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(sangramento segunda metade) (descolamento prematuro de placenta) É a separação da placenta normalmente inserida, de forma parcial ou completa, antes do nascimento de feto. O diagnóstico geralmente é reservado para gestações <20 semanas. O quadro clínico normalmente é de sangramento vaginal e dor abdominal que, muitas vezes, são acompanhadas de contrações uterinas e um padrão de BCF não tranquilizador. Classificação © Grau 1: Assintomático ou sangramento genital discreto, sem hipertonia uterina significativa e com vitalidade fetal preservada. Sem repercussões hemodinâmicas e coagulopatia materna. O diagnostico é feito após o nascimento por presença de coagulo retroplacentário. © Grau 2: Sangramento moderado com hipertonia uterina. Repercussões hemodinâmicas na mãe, aumento de FC, alterações posturais da PA e queda no nível de fibrinogênio. Feto vivo, porém com vitalidade fetal prejudicada. © Grau 3: Óbito fetal e alterações mais acentuadas de hipotensão arterial materna e hipertonia uterina. Divide-se em: 3A: Com coagulopatia instalada. 3B: Sem coagulopatia instalada. Fisiopatologia A causa imediata do DPP é a ruptura dos vasos maternos na decídua basal – o sangue acumulado atinge a zona de clivagem decíduo- placentária e inicia a separação. A porção descolada da placenta é incapaz de permutar gases e nutrientes – quando a unidade feto placentária é incapaz de compensar essa perda da função, o feto é comprometido. Uma pequena proporção dos descolamentos está relacionada a eventos mecânicos súbitos, como traumatismo abdominal ou descompressão uterina rápida. Além disso, outras causas são: Anormalidades uterinas (útero bicorno, sinéquias, leiomiomas), uso de cocaína e tabagismo. A hemorragia arterial de alta pressão na área central da placenta leva ao desenvolvimento rápido de manifestações clínicas potencialmente fatais, como sangramento grave, CIVD e anormalidades na FCF. Já a hemorragia venosa de baixa pressão, tipicamente na periferia da placenta, é mais provável que resulte em manifestações clínicas que ocorrem ao longo do tempo, como hemorragia intermitente leve, oligodrâmnio e RCIU. Fatores de risco © DPP prévio © Síndromes hipertensivas ANA CAROLINA BAETAS – UNIFAMAZ 9 MED © Tabagismo, álcool e drogas © Idade >35 e <20 © Paridade >3 © Raça negra © Hiper-homocisteinemia © Trombofilia © Diabetes pré-gestacional © Hipotireoidismo © Anemia © Malformação uterina © Rotura prematura de membranas © Corioamnionite © Oligo/polidrâmnio © Placenta prévia © Trauma © Amniocentese © Cesárea anterior © Abortamentos © Pré-eclâmpsia © Natimorto Diagnóstico É eminentemente clínico. DPP agudo normalmente apresenta-se com sangramento vaginal leve a moderado + dor abdominal e/ou dor nas costas + contrações uterinas. A USG é útil para identificar um hematoma retro-placentário. O DPP grave pode levar a CIVD e em 10-20% pode levar a óbito – o diagnostico de CIVD é confirmado por diminuição de fibrinogênio e aumento de produtos da degradação de fibrina e D-dímero. Diagnóstico diferencial © Trabalho de parto (início mais gradual) © Placenta prévia © Ruptura uterina © Hematoma subcoriônica Conduta A avaliação laboratorial materna deve incluir tipagem sanguínea, hemograma completo e coagulograma. USG em casos duvidosos. A qualquer sinal de hipotensão ou instabilidade hemodinâmica, deve-se instituir 2 acessos venosos calibrosos com infusão de 1.000ml de solução cristaloide, sendo 500ml nos primeiros 10 minutos e manutenção com 250ml/h, mantendo débito urinário >30ml/h. Nos casos de feto viável, quando o parto vaginal não for iminente, a via de parto preferida deve ser cesárea. Nos casos de feto vivo com cardiotocografia categoria 3 e o parto vaginal for iminente, pode-se optar pelo vaginal espontâneo ou instrumental; se o parto não for iminente, deve-se indicar cesárea. Em fetos vivos com cardiotocografia categoria 2, a via de parto dependerá da IG, dilatação e se existe instabilidade fetal ou materna. Nos fetos vivos com cardiotocografia categoria 1, a via de parto dependerá da estabilidade hemodinâmica materna e da IG; se feto morto e mãe estável, opta-se pelo parto vaginal. A amniotomia faz-se necessária para reduzir hemorragia mterna e passagem de tromboplastina para a corrente sanguínea da mãe. A ocitocina pode ser administrada se houver necessidade de induzir o parto. O parto deverá ocorrer em 4-6h e o quadro clínico deve ser reavaliado a cada hora. (placenta previa) Definição É a presença de tecido placentário total ou parcialmente inserido no segmento inferior do útero, após 28 semanas de gestação: © Placenta prévia: Recobre total ou parcialmente o orifício intero no colo uterino. © Placenta de inserção baixa: A borda placentária insere-se no segmento inferior do útero e não chega a atingir o orifício interno e localiza-se em um raio de 2cm de distancia desta estrutura anatômica (placenta prévia marginal) Fatores de risco © Cesáreas anteriores © Gestações múltiplas © Antecedente de placenta prévia © Número de curetagens uterinas © Idade materna avançada © Multiparidade © Tabagismo Diagnóstico Suspeita: Gestante >24 semanas com sangramento vaginal indolor Diagnóstico clínico: Sangramento vaginal indolor de coloração vermelho-viva, imotivado, de início súbito, reincidente, de gravidade progressiva, na segunda metade de gravidez. Contrações uterinas podem ser encontradas durante ou após o episodio hemorrágico e o tônus uterino estará normal nos seus intervalos. O toque vaginal é proscrito devido a possibilidade de causar hemorragia abundante. Diagnóstico ultrassonográfico: O padrão ouro é a USG transvaginal Se suspeita de placenta prévia antes de 28 semanas em paciente assintomático, uma nova USG deve ser realizada com 32 semanas – para cerca de 90% das placentas prévias diagnosticadas no 2 trimestre, o diagnostico não será confirmado no termo. Tratamento Orientadas a procurar hospital diante de qualquer sinal de sangramento, evitar atividade física exagerada e relações sexuais, principalmente após a 28 semana. O seguimento deve incluir exames de USG transvaginal. Se sangramento vaginal ou contrações uterinas recomenda-se internação imediata da gestante para controle materno e de vitalidade fetal. Deve ser confirmado por USG transvaginal. Avaliação laboratorial: Concentração de hemoglobina e hematócrito, tipagem sanguínea e avaliação da função renal. Se o sangramento for abundante ou houver outras complicações, também deve ser avaliado o sistema de coagulação (fibrinogênio, plaquetas, tempo de protrombina e tempo de tromboplastina parcial ativada). A imunoglobulina anti-D deve ser feita em gestante Rh negativa. Entre 25-34 semanas e com hemorragia, administram-se corticoides. Expectante: Quando o sangramento materno não for intenso em gestações pré-termo, pode ser adotada a conduta expectante, desde que haja um bom controle materno-fetal. Conduta ativa: Imediata resolução da gestação se sangramento materno incontrolável, vitalidade fetal alterada, maturidade fetal comprovada ou IG >37 semanas, por cesárea. Em casos selecionados de placentas se inserção baixa, sem complicações, pode-se permitir parto por via vaginal. (acretismo placentario) É a aderência anormal da placenta ao miométrio – que apresenta ausência parcial ou total da decídua basal e desenvolvimento anormal da camada fibrinoide. Pode ocorrer a aderência de todos os cotilédones (acretismo total), de alguns (acretismo parcial) ou de um ou parte de um deles (acretismo focal). A média estimada de perda sanguínea no parto com acretismo é de 2.5L, sendo associada a transfusão maciça de hemocomponentes, histerectomia, lesão de bexiga/ureter, intestino e pós-operatório em UTI. Fatores de risco © Cesárea anterior © Curetagem uterina © Miomectomia © Cirurgia vídeo-histeroscópia© Idade > 35 © Multiparidade Quadro clínico Na presença de placenta previa que não sangra, deve-se suspeitar de acretismo Diagnóstico No pré-natal, sempre que associar placenta prévia + cesárea anterior, o diagnóstico de acretismo deve ser buscado, sendo muito importante para planejar o parto. Planejamento do parto Deve ser realizado com 36/37 semanas Alguns cuidados devem ser tomados: © Reserva de hemocomponentes © TCLE assinado © Acesso venoso com jelco 16 – 2 acessos © Anestesia: Duplo bloqueio © Sondagem vesical com Foley 18 © Radiologia intervencionista © Cesárea com histerectomia © Tração suave do cordão © Histerectomia com placenta in situ © Tamponamento pélvico em casos de sangramento difuso com instabilidade hemodinâmica Conservar o útero deve ser tratamento de exceção. (rotura uterina) É a abrupta solução de continuidade de todas as camadas da parede uterina, incluindo serosa superficial. O quadro causa extrusão parcial ou completa do feto do útero, com descolamento da placenta e hemorragia materna, levando à síndrome hipóxico-isquêmica neonatal. Fatores de risco © Antecedente de rotura em gestação anterior © Presença de incisão miometrial prévia © Indução do trabalho de parto © Trabalho de parto prolongado © Drogas uterotônicas © Traumatismo © Fraqueza muscular congênita ou adquirida © Polidrâmnio © Gestação múltipla © Macrossomia fetal Diagnóstico É subclínica e não cursa com sintomatologia clínica. É comumente diagnosticada no intraoperatório de uma cesariana. Achados sugestivos: Descontinuidade do endométrio, hematomas adjacentes à cicatriz uterina, membrana amniótica herniada, presença de líquido livre em cavidade peritoneal, partes fetais fora da cavidade uterina e até mesmo extrusão completa fetal. Tipicamente ocorre durante o trabalho de parto. O primeiro sinal suspeito é a bradicardia fetal <110bpm – a bradicardia sustentada precedida de desacelerações tardias, é, com frequência, observada. Tipicamente, antes da rotura, ocorre a Síndrome de Bandl-Frommel – distensão uterina do segmento inferior. Rapidamente, a parturiente desenvolverá quadro de choque hemorrágico, com mal-estar súbito, aumento da FC e queda de PAS. A ausculta fetal passará de bradicardia a ausente. O sangue extravasado pode levar à dor escapular (sinal de Laffont) e hematoma periumbilical (sinal de Cullen). ® Suspeita-se de rotura uterina aguda quando mulheres com antecedente de cesariana prévia em trabalho de parto apresentam 1 ou mais dos seguintes: FCF não tranquilizadora (categoria II ou III na cardiotocografia), instabilidade hemodinâmica, dor abdominal repentina, diminuição da atividade uterina, apresentação fetal não detectável, hemorragia vaginal e hematúria. ® Suspeita-se de rotura uterina no puerpério em mulheres com cesariana anterior que apresentam dor abdominal persistente após o nascimento, além de hemorragia pós parto sem melhora após medidas farmacológicas Tratamento Objetivo: Estabilização hemodinâmica + correção cirúrgica da lesão que levou à instabilidade Pacientes hemodinamicamente instáveis: Fluidos (30ml/kg SF ou RL) e transfusão de hemoderivados (se choque grau 3 e 4) + cesariana de emergência, se o parto vaginal não dor iminente. Pode-se realizar incisão abdominal transversal ou longitudinal mediana. Feto e placenta devem ser extraídos, seguindo-se à inspeção da lesão uterina. A histerectomia está indicada em lesões irreparáveis ou hemorragia materna incontrolável (vasa previa) É uma variação anatômica caracterizada pela inserção velamentosa do cordão umbilical – os vasos do cordão se bifurcam antes de alcançar a massa placentária e se implantam de maneira anormal a ela. Os vasos provenientes do cordão umbilical serão implantados na zona marginal da placenta – “aspecto ̃ raquete de tênis” e estarão projetados entre o orifício interno do colo uterino e a apresentação fetal. Eles podem se romper e ocasionar anemia aguda e altas taxas de mortalidade. Fatores de risco © Gestações múltiplas © Inserção velamentosa do cordão umbilicosa © Corioamniorrexe Diagnóstico É realizado a partir da informação materna de sangramento vaginal iniciado após a ruptura das membranas e sangue mesclado ao liquido amniótico. A perda sanguínea não costuma ser em grande quantidade, mas por ser de origem fetal, torna-se grave. A palpação digital das membranas, antes da realização de uma amniotomia, é uma medida de precaução apropriada, nela pode-se perceber a presença de cordao umbilical. A ecografia com mapeamento em cores pode ser útil, assim como a amnioscopia. Existem testes rápidos que podem ser realizados, como o Apt Test – a cor rosa indica a hemoglobina fetal. – e o uso de corante Wright no sangue vaginal coletado para avaliar a presença de hemácias nucleadas. Esses testes só podem ser realizados se, na presença de sangramento vaginal, a monitorização for tranquilizadora. Tratamento Realização de testes de vitalidade fetal a cada 2 semanas, a partir da 28-32 semanas de gestação. Deve-se internar a gestante com 32 semanas, para avaliação mais frequente. Deve-se realizar amniocentese com 36 semanas para avaliar maturidade pulmonar; se o resultado for positivo, realizar cesariana, se negativo, administrar corticoide e interromper 48h depois. (seio marginal) Manifestação clínica Sangramento periparto, indolores, contínuos, de pequena monta e vermelho-vivo Tônus uterino normal Vitalidade fetal preservada Diagnóstico Suspeita no intraparto + histopatológico Tratamento Controle de vitalidade materno-fetal + repouso
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