação em Psicologia Social Psicológica se 
perpetuou até 1970, frente às influências que sofreu, segundo Ferreira (2010), 
do paradigma da Psicologia Social Psicológica, no que diz respeito a suas 
pesquisas, teorias e metodologias utilizadas.
Segundo Bernardes (2003), em 1960, surge uma nova possibilidade de se fazer 
Psicologia Social. Possibilidade esta com poder de transformação, que contou com 
a movimentação de alguns Psicólogos Sociais experimentais da época, tal como 
Aroldo Rodrigues, para o surgimento da Associação Latino-americana de Psicologia 
Social. A presente associação, ao longo dos anos, serviu como referência para o 
surgimento de outras associações que nela se espelhavam, como, por exemplo, a 
Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), no Brasil.
Com o passar dos anos, aproximadamente no final da década de 1970, o 
autor Ferreira (2010) enfatiza que alguns Psicólogos Sociais latino-americanos 
começaram a indagar a Psicologia Social Psicológica, no sentido do quanto ela 
era individualista.
Lane (1995) aborda que a crise da Psicologia Social, que se iniciou na América 
do Norte, possibilitou um novo pensar frente aos traços políticos, pois a ditadura 
militar da época assumia uma postura repressora, na qual a desigualdade era um 
fator forte na sociedade, que levou a questionar o posicionamento da Psicologia 
Social e o papel dos pesquisadores frente a essa crise.
Foi a partir de então que se iniciou uma movimentação para uma visão que 
não fosse mais individualista, mas sim ampliada ao invés de reducionista, que 
possibilitasse levar em consideração não somente o indivíduo, mas as demandas 
que a sociedade lhe apresentava, e que desse importância à Psicologia Social no 
sentido de se aproximar dos problemas sociais.
14
15
Segundo Lane (1995), foi por meio desse novo pensar que foi fundado o Núcleo 
de Psicologia Comunitária, fazendo parte dele pesquisadores sociais de diversos 
países da América Latina, com o intuito de desenvolverem ações autônomas e de 
conscientizar grupos que sofriam com a opressão e a descriminalização. Esse núcleo, 
além de favorecer a troca de experiências, permitia o pensamento crítico frente 
à Psicologia e a busca de novos horizontes que norteassem um fazer psicológico 
voltado para a demanda social.
Lane (1995, p.69) diz:
Partindo das teorias e técnicas sobre a dinâmica de grupos, a revisão 
crítica nos permitiu constatar quanto os estudos reproduziam, como 
ciência, a ideologia embutida nos papéis sociais, principalmente o de líder, 
e também em conceito como o de coesão social e na procura através das 
técnicas de uma harmonia que tornasse o grupo mais produtivo. 
Além do que é colocado pela autora acima, ela traz que, mediante as revisões 
críticas, foi possível notar, por meio de observações, que os grupos apresentam 
variações ao invés de estabilidade, como era afirmado na época.
Sendo assim, Lane (1995) diz que a revisão crítica impulsionava o desenvolvi-
mento de uma nova metodologia, que favorecesse um olhar do indivíduo como um 
ser multideterminado.
Multideterminada “[...] é aquela pessoa que tem a capacidade de fazer várias coisas ao 
mesmo tempo e com efi ciência, com facilidade e habilidade”. Ex
pl
or
Dicionário Informal – http://www.dicionarioinformal.com.br/multideterminado/. Acesso em: 2 out. 2016.
Strey (2003) afirma que as críticas na época giravam em torno da não 
concordância existente entre Psicologia Social Tradicional e os problemas 
emergentes na América Latina.
Com a ajuda de alguns Psicólogos Sociais latinos americanos da época, segundo 
Ferreira (2011), foi implantado um comitê local, no qual, alguns Psicólogos que 
participavam, inauguraram, em 1973, a Associação Latino- americana de 
Psicologia Social (ALAPSO).
Sendo assim, mediante as injustiças sociais vivenciada na época na América Latina, 
Ferreira (2010) nos afirma que esses mesmos Psicólogos aboliram a Psicologia 
Social Tradicional, da qual, por meio dos questionamentos, surgiu a Psicologia 
Social Crítica na América Latina por meio desses Psicólogos que não se reduziam 
ao modelo tradicional individual, sendo o representante legal desse movimento o 
Psicólogo Martin-Baró, padre jesuíta espanhol, que era a favor e apoiava uma 
Psicologia Social que assumisse responsabilidades com a realidadesocial.
15
UNIDADE Psicologia Social e Contemporaneidade
Desse modo, ratificamos que a Psicologia Social Sociológica tem como objetivo 
centrar-se nas problemáticas políticas sociais.
Mediante os pontos centrais que vimos acima, Ferreira (2010) diz que Matin-Baró 
(1996), na busca de minimizar a desigualdade que a sociedade vivia, pregava que os 
Psicólogos Sociais deveriam conscientizar a população para desenvolver um olhar 
mais crítico e reflexivo sobre eles mesmos e a realidade vivenciada na época.
Importante!
Para melhor elucidar, vamos pensar em máquinas que recebem apenas comandos 
para executar determinada tarefa. Martin-Baró via que as pessoas se comportavam 
exatamente assim frente aos problemas políticos e sociais. O que esse autor almejava 
era que as pessoas pudessem assumir postura diferente frente a essa problemática, 
que primeiramente a sociedade não assumisse papéis de robôs em seus atos de apenas 
aceitar e obedecer algo que lhes era imposto, mas sim que tivessem liberdade de 
expressão e autonomia, ao invés de pensamentos e atitudes controladas.
Trocando ideias...
Sendo assim, Ferreira (2010) diz que Matin-Baró (996), por meio de sua visão 
crítica, dizia que a população precisava sair da posição de opressão e alienação, 
para que assim pudesse desenvolver sua identidade pessoal, coletiva e histórica, 
combatendo, portanto, a classe dominante da época.
Assim, “a construção teórica em Psicologia Social deve emergir dos problemas 
e conflitos vivenciados pelo povo latino-americano, de forma contextualizada com 
sua história” (MATIN-BARÓ, 1989 apud FERREIRA, 2010, p.59).
FERREIRA (2010) ressalta que a Psicologia Social Crítica na América Latina 
não é a única corrente predominante, vez que existem outros psicólogos sociais 
que defendem outras linhas teóricas de trabalho.
“É possível afirmar a existência de uma Psicologia Social latino-americana que reúna traços 
próprios de identidade?” (ÁLVARO & GARRID, 2006 apud FERREIRA, 2010, p.59).Ex
pl
or
 
A Psicologia Social no Brasil
Bonfim (2003) apud Ferreira (2010) nos apresenta que as primeiras publica-
ções no Brasil que tratam sobre o psicossocial ocorreram no ano de 1930.
Entretanto, somente em 1962, por meio do Conselho Federal de Psicologia, 
é que surge a institucionalização da Psicologia Social como Disciplina, e nas 
Universidades passa a ser exigido que o Curso de Psicologia atenda a algumas exi-
gências, tais como, ensinar e aprofundar estudos voltados para a Psicologia Social.
16
17
Fonte: Wikimedia/Commons
Fonte: Wikimedia/Commons
Fonte: Wikimedia/Commons
Vale ressaltar que, nessa época, os estudos eram voltados para a Psicologia 
Social Psicológica, isto é, para a forma predominante e tradicional da América do 
Norte em reduzir o indivíduo, ou seja, focada somente no indivíduo, sem levar em 
consideração o meio externo, suas relações e cultura, que perdura até 1970.
No final da década de 1970, segundo Bernardes (2003), o Brasil efetivamente 
também enfrenta “a crise da psicologia social” (como já referenciada acima nos 
outros países) devido ao país seguir traços dos Estados Unidos em sua forma de se 
fazer Psicologia Social.
Os motivos centrais dessa crise, segundo esse mesmo autor, dizem respeito à 
individualização do social na Psicologia Social e sua metodologia, ao fato de 
não contextualizarem os temas apresentados como problemáticos, por simplificá-
los, por tornarem superficiais os estudos voltados a esses temas, e também ao fato 
17
UNIDADE Psicologia Social e Contemporaneidade
de não visarem às problemáticas sociais do país como algo pontual. Foi a partir de 
então que os Psicólogos Sociais começaram a pensar como sua prática contribuiria 
nesse contexto.
Mediante viagens pelos países da América Latina, Lane (1995) aborda que os 
Psicólogos Sociais notaram que a crise e a crítica da Psicologia Social fomentavam 
o interesse de novas epistemologias e metodologias para um avanço cientifico que 
gerasse mudanças significativas. Além disso, a presente viagem contribuiu para a 
percepção do quanto já se tinha avançado na Ciência.
O dicionário Português define epistemologia como “a Teoria do conhecimento; reflexão 
sobre a natureza, o conhecimento e suas relações entre o sujeito e o objeto. Teoria da ciência; 
análise das premissas teóricas e práticas relacionadas com o conhecimento científico, de 
acordo com seu avanço histórico no desdobramento de uma sociedade”. 
Por metodologia, o dicionário Português define ser “regras ou normas estabelecidas para 
o desenvolvimento de uma pesquisa; método: metodologia de pesquisa científica. Reunião 
de métodos; processo organizado de pesquisa, de investigação. Parte da ciência que se 
dedica aos procedimentos organizados, aos métodos, utilizados pela própria ciência. Ramo 
da lógica que estuda os métodos em diferentes ciências”.
Ex
pl
or
Dicionário Online de Português – https://www.dicio.com.br/epistemologia/. e https://www.dicio.com.br/metodologia/. Acesso em: 19 out. 2016.
Segundo Lane (1995), foi na PUC – Pontifícia Universidade Católica, em São 
Paulo, que se buscou, por meio do ensino, trabalhar com os formandos, a relação 
entre teoria e prática, com o objetivo de levá-los a confrontar a Teoria estudada em 
sala de aula com a prática vivenciada por eles, com o intuito de alcançarem uma 
revisão crítica dos conceitos. Porém, os alunos e monitores davam prioridade 
à teoria, pois não se podia indagar o conhecimento científico que foi base para o 
desenvolvimento da teoria estudada.
Lane (1995, p.68) diz:
[...] tentávamos concretizar a tese da teoria e prática no ensino, levando 
os alunos a observações, entrevistas, enfim, a coletar dados do cotidiano 
e confrontá-los com os textos clássicos sobre os conceitos de atitudes, 
motivação e percepção social, dissonância cognitiva, socialização, 
dinâmica de grupos etc.
Nessa época, segundo Lane (1995), a psicologia da linguagem possibilitava 
o entendimento das interações sociais, pois a linguagem se fazia presente em 
todo o processo evolutivo da história da sociedade, sendo ela essencial para o 
crescimento do homem e na interação do homem em seus grupos sociais.
Foi por meio de estudos sobre a linguagem que, segundo Lane (1995), foi possível 
transcrever os significados que os grupos aplicavam às diferentes características 
sociais. Um ícone da Psicologia que tornou possível o conhecimento do poder da 
linguagem para o psiquismo humano foi o teórico Lev Vygotsky.
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Ao final da década de 1970, alguns Psicólogos Sociais brasileiros, segundo 
Ferreira (2010), realizaram movimentações em abolição da Psicologia Social 
Tradicional na América Latina, por meio das quais, a partir de um pensamento 
crítico, surgiu a Psicologia Social Crítica, que contribuiu, na época, e contribui 
ainda hoje para uma das principais correntes da psicologia brasileira, na 
qual se busca estudar as problemáticas atuais no país, podendo-se destacar: a 
fome, a exclusão social, a violência, a injustiça social frente às diferentes classes 
sociais etc. Resumidamente, sua preocupação e atuação estão direcionadas aos 
problemas sociais.
A partir de 1980, também começaram a surgir mudanças que foram um tanto 
significativas, como, por exemplo, segundo Ferreira (2010), o crescimento dos 
Cursos de Pós-graduação na área de Psicologia Social, que abordava diversas 
temáticas nessa Disciplina.
Além disso, Bernardes (2003) destaca que alguns pesquisadores da época, tais como 
Silvia Lane, contribuíram para o surgimento da Associação Brasileira de Psicologia 
Social (ABRAPSO), em 1980, sendo esta associação brasileira representante da 
Psicologia Social, com o objetivo de reestruturar a presente Psicologia Social e 
desenvolver trabalhos visando à “concepção de que o ser humano constitui-se em 
um produto histórico-social, de que indivíduo e sociedade se implicam mutuamente” 
(JACQUES & COLS, 1998 apud FERREIRA, 2010, p.59).
Strey (2003, p.15) diz que:
[...] São qualificações que expressam a perspectiva críticaem relação 
à Psicologia Social hegemônica de até então e que apontam para uma 
concepção de ser humano como produto histórico-social e, ao mesmo 
tempo, como construtor da sociedade e capaz de transformar essa 
sociedade por ele construída.
A explicitação acima chamou a atenção no sentido de que, por meio da 
ABRAPSO é que foi possível retomar a concepção da relação existente entre 
homem e sociedade, na qual, ao invés do indivíduo e da sociedade sofrerem 
influências, esses, por si sós, acabavam influenciando uns aos outros, ou seja, o 
indivíduo mudava seu meio e era por ele era modificado.
Ética, Paradigmas, Tendências e Atualidades
Bernardes (2003) apud Strey (2003) aborda que a Psicologia Social Moderna 
apresenta características norte-americanas. Entretanto, suas sementes se originaram 
do país europeu. Para melhor clarificar, vamos fazer um pequeno resgate do que 
abordamos inicialmente no decorrer dessa Unidade.
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UNIDADE Psicologia Social e Contemporaneidade
Como vimos, a América do Norte foi a protagonista no papel da Psicologia 
Social Psicológica e serviu como modelo de atuação em outros países. Entretanto, 
apesar “desses outros países” aceitarem inicialmente esse modelo, com o passar 
do tempo, começaram a discordar e indagar esse pensamento e modelo de 
atuação e países como Europa, América Latina e Brasil não eram a favor desse 
método redutivo de Psicologia Social. A partir de então, as práticas tradicionais 
começaram a ser criticadas e se tornaram alvo de um novo pensar na forma de se 
fazer Psicologia Social.
Outro grupo de países a adotar inicialmente esse novo pensar foi da Europa, 
com a Psicologia Social Sociológica, onde o estudo partia não mais do indivíduo 
isolado, mas sim do indivíduo e sua relação grupal, em seu coletivo, partindo do 
pensamento de que o indivíduo não se constrói sozinho no universo, mas sim por 
meio de suas interações.
Outros países que adotaram uma nova prática posteriormente à Europa foram 
os da América Latina, que começaram a levar em consideração não somente o 
indivíduo e suas relações grupais, mas também as problemáticas no que diz respeito 
à política e à desigualdade social, que eram pontuais naquele momento, pois a 
busca era de uma sociedade que deixasse de ser passiva e assumisse um olhar mais 
crítico e reflexivo sobre a realidade que estavam vivendo naquele momento. Esse 
novo fazer em Psicologia Social denominou-se Psicologia Social Crítica.
Com o Brasil não foi diferente, pois mediante um pensamento crítico, deixou de 
lado o fazer tradicional e assumiu a postura da Psicologia Social Crítica, seguindo, 
portanto, o modelo da América Latina, que passa a visar ao indivíduo, a suas 
relações e aos problemas atuais vivenciados.
Podemos notar, segundo a ideia de Lane (1995), que a necessidade de uma 
revisão crítica era uma preocupação que norteava os Psicólogos Sociais de 
vários países, pois a busca era por desenvolver um conhecimento científico que 
proporcionasse mudanças nos países.
Foi por meio desse pensamento crítico que, segundo Ferreira (2010), 
transformações um tanto significativas surgiram na época de 1970, como foi o 
caso do surgimento da “crise” da Psicologia Social.
A presente crise passou a ser entendida como um momento reflexivo, que teve 
origem por meio das discordâncias entre teoria e metodologia, mas que contribuiu 
para a busca de novas teorias e metodologias, ou seja, de um fazer diferente frente 
ao modelo já estabelecido.
A crise contribuiu significantemente para o alcance de novos avanços na 
Psicologia Social para o surgimento de um novo olhar e fazer, passando a direcionar 
sua atenção para as relevâncias sociais.
Os paradigmas teóricos e metodológicos que criticaram o modelo tradicional 
desenvolveram-se como Psicologia pós-moderna e, com isso, houve os avanços 
por meio da internacionalização da Psicologia Social.
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Segundo Lane (1995), ao analisarmos a linha do tempo, notamos que na década 
de1960 o paradigma científico que era dominante na época foi questionado.
Em seguida, na década de1970, houve avanços significativos para que a ciência 
passasse a levar em consideração a relação entre o sujeito e o objeto. Ao observar 
esse contexto evolutivo da Psicologia Social nos países que aqui foram explicitados, 
observamos que eles não seguiram uma linearidade, mas sim um processo contínuo.
Segundo Fonseca (2003), viver posteriormente a décadas e séculos que foram 
tanto marcantes, desperta-nos a reflexão do hoje, mediante as transformações e 
conquistas alcançadas, levando-se em consideração o quanto a temporalidade 
reaparece vigorada, pois somos expostos ao conhecimento das histórias passadas, 
as ressignificações e ao encontro das mudanças alcançadas. “Os objetos de estudo 
da psicologia estão em constante transformação, da mesma forma que os métodos 
para conhecê-los” (FONSECA, 2003, p.34).
Lane (1995) acrescenta que na atualidade somos testemunhas das mudanças e 
progressos adquiridos ao longo do tempo por meio do desenvolvimento científico, 
do qual podemos desfrutar os avanços.
A Psicologia como Ciência, segundo Fonseca (2003), sempre apresentará 
transformações e essas são importantes à medida que a Psicologia avança, pois as 
mudanças estão atreladas às novas conquistas, afinal as características da Ciência 
estão relacionadas à conduta de se autocriticar.
O mesmo autor, explicitado acima, ratifica que a Ciência, do mesmo modo que 
se constrói, pode ser destruída a qualquer momento, mediante o surgimento de 
novas indagações, pois os fenômenos psicológicos são construídos com a evolu-
ção histórica.
O pensamento crítico que contribuiu para as transformações, segundo Ploner et 
al (2008) apud Guareschi (2008), está intimamente relacionado à Ética, enquanto 
o pensamento tradicional, ao reduzir o indivíduo, não pode ser visto como Ética, 
pois a Ética diz respeito ao direto humano e implicada a justiça e a igualdade. 
A revisão crítica exercida nos países que aqui foram explicitados contribuiu para 
que houvesse a liberdade de expressão, na qual o respeito e a justiça se faziam 
presentes, e isso é Ética. O indivíduo sozinho não consegue exercer sua Ética, 
deixando, desse modo, de ser ético (Ploner et al. 2008 apud Guareschi, 2008).
Ainda no que diz respeito à Ética, notamos que a opressão, a desigualdade e o 
abuso de poder exercidos na América do Norte não condizem com uma conduta ética.
Segundo Guareschi (2008), podemos entender como Ética o pensamento crítico, 
o pensar frente à determinada situação e o refletir como mudanças podem ocorrer 
e quais consequências acarretarão, sendo elas positivas ou negativas, levando em 
consideração que mudanças fazem parte de um processo.
A Ética que aqui estamos abordando se fez presente a partir do momento em 
que o indivíduo passou a ser visto como multideterminado. Os avanços alcançados 
e as mudanças conquistadas visavam às justiças sociais, sendo estas nada mais do 
que condutas éticas. “A Ética busca a libertação pessoal e social das pessoas e das 
situações de injustiça” (GUARESCHI 2008, p.26).
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UNIDADE Psicologia Social e Contemporaneidade
Segundo Lane (1995), para que haja mudanças sociais significativas, é necessário 
que exista Ética, ou mudanças éticas que partam do indivíduo e atinjam o coletivo 
ao invés de lutas de classes.
Desse modo, podemos pensar que a Psicologia Social assumirá uma conduta 
entre teoria e prática,na qual os profissionais da área possam atuar no individual ou 
nos grupos, contribuindo, assim, para a construção da consciência social e dos 
valores morais, em rumo a uma conduta ética que rejeite o individualismo e assuma 
postura ética e de comprometimento com os valores universais e de igualdades, 
em consonância com a humanização. Em suma, que seja comprometida com a 
realidade da sociedade.
Fonseca (2003, p.35) aborda que:
Se é verdade que a ciência e suas práticas necessitam ser criticadas e 
reconhecidas como importantes fundadoras de realidades humanas e 
sociais, também setorna significativo que tal produção seja dotada do 
mais agudo, sutil e permanente espírito ético, visto que o conhecer 
constitui o mundo ao nomeá-lo, muito antes do que apenas representá-lo. 
Se pelo conhecimento inventamos mundos, que possamos inventá-los de 
maneira decente!
Segundo Guareschi (2008), o homem é visto com um ser racional e que se 
constitui por meio do diálogo existente em suas relações, que sem perder sua 
originalidade consegue ser único, e sua subjetividade é construída em meio de 
suas relações estabelecidas ao longo de seu desenvolvimento, sendo esta, a Ética, 
que se constrói por meio dessa relação dialógica.
Já no que diz respeito aos paradigmas da época, podemos pensar na crise que 
percorreu vários países, pois foi por meio dela que surgiu um novo pensar. Além 
disso, podemos levar em consideração as movimentações que ocorreram para 
uma sociedade igualitária. As críticas, indagações e fundações de associações, 
como por exemplo, a ABRAPSO, também fizeram parte desse processo para 
novos paradigmas.
Mediante a divisão da Psicologia Social em Psicologia Social Psicológica e 
Psicologia Social Sociológica, também podemos pensar na divisão dos paradigmas, 
na qual, segundo Guareschi (2008), os paradigmas podem ser divididos entre 
Paradigma Liberal Capitalista e Paradigma Comunitário-Solidário.
Correlacionado à divisão da Psicologia Social e à divisão dos paradigmas, 
podemos entender como paradigma liberal capitalista, termo esse usado por 
Guareschi (2008), como a Psicologia Social Psicológica, vez que esse paradigma 
tende a reduzir o indivíduo sem levar em consideração suas relações, ou seja, sem 
levar em consideração a relação de um indivíduo para com outro.
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Já por Paradigma Comunitário-Solidário, podemos entender a Psicologia 
Social Sociológica, vez que esse paradigma diz respeito às relações sociais, nas 
quais o indivíduo é visto como um ser que precisa do outro para se construir como 
pessoa, para a construção de sua identidade. Assim, o indivíduo precisa do outro 
para se constituir em sociedade.
Sendo assim, já que nos construímos social e historicamente, podemos concluir 
que o papel da Psicologia Social está relacionado ao estudo do convívio social, de 
como eles são construídos e desenvolvidos, de como se dão as relações nesse contexto 
social, de como ocorrem as influências de comportamento e da compreensão dos 
problemas que afetam a sociedade, tais como problemas políticos e econômicos, 
visando a medidas para serem aplicadas com a finalidade de solucioná-los.
Esse pensar em soluções, mudanças, igualdade, sociedade e relações/intera-
ções traduzem-se na ética Psicológica, na qual o avanço das mudanças será o 
novo paradigma.
Terminamos aqui a nossa Unidade, que abordou assuntos referentes à Psicologia 
Social nos países europeus, na América do Norte, na América Latina e no Brasil, 
assim como evidenciamos assuntos como ética, tendências e atualidades na 
contemporaneidade.
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UNIDADE Psicologia Social e Contemporaneidade
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
A Psicologia, o Homem e a Sociedade
Para compreender mais sobre a Psicologia Social, o homem e a sociedade, indicamos 
o vídeo de Silvia Lane.
https://goo.gl/mLXoOL
 Leitura
Gênese, Desenvolvimento e Redefinição da Psicologia Social: Da Separação Epistemológica ao Compromisso 
com a Práxis
Para se aprofundar mais no processo evolutivo da Psicologia Social e suas conquistas 
no Brasil e em outros países, leia o artigo cientifico: “Gênese, Desenvolvimento e 
Redefinição da Psicologia Social: Da Separação Epistemológica ao Compromisso 
com a Práxis”.
https://goo.gl/EzVptR
A Psicologia Social Abrapsiana: Apontamentos Históricos
Para entender como a “crise da Psicologia Social” se originou e percorreu em outros 
países, leia o artigo científico: A Psicologia Social Abrapsiana: Apontamentos 
Históricos.
https://goo.gl/TG2l1v
Ética e Paradigmas na Psicologia Social
Para obter melhor compreensão sobre a ética e os paradigmas abordados nesta Uni-
dade, leia o artigo cientifico: Ética e paradigmas na psicologia social.
https://goo.gl/9y327K
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Referências
BERNARDES, J. S. História. In: STREY, M. N. et al. Psicologia Social 
Contemporânea: livro-texto. Rio de Janeiro: Vozes, 2013.
FERREIRA, M. C. A Psicologia Social Contemporânea: Principais Tendências e 
Perspectivas Nacionais e Internacionais. Rio de Janeiro, v. 26, n. especial, 2010. 
p. 51-64. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26nspe/a05v26ns.
pdf>. Acesso em: 29 set. 2016.
FERREIRA, M. C. Breve História da Moderna Psicologia Social. In: TORRES, C. 
V.; NEIVA, E. R. (Org.). Psicologia Social: Principais Temas e Vertentes. Porto 
Alegre: Artmed, 2011.
FONSECA, T. M. G. Epistemologia. In: STREY, M. N. et al. Psicologia Social 
Contemporânea: livro-texto. Rio de Janeiro: Vozes, 2013.
GUARESCHI, P. A. Ética e Paradigmas na Psicologia Social: Ética e Paradigmas. 
In: PLONER, K. S. et al. (Org.). Ética e paradigmas na Psicologia Social - 
Ebook. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas SociaIs, 2008.
LANE, S. T. M.; SAWAIA, B. B. (Org.). Novas veredas da Psicologia Social. São 
Paulo: Brasiliense, 1995.
STREY, M. N. et al. Psicologia Social Contemporânea: livro-texto. Rio de 
Janeiro: Vozes, 2013.
TORRES, C. V.; NEIVA, E. R. (Org.). Psicologia Social: Principais Temas e 
Vertentes. Porto Alegre: Artmed, 2011.
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