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14 Valentina Gomes Neoplasias do SNC Resumo baseado no Robbins + aula do Juliano + imagens Patologia da UNICAMP Tumor → termo genérico para aumento de volume circunscrito frequentemente usado para designar câncer (em especial no cérebro). O termo correto seria Neoplasia. A nomenclatura de neoplasia de acordo com a histologia também não é muito utilizada para tumores do SNC (adenocarcinoma, carcinoma...) EPIDEMIOLOGIA: ½ a ¾ são tumores primários, os demais são metastáticos Grande parte dos cânceres infantis → diferem dos tumores nos adultos na histologia e localização Crianças → origem na fossa posterior Adultos → origem no interior dos hemisférios cerebrais Faixa etária com maior nº de diagnósticos: 55 – 64 anos 0 – 10 anos ↓ ↓ Mais agressivos, infiltrativos e pouco diferenciados Mais tratáveis Fatores de Risco: Homem Branco Radiação → Tratamentos do outras neoplasias → Raio-X ou TC em grávidas e crianças Genética (História Familiar) → Gene NF1 → Schwannomas, neurofibromas, meningiomas, gliomas → Gene NF2 → Schwannomas, meningiomas ependimomas → TSC1/TCS2 → Astrocitoma subependimário → Sd. De Li-Fraumeni → mutação na p53 que ocasiona surgimento de vários tumores de início precoce Imunodeficiências → Linfoma do SNC (pacientes HIV positivos) Ondas eletromagnéticas → Rádio, micro-ondas, radar, linhas de transmissão e antenas PECULIARIDADES DAS NEOPLASIAS DO SNC: → Localização e padrão de crescimento podem ter tanta influência no prognóstico quanto o tipo histológico Ex: um tumor benigno pode comprimir regiões nobres, ou infiltrar em região não ressecável Classificação de tumores do SNC: Grau I: Baixo potencial de proliferação, possibilidade de cura por ressecção Grau II: Infiltrativos, recorrem com frequência → chance de progressão para graus maiores Grau III: Evidências óbvias de malignidade → atipia e alta taxa mitótica → Indicação para rádio e quimioterapias Grau IV: Atipia acentuada, alta taxa mitótica, necrose tumoral, infiltração extensa, disseminação crânio espinhal → Lesões de baixo grau podem infiltrar grandes regiões → déficit clínico, não ressecabilidade, prognóstico ruim → Mesmo os tumores mais altamente malignos raramente se espalham pra fora do SNC Se atingirem o espaço subaracnóideo podem implantar ao longo do cérebro e da medula, mesmo distante do tumor original CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA DOS TUMORES DO SNC Gliomas: Tumor de células da Glia → astrocitomas, oligodendromas, ependimomas e tumores do plexo coroide Originam no parênquima cerebral 15 Valentina Gomes Tumores Neuronais: Tumores de células neuronais ou mistos (célula neuronal + célula glial) Meduloblastoma: Tumor pouco diferenciado ou embrionário Exclusivo do Cerebelo Outros tumores de parênquima: Meningiomas Tumor de célula germinativa Tumores pituitários Linfoma primário do SNC FATORES PROGNÓSTICOS DOS TUMORES DE SNC → Grau Histológico → prediz a resposta terapêutica e o desfecho → Idade → Comorbidades → Localização do tumor → Características radiológicas → Extensão da ressecção cirúrgica → Índice de proliferação celular → Alterações genéticas PRINCIPAIS ACHADOS DE IMAGEM Fundamental para caracterizar: Localização Caráter delimitado e de contraste homogêneo → Lesão expansiva circunscrita Caráter Infiltrativo/difuso → tumor de grau mais elevado Realce parcial em C → alteração desmielinizante Massa circunscrita com um halo → geralmente um abcesso A – Massa bem delimitada, sólida, de caráter expansivo. C – Área com halo claro, interior escuro indica conteúdo líquido → Abcesso D – Realce parcial em C, indica alteração demielinizante E – Tumor infratentorial, na fossa posterior, como é comumente descrito em crianças F – Tumor de sela Gliomas Grupo mais comum de tumores encefálicos primários Tumor do parênquima cerebral 16 Valentina Gomes Astrocitomas → Infiltrantes ou difusos Oligodendromas → Infiltrantes ou difusos Ependimomas → tende a formar massa sólida Tumores do plexo coroide → raro Não se acredita que os astrocitomas, ependimomas e oligodendromas derivem de seus tipos celulares específicos, mas de uma célula progenitora que se diferencia em uma das linhagens. ASTROCITOMA Atingem amplo espectro de idade Astrocitoma Pilocítico → (Grau I) mais comum em crianças mais localizado Astrocitoma difuso → (Grau II – IV) mais comum em adultos Localização: Qualquer lugar do SNC Sintomas: Convulsões Cefaleia Déficit relacionado ao sítio do tumor ASTROCITOMA PILOCÍTICO: (Grau I – IV) Tumores relativamente benignos Afetam tipicamente crianças e adultos jovens Localizados: mais frequente no cerebelo Astrocitoma pilocítico no cerebelo de uma criança Macroscopia: Quase sempre cístico → Com material gelatinoso dentro Se sólido → bem circunscrito Possui borda infiltrativa estreita com o encéfalo vizinho → aumento de vasos com espessamento da parede e angiogênese A – Material cístico, gelatinoso B – Borda infiltrativa A B 17 Valentina Gomes Microscopia: Composto por células bipolares Presença de fibras de Rosenthal → emaranhado de material eosinófilo Fibras de Rosenthal ASTROCITOMA DIFUSO Astrocitomas bem diferenciados: (Grau II – IV) Podem ser estáticos por muitos anos Sobrevida média > 5 anos Em algum ponto evoluem de grau → deterioração rápida do paciente com o surgimento de características anaplásicas e crescimento rápido do tumor Macroscopia: Limites mal definidos, cinza e infiltrativos Expandem e distorcem a arquitetura do cérebro. Microscopia: Densidade célula maior que a substância branca Presença de rede fibrosa Observe a rede fibrosa 18 Valentina Gomes Astrocitomas Anaplásicos: (Grau III – IV) Heterogeneidade tumoral → áreas hemorrágicas, áreas brancas, áreas cinzentas Macroscopia: Limites mal definidos, cinza e infiltrativos Expandem e distorcem a arquitetura do cérebro → desvio de estruturas da linha média por efeito de massa Microscopia: Aumento da densidade celular Figuras mitóticas → aumento da taxa de proliferação Atipia celular A – Massa do tumor se confunde com a substância branca B – Desvio da linha média e de estruturas por conta do efeito de massa Glioblastomas: (Grau IV) Entidade mais agressiva e maligna dos astrocitomas Sobrevida de 15 meses → Mau prognóstico Primário → já surge como glioblastoma, mais comum em velhos Secundário → progressão de um astrocitoma de grau inferior, mais comum em pacientes mais jovens Macroscopia: Heterogeneidade no tumor Massa infiltrativa, necrótica e hemorrágica As vezes com cavitação extensa Área de Glioblastoma secundário → O astrocitoma de grau III da foto anterior evoluiu para grau IV. Foco de hemorragia Microscopia: Assemelha-se com anaplásico OLIGODENDROMA 5 – 15% dos gliomas Faixa etária: 30 – 60 anos Localização: Substancia branca → Frontal, parietal ou temporal Sintomas: Convulsões ou epilepsia (resultado do crescimento local) → essas queixas podem vir de muito anos antes Tratamento: Cirurgia, quimio e radioterapia Prognóstico: Prognóstico melhor do que astrocitomas de graus equivalentes Oligodendromas bem diferenciados: (Grau II – IV) Com tratamento, sobrevida: 10 - 20 anos Macroscopia: Massa acinzentada Gelatinosa B B A A A 19 Valentina Gomes Circunscrita Frequentemente apresenta cistos e hemorragia focal e calcificação Oligodendromas anaplásicos: (Grau III – IV) Pior prognóstico Com tratamento: 5 – 10 anos Macroscopia: Semelhante ao bem diferenciado Microscopia: Aumento da densidade celular, anaplasia, aumento da atividade mitótica e necrose EPENDIMOMA Localização: Perto do sistema ventricular revestido por epêndima Faixa etária: Crianças e jovens adultos → perto do IV ventrículo Adultos: Canal da medula espinal Macroscopia: IV ventrículo →Massas sólidas ou papilares estendidas no assoalho do ventrículo Proximidade com núcleos pontinhos e bulbares vitais impede a ressecção completa Medular → Demarcação nítida É possível a ressecção completa Meningiomas → Tumores mais frequentes do SNC → Predominantemente benigno → Ocorrem geralmente em adultos → Mais comum em mulheres → 90% são solitários Fatores de Risco: Tratamento radioterápico em crianças Gravidez → meningiomas apresentam receptores para progesterona, acelerando o crescimento do tumor na gravidez IMC alto Tabagismo Fator de proteção: aleitamento materno por mais de 6 meses Originado das células meningoteliais da ARACNÓIDE Locais mais comuns: Intracraniano, intraespinhal, orbital Frequentemente acoplados à dura-máter Pode ser encontrado em toda a superfície do cérebro (ou no interior dos ventrículos → origem nas células da aracnoide do plexo coroide) Quando são encontrados vários meningiomas, em especial, associados a Schwanomas → Indícios de Neurofibromatose tipo 2 Evolução: Crescimento lento e sintomas aparecem lentamente Sinais e sintomas aparecem por conta da COMPRESSÃO DO PARENQUIMA Cefaleia, crises convulsivas, alterações de personalidade → depende a área sendo comprimida 20 Valentina Gomes MORFOLOGIA: MACROSCOPIA: Lesão arredondada Comprime o encéfalo subjacente → facilmente separada dele Ocorrem preferencialmente na convexidade Associados à dura-máter e seios venosos → concentração de granulações aracnóideas Pode crescer em placa → tumor se espalha pela superfície Meningioma aderido à dura-máter, comprimindo o encéfalo adjacente Tomografia de meningioma com aspecto semelhante Meningioma intraventricular Tomografia de meningioma intraventricula com localização diferente 21 Valentina Gomes MICROSCOPIA: Meningiomas → (Grau I - IV) → Massas bem definidas baseadas na dura- máter → Comprimem o cérebro, mas não invadem → Meningotelial, fibroblástico, transicional (mais comuns), psomomatoso, agiomatoso, microcístico, secretório, linfoplasmocítico e metaplásico Meningiomas Atípicos → (Grau II - IV) → Frequência mitótica mais alta → Crescimento local mais agressivo → Recorrência elevada → Células claras ou cordoides Meningiomas Anaplásicos → (Grau III - IV) → Altamente agressivos → Maligno → Papilares e rabdoides Meningioma do tipo meningotelial (mais comum) Observar a estrutura em redemoinho Redemoinhos. Formato de cebola. Muito presente em meningiomas e pode auxiliar o diagnóstico Corpos psamomatosos. As células do redominho sofrem degeneração, calcificam e formam os corpos. Podem estar presentes em diferentes tipos histológicos, quando em certa abundancia passa a classificar o tipo Psamomatoso. 22 Valentina Gomes Meduloblastoma Tumor pouco diferenciado/embrionário mais comum do SNC Faixa Etária: Crianças Localização: Quase exclusivo do cerebelo → Comportamento agressivo → Altamente maligno → Crescimento rápido Grau IV Tratamento: Meduloblastoma extraordinariamente radiossensível Excisão total + quimioterapia + irradiação → sobrevida de até 5 anos Macroscopia: → Bem circunscrito → Acinzentado → Friável → Geralmente na linha média do cerebelo Crescimento pode ocluir o fluxo do LCR → Hidrocefalia
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