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FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO MOD.3 SENAR

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Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
66
Módulo 3: 
Inoculante em 
outras culturas 
Bem-vindo ao Módulo 3 – Inoculante em outras culturas. É importante que 
você preste atenção ao conteúdo que preparamos, pois ele lhe ajudará na 
realização de suas atividades ao lidar com a inoculação em outras culturas.
Neste terceiro módulo do curso falaremos sobre o processo de inoculação 
e como essa tecnologia funciona para o agricultor. Veja o que aprenderá 
em cada aula.
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
67
Aula 1 - O uso do inoculante 
em outras culturas
• Como o inoculante é 
utilizado em outras 
culturas
• A interação do 
inoculante com outros 
nutrientes do solo
Aula 2 - Fixadores de 
nitrogênio com espécies 
vegetais
• A interação de fixadores 
de nitrogênio com espécies 
vegetais
• Resultados do uso do 
inoculante nas lavouras
Pronto(a) para começar este módulo? 
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
68
Aula 1: 
O uso do inoculante 
em outras culturas
Como o inoculante é utilizado em outras 
culturas
Como já visto nos módulos anteriores, o inoculante é um produto que 
contém grande quantidade de bactérias que fazem muito bem às lavouras, 
intensificando o processo natural da fixação biológica de nitrogênio (FBN), 
no qual as bactérias que vivem no solo se associam às plantas, captam o 
nitrogênio do ar transformando-o em alimento para a planta.
De olho nos valores
Os inoculantes também são conhecidos como 
biofertilizantes e quando utilizados nas lavouras são 
importantes auxiliares do agricultor aumentando a 
produtividade e a fertilidade dos solos, contribuindo 
para a redução do uso de fertilizantes nitrogenados e 
consequentemente a redução dos custos de produção.
Você sabia que anualmente no Brasil são comercializadas 
aproximadamente 40 milhões de doses de inoculantes, 
em que 34 milhões de doses são para a cultura da soja, 
2 milhões para gramíneas, entre elas o milho e o trigo, e o 
restante para outras culturas em geral? (EMBRAPA, 2019)
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
69
Fonte: Gráfico adaptado do site https://maissoja.com.br/beneficios-do-uso-de-inoculantes-bacterianos-e-os-im-
pactos-sobre-o-consumo-de-fertilizantes-nitrogenados-no-brasil/
De acordo com a Embrapa (2019), as culturas consideradas mais 
importantes para o Brasil, tanto pela extensão da área que ocupam como 
pelo alto consumo de fertilizantes, são culturas que podem ser beneficiadas 
pela fixação biológica de nitrogênio, como: milho, cana-de-açúcar, arroz, 
trigo, soja, feijoeiro comum, feijão-caupi. Juntas, essas culturas ocupam 
61,3 milhões hectares e consomem 1.890 milhão de toneladas de 
fertilizantes nitrogenados.
O gráfico abaixo, elaborado por Ferreira et al. (2017), apresenta um 
panorama da utilização de adubação nitrogenada no Brasil:
A) Área plantada com grãos e consumo total de fertilizantes nitrogenados 
do ano de 2000 até o ano de 2014.
B) Consumo de fertilizantes nitrogenados, em milhões de toneladas, pelas 
principais culturas no ano de 2014.
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
70
Nas plantas não leguminosas, o gênero Azospirillum é o mais usado para 
a promoção da associação das bactérias com as gramíneas para a fixação 
biológica do nitrogênio. Neste caso, essa associação faz com que ocorra 
a produção de hormônios, os quais estimulam o crescimento radicular da 
planta. Uma vez que a planta tem seu sistema radicular mais desenvolvido, 
faz com que ocorra uma melhor absorção de água e nutrientes, tornando a 
planta mais tolerante a diferentes estresses abióticos (MELO, 2014).
As bactérias do gênero Azospirillum são conhecidas como bactérias 
promotoras de crescimento de plantas (BPCP) e são bactérias de vida livre 
no solo. Elas são benéficas às plantas e possuem a capacidade de colonizar 
as raízes e outros tecidos internos do vegetal, sem causar sintomas de 
doenças. Também é uma relação simbiótica, em que as bactérias se 
beneficiam por colonizar um ambiente protegido contra vários estresses 
bióticos e abióticos e em contrapartida podem promover o crescimento da 
planta hospedeira por meio de diversos mecanismos.
Esses mecanismos podem ser a fixação biológica de nitrogênio ou a 
produção de hormônios de plantas (auxina, giberelina e citocinina), o que 
estimula a ramificação da raiz, aumentando a biomassa da parte aérea e da 
raiz melhorando a absorção de minerais e resultando em maior resistência 
da planta (SCUDELETTI, 2016).
Veja alguns exemplos de resultados importantes sobre o potencial do uso 
dos inoculantes nas culturas mais produzidas no Brasil.
Cultura da soja
Na cultura da soja, o uso de inoculantes substitui 
totalmente o uso de fertilizantes nitrogenados. 
Calcula-se que a FBN gere uma economia anual 
de US$ 13 bilhões pela substituição do uso de 
fertilizantes nitrogenados (REVISTA ATTALEA 
AGRONEGÓCIO, 2019).
É importante ressaltar que em plantas não leguminosas a 
fixação do nitrogênio ocorre por bactérias diazotróficas em 
raízes, colmos e folhas de cereais, como trigo, milho, arroz, 
forrageiras, cana-de-açúcar, entre outras (COSTA, 2014).
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
71
Cultura do feijão
Na cultura do feijão, com a qual se tem 
procurado popularizar o uso dos inoculantes 
com rizóbios adaptados às nossas variedades 
e condições ambientais, é possível reduzir em 
mais de 50% a quantidade de fertilizantes, 
dobrar o seu rendimento proporcionando uma 
economia estimada em US$ 240 milhões por ano 
(COOPAVEL, 2019).
Culturas de milho e trigo
No milho e no trigo, culturas não leguminosas, 
com a utilização de inoculantes contendo as 
bactérias Azospirillum, podem reduzir em até 
30% a aplicação de fertilizantes, trazendo uma 
economia de US$ 2 bilhões a cada safra (GLOBO 
RURAL, 2019).
Culturas da lentilha e ervilha
Nas culturas da lentilha e ervilha, a Embrapa 
Cerrados selecionou e lançou estirpes de rizóbio 
adaptadas às condições de cerrado, capazes de 
substituir 100% o adubo nitrogenado (MENDES 
et al., 2010).
Cana-de-açúcar
Em cana-de-açúcar a estimativa de economia pelo 
uso do inoculante com a substituição de 50% da 
dose recomendada de fertilizante, representaria 
economia de 150.000 toneladas de nitrogênio 
por ano, ou ainda R$ 735 milhões, tornando os 
derivados da cultura (etanol e açúcar) ainda mais 
competitivos no mercado internacional, além de 
contribuir para a preservação do meio ambiente 
(SCUDELETTI, 2016).
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
72
Plantios florestais
Em plantios florestais, consórcios com espécies 
fixadoras e nitrogênio são considerados fonte 
alternativa de nitrogênio para a cultura de 
principal valor econômico, como podemos citar 
o caso do eucalipto, porque aumenta a produção 
de biomassa e sequestro de carbono, melhora 
a fertilidade do solo e ciclagem de nutriente e 
ainda protege a espécie contra doenças e pragas 
(COELHO, 2006).
Sistemas integrados de produção
Nos sistemas integrados de produção, como 
os silvopastoris e agroflorestais, as forrageiras e 
plantas de cobertura como leucenas, cornichão, 
ervilhaca, alfafa e mucuna e diversas outras 
culturas também são beneficiadas pela tecnologia 
da fixação biológica do nitrogênio (LISBOA, 2019).
De maneira geral, podemos concluir que, para que haja certa eficiência na 
redução do uso de fertilizantes, não somente para o cultivo de leguminosas, 
mas de todas as espécies de interesse agrícola, existe a necessidade 
da intensificação das pesquisas de forma a serem disponibilizados 
inoculantes certos para cada tipo de cultura e práticas que favoreçam 
a fixação biológica de nitrogênio. O resultado desse processo, além de 
proporcionar a diminuição do consumo de fertilizantes nitrogenados, vai 
incentivar uma agricultura com elevados níveis de produtividade, baixos 
custos e baixos impactos ambientais (EMBRAPA, 2019).
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
73
A inoculação com as bactérias fixadoras de 
nitrogênio pode trazer outros benefícios para 
as plantas, além da nutrição nitrogenada?
Ainteração do inoculante com outros 
nutrientes do solo
A resposta é sim, porque, além da fixação biológica do nitrogênio, a 
maioria dessas bactérias também é conhecida pela capacidade de produzir 
hormônios de crescimento das plantas. A produção dessas substâncias 
pode estimular o aumento da densidade de pelos radiculares, o aumento 
das raízes secundárias e da superfície radicular. Consequentemente, esse 
incremento radicular resulta na melhor absorção de água e nutrientes, 
aumentando a capacidade de a planta produzir e suportar estresses 
ambientais (MENDES et al., 2010).
Há uma imensa diversidade de espécies de bactérias no solo que são 
capazes de viver livremente ou em associação com plantas, responsáveis 
por uma série de interferências, como a decomposição de matéria orgânica 
e a ciclagem de nutrientes, que podem afetar positivamente a qualidade 
do solo, contribuindo para uma produção agrícola sustentável.
Observa-se que as culturas do milho e 
trigo, quando inoculadas com estirpes 
selecionadas de Azospirillum, além do 
aumento da produtividade, também 
proporcionam maior absorção de 
macronutrientes e micronutrientes 
pelas plantas inoculadas, além 
do aumento na eficiência do uso 
dos nutrientes disponíveis do solo 
(SCUDELETTI, 2016).
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
74
A absorção dos nutrientes pela planta é influenciada por diversos fatores, 
entre os quais as condições climáticas (precipitações pluviométricas e 
temperatura), as diferenças genéticas entre as cultivares, os tratos culturais 
e a disponibilidade dos nutrientes no solo. O nitrogênio é o nutriente exigido 
em maior quantidade pela soja e é fornecido na sua maior parte pela FBN.
A matéria orgânica do solo oferece os elementos essenciais às plantas, 
sendo eles os macronutrientes e os micronutrientes. Veja alguns exemplos 
de macronutrientes e micronutrientes na tabela a seguir. 
Macronutrientes
Nitrogênio Fósforo Potássio Cálcio Magnésio Enxofre
Micronutrientes
Cobre Boro Ferro Manganês Molibdênio Zinco
Destes, o nitrogênio é o mais limitante e problemático para sua absorção 
dentro do sistema produtivo. Neste sentido, conforme visto anteriormente, 
o uso de adubos nitrogenados foi o principal fator para o aumento da 
produtividade dos cereais na história. Em contrapartida, o aumento do uso 
desse insumo representa grande ônus energético, ecológico, financeiro e 
de sustentabilidade (FRANCO et al., 2003).
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
75
Para a revista Biosoja (2019), alguns fatores podem interferir na 
disponibilidade do nitrogênio e esses fatores estão relacionados às 
atividades dos micro-organismos e à dinâmica deste nutriente nos solos. 
Abaixo estão relacionados os principais fatores que contribuem para maior 
ou menor disponibilidade do nitrogênio no solo:
Fator 1
Os solos com teor de matéria orgânica possuem reserva 
de nitrogênio orgânico e têm disponibilidade de nitrogênio 
às plantas.
Fator 2
As regiões com precipitação pluviométrica têm 
probabilidade de perdas de nitrogênio por lixiviação e 
disponibilidade de nitrogênio às plantas.
Fator 3
As estiagens prolongadas a mineralização e a 
disponibilidade do nitrogênio orgânico, além de o 
crescimento das raízes a capacidade de absorção do 
nitrogênio do solo.
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
76
O solo é um sistema bastante complexo onde ocorrem fenômenos de 
natureza física, química e biológica que afetam a disponibilidade dos 
nutrientes às plantas. A solução do solo representa a fase na qual os 
nutrientes estão prontamente disponíveis às plantas, ou seja, é o local 
onde ocorre a absorção dos nutrientes pelas raízes. Posteriormente, 
os nutrientes são repostos pela fase sólida do solo representada pelos 
componentes minerais ou inorgânicos e orgânicos (RAIJ, 1991). 
A disponibilidade dos nutrientes às plantas pode ser afetada por diversos 
fatores, entre os quais podemos destacar (REVISTA BIOSOJA, 2019):
O pH do solo
É um dos principais fatores do solo que afetam a disponibilidade dos 
nutrientes às plantas; a maior disponibilidade ocorre na faixa de pH 
entre 6,0 e 6,5.
Matéria orgânica
A matéria orgânica abrange todos os componentes orgânicos do solo e 
em vários estágios de decomposição ocorrendo em íntima associação 
com os constituintes minerais; a mineralização da matéria orgânica é 
a principal fonte de nitrogênio, fósforo, enxofre e boro para as plantas, 
disponibilizados por micro-organismos.
A densidade do solo
Está intimamente relacionada com a estrutura e com a textura. De 
maneira geral, quanto maior a densidade, mais compacto é o solo, menos 
definida é a sua estrutura e muito menor o volume do espaço poroso; a 
compactação do solo ocasiona o aumento na sua densidade, reduzindo 
o transporte dos nutrientes no solo.
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
77
A textura
Nos solos argilosos, ocorre maior fixação do fósforo provocando 
redução de sua disponibilidade para as plantas e consequentemente 
a do zinco; nos solos arenosos, ocorre maior lixiviação dos nutrientes 
aniônicos (nitrato, sulfato, molibdato e boro) e do potássio, reduzindo a 
sua disponibilidade para as plantas.
A umidade do solo
A mineralização da matéria orgânica do solo é realizada por micro-
organismos e é influenciada pelas condições climáticas do ambiente; a 
falta de umidade retarda a mineralização, reduzindo a disponibilidade 
de nitrogênio, fósforo, enxofre e boro às plantas. Além disso, a água é o 
veículo natural para o movimento dos nutrientes no solo.
As interações entre os nutrientes
As interações são de natureza muito complexa e seus efeitos 
refletem na composição mineral das plantas.
Mas como funciona essa interação dos nutrientes 
essenciais às plantas? 
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
78
Veja como funciona a interação dos nutrientes essenciais às plantas.
Nitrogênio (N) e 
enxofre (S)
São nutrientes fundamentais para a síntese de 
aminoácidos e proteínas, a falta de um desses 
nutrientes ocasiona desequilíbrio nutricional, 
resultando na redução da qualidade dos produtos 
agrícolas e da produtividade (PRADO, 2008).
Nitrogênio (N) e 
potássio (K)
Ajudam no processo de fixação biológica do 
nitrogênio, realizado pelas bactérias em simbiose 
com as plantas fornecendo quase todo o 
nitrogênio de que a planta necessita. A elevação 
na produtividade da soja pode ser limitada pelos 
baixos teores de K nos solos (BIOSOJA, 2019).
Nitrogênio (N) e 
fósforo (P)
O suprimento limitado de fósforo tem impacto 
negativo na fixação biológica de nitrogênio. 
Tanto na redução do N2 atmosférico quanto na 
assimilação do amônio (N-NH4) nas plantas são 
processos consumidores de energia. Portanto, 
a falta de fósforo reduz a atividade específica da 
nitrogenase responsável pela fixação biológica do 
N2 atmosférico (BIOSOJA, 2019).
Potássio (K), 
cálcio (Ca) e 
magnésio (Mg)
O aumento no teor de potássio acarreta diminuição 
dos teores de cálcio e magnésio nas plantas. 
Em situações extremas, pode causar redução 
na produtividade das culturas. É amplamente 
conhecido o antagonismo entre Ca e Mg na 
solução do solo, ou seja, o excesso de um nutriente 
prejudica a absorção do outro (PRADO, 2008).
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
79
Enxofre (S) e 
molibdênio (Mo)
Em sistemas de manejo com aporte insuficiente 
de molibdênio, pode ocorrer redução na fixação 
biológica do nitrogênio, comprometendo a 
produtividade da cultura (BIOSOJA, 2019).
Outros fatores nutricionais ou ambientais devem ser considerados para 
potencializar os benefícios do uso de inoculantes nas diversas culturas. 
Mercante et al. (2011) destacam que quanto 
aos fatores nutricionais devem ser levadas 
em consideração as exigências das culturas 
pelos macro e micronutrientes, como exemplo 
o fósforo que é altamente requerido para 
a fixação biológica de nitrogênio, a qual 
poderá ser afetada drasticamente pela sua 
deficiência. Da mesma forma, a deficiênciade cálcio pode afetar o desenvolvimento da 
planta, o estabelecimento da bactéria e a 
interação planta-rizóbio. 
Quanto aos fatores ambientais, a elevada temperatura dos solos e o 
estresse hídrico são considerados extremamente significativos, pois 
afetam a sobrevivência das bactérias fixadoras de nitrogênio e a interação 
entre os macros e micronutrientes dos solos (MERCANTE et al., 2011).
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
80
Aula 2: 
Fixadores de 
nitrogênio com 
espécies vegetais
A interação dos fixadores de nitrogênio 
com espécies vegetais 
A fixação biológica de nitrogênio pelas plantas leguminosas pode suprir 
a adubação mineral dependendo da espécie e sistema de cultivo. Em 
culturas de espécies não leguminosas ou com sistema de baixa eficiência 
de fixação biológica do nitrogênio, pode ser realizado o cultivo consorciado 
com culturas eficientes em fixação biológica (CABALLERO, 2019).
Sabe-se da importância que as leguminosas têm, graças 
à capacidade que a maioria das espécies possui de 
abastecer todas as suas necessidades de nitrogênio por 
meio da simbiose com bactérias do gênero Rhizobium. 
Esta característica não é privativa das espécies herbáceas, 
como o feijão ou a soja, pois, em grande parte, as florestas 
nativas tropicais são constituídas de leguminosas e 
árvores altas (30 a 40 m) com alto potencial de fixação do 
nitrogênio (SILVA; DÕBEREINER,1982).
A interação de espécies fixadoras de nitrogênio com outras espécies 
apresenta resultados significativos, como pode ser observado com o plantio 
da leguminosa arbórea Acacia mangium em consórcio com florestas de 
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
81
eucalipto. A produtividade de madeira obtida com o consórcio foi similar 
à produtividade obtida com o monocultivo, em que o eucalipto recebeu 
adubação nitrogenada. A economia com fertilizantes foi significativa, 
destacando o custo menor de implantação, um aumento na produção de 
biomassa e diversidade de vida no solo.
Outros benefícios obtidos com o uso de arbóreas leguminosas em consórcio 
com espécies florestais são os benefícios ecológicos, como o aumento do 
carbono, da fertilidade e da diversidade de micro-organismos do solo. 
Fica claro que sob condições de consórcio há uma maior diversidade 
de bactérias e fungos, que acelera a ciclagem de nutrientes do sistema, 
retroalimentando a floresta, que, por sua vez, cresce de forma mais eficiente 
(PORTAL DO AGRONEGÓCIO, 2017).
Ao ser realizado o plantio consorciado de espécies florestais, as espécies 
envolvidas podem ser submetidas a interações ecológicas. Essas interações 
podem acontecer da seguinte forma: 
• Pela competição: que ocorre quando dois ou mais indivíduos ou 
populações interagem de modo que pelo menos um exerça um efeito 
negativo sobre o outro, por exemplo, a redução do crescimento ou 
mortalidade.
• Pela redução competitiva: que ocorre em função de um uso mais 
eficiente dos recursos do ambiente, como luz, água ou nutrientes.
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
82
• Pela facilitação: que ocorre quando uma espécie interage com a outra 
provocando efeito positivo na produtividade, por exemplo, quando uma 
espécie que fixa nitrogênio aumenta o crescimento da outra espécie que 
não é fixadora de nitrogênio, em virtude do aumento da disponibilidade 
do nutriente no sistema. 
Como exemplo prático da interação dos fixadores de nitrogênio com 
outras espécies vegetais, podem ser analisadas as exigências do feijoeiro 
em relação ao nitrogênio, em que estas podem ser supridas pelo processo 
de fixação biológica, ou seja, por meio da simbiose estabelecida com 
bactérias fixadoras de nitrogênio e o feijoeiro. No entanto, alguns fatores 
podem limitar ou diminuir a taxa de fixação, como:
• a competição das bactérias fixadoras de nitrogênio com as bactérias 
nativas pouco eficientes e estabelecidas no solo; e 
• baixa adaptação às condições ambientais, como temperatura e acidez 
e o ciclo curto do feijoeiro (RUFINI et al., 2011).
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
83
Esses dias o Marco, técnico do SENAR, enviou uma 
mensagem de áudio com informações importantes 
sobre a interação dos fixadores de nitrogênio com 
espécies vegetais. 
Veja o que ele disse.
Dica do Técnico
Olá, Natália! Espero que estejam todos bem por aí.
Tenho uma informação sobre a interação dos fixadores de nitrogênio 
relacionada ao sistema florestal que é importante você compartilhar 
com todos.
A introdução de espécies leguminosas em povoamentos de eucaliptos 
nos solos de baixa fertilidade pode aumentar a capacidade de uso 
dos nutrientes, uma vez que esses nutrientes são incorporados à 
biomassa e devolvidos ao solo via serapilheira, contribuindo com a 
manutenção ou restauração da fertilidade do solo e da produtividade 
florestal em longo prazo. 
Em plantios mistos de eucalipto com leguminosas arbóreas fixadoras 
de nitrogênio, observa-se o maior incremento na produtividade, 
porém é necessário analisar as interações dos plantios mistos por um 
período maior de tempo de forma a se verificar os possíveis efeitos 
da fixação biológica de nitrogênio atmosférico pela leguminosa na 
produtividade do eucalipto. 
Mesmo não havendo uma definição sobre qual é o melhor arranjo 
de espécies a ser utilizado, os plantios realizados com duas ou mais 
espécies florestais podem promover a diversificação dos produtos 
obtidos em uma mesma área pelo silvicultor.
A interação das leguminosas arbóreas fixadoras de nitrogênio com 
outras espécies utilizadas em sistemas agroflorestais pode trazer 
vários atributos ecológicos, como, por exemplo:
• o aumento da biodiversidade por meio da regeneração natural; 
• a rápida cobertura do solo, permitindo um melhor reabastecimento 
dos mananciais hídricos, uma elevada produção de biomassa 
vegetal e sua possível incorporação como matéria orgânica do 
solo; e
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
84
• o aumento da serrapilheira capaz de suprir as outras plantas com 
o nitrogênio proveniente de uma fonte não poluidora.
Neste sentido, a interação dessas espécies com outras espécies 
vegetais pode contribuir imensamente não só na melhoria das 
condições ambientais e do solo, como também no aumento da 
produtividade da cultura principal. 
Compartilhe essa informação e lembre-se de que em caso de dúvidas 
não hesite em entrar em contato comigo.
Um abraço e até breve.
Resultados do uso do inoculante nas 
lavouras 
As diversas pesquisas realizadas na cultura da soja confirmam que a 
adição de fertilizante nitrogenado não aumenta significativamente a sua 
produção e que a fixação biológica do nitrogênio é mais eficiente, rentável 
e contribui com o meio ambiente. A eficácia da adição de rizóbios às 
sementes de soja substitui totalmente a necessidade do uso de adubos 
nitrogenados nas lavouras e essa substituição contribui para a promoção 
de uma agricultura de baixa emissão de carbono para a atmosfera e 
permite a redução do custo de produção e melhora a fertilidade do solo 
(AGROLINK, 2014).
Em se tratando da cultura do feijão, a fixação biológica do nitrogênio via 
utilização de inoculante é uma alternativa para a redução do uso dos 
adubos nitrogenados. Estudos mostram que a utilização de inoculantes 
eficientes do gênero Rhizobium pode melhorar a produtividade, uma vez 
que o rendimento de grãos foi significativamente superior, comprovando 
ser uma alternativa de fonte nitrogenada para a cultura do feijoeiro, 
dispensando a adubação de cobertura (PARIZOTTO; MARCHIORO, 2015).
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
85
Os resultados obtidos com a inoculação do gênero Azospirillum, na 
cultura do milho, via sementes, via sulco de semeadura ou via aplicação 
foliar, comprovam o aumento da eficiência do fertilizante nitrogenado, 
permitindo a redução da quantidade de adubos nitrogenados utilizados 
na adubação de cobertura.
Mão na Terra
A inoculação com Azospirillum prepara a planta 
para o melhor aproveitamento dos nutrientes, 
neste sentido, o aumentoda eficiência de uso do 
fertilizante nitrogenado promovido pelo estímulo 
ao sistema de raízes é uma ferramenta a mais 
para a produção com maior sustentabilidade 
econômica e ambiental.
Levando em consideração a quantidade de hectares de pastagens 
degradadas existentes hoje no Brasil, o processo de recuperação 
dessas pastagens usando a combinação de fertilizante nitrogenado e a 
inoculação com o gênero Azospirillum pode trazer excelentes resultados, 
com baixo custo para o agricultor, maior produção de biomassa e melhoria 
na qualidade proteica na alimentação do gado. O processo de inoculação 
de braquiária com Azospirillum também traz benefícios ambientais, 
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
86
favorecendo o sequestro de carbono da atmosfera pela maior produção 
de biomassa de forragem. O carbono absorvido pela planta é convertido 
em biomassa, portanto, para gerar mais biomassa, a planta retira mais 
carbono da atmosfera. A inoculação elimina a necessidade de uma segunda 
aplicação de nitrogênio contribuindo para a mitigação de gases de efeito 
estufa (HUNGRIA; NOGUEIRA, 2017).
Cuidado ambiental
Os resultados obtidos com a utilização dos inoculantes nas 
diversas culturas contribuem para viabilizar uma agricultura 
mais sustentável e com responsabilidade ambiental, sendo 
uma tecnologia que se encaixa perfeitamente com as metas do 
governo brasileiro no Plano de Agricultura de Baixa Emissão de 
Carbono (HUNGRIA; NOGUEIRA, 2017).
Chegamos ao final do Módulo 3. 
Lembre-se de acessar o AVA e realizar a atividade de aprendizagem 
obrigatória para seguir para o Módulo 4.
Boa sorte!
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
87
Atividade de 
aprendizagem
As atividades aqui na apostila servem apenas para você ler 
e respondê-las com mais tranquilidade. 
Entretanto, você deverá acessar o AVA e resolver lá as 
questões. Você terá duas tentativas para realizar cada 
questão e só desbloqueará o próximo módulo depois que:
1. acertar as questões; ou
2. usar todas as suas tentativas.
Questão 1
Sobre o potencial do uso dos inoculantes e os resultados com as culturas 
mais produzidas no Brasil, é correto dizer que:
a) Na cultura do feijão, o uso dos inoculantes ainda não está bem 
popularizado portanto quase 100% dos produtores ainda utilizam 
fertilizantes nitrogenados para aumentar a produção.
b) Para as culturas não leguminosas, como do milho e trigo, ainda 
não existem no mercado inoculantes que possam contribuir com a 
redução do uso de fertilizantes nitrogenados.
c) Em cana de açúcar a economia gerada pelo uso do inoculante ainda 
é insignificante, o que torna os derivados da cultura como etanol e 
açúcar pouco competitivos no mercado internacional.
Módulo 3 – Inoculante em outras culturas
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d) Na cultura da soja, o uso de inoculantes para melhorar a fixação 
biológica do nitrogênio substitui totalmente o uso de fertilizantes 
nitrogenados gerando uma economia anual de US$ 13 bilhões.
Questão 2
Para a revista Biosoja (2019), alguns fatores podem interferir na 
disponibilidade do nitrogênio e eles estão relacionado as atividades dos 
microrganismos e a dinâmica deste nutriente no solo. Sobre os fatores que 
contribuem para a maior ou menor disponibilidade do nitrogênio no solo 
podemos afirmar que:
a) Os solos com maior teor de matéria orgânica possuem menor reserva 
de nitrogênio orgânico e disponibilizam em menor quantidade o 
nitrogênio às plantas.
b) As regiões com maior precipitação pluviométrica tem menor perda 
de nitrogênio por lixiviação e maior disponibilidade de nitrogênio às 
plantas. 
c) A falta de chuva diminui a mineralização e a disponibilidade do 
nitrogênio orgânico, proporcionando a diminuição do crescimento 
das raízes e consequentemente a capacidade de absorção do 
nitrogênio do solo.
d) Os fenômenos de natureza física, química e biológica que ocorrem 
nos solos não afetam a disponibilidade dos nutrientes essenciais às 
plantas como o nitrogênio.

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