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1 1. HISTÓRIA DO ATLETISMO Ao estudarmos a história do atletismo nos apropriamos dos conhecimentos acerca da evolução das ações do homem, que no decorrer de sua humanização experimentou diversos sentidos e significados sobre as habilidades do andar, correr, saltar, lançar e arremessar, as quais estiveram presentes sob formas de sobrevivência, comemorações profanas e religiosas, além, é claro, de expressar uma linguagem corporal capaz de distinguir a raça e a nacionalidade do homem. De acordo com a história da humanidade, e, também, das práticas corporais realizadas na Grécia, consta que o nome atletismo vem do grego “athla”, que significa esforço, concurso, ou “athlon” combate e luta, dando origem também a palavra atleta (combatente). Da mesma forma, percebemos que o atletismo é a única modalidade esportiva que esteve presente em todas as versões da Olimpíada, desde a antiguidade, idade moderna e contemporânea. Nesse sentido, acreditamos que o estudo do atletismo, tendo como princípio sua história, nos permite compreender o desenvolvimento de um esporte que corresponde ao desenvolvimento evolutivo do homem, da sua formação social e dos seus elementos da cultura. 1.1 Pré-História O período pré-histórico vai do aparecimento do ser humano sobre a Terra até a introdução da escrita, estimado em cerca de um milhão de anos. Nesse período, o homem não tinha conhecimento suficiente para modificar a natureza, fato que o obrigava a estar sempre em busca de novas terras que UNIDADE I HISTÓRIA DO ATLETISMO 2 dessem condições de sobrevivência, caracterizando o estilo de vida nômade. Assim, o homem andava grandes distâncias, rastejava, subia em árvores, saltava grandes alturas, transpunha abismos, fossos e obstáculos, levantava e transportava pedras, troncos e outros objetos, corria em velocidade, ou por longo período, arremessava pedras e paus. Essas habilidades: caminhar, correr, saltar, lançar e arremessar, se constituíam para o homem primitivo, questão de vida ou morte. Com o passar do tempo o homem começa a dominar questões relacionadas com sua sobrevivência, como a agricultura, passando a se fixar em um só local, de terra fértil, abundante em água e que propiciasse a caça. Fatores que tornaram a vida menos dura, mas havia a necessidade de manter- se em bom estado físico, tanto para o cultivo da terra, como também para demonstrar capacidade de ação diante dos inimigos, pois, nesse período, a vida era marcada pela rivalidade entre as tribos e lutas constantes, pelo domínio das melhores terras. Assim, era necessário treinar seus descendentes através de exercícios naturais, de caráter utilitário e guerreiro, a fim de torná- los mais corajosos, fortes, ágeis e resistentes. Com a fixação do homem na terra e, consequentemente, a formação de vilas e povoados, que mais tarde se tornariam grandes cidades, as habilidades, outrora utilizadas somente para a sobrevivência, para o trabalho da terra e também em defesa de seus domínios, passa a ser utilizadas em forma de confronto para festejar: as boas colheitas, os rituais sagrados, como o nascimento e a morte, em forma de recreação e, principalmente, em culto aos deuses, em agradecimento pela sua sobrevivência. Como nos mostra Ramos (1982, p.16-17): Nos tempos pré-históricos, principalmente a partir do período paleolítico, existiram expressões de jogos utilitários e recreativos. Tais práticas, como as de hoje, sempre tiveram seu próprio cerimonial e regras estabelecidas e, geralmente, tanto vencedores como vencidos aceitavam o resultado desportivamente. Vem das civilizações primitivas, diz Diem, o aforismo: “Para ganhar é preciso saber perder”, forma antiqüíssima do atual “fair play”. Pelo visto, as atividades físicas das sociedades pré-históricas – dentro dos aspectos natural, utilitário, guerreiro, ritual e recreativo – objetivavam a luta pela vida, os ritos e cultos, a preparação guerreira, as ações competitivas e as práticas recreativas. Na antiguidade, com a formação das grandes civilizações, o culto ao corpo tomou proporções gigantescas, comparando o homem aos deuses. Essa 3 relação foi efetivada principalmente na Grécia, em que passou-se a realizar os Jogos com intuito de apreciação dos deuses do Olímpio, onde “grandes atletas eram glorificados como heróis populares, verdadeiros semideuses” (RAMOS, 1982, p. 86). Os exercícios físicos, uma das formas de exibição do corpo, estavam ligados ao espírito e religião, e se materializavam no período em que os gregos reverenciavam e homenageavam os deuses, considerados modelos de força e beleza: Com jogos atléticos, música e poesia. Nessas competições, os jovens da Grécia cantavam hino de louvor aos deuses, ou reproduziam cenas de sua vida em danças rítmicas e corais, acompanhadas por música e canto, ou competiam entre si em corridas, salto, luta, lançamento de disco e dardo [...]. (VARGAS, 2006, p. 23 – 24). As práticas realizadas nos Jogos Gregos deram origem a algumas modalidades esportivas, como a corrida de carro, a corridas de cavalo, o arco- flecha e as modalidades do atletismo - as corridas, lançamentos e arremessos. De acordo com Vargas (2006), por quase toda a antiguidade, esses jogos foram traduzidos em belezas, em ritmos e em perfeição, registrados em estátuas magníficas e vasos decorados que revelam o caráter competitivo dessas atividades. 1.2 O Atletismo na Antiguidade As corridas sempre fizeram parte das competições atléticas nos séculos que antecederam a Era Cristã. As corridas eram parte de festas citadinas e nacionais e estiveram presentes desde a primeira competição disputada em Olímpia e ficou até a última versão de número17ª. As disputas eram realizadas somente por homens, cujas provas, os atletas as disputavam nus e descalços. Grifi afirma que as especialidades distinguiam-se em: Corrida de velocidade ou “Stadion” – O Stadion era uma unidade de medida correspondente a aproximadamente 192,27 metros, não fixa, mas habitualmente melhor definida tendo como base o comprimento do retilíneo, onde efetuava-se a prova, que consistia, evidentemente, em percorrer uma só vez o comprimento daquele que seria posteriormente definido o Stadio. Esta prova, como o resto as demais corridas, tinham origem religiosa porque, segundo a lenda, nasceu em Eléa, onde os atletas disputavam a honra de acender o fogo sobre o altar de Zeus. 4 Segundo Junther, de fato, tal hipótese afirmada por Filostrato, foi sugerida ao escritor pelo fato que o vencedor, na competição do Stadio, cujo limite era colocado aos pés do altar de Zeus em Olímpia, gozava do privilégio de acender o fogo sagrado em honra do deus, tradição essa que se solidificou, embora modificada até os nossos dias, durante a cerimônia de abertura das Olimpíadas Modernas (1989, p. 58). O Stadio (Estádio) tinha a forma de “U”, com 211 por 23 metros. As competições eram assistidas por centenas de pessoas e devido ao seu significado festejavam as vitórias juntamente com os atletas, em homenagens aos deuses do Olimpio. Lembrando que os vencedores eram considerados como um semideus (os preferidos dos deuses). Figura 1: O Stadio Fonte: Veja (2010) Anos depois, outro tipo de prova atlética passou a ser disputada, era o “Diaulos” ou duplo “Stadio” – prova realizada da mesma forma que o stadio, contudo tinha um percurso em dobro, ou seja, os atletas corriam sempre em reta, devendo fazer a volta em um terminal colocado no final da reta. O Dolikos ou corrida de resistência, depois de alguns anos também passou a ser realizada no Stadio, sendo que os atletas deveriam percorrê-lo em certo número de vezes, mínimo de 7 estádios e máximo de 24 estádios, da mesma forma que o diaulos, os competidores tocavam o terminal colocado no final da reta (GRIFI, 1989). Na corrida armada ou militar, os soldados percorriam os percursos armadosde escudo, elmo, e armaduras de pernas. Fato que utilizam também como preparação de guerreiros devido às permanentes guerras travadas entre cidades. O lançamento do disco talvez seja a modalidade de maior repercussão no nosso meio, devido ao fato dele ter sido e talvez ainda seja, o símbolo de 5 várias escolas de educação física, ou mesmo de prática desportiva. Afinal, quem desconhece a imagem do “discóbolo” de Myron? Figura 2: Discóbolo de Myron Fonte: UOL (2010) Figura 3: Lançador do disco Fonte: Ramos (1982. p.114) Para Grifi (1989, p. 60), o disco, juntamente com o dardo, são duas das provas do atletismo que não foram redescobertas pelos anglo-saxônicos ou celtas britânicos, “indubitavelmente, junto à corrida, representam as mais antigas manifestações esportivas próprias e verdadeiras e que retornaram à nova vida com os escandinavos, somente próximo ao fim de 1800”. A respeito da popularidade do lançamento de disco, o autor aponta que: [...] no mundo grego é testemunhado pelas inúmeras representações figurativas sobre os relevos marmóreos, nas estátuas, nas pinturas vasculares que representam vários “discóbolos” em diferentes 6 posições e das múltiplas citações encontradas na literatura. [...] O disco, chamado “solos”, cuja tradução é “pedra”, segundo Gardiner, era um aparelho gímnico diferente do atual, de peso e proporções variáveis de, no mínimo, 1 quilo e de, no máximo, 3 quilos (com o objetivo de melhor adaptá-lo à força e à idade dos lançadores), inicialmente formado de uma lastra de pedra ou de madeira; posteriormente, de metal (de ferro ou de bronze), muito mais achatado do que aquele moderno e de diâmetro maior (1989, p. 60, grifos do autor). O lançamento de dardo (ákon) era apresentado de duas formas: uma com um lançamento para atingir a maior distância conseguida e a outra, no sentido de atingir um alvo fixo, esse último mais conhecido nas disputas militares. O dardo era: [...] constituído de uma haste, de abeto ou freixo, na qual vinha inserida uma longa ponta aguçada e afiada, alguma vez recoberta para proteção, o aparelho tinha um cordão de couro enrolado ao centro do bastão que servia para imprimir a este, um movimento rotatório (fazendo-se força com o dedo indicador e o dedo médio), que permitia adquirir melhor direção de lançamento. Por esse motivo, o dardo era chamado também mesakylion, isto é, “com a cilha no meio” (GRIFI, 1989, p. 62, grifos do autor). Figura 4: O Lançador do dardo Fonte: Ramos (1982. p.114) O salto também é outra modalidade do atletismo exaltada nos poemas homéricos e nos jogos gregos, fez parte, inclusive, do pentatlon. O pentatlon, dentre todas as modalidades atléticas, era a mais esperada pelos espectadores dos jogos, pois o resultado dele revelava o atleta mais completo, mais próximo dos deuses. Constitui-se fundamentalmente de cinco provas: a corrida, a luta, o salto, o lançamento do disco e do dardo. 7 São cinco provas, da palavra athla (premio na sua origem) que se presumia inspiradas a partir do constante ideal helênico da harmonia e da graça, do desejo e da consciência de evitar excessivas especializações, a propósito das quais subsistem ainda muitas incertezas sobre as particularidades técnicas do desenvolvimento das competições e, sobretudo, sobre os critérios da compilação das classificações, para a atribuição da coroa. [...] é totalmente difícil considerar o caso que um atleta saísse vencedor em todas as cinco provas; é, portanto, “pentatleta” aquele que tivesse ganho a palma da vitória em três das cinco provas (GRIFI, 1989, p. 68). A prova mais utilizada nos jogos gregos referente ao salto era o salto em distância, em que o atleta, a partir de uma linha demarcada no solo, dava a impulsão nos dois pés realizando o salto. Segundo Grifi (1989), os atletas no salto em distância usavam halteres de pedra ou metal, com o peso de um quilo a quatro quilos e meio, de formas diferentes, que eram empunhados em ambas as mãos, acreditando que esse procedimento contribuiria para obter uma maior distância. Figura 5: Salto em distância Fonte: Ramos (1982. p.117) O desenvolvimento dos jogos e, consequentemente, das provas atléticas se deram de forma gradativa. Na 1ª Olimpíada, a única prova realizada foi a de corrida denominada “stadiom” (estádio). Inicialmente, os Jogos tinham duração de apenas dois dias, contudo, devido à inclusão de novas provas, esse tempo foi aumentado, mas ainda permanecendo as festividades que acompanhavam os jogos, tais como: oferendas, fogo de Zeus, corridas, entrega de prêmios, banquetes e festas. Da primeira a décima terceira Olimpíada, somente a corrida de velocidade (estádio ou stadio) era praticada. Grifi (1986, p. 80) aponta assim a evolução das provas: Além da corrida a pé, as principais competições que se aliaram forma em ordem de tempo: 8 Na 14ª Olimpíada (724 a.C.) – a corrida dupla ou diaulo; Na 15ª Olimpíada (720 a.C.) – a corrida de resistência ou dólico; Na 18ª Olimpíada (708 a.C.) – a luta e o pentatlo; Na 23ª Olimpíada (688 a.C.) – o pugilismo; Na 25ª Olimpíada (680 a.C.) – a corrida das quadrigas; Na 33ª Olimpíada (648 a.C.) – a corrida de cavalos e o pancrácio; Na 65ª Olimpíada (520 a.C.) – a corrida com as armas ou o oplitódromo. Assim, podemos perceber que o atletismo esteve presente na vida do homem desde a sua humanização. Até a idade antiga, o atletismo sofreu poucas modificações quanto a sua prática, sendo as provas assim identificadas: corridas de stadio (estádio), diaulo e dólico, lançamento do disco e dardo, e mais tarde o pentatlon. A mudança mais significativa ocorrida nos Jogos Olímpicos na Antiguidade aconteceu no século VII a.C. na cidade de Esparta, quando as mulheres tiveram sua primeira participação. Mesmo depois do domínio romano sob os gregos (séc. I a. C.), os jogos mantiveram sua tradição. Somente com o advento do cristianismo e a conversão dos gregos, no ano Cristão de 393, o Imperador Teodósio suprimiu qualquer festividade considerada pagã, dentre elas os Jogos Olímpicos. 1.3 O Atletismo na Idade Média Com o advento do cristianismo, na idade média, abandonou-se tudo que era relacionado ao corpo, o que interessava era a manutenção da pureza da alma para alcançar a salvação eterna. Qualquer atividade que indicasse culto ao corpo era considerada profana e herege, passível de punição. Assim, cada vez mais as atividades físicas e competições foram desaparecendo, até serem eliminadas em 393 d.C., quando o Imperador Teodósio proibiu os Jogos Olímpicos (GRIFI, 1989). Nesse período de proibição das provas do atletismo e demais esporte, ocorre o desenvolvimento do espírito guerreiro das nações, os jovens trocam as pistas de atletismo e ginásios pela cavalaria, exercícios militares e manejo de espadas, lanças, arco e flecha (BRASIL, 1981). 9 Com o Renascimento, grandes movimentos artísticos, culturais e atividades esportivas voltaram ao cenário mundial, principalmente na Europa. A Inglaterra é o primeiro país a introduzir a prática do atletismo nas escolas primárias públicas, e, mais tarde, o pedagogo Thomas Arnold inicia a reforma pedagógica na Inglaterra e organiza as regras das corridas, saltos e arremesso, nascendo as competições de atletismo nas escolas, universidades, associações e clubes, chegando, posteriormente, a outros países (BRASIL, 1981). 1.4 O Atletismo Contemporâneo As competições regulamentadas serviram como ponto de partida para a formação do programa de competições das provas de atletismo atual, e, com a idealização do Barão Pierre de Coubertin e a realização dos primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, em Atenas, no ano de 1896, o atletismo volta ao cenário mundial e é a única modalidade esportiva presente em todas as edições das Olimpíadas, desdea antiguidade. No ano de 1912, foi inaugurada por dezessetes federações nacionais de atletismo, a International Athletic Amateur Federation (IAAF), as quais viram a necessidade de uma padronização de equipamentos técnicos e recordes mundiais, passando a administrar o atletismo. A partir de então a IAAF, com sede atual em Mônaco, passa a controlar e supervisionar tudo que estiver relacionado às provas do atletismo, como as regras, homologação de recorde, dimensões, formas de demais detalhes da pista ou campo (IAAF 2010). Incontestavelmente as Olimpíadas foram o maior divulgador do atletismo na história mundial, fato que ocorre até os dias atuais. Atletas e países têm-se consagrado mundialmente pelos feitos realizados durante os Jogos Olímpicos. Acrescentado ainda os campeonatos mundiais e territoriais, como é o caso do Panamericano. Assim, podemos afirmar que a história dos Jogos Olímpicos culmina também com a história do próprio atletismo. De acordo com autores como Grifi (1989), Ramos (1982), Tubino et al. (2007), em cada versão da Olimpíada, um atleta foi imortalizado pelos seus feitos no atletismo, da mesma forma, gradativamente, as inovações foram acontecendo na organização da Olimpíada, como podemos observar na tabela abaixo: 10 ANO LOCAL ACONTECIMENTOS 1900 Paris ∙ Início das competições da prova de lançamento do martelo para homens. 1912 Estocolmo ∙ As provas de 5.000 metros e 10.000 metros rasos passaram a fazer parte do programa olímpico; ∙ Aparece o photo-finish e os cronômetros manuais são trocados por relógios elétricos. O segundo passou a ter décimos. 1928 Amsterdam ∙ O finlandês Paavo Numi vence os 10mil, 5 mil e 3 mil metros com obstáculos; ∙ As mulheres começaram a participar da prova de corrida dos 100 metros rasos. 1932 Los Angeles ∙ O japonês Chuhei Nambu brilha no salto-triplo; ∙ Aparece o pódio para os três primeiros lugares. 1936 Berlim ∙ O americano Jesse Owens, o atleta negro, superou a pretensa superioridade da raça ariana. 1948 Londres ∙ Zatopeck, a locomotiva humana, bate o recorde dos 10.000 metros. 1952 Helsinque ∙ Zatopeck, recordista nos 5.000m. 10.000m e na maratona; ∙ O brasileiro Ademar da Silva conquista a medalha de ouro e bate o recorde no salto triplo; ∙ José Telles da Conceição conquista a medalha de bronze no salto em altura. 1956 Melbourne ∙ Ademar da Silva conquista a medalha de ouro e bate o recorde do salto triplo. 1960 Roma ∙ O etíope Abebe Bikila, correndo descalço ganhou a maratona; ∙ Wilma Rudolph (americana) consagrou-se nos 100, 200 e 4x100; ∙ As mulheres começam a competir nos 800 metros rasos. ∙ Início da transmissão televisiva. 1968 Cidade do México ∙ Atleta brasileiro Nelson Prudêncio conquista a medalha de prata no salto triplo. 1972 Munique ∙ Nelson Prudêncio conquista a medalha de bronze no salto triplo; ∙ Incorporada a prova de 1500 metros femininos 1976 Montreal ∙ O brasileiro João Carlos de Oliveira conquista a medalha de bronze no salto triplo. 1980 Moscou ∙ O brasileiro João Carlos de Oliveira repete o feito da edição anterior e conquista novamente a medalha de bronze no salto triplo. Los ∙ As mulheres disputaram pela primeira vez a prova dos 3.000 metros rasos, que atualmente foi substituída pela prova dos 5.000 11 1984 Angeles metros rasos; ∙ Primeira edição da maratona olímpica feminina; ∙ O atleta brasileiro Joaquim Cruz conquistou a medalha de ouro na prova dos 800 metros rasos 1988 Seul ∙ O amadorismo deixou de ser obrigatório; ∙ O velocista brasileiro Robson Caetano conquistou a medalha de bronze nos 200 metros rasos; ∙ Joaquim Cruz conquista a medalha de prata nos 800 metros rasos; ∙ As mulheres começaram a competir na prova dos 10.000 metros rasos. 1996 Atlanta ∙ A equipe brasileira do revezamento 4 X 100 metros, masculino,formada pelos atletas: Arnaldo de Oliveira, Robson Caetano, Edson Luciano, André Domingos, conquista a medalha de bronze. 2000 Sydney ∙ A era digital, os Jogos foram transmitidos também pela rede mundial de computadores; ∙ A equipe brasileira do revezamento 4 X 100 metros, masculino, formada pelos atletas: Vicente Lenilson, Edson Luciano, André Domingos e Claudinei Quirino, conquista a medalha de prata; ∙ As mulheres passam a competir na prova de lançamento do martelo. 2004 Atenas ∙ O atleta brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima, após ser agarrado pelo irlandês Cornelius Horan quando liderava a prova, obteve a terceira colocação na maratona. 2008 Pequim ∙ A atleta brasileira Maurren Maggi conquista a medalha de ouro na prova do salto em distância. Com o aumento do interesse e desempenho no esporte, incentivados também pela cobertura televisiva, gerando interesses comerciais, o princípio de amador foi difícil de ser seguido, principalmente pelos recursos necessários para formar atletas de elite. Assim, em 1982, a IAAF abandonou o tradicional conceito de amadorismo e passou a criar fundos de custódia para os atletas, para que um maior números de atletas talentosos pudessem alcançar a alta performance. Em 2001, devido o movimento para um esporte mais profissional o Congresso da IAAF votou por unanimidade para a alteração do nome da organização, passando de Associação Internacional de Atletismo Amador para Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF 2010). 12 Atualmente, além das competições de atletismo realizadas a cada quatro anos, nos Jogos Olímpicos, o programa oficial da IAAF inclui campeonatos como: Campeonato Mundial Júnior, Campeonato Mundial da Juventude, Campeonato Mundial Indoor, Campeonato Mundial, Campeonato Mundial de Cross Country, Campeonato Mundial de Marcha Atlética, Mundial de Meia Maratona, entre outros. Nessas competições podemos observar cada vez mais os avanços tecnológicos, que são empregados para melhorar tanto a organização das competições como o rendimento e a performance dos atletas. A tecnologia direcionada ao esporte vão desde a elaboração do piso das pistas até as roupas e calçados dos atletas. Os calçados, que inicialmente eram sapatos com pregos colocados na sola, hoje são as sapatilhas cada vez mais leves e confortáveis, e as roupas, atualmente, são criadas com materiais que diminuam o atrito do ar. As tecnologias direcionadas para uma melhor organização das competições são utilizadas desde os Jogos Olímpicos de Estocolmo, em 1912, com a introdução do photo-finish e da cronometragem elétrica para determinar a classificação, como também o tempo exato de cada atleta. Atualmente, existem dois sistemas de cronometragem utilizados em grandes competições, um para as corridas de velocidade e outro para as corridas de fundo, como a maratona. Nas corridas de velocidade existem sensores de toque nos blocos de partida, assim no momento da largada, o gatilho da pistola envia uma corrente elétrica para os blocos de partida e outra para o cronômetro, ao mesmo tempo em que o barulho do tiro da pistola é ampliado por alto-falantes colocados nos blocos de cada corredor. Na linha de chegada um laser é projetado até o outro lado onde existe uma célula fotoelétrica, e quando o corredor cruza a linha de chegada o raio é bloqueado e a célula envia um sinal ao cronômetro para gravar o momento da chegada. Enquanto isso, uma câmera de vídeo, posicionada na linha de chegada, grava uma imagem em câmera lenta a 2 mil quadros por segundo. Assim, quando o tronco do atleta cruza a linha de chegada, a câmera envia um sinal para o cronômetro gravar o tempo. 13 As imagens são enviadas ao computador que as sincroniza com o tempo do cronômetro, e essas imagens podem ser transmitidas em um vídeo 30 segundos após o final da prova. Figura 6: Sistema de Photo-finish Fonte: UOL (2010) Nas corridas de longadistância, o sistema é diferente, etiquetas de radiofrequência (RFIDs) são colocadas nos tênis de cada corredor e são acionadas no momento em que o atleta passa sobre o pano colocado na largada, que possui um circuito que capta o sinal de cada corredor. Na linha de chegada, outro pano é colocado para gravar o tempo de cada corredor e comparado com o tempo do cronômetro acionado pela pistola na largada e interrompido quando o primeiro atleta cruza a linha de chegada. Os avanços tecnológicos são também utilizados nas diferentes ciências, Biomecânica, Fisiologia, dentre outras; direcionadas para a preparação física e estruturação do treinamento de cada atleta, como também a criação de equipamentos específicos, direcionados para o desenvolvimento das capacidades físicas e aperfeiçoamento das técnicas das diferentes provas, como mostra a figura abaixo a campeã Olímpica e Mundial, do lançamento do disco, Anita Wlodarczyk, treinando em uma máquina de carga regulável para o treinamento da força dirigida. 14 Figura 7: Máquina para o treino do lançamento do disco Fonte: Atletason (2010) Os avanços tecnológicos, direcionados para o melhor rendimento dos atletas, tem proporcionado resultados surpreendentes, levando a quebra de recordes cada vez mais constantes. Fazendo atletas como Karl Lewis, Florence Griffith Joyner, Javier Soto Maior, Maurren Maggi, Fabiana Murer, Asafa Powell, Usain Bolt, Yelena Isinbayeva, dentre outros, escreverem seus nomes na história de seus países e do atletismo mundial. 1.5 O Atletismo no Brasil No Brasil, o atletismo começou a ganhar vida por volta de 1880, quando imigrantes ingleses e alemães começaram a realizar competições em alguns clubes do Rio de Janeiro, São Paulo e, mais tarde, de Porto Alegre. No ano de 1914 cria-se a Confederação Brasileira de Desportos (CDB), que passa a dirigir a maioria dos esportes, inclusive o atletismo, a partir de então o Brasil está filiado a IAAF. Ainda no mesmo ano, o jornal O Estado de São Paulo, organizou um campeonato, conhecido como Campeonato do Atleta Completo, no qual, cada atleta disputava um conjunto de 12 provas combinadas, um “Duodecatlo”. E em 1918, o atletismo ganha novo interesse, a corrida de rua, denominada de ‘Estadinho’, o mesmo jornal, patrocinou uma corrida de 24 km pelas ruas de São Paulo. Os Jogos Olímpicos de Paris, em 1924, contou com a primeira participação brasileira. Na modalidade de atletismo, compunham a equipe os atletas: Alfredo Gomes, Narciso Valadares, Guilherme “Willy” Ricardo Seewald, 15 Álvaro de Oliveira Ribeiro, Alberto Jackson Byington Júnior, Eurico de Freitas, Octávio Zani e José Galimberti (MELLO e TURCO, 2006). Em 1931, os atletas brasileiros participaram pela primeira vez do Campeonato Sul-Americano. Em 1937, São Paulo sedia o evento e o Brasil conquista o título inédito de campeão por equipes. O Troféu Brasil de Atletismo foi criado pela Diretoria de Esportes do Governo do Estado de São Paulo, em 1945, e, atualmente, é a principal competição do calendário da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), que foi fundada em 1977, com sede no Rio de Janeiro. Em 1994, a sede foi transferida para a cidade de Manaus. Com 27 federações estaduais filiadas, a CBAt, é a única entidade de direção nacional do atletismo brasileiro em todas as suas modalidades, incluindo pista e campo, corridas de rua, marcha atlética, corridas através do campo, corridas de montanha e areia, em conformidade com o estatuto da IAAF. E, dentre outros, tem como objetivo administrar, dirigir, controlar, difundir e incentivar, no País a prática do atletismo em todos os níveis (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO, 2010). Ao falarmos do atletismo no Brasil, não podemos deixar de falar sobre as corridas de rua ou pedestrianismo, prova do atletismo que vem crescendo muito no Brasil e no mundo. São inúmeras as competições que ocorrem ao longo do ano. Para 2011, estão previstas no calendário da Confederação Brasileira de Atletismo, 30 corridas de rua. Dentre essas corridas, podemos destacar a São Silvestre, a mais antiga, tradicional e de maior prestígio no Brasil. A São Silvestre foi inspirada em uma corrida noturna francesa, na qual os competidores carregavam tochas de fogo durante o percurso. O jornalista Cásper Líbero a organizou, em 1924, e recebeu esse nome em homenagem ao santo do dia. A corrida é disputada à meia-noite de 31 de dezembro. O atleta do clube Espéria, Alfredo Gomes, foi o primeiro vencedor da competição (SÃO SILVESTRE, 2009). Diferente da competição que conhecemos hoje, a São Silvestre era disputada apenas por homens e brasileiros. No ano de 1945, a competição assumiu caráter internacional com a presença de convidados do Chile e Uruguai e, posteriormente, de americanos, europeus, africanos e asiáticos. Em 16 1975, o organizador da competição, o jornal A Gazeta Esportiva, realizou a primeira competição feminina, em conjunto com a masculina, mas com a classificação em separado. A primeira campeã foi a alemã Christa Valensieck, que voltou para repetir o feito no ano seguinte (SÃO SILVESTRE, 2009). A partir do ano de 1989 foram feitas diversas alterações na estrutura da corrida: o sentido do percurso foi invertido, a corrida masculina foi separada da feminina e o horário da competição passou para o período da tarde. Para atender às especificações da IAAF e poder integrar o calendário de provas de rua, o percurso foi ampliado para 15 mil metros. Em 1998, os atletas de elite passaram a usar chip para a cronometragem e, a organização, as duas pistas da Avenida Paulista para a chegada (SÃO SILVESTRE, 2009). Atualmente, a corrida de São Silvestre é considerada uma das mais importantes do mundo em sua categoria. 17 Nessa unidade, estudaremos o atletismo em sua definição e organização como modalidade esportiva, como também os fundamentos técnicos, táticos e regulamentares das diferentes provas que compõem essa modalidade. Esses são os elementos fundamentais para que possamos conhecer, entender e ensinar o atletismo. 2.1 O Atletismo – Definição e Organização Na atual definição, o atletismo é um esporte com provas de pista (corridas), de campo (saltos e lançamentos), provas combinadas, como decatlo e heptatlo (que reúnem provas de pista e de campo), o pedestrianismo (corridas de rua, como a maratona), corridas em campo (cross country), corridas em montanha e marcha atlética (IAAF 2010). As provas de pista são aquelas cuja realização se dá na pista de atletismo, independentes de serem utilizadas em ambientes abertos ou em ambientes fechados, ou seja, outdoor, sem cobertura, como estádios ou ginásios, ou indoor, com cobertura. As provas de pista compreendem as provas de marcha e de corridas realizadas, exclusivamente, na pista de atletismo. As provas de campo são realizadas dentro do campo do atletismo, no setor de competição de cada prova e podem ser realizadas em campo aberto, outdoor, ou em campo fechado, indoor, sendo divididas em Saltos, Lançamentos e Arremesso. De acordo com a Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF 2010), apresentamos a organização das provas oficiais de atletismo, para efeito de recorde mundial. UNIDADE II O ATLETISMO 18 AS PROVAS OFICIAIS DO ATLETISMO Marcha Atlética Feminino Masculino 10.000 m 20.000 m 20 km 20.000 m 20 km 30.000 m 50.000m 50 km Corridas Rasas de Velocidade 100 m 200 m 400 m Corridas Rasas de Meio Fundo 800 m 1.000 m 1.500 m 1 milha (1.605 m) 2.000 m Corridas Rasas de Fundo 3.000 m 5.000 m 10.000 m 10 km1 15 km 20.000m 20 km 1 hora 25.000 m 25 km 30.000 m 30 km Meia maratona Maratona 100 km Corridas com Barreiras Feminino Masculino 100 m 400 m 110 m 400 m Corridas com Obstáculos 3.000 mCorridas de Revezamento Feminino Masculino 4 X 100 m 4 X 200 m 4 X 400 m 4 X 800 m Revezamento em rua 4 X 100 m 4 X 200 m 4 X 400 m 4 X 800 m 4 X 1.500 m Revezamento em rua Saltos Salto em Distância Salto Triplo Salto em Altura Salto com Vara Lançamentos Lançamento do Dardo Lançamento do Disco Lançamento do Martelo Arremesso Arremesso do Peso Provas Combinadas Feminino Masculino Heptatlo Decatlo Decatlo Quadro 1 - As provas oficiais do atletismo Além dessas provas, existem as corridas de montanha e o cross country, provas que também estudaremos no decorrer da unidade. Em cada competição a programação das provas se modifica. Como exemplo, mostraremos a programação da competição de maior divulgação do atletismo pela mídia, os Jogos Olímpicos, realizado no ano de 2008. 1 Em km – provas de rua 19 PROGRAMAÇÃO DAS PROVAS DE ATLETISMO NOS JOGOS OLÍMPICOS – ANO DE 2008 Marcha Atlética Feminino Masculino 20 km 20 km 50 km Corridas Rasas de Velocidade 100 m 200 m 400 m Corridas Rasas de Meio Fundo 800 m 1.500 m Corridas Rasas de Fundo 5.000 m 10.000 m Maratona Corridas com Barreiras Feminino Masculino 100 m 400 m 110 m 400 m Corridas com Obstáculos 3.000 m Corridas de Revezamento 4 X 100 m 4 X 400 m Saltos Salto em Distância Salto Triplo Salto em Altura Salto com Vara Lançamentos Lançamento do Dardo Lançamento do Disco Lançamento do Martelo Arremesso Arremesso do Peso Provas Combinadas Feminino Masculino Heptatlo Decatlo Decatlo Quadro 2 - Programação das provas de atletismo nos Jogos Olímpicos - ano de 2008 2.2 Conhecendo a Pista de Atletismo A pista oficial de atletismo é constituída de duas retas paralelas e duas curvas de raios iguais, e seu comprimento deve ser de 400 metros medidos em sua borda interna. Embora haja pistas oficiais com seis raias, a maioria das pistas possui oito raias com 1,22 metros de largura. De acordo com as regras da Confederação Brasileira de Atletismo (2010), as competições internacionais devem acontecer em pistas com no mínimo de oito raias, as quais devem ser numeradas da esquerda para a direta. E a direção das corridas e marcha 20 atlética será com o lado esquerdo do atleta voltado para a borda interna da pista. É importante ressaltar que nas diferentes provas de corrida e marcha atlética, a linha de chegada é sempre no mesmo lugar, assim, o que muda, são os locais de saída de cada uma das provas. A pista de atletismo também possui os setores específicos para cada uma das provas de campo, como podemos observar na figura abaixo. Figura 9: A pista oficial de atletismo Fonte: Litoralsports(2010) Agora que já conhecemos sobre a organização do atletismo e também a pista, local de realização de grande parte das provas do atletismo, iniciaremos o estudo sobre as técnicas básicas do movimento e as regras básicas de cada uma das provas. 2.3 Marcha Atlética A marcha atlética é uma progressão de passos executados de tal modo que o atleta mantenha um contato contínuo com o solo, não podendo ocorrer a olho nu, a perda do contato com o solo. A perna que avança deve estar totalmente estendida desde o primeiro contato com o solo pelo calcanhar, devendo permanecer estendida até a posição ereta vertical, como podemos verificar na figura 10, imagens “c” e “d” (Confederação Brasileira de Atletismo, 2010). 21 Na marcha atlética os braços devem ser movimentados no sentido ântero-posterior (para frente e para trás) de acordo com o ritmo da passada e flexionados a 90 graus. O tronco deve estar ligeiramente inclinado para frente e acompanha de maneira contrária o movimento do quadril, ou seja, quando o tronco está para a direita o quadril está para esquerda. Durante a marcha atlética observamos duas fases, são elas: Fase de apoio simples: caracterizada pelo contato do calcanhar no solo, pela estabilização, momento de apoio da planta do pé no solo e a impulsão realizada pela ponta do pé, ocasionando um rolamento do pé sobre o solo. Fase de duplo apoio: caracterizada pelo final da impulsão, momento que a ponta do pé posterior entra em contato com o solo e o pé dianteiro inicia o “ataque”, a partir do contado do calcanhar. f e d c b a Figura 10: Marcha atlética Fonte: Austinwalkersclub (2010) Embora na programação dos Jogos Olímpicos aconteçam apenas competições da marcha atlética na rua, as provas de pista também fazem parte das Provas Oficiais do Atletismo como podemos perceber no quadro 1. Regras Básicas da Marcha Atlética Seguindo as regras da Confederação Brasileira de Atletismo (2010) apresentamos algumas regras básicas para as competições de marcha atlética. A progressão de passos deve provocar um contato contínuo com o solo, ou seja, não deve haver a fase aérea – perda de contato com o solo. 22 A saída deve começar pelo disparo de uma arma e os comandos ocorrem nos moldes das provas de longa distância: “as suas marcas”, seguido do disparo. Quando um atleta perde o contato com o solo ou flexiona o joelho durante qualquer parte da competição, ele receberá um cartão vermelho. Um marchador não poderá receber uma segunda punição do mesmo árbitro. Quando um competidor recebe três cartões vermelhos de três árbitros, ele é desqualificado. 2.4 As Corridas Durante o nosso processo do desenvolvimento motor, com a aquisição de equilíbrio e velocidade na realização dos movimentos, passamos do andar para o correr. No início, sem muita coordenação, a corrida se caracteriza como um andar rápido, mas, com o aprimoramento motor, aos poucos essa corrida passa a ser mais coordenada de modo que os movimentos dos braços e pernas passam a ser mais sincronizados, nos permitindo passadas mais longas e maior velocidade na corrida (MATTHIESEN 2007b). Mesmo após o nosso processo de desenvolvimento motor, não adquirimos uma corrida perfeita, se observamos diferentes pessoas podemos perceber os diferentes padrões de corrida e o quanto cada um deles difere do movimento do correr dos grandes atletas profissionais. E o que difere esse movimento é a técnica da corrida aprimorada por meio dos treinamentos. Educativos de Corrida Para melhor aprendizagem e aprimoramento da técnica das corridas e saltos, existem vários exercícios que contribuem para a melhora da coordenação dos movimentos do braço e perna durante a corrida, o aumento da frequência e amplitude da passada é maior. Realizados por corredores, saltadores, marchadores, lançadores e arremessadores, esses exercícios são chamados de Educativos de Corrida, e como afirma Matthiesen (2007b), 23 podem ser executados em diferentes momentos de uma sessão de treinamento, como aquecimento ou como parte do treinamento técnico específico, por exemplo. Em geral, a nomenclatura dos educativos de corrida é procedente da língua inglesa ou alemã, e, dentre eles, apresentamos: o Dribbling, Skipping, Anfersen, Hopserlauf e a Grande Roda, exercícios que estudaremos a seguir. Dribbling: deslocamento curto realizado pela movimentação alternada da ponta e planta dos pés, com ligeira flexão do quadril priorizando a frequência do movimento, estando com os cotovelos flexionados a 90 graus, os braços movimentam-se no sentido ântero-posterior. Figura 11: Dribbling Fonte: FAGANELLO GEMENTE (2010) Skipping: deslocamento proporcionado pela elevação alternada dos joelhos até a altura do quadril, mantendo o tronco ereto. Da mesma forma que o educativo anterior, é necessário priorizar a frequência do movimento, estando comos cotovelos flexionados a 90 graus, os braços movimentam-se no sentido ântero-posterior. Figura 12: Skipping Fonte: FAGANELLO GEMENTE (2010) 24 Anfersen: Deslocamento proporcionado pela flexão alternada dos joelhos, tocando os calcanhares nos glúteos, mantendo o tronco ligeiramente inclinado para frente. Durante a realização deve-se priorizar a frequência do movimento, mantendo os cotovelos flexionados a 90 graus e os braços movimentam-se no sentido ântero-posterior. Figura 13: Anfersen Fonte: FAGANELLO GEMENTE (2010) Hopserlauf: Deslocamento proporcionado por saltos alternados com a elevação do joelho, movimentação alternada dos membros superiores e inferiores, mantendo o tronco ereto. O Hopserlaut pode ser realizado em progressão vertical, enfatizando a impulsão, ou em progressão horizontal para enfatizar a amplitude da passada. Figura 14: Hopserlauf FONTE: FAGANELLO GEMENTE (2010) Grande Roda: Exercício realizado principalmente por barreirista consiste no deslocamento proporcionado pela combinação de três movimentos do Dribbing ou Skipping, com a elevação do joelho e extensão da perna para 25 frente, realizando um movimento circular até retornar a posição inicial para dar continuidade ao exercício. Figura 15: Grande Roda Fonte: FAGANELLO GEMENTE (2010) Corridas - Especificidades Das diferentes provas que compõe o atletismo, as corridas, certamente, são as mais conhecidas. Dentro do programa do atletismo elas aparecem de diferentes formas e ritmos, podendo ser classificadas de diferentes maneiras, como, por exemplo: Quanto ao tipo da prova Corridas rasas de velocidade: quando não existe nenhum tipo de barreira ou obstáculo durante o percurso Corridas com barreiras: quando existe a ultrapassagem de 10 barreiras durante o percurso, colocadas em distâncias pré- definidas. Corridas com obstáculos (stteplechase): quando existe a ultrapassagem de obstáculos de madeira e de um fosso de água. Quanto ao tempo Corridas de velocidade: com distância de até 400 metros Corridas de meio-fundo: com distância entre 800 e 2000 metros Corridas de fundo: distâncias acima de 3000 metros. 26 Quanto à participação Individual: quando o atleta inicia e termina a prova. Em equipes: quando ocorre o revezamento do bastão, onde mais de um atleta realiza a mesma prova, mas participando em momentos diferentes. Dando continuidade ao nosso estudo, iniciaremos agora o estudo dos diferentes aspectos técnicos e regulamentares das diferentes provas de corrida que compõe o atletismo, seguindo a ordem: Corridas Rasas de Velocidade, Corridas de Meio Fundo e Fundo, Corridas de Revezamento, Corridas com Barreiras, Corridas com Obstáculos, Cross-country e Corridas em Montanha. 2.4.1 Corridas Rasas de Velocidade As corridas rasas de velocidades são as mais rápidas e de menor distância. Assim, podemos dizer que são corridas de alta intensidade e baixo volume. Quanto maior a velocidade da corrida será: Maior a inclinação do tronco; Maior ênfase na movimentação dos braços no sentido ântero-posterior; Maior frequência e amplitude das passadas; Menor contato com os pés no solo; Maior visualização da fase aérea, perda de contado dos pés com o solo. São classificadas corridas rasas de velocidade as provas de 100, 200 e 400 metros. Essas provas são realizadas em raia marcada. Assim, a invasão de raia atrapalhando o outro competidor implica na desqualificação do atleta. Nessas provas é obrigatório a saída na posição agachada e o uso do bloco de partida. Durante a preparação e largada dos atletas, os comandos dados pelo árbitro de partida serão: “as suas marcas”, “prontos”, e, quando os atletas estiverem “prontos”, é dado o tiro de largada. 27 Ao comando “as suas marcas” cada atleta deverá se posicionar dentro de sua própria raia, com os pés em contato com o bloco de partida, com ambas as mãos no chão, bem próximas a linha de saída, apoiadas principalmente com os dedos polegar e indicador, e com um dos joelhos em contato com o solo, como podemos observar na figura abaixo: Figura 16: Saída Baixa: posicionamento em “as suas marcas” Fonte: Wikipédia (2010) No comando de “prontos” o atleta deverá elevar o quadril, desequilibrando o corpo à frente, mantendo o contato com as mãos no solo e os pés nos blocos, podendo a cabeça e o tronco ultrapassar a linha de saída. Como mostra a figura abaixo: Figura 17: Saída baixa: posicionamento em “prontos” Fonte: Veja (2010) A partir dos 200 metros rasos a saída é escalonada, ou seja, como a pista de atletismo possui duas curvas, para que a diferença ocorrida por elas seja descontada a raia um fica um pouco atrás da raia dois, a raia dois um pouco atrás da raia três, e assim sucessivamente, como podemos observar na figura abaixo: . 28 Figura 18: Saída escalonada Fonte: Portal-esportes Quanto menor a distância da corrida, maior será a importância de uma boa saída, ou seja, na corrida dos 100 metros rasos uma saída rápida é mais importante do que uma saída rápida na prova dos 200 ou 400 metros. De acordo com o biotipo e as acomodações de cada atleta a saída baixa pode ser feita de três formas: Saída Curta: a distância entre a linha de largada e o corpo do corredor é bem pequena, ficando o atleta com o corpo encolhido quando assume a posição de saída. Saída Média: a distância entre o pé da frente e a linha de largada é aproximadamente a distância de dois pés do atleta. O pé que fica apoiado na parte detrás do bloco fica distante cerca de um pé do anterior. Saída Longa: a distância entre a linha de largada e o pé anterior do atleta é maior, assim o corredor mantém o corpo mais estendido. De acordo com as regras da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt, 2010), a partir do dia primeiro de janeiro de 2010, em todas as corridas de velocidade, exceto nas provas combinadas, que veremos mais adiante, qualquer atleta responsável por uma saída falsa será desqualificado Nas provas de corrida do atletismo é classificado como primeiro colocado o atleta cujo tronco cruzou em primeiro a linha de chegada, ficando assim excluídos braços, pernas, pés e cabeça. 29 Embora as corridas de 100, 200 e 400 metros sejam classificadas como corridas de velocidade, correr cada uma delas é diferente, uma vez que cada uma exige aspectos táticos diferentes, ou seja, na corrida de 100 metros realizar uma boa saída é fundamental, em seguida o atleta tenta manter uma aceleração pelo maior tempo possível e no final da prova ocorre uma desaceleração. Desse modo, o atleta mantém um ritmo intenso do início ao fim da corrida. Na prova de 200 metros o trecho inicial é feito em curva, obrigando o atleta a inclinar o tronco para o interior da pista para contrapor à ação da força centrífuga. Assim é de grande importância que o atleta realize uma boa corrida em curva, e por ser um percurso maior, a desaceleração no final da prova é mais evidente do que nas corridas dos 100 metros rasos. Já nos 400 metros, por ser a prova de velocidade de percurso maior, ela não permite que o atleta desenvolva sua máxima velocidade, pois é pouco provável que ele consiga manter essa intensidade até o final da prova. Assim, podemos dizer que o atleta de 400 metros precisa saber dosar o ritmo da sua corrida. 2.4.2 Corridas de Meio-Fundo e Fundo As corridas de meio fundo e fundo são provas de maiores distâncias, embora atualmente os atletas realizem essas provas em uma velocidade considerável, ou seja, cerca de 2 minutos e 30 segundos nos 1.000 metros rasos, e completam aproximadamente 1 km a cada 3 minutos na maratona. Essas corridas exigem do atleta, principalmente nas corridas de meio fundo, muita resistência de velocidade e nas corridas de fundo, muitaresistência aeróbia, ou seja, capacidade de realizar um esforço de média intensidade por um longo período de tempo. Assim podemos dizer que quanto maior a distância da corrida, maior será o seu volume e menor será a sua intensidade (velocidade). As corridas rasas de meio fundo são as provas de: 800 metros 1.000 metros 30 1.500 metros 1 milha (1.605 metros) 2.000 metros As corridas de fundo são as provas de: 3.000 metros 5.000 metros 10.000 metros e 10 km 20.000 m e 20 km 25.000 m e 25 km 30.000 m e 30 km 1hora Meia-maratona e maratona 100 km Nas corridas de meio-fundo e fundo a saída é alta, ou seja, é feita em pé. Assim, o comando dado pelo árbitro é “as suas marcas” para que o atleta se posicione atrás da linha de partida, e, em seguida, é dado o tiro de partida para o início da corrida. Com exceção da prova de 800 metros, onde a primeira curva é feita em raia marcada, sendo então necessário o escalonamento da saída, as demais provas de meio fundo e fundo (realizadas na pista), são feitas em raia livre. Assim os atletas buscam correr na raia de número um, para não correr uma distância maior que a necessária para completar o percurso. Como podemos observar na imagem abaixo. Figura 19: Corrida de fundo Fonte: All-Athetics (2010) 31 Algumas técnicas das corridas de meio-fundo e fundo se assemelham com as corridas de velocidade, ou seja, existe a fase aérea, os braços se movimentam no sentido ântero-posterior. Porém como a velocidade nessas corridas é menor que nas provas rasas de velocidade, o contato do pé com o solo é um pouco maior, havendo maior utilização da base plantar, como também menor inclinação do corpo e menor elevação dos joelhos que se projetam para frente. 2.4.3 Corridas de Revezamento As corridas de revezamento são as únicas provas disputadas em equipes no atletismo. Para efeito de recorde mundial, as provas oficiais de revezamento do atletismo são: 4 X 100 metros (masculino e feminino) 4 X 200 metros (masculino e feminino) 4 X 400 metros (masculino e feminino) 4 X 800 metros (masculino e feminino) 4 X 1.500 metros (masculino) Revezamento em Rua (masculino e feminino) As mais disputadas, por fazerem parte do programa Olímpico, são os revezamentos 4X100 e 4X400 metros. Desse modo, apresentaremos agora algumas das especificidades dessas duas provas. Regras Básicas das Corridas de Revezamento De acordo com a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt 2010) as corridas de revezamento possuem algumas regras básicas no que diz respeito ao bastão e a sua passagem, são elas: O bastão pode ser de madeira, metal ou outro material rígido em uma peça única. Deve ser um tubo liso, oco, circular, com comprimento entre 32 28 a 30 centímetros, de 12 a 13 centímetros de circunferência e pesar, no máximo, 50 gramas. A passagem do bastão deve acontecer dentro da zona de 20 metros, denominada zona de passagem, e com os atletas em movimento. Se o atleta desejar, no revezamento 4 X 100m, ele poderá utilizar a zona de aceleração (handicap) de 10 metros. Se o bastão cair durante a competição, e não atrapalhar os demais competidores, não ocorre a desclassificação da equipe e quem derrubar o bastão deverá pegar para dar continuidade a corrida. Na prova de 4 X 100 metros, a corrida deverá ser toda realizada em raia marcada. Na prova de 4 X 400 metros, o primeiro atleta corre em raia marcada, o segundo atleta recebe o bastão e corre até o final da primeira curva em raia marcada, onde se inicia a corrida em raia livre; o terceiro e quarto atleta correm em raia livre. Técnicas de passagem do bastão No revezamento 4 X 100 uma boa passagem do bastão é fundamental para o bom desempenho da equipe. Feita em grande velocidade, o atleta que recebe o bastão não olha para trás após ter iniciado sua corrida, assim dizemos que a passagem do bastão é não visual, podendo ser realizada de três formas: Passagem Ascendente com troca de mão: Todos os atletas recebem o bastão com a mão esquerda, durante a corrida trocam o bastão para a mão direita para, então, realizar a passagem para o próximo corredor, colocando o bastão na mão do companheiro de baixo para cima. Figura 20: Passagem do bastão ascendente com troca de mão 33 Fonte: MATTHIESEN (2007a, p.75) Passagem Ascendente sem troca de mão: Nessa técnica, pouco utilizada devido aos riscos de queda do bastão, o primeiro atleta corre com o bastão na mão direita, passando-o de baixo para cima para a mão esquerda do segundo atleta. O segundo atleta passa o bastão para a mão direita do terceiro atleta, que passa para mão esquerda do quarto atleta que finaliza a corrida. Figura 21: Passagem do bastão ascendente sem troca de mão Fonte: MATTHIESEN (2007a, p.76) Passagem Descendente sem troca de mão: Essa é a forma de passagem mais usada pelas grandes equipes. O primeiro atleta inicia a prova com o bastão na mão direita, procurando correr na parte interna da raia, passa de cima para baixo, para a mão esquerda do segundo atleta, posicionado na parte mais externa da raia, o qual passa o bastão para a mão direita do terceiro atleta, posicionado na parte interna da raia, que passa para a mão esquerda do quarto atleta posicionado na parte externa da raia que finaliza a corrida. Figura 22: Passagem do bastão descendente Fonte: MATTHIESEN (2007a, p.22) No revezamento 4 X 400 metros a passagem do bastão não é tão rápida quanto no 4 X 100 metros. A passagem é feita de forma que o atleta que recebe o bastão olha para o companheiro que o entrega, assim chamamos de passagem visual. 34 Passagem visual: Nessa passagem, feita de cima para baixo (descendente), todos os atletas recebem o bastão com a mão esquerda e o passam para o companheiro com a mão direita, ocorrendo assim a troca do bastão da mão esquerda para a direita durante a corrida. Figura 23: Passagem do bastão visual Fonte: MATTHIESEN (2007a, p.73) Em uma competição do revezamento 4X400, o terceiro e quarto corredor não recebem o bastão em raia marcada. Desse modo, os atletas de cada equipe ficam organizados um ao lodo do outro, como mostra a figura abaixo: Figura 24: Passagem do bastão revezamento 4X400 metros Fonte: IAAF (2010) 2.4.4 Corridas com Barreiras As corridas com barreiras são provas de velocidade, sendo assim obrigatória a saída baixa e a corrida em raia marcada. Existem três provas de corridas com barreira: 100 metros com barreiras (feminino) 110 metros com barreiras (masculino) 400 metros com barreiras (masculino e feminino) Nas três provas de corridas com barreiras, existem 10 barreiras que precisam ser transpostas, o que muda em cada uma delas são a altura das barreiras e a distância entre elas, como mostra o quadro abaixo: 35 ALTURA DAS BARREIRAS 100 metros com barreiras 110 metros com barreiras 400 metros com barreiras feminino 400 metros com barreiras masculino Mirim Menores Juvenil e Adulto Menores Juvenil e Adulto Menores, Juvenil e Adulto Menores Juvenil e Adulto 0,762 m 0,762 m 0,84 m 0,914m 1,067 0,762 m 0,84 m 0,914 m DISTÂNCIA ENTRE AS BARREIRAS Distância da Prova Distância da linha de saída a primeira barreira Distância entre as barreiras Distância entre a última barreira e a linha de chegada 100 m 13,00 m 8,50 m 10,50 m 110 m 13,72m 9,14 m 14, 02 m 400 metros Feminino 45, 00 m 35, 00 m 40, 00 m 400 metros Masculino 45, 00 m 35, 00 m 40, 00 m Para a realização da transposição da barreira, dizemos que a primeira perna que ataca a barreira é a “perna de ataque”, a qual deve estar estendida. Já a outra perna, que passa com o joelho flexionado e em abdução2,formando um “L”, é chamada de “perna de rebote”, como podemos observar na figura 25. É importante frisar que o movimento de transposição da barreira deve acontecer com o joelho bem próximo a barreira, de modo que o barreirista não passe a uma altura muito maior que a altura da barreira, para não prejudicar seu equilíbrio, ritmo de corrida e resultado final da prova. No momento do ataque da barreira o tronco é inclinado para frente e o movimento dos braços pode ser realizado de duas formas distintas: lançando o braço contrário à perna de impulsão em direção ao pé de ataque ou lançando os dois braços à frente. Nas corridas de 100 e 110 metros com barreiras, os atletas de alto nível atacam a barreira sempre com a mesma perna, realizando três passadas entre as barreiras. Já da saída para a transposição da primeira barreira, como essa 2 Movimento de abertura lateral do joelho, neste caso com o joelho flexionado. 36 distância é maior, os atletas de alto nível costumam realizar de sete a oito passadas até a primeira barreira. Figura 25: Exemplo de transposição das barreiras nos 100 metros com barreiras Fonte: IAAF (2010) Caso o atleta tenha por opção técnica sete passadas, será necessário a inversão da perna de impulsão no bloco, para a realização da saída baixa, ou seja, comumente a perna de impulsão é colocada à frente do bloco, mas para que a “perna de ataque” chegue primeiro na barreira a perna de impulsão deverá ser colocada no bloco de trás. Após a passagem da última barreira, o trecho restante (14,02m na prova masculina e 10,50m na prova feminina) deve ser realizado como no final de uma corrida de velocidade, projetando seu corpo para frente. Nas corridas de 400 metros com barreiras, devido à distância entre as barreiras, os atletas realizam um maior número de passadas, entre 13 a 17 nas provas masculinas e entre 14 a 19 nas provas femininas, dependendo do potencial de cada atleta. A técnica da passagem das barreiras na prova dos 400 metros não difere das provas de 100 e 110 metros, mas nos 400 metros é necessário que o barreirista consiga realizar o ataque com ambas as pernas, pois além de possíveis erros na distribuição das passadas pode ocorrer alteração de ritmo da corrida nas últimas barreiras. Assim o atleta capaz de realizar o ataque com as duas pernas terá prejuízos técnicos menores. Caso ocorra a queda da barreira durante a transposição, o atleta não será punido se não for propositalmente ou não tenha atrapalhado outro atleta. 37 2.4.5 Corridas com Obstáculos A corrida de 3.000 metros com obstáculos se assemelha com as corridas de longa distância. Em cada volta, o atleta deverá passar por quatro obstáculos seco e um molhado, o fosso. Assim durante todo o percurso de sete voltas e meia o corredor realizará 28 passagens pelos obstáculos seco e sete vezes pelo fosso. Os obstáculos são distribuídos pela pista como mostra a figura abaixo: Figura 26: Distribuição dos obstáculos na pista Fonte: MATTHIESEN (2007a, p.103) Nessa prova, da saída até a linha de chegada, durante a primeira volta não deve haver nenhuma transposição, assim o obstáculo correspondente a esse trecho deve ser colocado logo após a passagem dos atletas. A altura dos obstáculos é de 0,914 metros nas provas masculinas de 3.000 metros e de 0,762 metros nas provas femininas, posicionados de forma regular na pista. Figura 27: Exemplo de obstáculo Fonte: CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO (2010) 38 Figura 28: Exemplo Fosso D’agua. Fonte: CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO (2010) Diferente das barreiras, os obstáculos são fixos, e, para maior segurança dos atletas, a transposição deve ser realizada com mais certeza de não bater nos obstáculos. Assim, o ideal é que o atleta saiba atacar o obstáculo com a perna direita e esquerda, e que a passagem seja feita como nas corridas de 400 metros com barreiras com um pouco mais de altura. Figura 29: Exemplo de transposição do obstáculo Fonte: WIKILINGUE (2010) Realizada por atletas mais iniciantes, a transposição do obstáculo também pode ser feita com o apoio dos pés sobre o obstáculo. A passagem pelo fosso com água é feita com o apoio dos pés, pois como o fundo do fosso é um plano inclinado e a parte mais funda fica próxima ao obstáculo, como podemos observar na figura 28, é recomendado que o atleta busque saltar mais a frente para evitar a parte do fosso mais funda e maior volume de água, dificultando a corrida. 39 Figura 30: Exemplo de Transposição do fosso d’agua Fonte: IAAF (2010) 2.4.6 Cross-Country e Corridas em Montanha Ainda que pouco conhecidas aqui no Brasil, as provas de Cross-Country, corridas através do campo, também fazem parte do programa oficial do Atletismo. O percurso é caracterizado por curvas planas, retas curtas em terreno ondulado, sendo realizado nas seguintes distâncias e categorias: PROVA CATEGORIA GÊNERO 8 km Juvenil Masculino 6 km Juvenil Feminino 4 km (prova curta) Adulto Feminino e Masculino 12 km (prova longa) Adulto Masculino 8 km (prova longa) Adulto Feminino As corridas em montanhas são realizadas em campos, envolvendo subidas e/ou descidas e são classificadas em: Corridas em subida de montanha e Corridas com largada e chegada no mesmo nível, conforme o tipo de percurso: CORRIDA EM SUBIDA DE MONTANHA Categoria Distância Subida Masculino Adulto 12 km 1.200 m Feminino Adulto 8 km 800 m Juvenil Masculino 8 km 800 m Juvenil Feminino 4 km 400 m 40 LARGADA E CHEGADA NO MESMO NÍVEL Categoria Distância Subida Masculino Adulto 12 km 750 m Feminino Adulto 8 km 500 m Juvenil Masculino 8 km 500m Juvenil Feminino 4 km 250 m Figura 31: Cross-country Fonte: IAAF (2010) 2.5 Provas de Campo Como vimos anteriormente, as provas de campo são aquelas que acontecem em setores específicos, são elas: os saltos, os lançamentos e o arremesso, que estudaremos separadamente. 2.5.1 Os Saltos As provas de salto do atletismo são quatro, duas enfatizam a projeção horizontal: o Salto em distância e o Salto triplo e, duas que enfatizam a projeção vertical: o Salto em altura e o Salto com vara. Iniciaremos o nosso estudo pelos saltos de projeção horizontal e, em seguida, estudaremos os saltos de projeção vertical. 41 2.5.1.1 Salto em Distância O salto em distância define quem salta mais longe e, para a sua realização, os atletas disputam a corrida em um corredor de, no mínimo, 40 metros de comprimento e 1,22 metros de largura, tendo sua queda na caixa de areia. Existem três diferentes estilos para a realização do salto em distância: o grupado, o estilo mais simples; o arco e, também, a passada no ar ou hitch kick, os estilos mais elaborados. Esses três estilos possuem os mesmos princípios básicos, o que muda em cada um deles é a técnica empregada durante a fase de flutuação. Independente do estilo técnico que será realizado, o salto em distância pode ser dividido nas seguintes fases: A preparação Corresponde à concentração inicial do atleta que está posicionado no corredor de salto, a uma distância da tábua, definida durante os treinamentos. Corrida de aproximação A corrida de aproximação é a corrida até a tábua de impulsão. Ela pode ser progressiva até o momento da impulsão em alta velocidade, ou ritmada e progressiva, quando o atleta, até chegar à tábua, altera a amplitude e a frequência das passadas. O importante é chegar à tábua em alta velocidade e com a perna de impulsão. Para maior segurança, muitos atletas adotam a “marca intermediária”, utilizada como referência para verificar se estão se aproximando da tábua de impulsão corretamente, ao passar por ela com a perna de impulsão. Impulsão Para maior aproveitamento do salto,deve ser realizada exatamente sobre a tábua com a planta do pé mais forte (de impulsão) do atleta. Nesse momento, o atleta deve buscar força vertical, elevação. A perna contrária a de impulso (perna de chute) é elevada para frente e para cima, com flexão do joelho e auxílio dos braços. 42 Flutuação Momento que aparece a diferença da técnica de acordo com o estilo desenvolvido. Vejamos cada um em separado: Estilo Grupado A partir da extensão dos membros superiores e inferiores, o atleta busca levar as mãos até os pés, inclinando o tronco à frente, para atingir maior distância. Figura 32: Salto em distância estilo grupado Fonte: MATTHIESEN (2007a, p.112) Estilo Arco Após a elevação, o atleta provoca um atraso na perna de chute (perna contrária à perna de impulsão) e também nos braços, adiantando seu quadril provocando um movimento de arco com o corpo. Figura 33: Salto em distância estilo arco Fonte: MATTHIESEN (2007a, p.112) 43 Estilo Hitch kich ou Passada no Ar Após a elevação, com a perna de chute adiantada e joelho alto, o atleta realiza um movimento de alternância entre pernas e braços, realizando uma passada e meia no ar. Figura 34: Salto em distância estilo Hitch Kich Fonte: MATTHIESEN (2007a, p.112) Queda Independente do estilo técnico utilizado, o momento de queda é comum para todos. Nesse momento, baseando-se na regra de medição, a partir da marca mais próxima à linha de medição, o atleta busca manter as pernas estendidas e elevadas ao máximo, para projetar seu corpo o mais a frente possível, seguidos do tronco e quadril até o contato dos calcanhares com o solo. Regras Básicas do Salto em Distância Seguindo as regras da Confederação Brasileira de Atletismo (2010) apresentamos algumas regras básicas para as competições do salto em distância: A ordem de realização dos saltos nas competições será sorteada Em competições oficiais, com mais de oito atletas, cada atleta terá direito a três saltos, classificando os oito melhores para mais três tentativas. Em competições com até oito competidores, cada saltador terá direito a seis tentativas, valendo para classificação o melhor salto. 44 A impulsão deve acontecer sobre a tábua de impulsão. Caso aconteça antes o atleta não será punido, mas perderá alguns centímetros do salto. Mas caso o salto aconteça após a tábua de impulsão, ou ao lado da tábua, o salto será invalidado. O salto deverá ser realizado com apenas um dos pés e para melhor aproveitamento com o de impulsão. O salto será invalidado se o atleta realizar qualquer tipo de salto mortal. A linha de medição da tábua de impulsão corresponde à borda da tábua mais próxima da caixa de areia. Dessa forma, a medição do salto corresponde ao espaço compreendido entre essa linha e a marca da areia mais próxima a ela. 2.5.1.2 Salto triplo O salto triplo define quem salta mais longe após a realização dos três saltos e, como no salto em distância, para a sua realização os atletas fazem sua corrida em um corredor de no mínimo 40 metros de comprimento e 1,22 metros de largura, tendo sua queda na caixa de areia. Com a diferença da tábua de impulsão, que fica a 13 metros da caixa de areia para as competições internacionais masculinas e 11 metros para as competições femininas. Os princípios básicos do salto triplo são semelhantes ao salto em distância. Em função dos três saltos consecutivos a velocidade é um fator muito importante, uma vez que ela vai diminuindo em cada um dos saltos. De acordo com o regulamento do atletismo, o salto triplo deve ser realizado com os dois primeiros impulsos executados com a mesma perna e no terceiro e último deve haver a troca de perna. Ou seja, se o saltador realizou o primeiro impulso com a perna direita, o segundo também deve ser feito com a perna direita e, então, no terceiro ocorre à inversão, sendo realizado com a perna esquerda, ficando da seguinte forma: direita – direita – esquerda, ou esquerda – esquerda – direita. No salto triplo podem ser observadas três fases, sendo elas: Fase de preparação para o salto 45 O atleta estará no corredor de saltos a uma distância da tábua de impulsão, definida em treino, a qual propiciará chegar à tábua em alta velocidade. Como no salto em distância, há saltadores que realizam a corrida progressiva até o momento da impulsão, outros que realizam uma corrida ritmada e progressiva, alterando o tamanho das últimas passadas e, também, os que utilizam a marca intermediária. Os três impulsos e o salto em si Após a corrida de velocidade, o primeiro impulso deve ser realizado na tábua de impulsão com a planta do pé. Com pequena flexão, a perna que realizou o impulso, se estende impulsionando o quadril para cima e a perna contrária é lançada para frente. Nesse momento, o braço correspondente a perna que realizou a impulsão vai para frente e o outro para trás, por meio da movimentação dos cotovelos. Durante a fase aérea do primeiro impulso, a perna que foi lançada a frente é abaixada, ficando para trás, proporcionando a queda com a mesma perna que realizou o primeiro e que realizará o segundo impulso, por meio de uma pequena flexão seguida da extensão em direção ao terceiro impulso. Os braços continuam se movimentando de forma alternada. A perna que esteve livre nos dois primeiros impulsos será a perna de impulsão no terceiro, ocorrendo assim a queda do segundo impulso sobre ela, que realizará a impulsão igual ao salto em distância. A queda Nesse momento, baseando-se na regra de medição a partir da marca mais próxima à linha de medição, o atleta busca manter as pernas estendidas e elevadas ao máximo, para projetar seu corpo o mais a frente possível, seguidos do tronco e quadril até o contato dos calcanhares com o solo. Devido à menor velocidade do último salto, normalmente os saltadores finalizam o salto no estilo grupado ou arco, utilizados no salto em distância. 46 Figura 35: Salto Triplo Fonte: FIELD EVENT TECHNIQUES (2010) Regras Básicas do Salto Triplo Seguindo as regras da Confederação Brasileira de Atletismo (2010) apresentamos algumas regras básicas para as competições do Salto Triplo: A ordem de realização dos saltos nas competições será sorteada Em competições oficiais com mais de oito atletas, cada atleta terá direito a três saltos, classificando os oito melhores para mais três tentativas. Em competições com até oito competidores, cada saltador terá direito a seis tentativas, valendo para classificação o melhor salto. A impulsão deve acontecer sobre a tábua de impulsão situada a uma distância de, no mínimo, 13 metros, nas provas oficiais masculinas, e 11 metros, nas femininas. Se a impulsão for realizada antes da tábua, o atleta não será punido, embora perca alguns centímetros na medição da distância, além de correr o risco de não atingir a caixa de areia na queda. O atleta será punido, com a invalidação do salto, se tocar o solo além da linha de medição, que passe correndo sem saltar, ou, no momento do salto, realizar o impulso ao lado da tábua de impulsão, seja à frente ou atrás do prolongamento da linha de medição. A linha de medição da tábua de impulsão corresponde à borda mais próxima da caixa de areia. Dessa forma, a medição do salto triplo corresponde ao espaço compreendido entre essa linha e a marca da areia mais próxima a ela. 2.5.1.3 Salto Em Altura O salto em altura define quem salta mais alto, assim os atletas devem ultrapassar uma barra de fibra de vidro (o sarrafo), com 4 metros de 47 comprimento, apoiada em dois postes. Para área de queda há um colchão de espuma. Para a realização do salto em altura existem três diferentes estilos técnicos, sendo eles: Tesoura, Rolo Ventral e Fosbury Flop.Iniciaremos agora o estudo de cada um dos estilos separadamente. Estilo Tesoura Esse estilo é o mais simples de realizar o salto em altura e recebe esse nome em função dos movimentos das pernas para ultrapassar o sarrafo. Embora a utilização desse estilo não proporcione bons resultados, ele é um bom educativo para o ensino do Fosbury Flop. Nesse estilo podemos observar as seguintes fases: Corrida de Aproximação; Impulsão, Elevação e Transposição; e a Queda. Estudaremos agora cada uma delas separadamente. Corrida de Aproximação Embora não se atinja a velocidade máxima, o ritmo da corrida é crescente e com aumento progressivo na amplitude das passadas e do contato com o pé no solo, para a realização do impulso a partir do calcanhar. A corrida é realizada em um ângulo de aproximadamente 45 graus e o saltador deve chegar ao sarrafo com a perna de impulsão estando do lado de fora em relação do sarrafo e a perna de chute, que será lançada para cima, estará mais próxima ao sarrafo, realizando o movimento de tesoura. Assim, se a perna de impulsão for a direita, a corrida deve ser realizada do lado esquerdo, e se a perna de impulsão for a esquerda, a corrida deve ser realizada do lado direito. Impulsão, elevação e transposição No momento da impulsão ocorre um abaixamento do centro de gravidade, devido à flexão da perna de impulsão, que logo em seguida será estendida, projetando o corpo para cima juntamente com a transposição do sarrafo pela perna de chute. Durante a transposição, ocorre o movimento de alternância das 48 pernas, ou seja, a perna de chute, que está acima do sarrafo, é abaixada em direção ao colchão, e a perna de impulso é elevada. Queda Normalmente o saltador realiza a queda em pé, possibilitando que esse estilo seja realizado em locais que não possuem o colchão. Caso haja o colchão, o saltador poderá realizar a queda sentado. Figura 36: Salto em Altura Estilo Tesoura Fonte: WIKIMEDIA (2010) Estilo Rolo Ventral O estilo rolo ventral é caracterizado pela ultrapassagem do sarrafo na posição de decúbito ventral. Nesse estilo podemos observar as seguintes fases: Corrida de Aproximação; Impulsão, Elevação e Transposição; e a Queda. Agora, estudaremos cada uma delas separadamente. Corrida de Aproximação Ao contrário do estilo tesoura, o saltador que optar em realizar o rolo ventral deverá realizar a corrida do lado que lhe permita chegar ao sarrafo com a perna de impulsão mais próxima dele, assim a perna de chute deverá estar mais longe, do lado de fora do sarrafo. Assim, se a perna de impulsão for a direita, a corrida deve ser realizada do lado direito, e se a perna de impulsão for a esquerda, a corrida deve ser realizada do lado esquerdo, mantendo, em ambos os casos, um ângulo de 45 graus em relação ao sarrafo. Impulsão, elevação e transposição 49 A impulsão é realizada pela rápida flexão e extensão da perna de impulso que está próxima ao sarrafo e, ao mesmo tempo, a perna de chute é lançada para cima, juntamente com os braços contornando o sarrafo. Em seguida, a perna de impulsão também deverá contornar o sarrafo, estando o joelho flexionado e em abdução. Queda A queda depende do tipo de rolamento que foi realizada a transposição do sarrafo, podendo ocorrer de frente ou de costas. Figura 37: Salto em altura estilo Rolo Ventral Fonte: MATTHIESEN (2007a, p.134) Estilo Fosbury Flop No estilo Fosbury a ultrapassagem do sarrafo é feita de costas. Alguns estudos biomecânicos apontam a maior eficiência desse estilo, devido ao maior aproveitamento da elevação do centro de gravidade. Como nos estilos estudados anteriormente, podemos observar as seguintes fases: Corrida de Aproximação; Impulsão, Elevação e Transposição; e a Queda. Estudaremos agora cada uma delas separadamente. Corrida de Aproximação Para a realização do Fosbury Flop a corrida é mais veloz e deve ser realizada em curva na fase final da aproximação do sarrafo, provocando na fase final do percurso a inclinação do tronco para dentro. 50 Impulsão, elevação e transposição Com a corrida finalizada em curva, o saltador entra paralelamente ao sarrafo, realizando o impulso com a perna de impulsão, que deve estar do lado de fora do sarrafo e, no momento da elevação, realiza um giro, fazendo com que a transposição do sarrafo seja feita de costas para ele. No momento da transposição do sarrafo, aparece o arco formado pela elevação do quadril, favorecendo o chute das pernas para cima e a cabeça e os braços estando para trás. O arco deve se mantido até o momento que se inicia a queda, quando o tronco do atleta começa abaixar. Queda Ao iniciar a queda é importante que o arco seja desfeito para que o sarrafo não seja tocado pelas pernas, as quais devem ser elevadas para trás e para cima. A queda se faz com as costas no colchão, assim sendo, é indispensável a utilização do colchão para a queda. Figura 38: Salto em altura estilo Fosbury Flop Fonte: FIELD EVENT TECHNIQUES Regras Básicas do Salto em Altura Seguindo as regras da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt 2010), apresentamos algumas regras básicas para a realização das competições do salto em altura: 51 O saltador deve realizar a impulsão com apenas um dos pés. Cada atleta terá três tentativas para conseguir ultrapassar a altura, caso não consiga será desclassificado da competição. A tentativa será considerada falha se, após o salto, o sarrafo não permanecer nos suportes, ou se o saltador tocar o solo ou a área de queda sem ter ultrapassado o sarrafo, obtendo alguma vantagem. Um atleta pode começar a saltar em qualquer altura anunciada pelo árbitro. Caso falhe na primeira tentativa, o atleta poderá rejeitar as próximas tentativas naquela altura e ainda saltar uma altura subsequente. O sarrafo nunca será elevado a menos de 2 cm. Mesmo após todos os outros atletas serem eliminados um atleta tem o direito de continuar saltando até a altura que conseguir. A ordem dos saltadores em uma competição será sorteada. 2.5.1.4 Salto Com Vara O salto com vara pode ser considerado como uma das provas mais difíceis do atletismo, devido à complexidade técnica, como também pela necessidade de aprendizagem da utilização da vara. Atualmente os saltadores de alto nível utilizam a vara flexível, feita de fibra de vidro, mas, devido ao grande custo do material, as varas rígidas feitas de bambu são muito utilizadas na iniciação. Independente do tipo de material da vara, observamos as seguintes fases no salto com vara: Empunhadura A empunhadura deve ser feita mantendo a vara na posição horizontal, com a ponta ligeiramente elevada. A palma da mão, neste caso a direita, estará na parte superior da vara, com a palma da mão voltada para cima, a partir da flexão de aproximadamente 90 graus, do braço direito. A mão esquerda estará 52 com a palma da mão voltada para dentro e um pouco a frente da mão direita, também a partir da flexão de 90 graus do braço. Corrida A corrida de velocidade progressiva tem início com a vara posicionada do lado contrário a perna de impulsão, neste exemplo a perna de impulsão é a esquerda, com a ponta ligeiramente elevada, que deve ser abaixada de forma gradativa para a preparação do encaixe da vara. Impulsão e Elevação A impulsão acontece no momento do encaixe com a perna de impulsão, correspondente a mão que está na frente da vara, neste exemplo a mão esquerda. A perna contrária, neste caso a direita, projeta o joelho para cima realizando a elevação do quadril. Com o auxílio dos braços, o saltador procura se elevar para a posição vertical (pernas para cima e cabeça para baixo), quando dará início ao giro. Giro e Transposição No momento
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