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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINORTE FACULDADE BARÃO DO RIO BRANCO - FAB ANA ARIEL VIEIRA DO NASCIMENTO AÇÃO RIO BRANCO/AC 2019 ANA ARIEL VIEIRA DO NASCIMENTO AÇÃO Trabalho apresentado à disciplina de Teoria Geral do Processo, da Faculdade Barão do Rio Branco para obtenção da nota parcial N2 Área de concentração: Teoria Geral do Processo. Orientadora: Rafaela Ferreira RIO BRANCO/AC 2019 RESUMO O estado tem a tutela do exercício da função jurisdicional, sendo assim, cabe a ele solucionar os conflitos manifestados em juízo, conforme a lei permite. Porém, recapitulando o princípio da demanda, observamos que a jurisdição é inerte, ou seja, necessita de uma iniciativa das partes para que atue no caso concreto. Portanto, ação é o direito ao exercício da atividade jurisdicional (ou o poder de exigir esse exercício), quando um sujeito tem seu direito ameaçado, ou deseja exercê-lo, deverá tomar iniciativa por intermédio da ação, para que o Estado garanta seu direito. Palavras-chave: Ação. Jurisdição. Processo. Direito. ABSTRACT The state is responsible for exercising the jurisdictional function, so it is up to it to resolve the conflicts manifested in court, as the law allows. However, to recapitulate the principle of demand, we observe that the jurisdiction is inert, that is, it needs an initiative of the parties to act in the specific case. Therefore, action is the right to exercise judicial activity (or the power to demand such exercise), when a subject has his right threatened or wishes to exercise it, he must take initiative through the action, so that the State guarantees his right. . Keywords: Action. Jurisdiction. Process. Right. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 5 2 CONCEITO DE AÇÃO 6 3 TEORIAS DA NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO 7 3.1 TEORIA CLÁSSICA 7 3.2 WHINDSHEID E MUTHER 7 3.3 TEORIA DO DIREITO CONCRETO À TUTELA JURÍDICA 8 3.4 TEORIA DO DIREITO ABSTRATO DE AGIR 8 3.5 TEORIA DA AÇÃO COMO DIREITO POTESTATIVO 9 3.6 TEORIA ECLÉTICA OU MISTA 9 4 CONDIÇÕES DA AÇÃO 9 5 ELEMENTOS DA AÇÃO 10 5.1 PARTES 11 5.2 CAUSA DE PEDIR E PEDIDO 11 6 CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES 12 7 CONCLUSÃO 14 8 REFERÊNCIAS 15 1 INTRODUÇÃO O direito de Ação, é o próprio direito de pedir a tutela jurisdicional, de solicitar ao Estado-Juiz o exercício do poder jurisdicional. Tendo em vista que o Estado é detentor do monopólio jurisdicional, nasce o direito subjetivo das pessoas de acionarem o Poder Judiciário para resolver as lides. Ação é o direito subjetivo de demandar, de ingressar em juízo, para obter do poder judiciário uma solução para toda e qualquer pretensão ou conflito de pretensões. São condições da ação: a possibilidade jurídica do pedido, a legitimidade da causa e o interesse de agir. 2 CONCEITO DE AÇÃO Ação é o direito ao exercício da atividade jurisdicional, ou o poder de exigir esse exercício. Como já fora citado neste presente artigo, falando em um conceito restrito, ação é o meio por qual se obtém uma resposta de mérito, é o intermédio das partes para que o judiciário intervenha no caso, solucionando a lide. Ação é um direito de natureza constitucional, correspondendo a um direito de prestação do Estado, de modo a conceder ao indivíduo a faculdade de agir para satisfazer seu interesse (direito subjetivo) e o interesse público de forma autônoma e abstrata. Assim, segundo vários autores: "Ação, portanto, é o direito ao exercício da atividade jurisdicional (ou o poder de exigir esse exercício). Mediante o exercício da ação provoca-se a jurisdição, que por sua vez se exerce através daquele complexo de atos que é o processo." "Em última análise, pois, pode-se conceituar a ação, dentro de uma definição simples, genérica, sem maiores profundidades, como o direito subjetivo que tem o cidadão de postular a tutela jurisdicional do Estado." "(...) ação é um direito fundamental, assegurado a todas as pessoas, brasileiros e estrangeiros que estejam no país, à tutela jurisdicional efetiva." "Em Direito Processual, ação é a faculdade do titular de um direito em pleiteá-lo em juízo, seja ele pessoa física ou jurídica. O exercício do direito de ação é a forma de provocar a jurisdição, ou seja, a ação é o direito de pedir a tutela jurisdicional e não a tutela jurisdicional em si, no sentido da procedência da ação." "A ação não é um direito, nem uma pretensão. A ação é o exercício de um direito pré-existente." 3 TEORIAS DA NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO 3.1 TEORIA CLÁSSICA Para a teoria Imanentista, clássica ou civilista, o direito de ação é inerente, faz parte do próprio direito material. O direito de ação é considerado um mero elemento do direito material. Ação é o direito de pretender em juízo o que nos é devido. A ação seria uma qualidade de todo direito ou o próprio direito reagindo a uma violação. Não há ação sem direito, não há direito sem ação, a ação segue a natureza do direito. 3.2 WHINDSHEID E MUTHER Whindsheid afirma que, ação é aquele direito que nasce de uma ofensa, o resultado também do confronto entre o direito e sua violação. A ação é autônoma. Não é expressão nem emanação do direito. Na visão de Muther, embora o direito de ação seja independente, serve para a tutela do direito material. São diversos o direito de ação e o direito que o autor possa ter contra o réu, sendo o primeiro público, por ser exercido em relação ao Estado, e o segundo privado, por ser direcionado contra um particular. 3.3 TEORIA DO DIREITO CONCRETO À TUTELA JURÍDICA O direito de ação só existe quando é reconhecido o direito postulado pelo autor. Na conceituação de Giuseppe Chiovenda, a ação é um direito potestativo necessário para atuar a vontade do estado contra o réu, a ação nada mais seria do que o direito a uma sentença favorável. Adolph Wach defende que embora a ação seja distinta do direito subjetivo material, não há ação se este não existe. Adolph impôs três condições para a ação: existência de um direito violado, possibilidade jurídica do pedido e legitimação. Para esta teoria, o direito de ação seria um direito autônomo concreto a tutela jurídica, distinto de qualquer outro direito subjetivo. Separa o direito material do direito processual, pois defende que o direito de ação é concreto e não depende do direito material, visto que para exercê-lo, toda ação deve ser julgada procedente, podendo ganhar ou perder uma causa. 3.4 TEORIA DO DIREITO ABSTRATO DE AGIR Sempre há o exercício do direito de ação, sendo indiferente a pretensão postulada pelo autor. A ação não estabelece relação com o direito efetivamente existente, mas sim com o direito meramente afirmado pelo autor. Daí a denominação de que a ação é abstrata, já que não está condicionada ao acolhimento do direito alegado pelo autor. A existência do direito só pode ser verificada na decisão de mérito, o direito de ação independe da existência efetiva do direito invocado. Para o direito de ação, é indispensável o concurso de várias condições: a) a existência de um direito, violado ou sob ameaça de violação;b) legítimo interesse; c) interesse de agir; d) interesse econômico e jurídico; e)qualidade para agir. 3.5 TEORIA DA AÇÃO COMO DIREITO POTESTATIVO Segundo Giuseppe Chiovenda, a ação "é o poder jurídico de realizar a condição necessária para atuação da vontade da lei" e o processo serve a duas grandes categorias de direito: 1 – a dos direitos ligados a um bem da vida, a serem alcançados, antes de tudo mediante a prestação positiva ou negativa, do obrigado; 2 – a dos direitos tendentes à modificação do estado jurídico existente, os quais são direitos potestativos. Ou seja, a ação se dirige contra um adversário e não contra o Estado. 3.6 TEORIA ECLÉTICA OU MISTA Separa a natureza jurídica da ação processual e constitucional. Para Enrico Liebman “direito de ação é autônomo e abstrato, mas está ligado a uma situação concreta. A ação seria o direito a um provimento de mérito. A ação de natureza constitucional é autônoma e independente, enquanto a ação processual fica condicionada à observância de determinados requisitos relacionados ao direito material. 4 CONDIÇÕES DA AÇÃO As condições da ação são basicamente os elementos da ação. Questões como partes, pedido e causa de pedir são condições que ficam no meio das questões de mérito e das questões de admissibilidade. Após do advento do novo código de processo civil de 2015, às condições da ação tem sido alvo de inúmeras críticas e várias posições doutrinárias, partindo do pressuposto de sua não mais existência, passando a considerá-las como pressupostos processuais e de validade do processo. A teoria de enrico liebman (teoria autonomista e abstrativista da ação) tem prevalecido referente às condições da ação. Sob esta visão, são essas as duas condições, de acordo com o NCPC/2015: a) Capacidade ou Legitimidade ad causam: consiste na necessidade da existência de um vínculo entre os sujeitos da demanda e a situação jurídica afirmada. É a qualidade que liga o autor e o réu da ação ao direito debatido. Essa legitimidade define exatamente a relação entre as partes e o direito material em questão, visto que, em regra, somente se postula em nome próprio. b) Interesse processual ou interesse de agir: Deve ser analisado sob dois ângulos - o interesse de agir por necessidade, que afirma somente ter o interesse processual aquele que necessita moralmente ou economicamente dessa prestação jurisdicional. E O interesse de agir por adequação, haja vista, que há um meio processual adequado para cada pedido, no qual deve haver adequação no meio e o que se pretende. O NCPC/2015 não traz mais a expressão condição da ação, pois menciona apenas que reconhecida a ilegitimidade ou a falta de interesse, o órgão jurisdicional deve proferir a decisão de inadmissibilidade. A ausência da possibilidade jurídica do pedido passa a ser examinada como improcedência liminar do pedido, e a legitimidade ad causam e o interesse de agir passam a integrar os pressupostos processuais, configurados como pressupostos de validade. 5 ELEMENTOS DA AÇÃO Os elementos da ação compreendem as partes, a causa de pedir e o pedido. tais elementos são importantes para identificar fenômenos como a litispendência, a conexão e a continência. 5.1 PARTES As partes podem se referir a parte processual, à parte material e à parte legítima. Parte processual “[...] é aquela que está em uma relação jurídica processual, faz parte do contraditório, assumindo qualquer das situações jurídicas processuais, atuando com parcialidade e podendo sofrer alguma consequência com a decisão” (DIDIER JÚNIOR, 2016, p. 287). Portanto, parte processual é parte da demanda, atuando como demandante ou demandado, podendo ser a parte principal ou auxiliar. As partes da demanda principal são autor e réu, enquanto as partes da demanda auxiliar nem sempre serão as mesmas da principal, mas é possível que aconteça. Parte material, também denominada parte de litígio, “[...] é o sujeito da situação jurídica discutida em juízo; pode ou não ser a parte processual, pois o Direito pode conferir a alguém, em certas hipóteses, a legitimação para defender, em nome próprio, interesse alheio” (DIDIER JÚNIOR, 2016, p. 288). Quanto a parte legítima, esta é aquela que tem “[...] autorização para estar em juízo discutindo determinada situação jurídica” (DIDIER JÚNIOR, 2016, p. 288). Parte ilegítima é aquela que não tem autorização para estar em juízo. Segundo NEVES (2016, p. 207), há quatro formas de adquirir a qualidade de parte: a) pelo ingresso da demanda (autor/oponente); b) pela citação (réu denunciado a lide e chamado ao processo); c) de maneira voluntária (assistente e recurso de terceiro prejudicado); d) sucessão processual (alteração subjetiva da demanda, como na extromissão da parte). 5.2 CAUSA DE PEDIR E PEDIDO A petição inicial da demanda deve trazer a exposição de fatos e fundamentos jurídicos que os levaram a acionar o judiciário. Os fatos, junto com os fundamentos, são o que chamamos de causa de pedir, ou seja, causa de pedir são os fatos narrados pelo autor do quais deduz ter o direito que alega. Corresponde ao motivo (fundamento), justificativa, razão pela qual se solicita a prestação da tutela jurisdicional do estado. O NCPC/2015 adotou a teoria da substancialização da causa de pedir. Essa teoria diz que é necessário que o demandante indique, na petição inicial, qual é o fato jurídico que enseja na relação jurídica decorrente. A causa de pedir, em alguns casos, poderá ser considerada composta, isso ocorre quando há uma pluralidade de fatos que motivam uma única pretensão. Assim, uma vez alegados os fatos jurídicos e formulado o pedido, o magistrado ficará limitado a estes. Entretanto, caso o autor tenha errado no tocante ao enquadramento legal, o juiz poderá decidir com base na norma adequada para o caso concreto, preservando os fatos alegados e o pedido. Quanto ao pedido, o art. 319, IV, CPC, diz que todas as petições deverão conter ao menos um pedido com suas especificações. O pedido é um requisito elementar da demanda, pois não é possível que haja petição sem pedido. Petição sem pedido é petição inepta, a ensejar seu indeferimento. Pedido é uma medida requerida pela parte ao juiz. Reflete a providência jurisdicional solicitada e o bem jurídico que se pretende conseguir através da tutela jurisdicional. O pedido trata-se de um dos elementos objetivos da demanda e por isso tem importância fundamental. Ele é aquilo que se pede, o motivo da discórdia das partes. O pedido é o principal parâmetro para fins de fixação do valor da causa (art. 292, CPC de 2015). O pedido imediato buscará a providência jurisdicional pretendida, enquanto o pedido mediato se refere ao resultado que o autor busca com a demanda. 6 CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES a) classificação segundo a natureza da relação jurídica: aqui a ação é classificada como real ou pessoal. Quando tratar de demanda real, será de direito real, quando a demanda for pessoal, será de direito pessoal. b) Classificação segundo o objeto do pedido: quanto ao objeto, são mobiliárias ou imobiliárias, o que depende se o objeto é movel ou imovel. c) Classificação segundoo tipo de tutela jurisdicional: São classificadas de acordo com sua natureza, podendo ser de conhecimento para a certificação de um direito, de execução para a efetivação de um direito ou cautelar para proteger a efetivação de um direito. Utilizamos a ação de conhecimento (ou ação de cognição) sempre que alguém pretender ter um direito seu declarado, definindo quem na demanda tem razão e a consequente condenação do culpado para reparar o dano. O que se busca na ação de conhecimento, é uma sentença que declare a existência ou não de um direito das partes, esteja ele ameaçado ou violado. As ações de conhecimento podem ser divididas em três ações, as quais são definidas conforme o pedido do autor, podendo ser condenatórias, constitutivas ou declaratórias. Na ação de execução, por outro lado, a parte já possui a declaração do direito, o que se busca é a obrigação do condenado a satisfazer, forçadamente, o direito já declarado no processo de conhecimento ou em documento. No processo de execução busca-se a satisfação do direito reconhecido pela decisão judicial, na qual o réu fica obrigado a adimplir sua obrigação. Para que haja o cumprimento, é necessário um título executivo extrajudicial. O título executivo judicial é uma forma de cumprimento proveniente da ação de conhecimento condenatória, enquanto o título executivo extrajudicial é previsto em lei, no art. 784 do CPC. A ação cautelar é uma medida de proteção. Essas medidas têm como objetivo afastar ou diminuir os riscos que a demora de um processo pode acarretar ao bem tutelado. Sua finalidade é evitar que o resultado do processo de conhecimento ou de execução não se concretize por motivo de ameaça ou risco. As modalidades de medida cautelar para evitar a perda do direito são tutela cautelar e tutela antecipada. 7 CONCLUSÃO Por meio do exercício do direito de ação, o Estado é provocado para que exerça a jurisdição. É irrelevante se a decisão será favorável ou desfavorável ao autor. O mais importante é que se trata da solução jurídica ofertada pelo estado no exercício da função jurisdicional. De todas as classificações supracitadas, a classificação das ações segundo o tipo de tutela jurisdicional é a que tem maior relevância no direito processual. Não é possível se falar em Direito de Ação sem se considerar Direitos Fundamentais, Em nosso ordenamento jurídico a necessidade de proteção a esta classe de Direitos mais do que importantes é vital. 8 REFERÊNCIAS DEFINIÇÕES SOBRE AÇÃO E PROCESSO. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/59919/definicoes-sobre-acao-e-processo>. Acesso em: 17 nov. 2019. CONDIÇÕES DA AÇÃO NO PROCESSO CIVIL, segundo JusBrasil. Disponível em: <https://douglascr.jusbrasil.com.br/artigos/134629331/condicoes-da-acao-no-processo-civil>. Teorias do conceito do direito de ação. Disponível em: <https://douglascr.jusbrasil.com.br/artigos/134137533/teorias-do-conceito-do-direito-de-acao >. Acesso em: 17 nov. 2019. NEVES, Daniel. Manual de processo civil. Volume único. 8º Ed. São Paulo: Juspodivm, 2016. DIDIER JUNIOR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento.Vol. 1. 18° Ed. São Paulo: Juspodivm, 2016.
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