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Apostila de Atletismo

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1 
 
1. HISTÓRIA DO ATLETISMO 
 Ao estudarmos a história do atletismo nos apropriamos dos 
conhecimentos acerca da evolução das ações do homem, que no decorrer de 
sua humanização experimentou diversos sentidos e significados sobre as 
habilidades do andar, correr, saltar, lançar e arremessar, as quais estiveram 
presentes sob formas de sobrevivência, comemorações profanas e religiosas, 
além, é claro, de expressar uma linguagem corporal capaz de distinguir a raça 
e a nacionalidade do homem. 
 De acordo com a história da humanidade, e, também, das práticas 
corporais realizadas na Grécia, consta que o nome atletismo vem do grego 
“athla”, que significa esforço, concurso, ou “athlon” combate e luta, dando 
origem também a palavra atleta (combatente). Da mesma forma, percebemos 
que o atletismo é a única modalidade esportiva que esteve presente em todas 
as versões da Olimpíada, desde a antiguidade, idade moderna e 
contemporânea. 
 Nesse sentido, acreditamos que o estudo do atletismo, tendo como 
princípio sua história, nos permite compreender o desenvolvimento de um 
esporte que corresponde ao desenvolvimento evolutivo do homem, da sua 
formação social e dos seus elementos da cultura. 
 
1.1 Pré-História 
 
 O período pré-histórico vai do aparecimento do ser humano sobre a 
Terra até a introdução da escrita, estimado em cerca de um milhão de anos. 
Nesse período, o homem não tinha conhecimento suficiente para modificar a 
natureza, fato que o obrigava a estar sempre em busca de novas terras que 
UNIDADE I 
HISTÓRIA DO ATLETISMO 
 2 
dessem condições de sobrevivência, caracterizando o estilo de vida nômade. 
Assim, o homem andava grandes distâncias, rastejava, subia em árvores, 
saltava grandes alturas, transpunha abismos, fossos e obstáculos, levantava e 
transportava pedras, troncos e outros objetos, corria em velocidade, ou por 
longo período, arremessava pedras e paus. Essas habilidades: caminhar, 
correr, saltar, lançar e arremessar, se constituíam para o homem primitivo, 
questão de vida ou morte. 
 Com o passar do tempo o homem começa a dominar questões 
relacionadas com sua sobrevivência, como a agricultura, passando a se fixar 
em um só local, de terra fértil, abundante em água e que propiciasse a caça. 
Fatores que tornaram a vida menos dura, mas havia a necessidade de manter-
se em bom estado físico, tanto para o cultivo da terra, como também para 
demonstrar capacidade de ação diante dos inimigos, pois, nesse período, a 
vida era marcada pela rivalidade entre as tribos e lutas constantes, pelo 
domínio das melhores terras. Assim, era necessário treinar seus descendentes 
através de exercícios naturais, de caráter utilitário e guerreiro, a fim de torná-
los mais corajosos, fortes, ágeis e resistentes. 
 Com a fixação do homem na terra e, consequentemente, a formação de 
vilas e povoados, que mais tarde se tornariam grandes cidades, as habilidades, 
outrora utilizadas somente para a sobrevivência, para o trabalho da terra e 
também em defesa de seus domínios, passa a ser utilizadas em forma de 
confronto para festejar: as boas colheitas, os rituais sagrados, como o 
nascimento e a morte, em forma de recreação e, principalmente, em culto aos 
deuses, em agradecimento pela sua sobrevivência. 
 Como nos mostra Ramos (1982, p.16-17): 
Nos tempos pré-históricos, principalmente a partir do período 
paleolítico, existiram expressões de jogos utilitários e recreativos. 
Tais práticas, como as de hoje, sempre tiveram seu próprio cerimonial 
e regras estabelecidas e, geralmente, tanto vencedores como 
vencidos aceitavam o resultado desportivamente. Vem das 
civilizações primitivas, diz Diem, o aforismo: “Para ganhar é preciso 
saber perder”, forma antiqüíssima do atual “fair play”. 
Pelo visto, as atividades físicas das sociedades pré-históricas – 
dentro dos aspectos natural, utilitário, guerreiro, ritual e recreativo – 
objetivavam a luta pela vida, os ritos e cultos, a preparação guerreira, 
as ações competitivas e as práticas recreativas. 
 Na antiguidade, com a formação das grandes civilizações, o culto ao 
corpo tomou proporções gigantescas, comparando o homem aos deuses. Essa 
 3 
relação foi efetivada principalmente na Grécia, em que passou-se a realizar os 
Jogos com intuito de apreciação dos deuses do Olímpio, onde “grandes atletas 
eram glorificados como heróis populares, verdadeiros semideuses” (RAMOS, 
1982, p. 86). 
 Os exercícios físicos, uma das formas de exibição do corpo, estavam 
ligados ao espírito e religião, e se materializavam no período em que os gregos 
reverenciavam e homenageavam os deuses, considerados modelos de força e 
beleza: 
Com jogos atléticos, música e poesia. Nessas competições, os jovens 
da Grécia cantavam hino de louvor aos deuses, ou reproduziam 
cenas de sua vida em danças rítmicas e corais, acompanhadas por 
música e canto, ou competiam entre si em corridas, salto, luta, 
lançamento de disco e dardo [...]. (VARGAS, 2006, p. 23 – 24). 
 As práticas realizadas nos Jogos Gregos deram origem a algumas 
modalidades esportivas, como a corrida de carro, a corridas de cavalo, o arco-
flecha e as modalidades do atletismo - as corridas, lançamentos e arremessos. 
De acordo com Vargas (2006), por quase toda a antiguidade, esses jogos 
foram traduzidos em belezas, em ritmos e em perfeição, registrados em 
estátuas magníficas e vasos decorados que revelam o caráter competitivo 
dessas atividades. 
 
1.2 O Atletismo na Antiguidade 
 As corridas sempre fizeram parte das competições atléticas nos séculos 
que antecederam a Era Cristã. As corridas eram parte de festas citadinas e 
nacionais e estiveram presentes desde a primeira competição disputada em 
Olímpia e ficou até a última versão de número17ª. As disputas eram realizadas 
somente por homens, cujas provas, os atletas as disputavam nus e descalços. 
Grifi afirma que as especialidades distinguiam-se em: 
Corrida de velocidade ou “Stadion” – O Stadion era uma unidade de 
medida correspondente a aproximadamente 192,27 metros, não fixa, 
mas habitualmente melhor definida tendo como base o comprimento 
do retilíneo, onde efetuava-se a prova, que consistia, evidentemente, 
em percorrer uma só vez o comprimento daquele que seria 
posteriormente definido o Stadio. 
Esta prova, como o resto as demais corridas, tinham origem religiosa 
porque, segundo a lenda, nasceu em Eléa, onde os atletas 
disputavam a honra de acender o fogo sobre o altar de Zeus. 
 4 
Segundo Junther, de fato, tal hipótese afirmada por Filostrato, foi 
sugerida ao escritor pelo fato que o vencedor, na competição do 
Stadio, cujo limite era colocado aos pés do altar de Zeus em Olímpia, 
gozava do privilégio de acender o fogo sagrado em honra do deus, 
tradição essa que se solidificou, embora modificada até os nossos 
dias, durante a cerimônia de abertura das Olimpíadas Modernas 
(1989, p. 58). 
 O Stadio (Estádio) tinha a forma de “U”, com 211 por 23 metros. As 
competições eram assistidas por centenas de pessoas e devido ao seu 
significado festejavam as vitórias juntamente com os atletas, em homenagens 
aos deuses do Olimpio. Lembrando que os vencedores eram considerados 
como um semideus (os preferidos dos deuses). 
 
Figura 1: O Stadio 
Fonte: Veja (2010) 
 
 Anos depois, outro tipo de prova atlética passou a ser disputada, era o 
“Diaulos” ou duplo “Stadio” – prova realizada da mesma forma que o stadio, 
contudo tinha um percurso em dobro, ou seja, os atletas corriam sempre em 
reta, devendo fazer a volta em um terminal colocado no final da reta. O Dolikos 
ou corrida de resistência, depois de alguns anos também passou a ser 
realizada no Stadio, sendo que os atletas deveriam percorrê-lo em certo 
número de vezes, mínimo de 7 estádios e máximo de 24 estádios, da mesma 
forma que o diaulos, os competidores tocavam o terminal colocado no final da 
reta (GRIFI, 1989). 
 Na corrida armada ou militar, os soldados percorriam os percursos 
armadosde escudo, elmo, e armaduras de pernas. Fato que utilizam também 
como preparação de guerreiros devido às permanentes guerras travadas entre 
cidades. 
 O lançamento do disco talvez seja a modalidade de maior repercussão 
no nosso meio, devido ao fato dele ter sido e talvez ainda seja, o símbolo de 
 5 
várias escolas de educação física, ou mesmo de prática desportiva. Afinal, 
quem desconhece a imagem do “discóbolo” de Myron? 
 
Figura 2: Discóbolo de Myron 
Fonte: UOL (2010) 
 
 
Figura 3: Lançador do disco 
Fonte: Ramos (1982. p.114) 
 
 
 Para Grifi (1989, p. 60), o disco, juntamente com o dardo, são duas das 
provas do atletismo que não foram redescobertas pelos anglo-saxônicos ou 
celtas britânicos, “indubitavelmente, junto à corrida, representam as mais 
antigas manifestações esportivas próprias e verdadeiras e que retornaram à 
nova vida com os escandinavos, somente próximo ao fim de 1800”. 
 A respeito da popularidade do lançamento de disco, o autor aponta que: 
[...] no mundo grego é testemunhado pelas inúmeras representações 
figurativas sobre os relevos marmóreos, nas estátuas, nas pinturas 
vasculares que representam vários “discóbolos” em diferentes 
 6 
posições e das múltiplas citações encontradas na literatura. [...] O 
disco, chamado “solos”, cuja tradução é “pedra”, segundo Gardiner, 
era um aparelho gímnico diferente do atual, de peso e proporções 
variáveis de, no mínimo, 1 quilo e de, no máximo, 3 quilos (com o 
objetivo de melhor adaptá-lo à força e à idade dos lançadores), 
inicialmente formado de uma lastra de pedra ou de madeira; 
posteriormente, de metal (de ferro ou de bronze), muito mais 
achatado do que aquele moderno e de diâmetro maior (1989, p. 60, 
grifos do autor). 
 O lançamento de dardo (ákon) era apresentado de duas formas: uma 
com um lançamento para atingir a maior distância conseguida e a outra, no 
sentido de atingir um alvo fixo, esse último mais conhecido nas disputas 
militares. O dardo era: 
[...] constituído de uma haste, de abeto ou freixo, na qual vinha 
inserida uma longa ponta aguçada e afiada, alguma vez recoberta 
para proteção, o aparelho tinha um cordão de couro enrolado ao 
centro do bastão que servia para imprimir a este, um movimento 
rotatório (fazendo-se força com o dedo indicador e o dedo médio), 
que permitia adquirir melhor direção de lançamento. Por esse motivo, 
o dardo era chamado também mesakylion, isto é, “com a cilha no 
meio” (GRIFI, 1989, p. 62, grifos do autor). 
 
Figura 4: O Lançador do dardo 
Fonte: Ramos (1982. p.114) 
 
 O salto também é outra modalidade do atletismo exaltada nos poemas 
homéricos e nos jogos gregos, fez parte, inclusive, do pentatlon. O pentatlon, 
dentre todas as modalidades atléticas, era a mais esperada pelos espectadores 
dos jogos, pois o resultado dele revelava o atleta mais completo, mais próximo 
dos deuses. Constitui-se fundamentalmente de cinco provas: a corrida, a luta, o 
salto, o lançamento do disco e do dardo. 
 7 
São cinco provas, da palavra athla (premio na sua origem) que se 
presumia inspiradas a partir do constante ideal helênico da harmonia 
e da graça, do desejo e da consciência de evitar excessivas 
especializações, a propósito das quais subsistem ainda muitas 
incertezas sobre as particularidades técnicas do desenvolvimento das 
competições e, sobretudo, sobre os critérios da compilação das 
classificações, para a atribuição da coroa. [...] é totalmente difícil 
considerar o caso que um atleta saísse vencedor em todas as cinco 
provas; é, portanto, “pentatleta” aquele que tivesse ganho a palma da 
vitória em três das cinco provas (GRIFI, 1989, p. 68). 
 A prova mais utilizada nos jogos gregos referente ao salto era o salto em 
distância, em que o atleta, a partir de uma linha demarcada no solo, dava a 
impulsão nos dois pés realizando o salto. 
 Segundo Grifi (1989), os atletas no salto em distância usavam halteres 
de pedra ou metal, com o peso de um quilo a quatro quilos e meio, de formas 
diferentes, que eram empunhados em ambas as mãos, acreditando que esse 
procedimento contribuiria para obter uma maior distância. 
 
 
Figura 5: Salto em distância 
Fonte: Ramos (1982. p.117) 
 
 O desenvolvimento dos jogos e, consequentemente, das provas atléticas 
se deram de forma gradativa. Na 1ª Olimpíada, a única prova realizada foi a de 
corrida denominada “stadiom” (estádio). Inicialmente, os Jogos tinham duração 
de apenas dois dias, contudo, devido à inclusão de novas provas, esse tempo 
foi aumentado, mas ainda permanecendo as festividades que acompanhavam 
os jogos, tais como: oferendas, fogo de Zeus, corridas, entrega de prêmios, 
banquetes e festas. 
 Da primeira a décima terceira Olimpíada, somente a corrida de 
velocidade (estádio ou stadio) era praticada. Grifi (1986, p. 80) aponta assim a 
evolução das provas: 
Além da corrida a pé, as principais competições que se aliaram forma 
em ordem de tempo: 
 8 
 Na 14ª Olimpíada (724 a.C.) – a corrida dupla ou diaulo; 
 Na 15ª Olimpíada (720 a.C.) – a corrida de resistência ou 
dólico; 
 Na 18ª Olimpíada (708 a.C.) – a luta e o pentatlo; 
 Na 23ª Olimpíada (688 a.C.) – o pugilismo; 
 Na 25ª Olimpíada (680 a.C.) – a corrida das quadrigas; 
 Na 33ª Olimpíada (648 a.C.) – a corrida de cavalos e o 
pancrácio; 
 Na 65ª Olimpíada (520 a.C.) – a corrida com as armas ou o 
oplitódromo. 
 
 Assim, podemos perceber que o atletismo esteve presente na vida do 
homem desde a sua humanização. Até a idade antiga, o atletismo sofreu 
poucas modificações quanto a sua prática, sendo as provas assim 
identificadas: corridas de stadio (estádio), diaulo e dólico, lançamento do disco 
e dardo, e mais tarde o pentatlon. 
 A mudança mais significativa ocorrida nos Jogos Olímpicos na 
Antiguidade aconteceu no século VII a.C. na cidade de Esparta, quando as 
mulheres tiveram sua primeira participação. Mesmo depois do domínio romano 
sob os gregos (séc. I a. C.), os jogos mantiveram sua tradição. Somente com o 
advento do cristianismo e a conversão dos gregos, no ano Cristão de 393, o 
Imperador Teodósio suprimiu qualquer festividade considerada pagã, dentre 
elas os Jogos Olímpicos. 
 
1.3 O Atletismo na Idade Média 
 Com o advento do cristianismo, na idade média, abandonou-se tudo que 
era relacionado ao corpo, o que interessava era a manutenção da pureza da 
alma para alcançar a salvação eterna. Qualquer atividade que indicasse culto 
ao corpo era considerada profana e herege, passível de punição. Assim, cada 
vez mais as atividades físicas e competições foram desaparecendo, até serem 
eliminadas em 393 d.C., quando o Imperador Teodósio proibiu os Jogos 
Olímpicos (GRIFI, 1989). 
 Nesse período de proibição das provas do atletismo e demais esporte, 
ocorre o desenvolvimento do espírito guerreiro das nações, os jovens trocam 
as pistas de atletismo e ginásios pela cavalaria, exercícios militares e manejo 
de espadas, lanças, arco e flecha (BRASIL, 1981). 
 9 
 Com o Renascimento, grandes movimentos artísticos, culturais e 
atividades esportivas voltaram ao cenário mundial, principalmente na Europa. A 
Inglaterra é o primeiro país a introduzir a prática do atletismo nas escolas 
primárias públicas, e, mais tarde, o pedagogo Thomas Arnold inicia a reforma 
pedagógica na Inglaterra e organiza as regras das corridas, saltos e 
arremesso, nascendo as competições de atletismo nas escolas, universidades, 
associações e clubes, chegando, posteriormente, a outros países (BRASIL, 
1981). 
 
1.4 O Atletismo Contemporâneo 
 As competições regulamentadas serviram como ponto de partida para a 
formação do programa de competições das provas de atletismo atual, e, com a 
idealização do Barão Pierre de Coubertin e a realização dos primeiros Jogos 
Olímpicos da era moderna, em Atenas, no ano de 1896, o atletismo volta ao 
cenário mundial e é a única modalidade esportiva presente em todas as 
edições das Olimpíadas, desdea antiguidade. 
 No ano de 1912, foi inaugurada por dezessetes federações nacionais de 
atletismo, a International Athletic Amateur Federation (IAAF), as quais viram a 
necessidade de uma padronização de equipamentos técnicos e recordes 
mundiais, passando a administrar o atletismo. A partir de então a IAAF, com 
sede atual em Mônaco, passa a controlar e supervisionar tudo que estiver 
relacionado às provas do atletismo, como as regras, homologação de recorde, 
dimensões, formas de demais detalhes da pista ou campo (IAAF 2010). 
 Incontestavelmente as Olimpíadas foram o maior divulgador do atletismo 
na história mundial, fato que ocorre até os dias atuais. Atletas e países têm-se 
consagrado mundialmente pelos feitos realizados durante os Jogos Olímpicos. 
Acrescentado ainda os campeonatos mundiais e territoriais, como é o caso do 
Panamericano. Assim, podemos afirmar que a história dos Jogos Olímpicos 
culmina também com a história do próprio atletismo. De acordo com autores 
como Grifi (1989), Ramos (1982), Tubino et al. (2007), em cada versão da 
Olimpíada, um atleta foi imortalizado pelos seus feitos no atletismo, da mesma 
forma, gradativamente, as inovações foram acontecendo na organização da 
Olimpíada, como podemos observar na tabela abaixo: 
 10 
 
ANO LOCAL ACONTECIMENTOS 
1900 Paris ∙ Início das competições da prova de lançamento do martelo para 
homens. 
 
1912 
 
Estocolmo 
∙ As provas de 5.000 metros e 10.000 metros rasos passaram a fazer 
parte do programa olímpico; 
∙ Aparece o photo-finish e os cronômetros manuais são trocados por 
relógios elétricos. O segundo passou a ter décimos. 
 
1928 
 
Amsterdam 
∙ O finlandês Paavo Numi vence os 10mil, 5 mil e 3 mil metros com 
obstáculos; 
∙ As mulheres começaram a participar da prova de corrida dos 100 
metros rasos. 
1932 Los 
Angeles 
∙ O japonês Chuhei Nambu brilha no salto-triplo; 
∙ Aparece o pódio para os três primeiros lugares. 
1936 Berlim ∙ O americano Jesse Owens, o atleta negro, superou a pretensa 
superioridade da raça ariana. 
1948 Londres ∙ Zatopeck, a locomotiva humana, bate o recorde dos 10.000 metros. 
 
1952 
 
Helsinque 
∙ Zatopeck, recordista nos 5.000m. 10.000m e na maratona; 
∙ O brasileiro Ademar da Silva conquista a medalha de ouro e bate o 
recorde no salto triplo; 
∙ José Telles da Conceição conquista a medalha de bronze no salto 
em altura. 
1956 Melbourne ∙ Ademar da Silva conquista a medalha de ouro e bate o recorde do 
salto triplo. 
 
 
1960 
 
 
Roma 
∙ O etíope Abebe Bikila, correndo descalço ganhou a maratona; 
∙ Wilma Rudolph (americana) consagrou-se nos 100, 200 e 4x100; 
∙ As mulheres começam a competir nos 800 metros rasos. 
∙ Início da transmissão televisiva. 
1968 Cidade do 
México 
∙ Atleta brasileiro Nelson Prudêncio conquista a medalha de prata no 
salto triplo. 
 
1972 
 
Munique 
∙ Nelson Prudêncio conquista a medalha de bronze no salto triplo; 
∙ Incorporada a prova de 1500 metros femininos 
1976 Montreal ∙ O brasileiro João Carlos de Oliveira conquista a medalha de bronze 
no salto triplo. 
1980 Moscou ∙ O brasileiro João Carlos de Oliveira repete o feito da edição anterior 
e conquista novamente a medalha de bronze no salto triplo. 
 
Los 
∙ As mulheres disputaram pela primeira vez a prova dos 3.000 
metros rasos, que atualmente foi substituída pela prova dos 5.000 
 11 
1984 Angeles metros rasos; 
∙ Primeira edição da maratona olímpica feminina; 
∙ O atleta brasileiro Joaquim Cruz conquistou a medalha de ouro na 
prova dos 800 metros rasos 
 
 
1988 
 
 
Seul 
∙ O amadorismo deixou de ser obrigatório; 
∙ O velocista brasileiro Robson Caetano conquistou a medalha de 
bronze nos 200 metros rasos; 
∙ Joaquim Cruz conquista a medalha de prata nos 800 metros rasos; 
∙ As mulheres começaram a competir na prova dos 10.000 metros 
rasos. 
 
1996 
 
Atlanta 
∙ A equipe brasileira do revezamento 4 X 100 metros, 
masculino,formada pelos atletas: Arnaldo de Oliveira, Robson 
Caetano, Edson Luciano, André Domingos, conquista a medalha de 
bronze. 
 
 
2000 
 
 
Sydney 
∙ A era digital, os Jogos foram transmitidos também pela rede 
mundial de computadores; 
∙ A equipe brasileira do revezamento 4 X 100 metros, masculino, 
formada pelos atletas: Vicente Lenilson, Edson Luciano, André 
Domingos e Claudinei Quirino, conquista a medalha de prata; 
∙ As mulheres passam a competir na prova de lançamento do 
martelo. 
 
2004 
 
Atenas 
∙ O atleta brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima, após ser agarrado 
pelo irlandês Cornelius Horan quando liderava a prova, obteve a 
terceira colocação na maratona. 
2008 Pequim ∙ A atleta brasileira Maurren Maggi conquista a medalha de ouro na 
prova do salto em distância. 
 
 
 Com o aumento do interesse e desempenho no esporte, incentivados 
também pela cobertura televisiva, gerando interesses comerciais, o princípio de 
amador foi difícil de ser seguido, principalmente pelos recursos necessários 
para formar atletas de elite. Assim, em 1982, a IAAF abandonou o tradicional 
conceito de amadorismo e passou a criar fundos de custódia para os atletas, 
para que um maior números de atletas talentosos pudessem alcançar a alta 
performance. 
 Em 2001, devido o movimento para um esporte mais profissional o 
Congresso da IAAF votou por unanimidade para a alteração do nome da 
organização, passando de Associação Internacional de Atletismo Amador para 
Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF 2010). 
 12 
 Atualmente, além das competições de atletismo realizadas a cada quatro 
anos, nos Jogos Olímpicos, o programa oficial da IAAF inclui campeonatos 
como: Campeonato Mundial Júnior, Campeonato Mundial da Juventude, 
Campeonato Mundial Indoor, Campeonato Mundial, Campeonato Mundial de 
Cross Country, Campeonato Mundial de Marcha Atlética, Mundial de Meia 
Maratona, entre outros. 
 Nessas competições podemos observar cada vez mais os avanços 
tecnológicos, que são empregados para melhorar tanto a organização das 
competições como o rendimento e a performance dos atletas. A tecnologia 
direcionada ao esporte vão desde a elaboração do piso das pistas até as 
roupas e calçados dos atletas. Os calçados, que inicialmente eram sapatos 
com pregos colocados na sola, hoje são as sapatilhas cada vez mais leves e 
confortáveis, e as roupas, atualmente, são criadas com materiais que diminuam 
o atrito do ar. 
 As tecnologias direcionadas para uma melhor organização das 
competições são utilizadas desde os Jogos Olímpicos de Estocolmo, em 1912, 
com a introdução do photo-finish e da cronometragem elétrica para determinar 
a classificação, como também o tempo exato de cada atleta. 
 Atualmente, existem dois sistemas de cronometragem utilizados em 
grandes competições, um para as corridas de velocidade e outro para as 
corridas de fundo, como a maratona. Nas corridas de velocidade existem 
sensores de toque nos blocos de partida, assim no momento da largada, o 
gatilho da pistola envia uma corrente elétrica para os blocos de partida e outra 
para o cronômetro, ao mesmo tempo em que o barulho do tiro da pistola é 
ampliado por alto-falantes colocados nos blocos de cada corredor. 
 Na linha de chegada um laser é projetado até o outro lado onde existe 
uma célula fotoelétrica, e quando o corredor cruza a linha de chegada o raio é 
bloqueado e a célula envia um sinal ao cronômetro para gravar o momento da 
chegada. Enquanto isso, uma câmera de vídeo, posicionada na linha de 
chegada, grava uma imagem em câmera lenta a 2 mil quadros por segundo. 
Assim, quando o tronco do atleta cruza a linha de chegada, a câmera envia um 
sinal para o cronômetro gravar o tempo. 
 13 
 As imagens são enviadas ao computador que as sincroniza com o tempo 
do cronômetro, e essas imagens podem ser transmitidas em um vídeo 30 
segundos após o final da prova. 
 
 
Figura 6: Sistema de Photo-finish 
Fonte: UOL (2010) 
 
 Nas corridas de longadistância, o sistema é diferente, etiquetas de 
radiofrequência (RFIDs) são colocadas nos tênis de cada corredor e são 
acionadas no momento em que o atleta passa sobre o pano colocado na 
largada, que possui um circuito que capta o sinal de cada corredor. 
 Na linha de chegada, outro pano é colocado para gravar o tempo de 
cada corredor e comparado com o tempo do cronômetro acionado pela pistola 
na largada e interrompido quando o primeiro atleta cruza a linha de chegada. 
 Os avanços tecnológicos são também utilizados nas diferentes ciências, 
Biomecânica, Fisiologia, dentre outras; direcionadas para a preparação física e 
estruturação do treinamento de cada atleta, como também a criação de 
equipamentos específicos, direcionados para o desenvolvimento das 
capacidades físicas e aperfeiçoamento das técnicas das diferentes provas, 
como mostra a figura abaixo a campeã Olímpica e Mundial, do lançamento do 
disco, Anita Wlodarczyk, treinando em uma máquina de carga regulável para 
o treinamento da força dirigida. 
 14 
 
Figura 7: Máquina para o treino do lançamento do disco 
Fonte: Atletason (2010) 
 
 Os avanços tecnológicos, direcionados para o melhor rendimento dos 
atletas, tem proporcionado resultados surpreendentes, levando a quebra de 
recordes cada vez mais constantes. Fazendo atletas como Karl Lewis, Florence 
Griffith Joyner, Javier Soto Maior, Maurren Maggi, Fabiana Murer, Asafa 
Powell, Usain Bolt, Yelena Isinbayeva, dentre outros, escreverem seus nomes 
na história de seus países e do atletismo mundial. 
1.5 O Atletismo no Brasil 
 No Brasil, o atletismo começou a ganhar vida por volta de 1880, quando 
imigrantes ingleses e alemães começaram a realizar competições em alguns 
clubes do Rio de Janeiro, São Paulo e, mais tarde, de Porto Alegre. 
No ano de 1914 cria-se a Confederação Brasileira de Desportos (CDB), 
que passa a dirigir a maioria dos esportes, inclusive o atletismo, a partir de 
então o Brasil está filiado a IAAF. Ainda no mesmo ano, o jornal O Estado de 
São Paulo, organizou um campeonato, conhecido como Campeonato do Atleta 
Completo, no qual, cada atleta disputava um conjunto de 12 provas 
combinadas, um “Duodecatlo”. E em 1918, o atletismo ganha novo interesse, a 
corrida de rua, denominada de ‘Estadinho’, o mesmo jornal, patrocinou uma 
corrida de 24 km pelas ruas de São Paulo. 
 Os Jogos Olímpicos de Paris, em 1924, contou com a primeira 
participação brasileira. Na modalidade de atletismo, compunham a equipe os 
atletas: Alfredo Gomes, Narciso Valadares, Guilherme “Willy” Ricardo Seewald, 
 15 
Álvaro de Oliveira Ribeiro, Alberto Jackson Byington Júnior, Eurico de Freitas, 
Octávio Zani e José Galimberti (MELLO e TURCO, 2006). 
 Em 1931, os atletas brasileiros participaram pela primeira vez do 
Campeonato Sul-Americano. Em 1937, São Paulo sedia o evento e o Brasil 
conquista o título inédito de campeão por equipes. 
 O Troféu Brasil de Atletismo foi criado pela Diretoria de Esportes do 
Governo do Estado de São Paulo, em 1945, e, atualmente, é a principal 
competição do calendário da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), que 
foi fundada em 1977, com sede no Rio de Janeiro. Em 1994, a sede foi 
transferida para a cidade de Manaus. 
 Com 27 federações estaduais filiadas, a CBAt, é a única entidade de 
direção nacional do atletismo brasileiro em todas as suas modalidades, 
incluindo pista e campo, corridas de rua, marcha atlética, corridas através do 
campo, corridas de montanha e areia, em conformidade com o estatuto da 
IAAF. E, dentre outros, tem como objetivo administrar, dirigir, controlar, difundir 
e incentivar, no País a prática do atletismo em todos os níveis 
(CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO, 2010). 
 Ao falarmos do atletismo no Brasil, não podemos deixar de falar sobre 
as corridas de rua ou pedestrianismo, prova do atletismo que vem crescendo 
muito no Brasil e no mundo. São inúmeras as competições que ocorrem ao 
longo do ano. Para 2011, estão previstas no calendário da Confederação 
Brasileira de Atletismo, 30 corridas de rua. Dentre essas corridas, podemos 
destacar a São Silvestre, a mais antiga, tradicional e de maior prestígio no 
Brasil. 
 A São Silvestre foi inspirada em uma corrida noturna francesa, na qual 
os competidores carregavam tochas de fogo durante o percurso. O jornalista 
Cásper Líbero a organizou, em 1924, e recebeu esse nome em homenagem ao 
santo do dia. A corrida é disputada à meia-noite de 31 de dezembro. O atleta 
do clube Espéria, Alfredo Gomes, foi o primeiro vencedor da competição (SÃO 
SILVESTRE, 2009). 
 Diferente da competição que conhecemos hoje, a São Silvestre era 
disputada apenas por homens e brasileiros. No ano de 1945, a competição 
assumiu caráter internacional com a presença de convidados do Chile e 
Uruguai e, posteriormente, de americanos, europeus, africanos e asiáticos. Em 
 16 
1975, o organizador da competição, o jornal A Gazeta Esportiva, realizou a 
primeira competição feminina, em conjunto com a masculina, mas com a 
classificação em separado. A primeira campeã foi a alemã Christa Valensieck, 
que voltou para repetir o feito no ano seguinte (SÃO SILVESTRE, 2009). 
 A partir do ano de 1989 foram feitas diversas alterações na estrutura da 
corrida: o sentido do percurso foi invertido, a corrida masculina foi separada da 
feminina e o horário da competição passou para o período da tarde. Para 
atender às especificações da IAAF e poder integrar o calendário de provas de 
rua, o percurso foi ampliado para 15 mil metros. Em 1998, os atletas de elite 
passaram a usar chip para a cronometragem e, a organização, as duas pistas 
da Avenida Paulista para a chegada (SÃO SILVESTRE, 2009). Atualmente, a 
corrida de São Silvestre é considerada uma das mais importantes do mundo 
em sua categoria. 
 17 
 
 Nessa unidade, estudaremos o atletismo em sua definição e 
organização como modalidade esportiva, como também os fundamentos 
técnicos, táticos e regulamentares das diferentes provas que compõem essa 
modalidade. Esses são os elementos fundamentais para que possamos 
conhecer, entender e ensinar o atletismo. 
 
2.1 O Atletismo – Definição e Organização 
 
Na atual definição, o atletismo é um esporte com provas de pista 
(corridas), de campo (saltos e lançamentos), provas combinadas, como decatlo 
e heptatlo (que reúnem provas de pista e de campo), o pedestrianismo 
(corridas de rua, como a maratona), corridas em campo (cross country), 
corridas em montanha e marcha atlética (IAAF 2010). 
As provas de pista são aquelas cuja realização se dá na pista de 
atletismo, independentes de serem utilizadas em ambientes abertos ou em 
ambientes fechados, ou seja, outdoor, sem cobertura, como estádios ou 
ginásios, ou indoor, com cobertura. As provas de pista compreendem as 
provas de marcha e de corridas realizadas, exclusivamente, na pista de 
atletismo. 
As provas de campo são realizadas dentro do campo do atletismo, no 
setor de competição de cada prova e podem ser realizadas em campo aberto, 
outdoor, ou em campo fechado, indoor, sendo divididas em Saltos, 
Lançamentos e Arremesso. 
De acordo com a Associação Internacional das Federações de Atletismo 
(IAAF 2010), apresentamos a organização das provas oficiais de atletismo, 
para efeito de recorde mundial. 
UNIDADE II 
O ATLETISMO 
 18 
 
 
AS PROVAS OFICIAIS DO ATLETISMO 
 
 
 
 
Marcha Atlética 
Feminino Masculino 
10.000 m 
20.000 m 
20 km 
20.000 m 
20 km 
30.000 m 
50.000m 
50 km 
 
Corridas Rasas de 
Velocidade 
100 m 
200 m 
400 m 
 
 
Corridas Rasas de Meio 
Fundo 
800 m 
1.000 m 
1.500 m 
1 milha (1.605 m) 
2.000 m 
 
 
Corridas Rasas de 
Fundo 
3.000 m 
5.000 m 
10.000 m 
10 km1 
15 km 
20.000m 
20 km 
1 hora 
25.000 m 
25 km 
30.000 m 
30 km 
Meia maratona 
Maratona 
100 km 
 
Corridas com Barreiras 
Feminino Masculino 
100 m 
400 m 
110 m 
400 m 
Corridas com 
Obstáculos 
3.000 mCorridas de 
Revezamento 
Feminino Masculino 
4 X 100 m 
4 X 200 m 
4 X 400 m 
4 X 800 m 
Revezamento em rua 
4 X 100 m 
4 X 200 m 
4 X 400 m 
4 X 800 m 
4 X 1.500 m 
Revezamento em rua 
 
Saltos 
Salto em Distância 
Salto Triplo 
Salto em Altura 
Salto com Vara 
 
Lançamentos 
Lançamento do Dardo 
Lançamento do Disco 
Lançamento do Martelo 
Arremesso Arremesso do Peso 
 
Provas Combinadas 
Feminino Masculino 
Heptatlo 
Decatlo 
Decatlo 
Quadro 1 - As provas oficiais do atletismo 
 
 Além dessas provas, existem as corridas de montanha e o cross country, 
provas que também estudaremos no decorrer da unidade. 
 Em cada competição a programação das provas se modifica. Como 
exemplo, mostraremos a programação da competição de maior divulgação do 
atletismo pela mídia, os Jogos Olímpicos, realizado no ano de 2008. 
 
1 Em km – provas de rua 
 19 
 
 
PROGRAMAÇÃO DAS PROVAS DE ATLETISMO NOS JOGOS OLÍMPICOS – ANO DE 2008 
 
Marcha Atlética Feminino Masculino 
20 km 20 km 
50 km 
 
Corridas Rasas de 
Velocidade 
100 m 
200 m 
400 m 
 
Corridas Rasas de Meio 
Fundo 
800 m 
1.500 m 
 
 
 
Corridas Rasas de 
Fundo 
5.000 m 
10.000 m 
Maratona 
 
Corridas com Barreiras 
Feminino Masculino 
100 m 
400 m 
110 m 
400 m 
Corridas com 
Obstáculos 
3.000 m 
 
Corridas de 
Revezamento 
4 X 100 m 
4 X 400 m 
 
 
Saltos 
Salto em Distância 
Salto Triplo 
Salto em Altura 
Salto com Vara 
 
Lançamentos 
Lançamento do Dardo 
Lançamento do Disco 
Lançamento do Martelo 
Arremesso Arremesso do Peso 
 
Provas Combinadas 
Feminino Masculino 
Heptatlo 
Decatlo 
Decatlo 
Quadro 2 - Programação das provas de atletismo nos Jogos Olímpicos - ano de 2008 
 
2.2 Conhecendo a Pista de Atletismo 
 
A pista oficial de atletismo é constituída de duas retas paralelas e duas 
curvas de raios iguais, e seu comprimento deve ser de 400 metros medidos em 
sua borda interna. 
Embora haja pistas oficiais com seis raias, a maioria das pistas possui 
oito raias com 1,22 metros de largura. De acordo com as regras da 
Confederação Brasileira de Atletismo (2010), as competições internacionais 
devem acontecer em pistas com no mínimo de oito raias, as quais devem ser 
numeradas da esquerda para a direta. E a direção das corridas e marcha 
 20 
atlética será com o lado esquerdo do atleta voltado para a borda interna da 
pista. 
É importante ressaltar que nas diferentes provas de corrida e marcha 
atlética, a linha de chegada é sempre no mesmo lugar, assim, o que muda, são 
os locais de saída de cada uma das provas. 
A pista de atletismo também possui os setores específicos para cada 
uma das provas de campo, como podemos observar na figura abaixo. 
 
Figura 9: A pista oficial de atletismo 
Fonte: Litoralsports(2010) 
 
Agora que já conhecemos sobre a organização do atletismo e também a 
pista, local de realização de grande parte das provas do atletismo, iniciaremos 
o estudo sobre as técnicas básicas do movimento e as regras básicas de cada 
uma das provas. 
 
2.3 Marcha Atlética 
 
 A marcha atlética é uma progressão de passos executados de tal modo 
que o atleta mantenha um contato contínuo com o solo, não podendo ocorrer a 
olho nu, a perda do contato com o solo. A perna que avança deve estar 
totalmente estendida desde o primeiro contato com o solo pelo calcanhar, 
devendo permanecer estendida até a posição ereta vertical, como podemos 
verificar na figura 10, imagens “c” e “d” (Confederação Brasileira de Atletismo, 
2010). 
 21 
 Na marcha atlética os braços devem ser movimentados no sentido 
ântero-posterior (para frente e para trás) de acordo com o ritmo da passada e 
flexionados a 90 graus. O tronco deve estar ligeiramente inclinado para frente e 
acompanha de maneira contrária o movimento do quadril, ou seja, quando o 
tronco está para a direita o quadril está para esquerda. 
 Durante a marcha atlética observamos duas fases, são elas: 
 Fase de apoio simples: caracterizada pelo contato do calcanhar no 
solo, pela estabilização, momento de apoio da planta do pé no solo e a 
impulsão realizada pela ponta do pé, ocasionando um rolamento do pé 
sobre o solo. 
 Fase de duplo apoio: caracterizada pelo final da impulsão, momento 
que a ponta do pé posterior entra em contato com o solo e o pé dianteiro 
inicia o “ataque”, a partir do contado do calcanhar. 
 
 
 f e d c b a 
Figura 10: Marcha atlética 
Fonte: Austinwalkersclub (2010) 
 
 Embora na programação dos Jogos Olímpicos aconteçam apenas 
competições da marcha atlética na rua, as provas de pista também fazem parte 
das Provas Oficiais do Atletismo como podemos perceber no quadro 1. 
 
 
Regras Básicas da Marcha Atlética 
 
 Seguindo as regras da Confederação Brasileira de Atletismo (2010) 
apresentamos algumas regras básicas para as competições de marcha atlética. 
 A progressão de passos deve provocar um contato contínuo com o solo, 
ou seja, não deve haver a fase aérea – perda de contato com o solo. 
 22 
 A saída deve começar pelo disparo de uma arma e os comandos 
ocorrem nos moldes das provas de longa distância: “as suas marcas”, 
seguido do disparo. 
 Quando um atleta perde o contato com o solo ou flexiona o joelho 
durante qualquer parte da competição, ele receberá um cartão vermelho. 
 Um marchador não poderá receber uma segunda punição do mesmo 
árbitro. 
 Quando um competidor recebe três cartões vermelhos de três árbitros, 
ele é desqualificado. 
 
 
2.4 As Corridas 
 
 Durante o nosso processo do desenvolvimento motor, com a aquisição 
de equilíbrio e velocidade na realização dos movimentos, passamos do andar 
para o correr. No início, sem muita coordenação, a corrida se caracteriza como 
um andar rápido, mas, com o aprimoramento motor, aos poucos essa corrida 
passa a ser mais coordenada de modo que os movimentos dos braços e 
pernas passam a ser mais sincronizados, nos permitindo passadas mais longas 
e maior velocidade na corrida (MATTHIESEN 2007b). 
 Mesmo após o nosso processo de desenvolvimento motor, não 
adquirimos uma corrida perfeita, se observamos diferentes pessoas podemos 
perceber os diferentes padrões de corrida e o quanto cada um deles difere do 
movimento do correr dos grandes atletas profissionais. E o que difere esse 
movimento é a técnica da corrida aprimorada por meio dos treinamentos. 
 
Educativos de Corrida 
 
 Para melhor aprendizagem e aprimoramento da técnica das corridas e 
saltos, existem vários exercícios que contribuem para a melhora da 
coordenação dos movimentos do braço e perna durante a corrida, o aumento 
da frequência e amplitude da passada é maior. Realizados por corredores, 
saltadores, marchadores, lançadores e arremessadores, esses exercícios são 
chamados de Educativos de Corrida, e como afirma Matthiesen (2007b), 
 23 
podem ser executados em diferentes momentos de uma sessão de 
treinamento, como aquecimento ou como parte do treinamento técnico 
específico, por exemplo. 
 Em geral, a nomenclatura dos educativos de corrida é procedente da 
língua inglesa ou alemã, e, dentre eles, apresentamos: o Dribbling, Skipping, 
Anfersen, Hopserlauf e a Grande Roda, exercícios que estudaremos a seguir. 
 Dribbling: deslocamento curto realizado pela movimentação alternada 
da ponta e planta dos pés, com ligeira flexão do quadril priorizando a 
frequência do movimento, estando com os cotovelos flexionados a 90 graus, os 
braços movimentam-se no sentido ântero-posterior. 
 
Figura 11: Dribbling 
Fonte: FAGANELLO GEMENTE (2010) 
 
 
 Skipping: deslocamento proporcionado pela elevação alternada dos 
joelhos até a altura do quadril, mantendo o tronco ereto. Da mesma forma que 
o educativo anterior, é necessário priorizar a frequência do movimento, estando 
comos cotovelos flexionados a 90 graus, os braços movimentam-se no sentido 
ântero-posterior. 
 
Figura 12: Skipping 
Fonte: FAGANELLO GEMENTE (2010) 
 
 
 24 
 Anfersen: Deslocamento proporcionado pela flexão alternada dos 
joelhos, tocando os calcanhares nos glúteos, mantendo o tronco ligeiramente 
inclinado para frente. Durante a realização deve-se priorizar a frequência do 
movimento, mantendo os cotovelos flexionados a 90 graus e os braços 
movimentam-se no sentido ântero-posterior. 
 
 
Figura 13: Anfersen 
Fonte: FAGANELLO GEMENTE (2010) 
 
 
 Hopserlauf: Deslocamento proporcionado por saltos alternados com a 
elevação do joelho, movimentação alternada dos membros superiores e 
inferiores, mantendo o tronco ereto. O Hopserlaut pode ser realizado em 
progressão vertical, enfatizando a impulsão, ou em progressão horizontal para 
enfatizar a amplitude da passada. 
 
Figura 14: Hopserlauf 
FONTE: FAGANELLO GEMENTE (2010) 
 
 
 Grande Roda: Exercício realizado principalmente por barreirista 
consiste no deslocamento proporcionado pela combinação de três movimentos 
do Dribbing ou Skipping, com a elevação do joelho e extensão da perna para 
 25 
frente, realizando um movimento circular até retornar a posição inicial para dar 
continuidade ao exercício. 
 
Figura 15: Grande Roda 
Fonte: FAGANELLO GEMENTE (2010) 
 
 
Corridas - Especificidades 
 
 Das diferentes provas que compõe o atletismo, as corridas, certamente, 
são as mais conhecidas. Dentro do programa do atletismo elas aparecem de 
diferentes formas e ritmos, podendo ser classificadas de diferentes maneiras, 
como, por exemplo: 
 
Quanto ao tipo da prova 
 
 Corridas rasas de velocidade: quando não existe nenhum tipo de 
barreira ou obstáculo durante o percurso 
 Corridas com barreiras: quando existe a ultrapassagem de 10 
barreiras durante o percurso, colocadas em distâncias pré-
definidas. 
 Corridas com obstáculos (stteplechase): quando existe a 
ultrapassagem de obstáculos de madeira e de um fosso de água. 
 
Quanto ao tempo 
 
 Corridas de velocidade: com distância de até 400 metros 
 Corridas de meio-fundo: com distância entre 800 e 2000 metros 
 Corridas de fundo: distâncias acima de 3000 metros. 
 26 
 
Quanto à participação 
 
 Individual: quando o atleta inicia e termina a prova. 
 Em equipes: quando ocorre o revezamento do bastão, onde mais 
de um atleta realiza a mesma prova, mas participando em 
momentos diferentes. 
 
Dando continuidade ao nosso estudo, iniciaremos agora o estudo dos 
diferentes aspectos técnicos e regulamentares das diferentes provas de corrida 
que compõe o atletismo, seguindo a ordem: Corridas Rasas de Velocidade, 
Corridas de Meio Fundo e Fundo, Corridas de Revezamento, Corridas com 
Barreiras, Corridas com Obstáculos, Cross-country e Corridas em Montanha. 
 
2.4.1 Corridas Rasas de Velocidade 
 
 As corridas rasas de velocidades são as mais rápidas e de menor 
distância. Assim, podemos dizer que são corridas de alta intensidade e baixo 
volume. Quanto maior a velocidade da corrida será: 
 Maior a inclinação do tronco; 
 Maior ênfase na movimentação dos braços no sentido ântero-posterior; 
 Maior frequência e amplitude das passadas; 
 Menor contato com os pés no solo; 
 Maior visualização da fase aérea, perda de contado dos pés com o solo. 
 
São classificadas corridas rasas de velocidade as provas de 100, 200 e 
400 metros. Essas provas são realizadas em raia marcada. Assim, a invasão 
de raia atrapalhando o outro competidor implica na desqualificação do atleta. 
Nessas provas é obrigatório a saída na posição agachada e o uso do 
bloco de partida. Durante a preparação e largada dos atletas, os comandos 
dados pelo árbitro de partida serão: “as suas marcas”, “prontos”, e, quando os 
atletas estiverem “prontos”, é dado o tiro de largada. 
 27 
Ao comando “as suas marcas” cada atleta deverá se posicionar dentro 
de sua própria raia, com os pés em contato com o bloco de partida, com ambas 
as mãos no chão, bem próximas a linha de saída, apoiadas principalmente com 
os dedos polegar e indicador, e com um dos joelhos em contato com o solo, 
como podemos observar na figura abaixo: 
 
Figura 16: Saída Baixa: posicionamento em “as suas marcas” 
Fonte: Wikipédia (2010) 
 
No comando de “prontos” o atleta deverá elevar o quadril, 
desequilibrando o corpo à frente, mantendo o contato com as mãos no solo e 
os pés nos blocos, podendo a cabeça e o tronco ultrapassar a linha de saída. 
Como mostra a figura abaixo: 
 
Figura 17: Saída baixa: posicionamento em “prontos” 
Fonte: Veja (2010) 
 
 A partir dos 200 metros rasos a saída é escalonada, ou seja, como a 
pista de atletismo possui duas curvas, para que a diferença ocorrida por elas 
seja descontada a raia um fica um pouco atrás da raia dois, a raia dois um 
pouco atrás da raia três, e assim sucessivamente, como podemos observar na 
figura abaixo: 
. 
 28 
 
Figura 18: Saída escalonada 
Fonte: Portal-esportes 
 
Quanto menor a distância da corrida, maior será a importância de uma 
boa saída, ou seja, na corrida dos 100 metros rasos uma saída rápida é mais 
importante do que uma saída rápida na prova dos 200 ou 400 metros. 
De acordo com o biotipo e as acomodações de cada atleta a saída baixa 
pode ser feita de três formas: 
 Saída Curta: a distância entre a linha de largada e o corpo do corredor é 
bem pequena, ficando o atleta com o corpo encolhido quando assume a 
posição de saída. 
 Saída Média: a distância entre o pé da frente e a linha de largada é 
aproximadamente a distância de dois pés do atleta. O pé que fica 
apoiado na parte detrás do bloco fica distante cerca de um pé do 
anterior. 
 Saída Longa: a distância entre a linha de largada e o pé anterior do 
atleta é maior, assim o corredor mantém o corpo mais estendido. 
 
De acordo com as regras da Confederação Brasileira de Atletismo 
(CBAt, 2010), a partir do dia primeiro de janeiro de 2010, em todas as corridas 
de velocidade, exceto nas provas combinadas, que veremos mais adiante, 
qualquer atleta responsável por uma saída falsa será desqualificado 
Nas provas de corrida do atletismo é classificado como primeiro 
colocado o atleta cujo tronco cruzou em primeiro a linha de chegada, ficando 
assim excluídos braços, pernas, pés e cabeça. 
 29 
Embora as corridas de 100, 200 e 400 metros sejam classificadas como 
corridas de velocidade, correr cada uma delas é diferente, uma vez que cada 
uma exige aspectos táticos diferentes, ou seja, na corrida de 100 metros 
realizar uma boa saída é fundamental, em seguida o atleta tenta manter uma 
aceleração pelo maior tempo possível e no final da prova ocorre uma 
desaceleração. Desse modo, o atleta mantém um ritmo intenso do início ao fim 
da corrida. 
Na prova de 200 metros o trecho inicial é feito em curva, obrigando o 
atleta a inclinar o tronco para o interior da pista para contrapor à ação da força 
centrífuga. Assim é de grande importância que o atleta realize uma boa corrida 
em curva, e por ser um percurso maior, a desaceleração no final da prova é 
mais evidente do que nas corridas dos 100 metros rasos. 
Já nos 400 metros, por ser a prova de velocidade de percurso maior, ela 
não permite que o atleta desenvolva sua máxima velocidade, pois é pouco 
provável que ele consiga manter essa intensidade até o final da prova. Assim, 
podemos dizer que o atleta de 400 metros precisa saber dosar o ritmo da sua 
corrida. 
 
2.4.2 Corridas de Meio-Fundo e Fundo 
 
As corridas de meio fundo e fundo são provas de maiores distâncias, 
embora atualmente os atletas realizem essas provas em uma velocidade 
considerável, ou seja, cerca de 2 minutos e 30 segundos nos 1.000 metros 
rasos, e completam aproximadamente 1 km a cada 3 minutos na maratona. 
Essas corridas exigem do atleta, principalmente nas corridas de meio fundo, 
muita resistência de velocidade e nas corridas de fundo, muitaresistência 
aeróbia, ou seja, capacidade de realizar um esforço de média intensidade por 
um longo período de tempo. Assim podemos dizer que quanto maior a 
distância da corrida, maior será o seu volume e menor será a sua intensidade 
(velocidade). 
 
 As corridas rasas de meio fundo são as provas de: 
 800 metros 
 1.000 metros 
 30 
 1.500 metros 
 1 milha (1.605 metros) 
 2.000 metros 
 
As corridas de fundo são as provas de: 
 3.000 metros 
 5.000 metros 
 10.000 metros e 10 km 
 20.000 m e 20 km 
 25.000 m e 25 km 
 30.000 m e 30 km 
 1hora 
 Meia-maratona e maratona 
 100 km 
 
 Nas corridas de meio-fundo e fundo a saída é alta, ou seja, é feita em 
pé. Assim, o comando dado pelo árbitro é “as suas marcas” para que o atleta 
se posicione atrás da linha de partida, e, em seguida, é dado o tiro de partida 
para o início da corrida. 
 Com exceção da prova de 800 metros, onde a primeira curva é feita em 
raia marcada, sendo então necessário o escalonamento da saída, as demais 
provas de meio fundo e fundo (realizadas na pista), são feitas em raia livre. 
Assim os atletas buscam correr na raia de número um, para não correr uma 
distância maior que a necessária para completar o percurso. Como podemos 
observar na imagem abaixo. 
 
Figura 19: Corrida de fundo 
Fonte: All-Athetics (2010) 
 31 
 
 Algumas técnicas das corridas de meio-fundo e fundo se assemelham 
com as corridas de velocidade, ou seja, existe a fase aérea, os braços se 
movimentam no sentido ântero-posterior. Porém como a velocidade nessas 
corridas é menor que nas provas rasas de velocidade, o contato do pé com o 
solo é um pouco maior, havendo maior utilização da base plantar, como 
também menor inclinação do corpo e menor elevação dos joelhos que se 
projetam para frente. 
 
2.4.3 Corridas de Revezamento 
 
 As corridas de revezamento são as únicas provas disputadas em 
equipes no atletismo. Para efeito de recorde mundial, as provas oficiais de 
revezamento do atletismo são: 
 4 X 100 metros (masculino e feminino) 
 4 X 200 metros (masculino e feminino) 
 4 X 400 metros (masculino e feminino) 
 4 X 800 metros (masculino e feminino) 
 4 X 1.500 metros (masculino) 
 Revezamento em Rua (masculino e feminino) 
 
As mais disputadas, por fazerem parte do programa Olímpico, são os 
revezamentos 4X100 e 4X400 metros. Desse modo, apresentaremos agora 
algumas das especificidades dessas duas provas. 
 
Regras Básicas das Corridas de Revezamento 
 
De acordo com a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt 2010) as 
corridas de revezamento possuem algumas regras básicas no que diz respeito 
ao bastão e a sua passagem, são elas: 
 
 O bastão pode ser de madeira, metal ou outro material rígido em uma 
peça única. Deve ser um tubo liso, oco, circular, com comprimento entre 
 32 
28 a 30 centímetros, de 12 a 13 centímetros de circunferência e pesar, 
no máximo, 50 gramas. 
 A passagem do bastão deve acontecer dentro da zona de 20 metros, 
denominada zona de passagem, e com os atletas em movimento. 
 Se o atleta desejar, no revezamento 4 X 100m, ele poderá utilizar a zona 
de aceleração (handicap) de 10 metros. 
 Se o bastão cair durante a competição, e não atrapalhar os demais 
competidores, não ocorre a desclassificação da equipe e quem derrubar 
o bastão deverá pegar para dar continuidade a corrida. 
 Na prova de 4 X 100 metros, a corrida deverá ser toda realizada em raia 
marcada. 
 Na prova de 4 X 400 metros, o primeiro atleta corre em raia marcada, o 
segundo atleta recebe o bastão e corre até o final da primeira curva em 
raia marcada, onde se inicia a corrida em raia livre; o terceiro e quarto 
atleta correm em raia livre. 
 
Técnicas de passagem do bastão 
 
No revezamento 4 X 100 uma boa passagem do bastão é fundamental 
para o bom desempenho da equipe. Feita em grande velocidade, o atleta que 
recebe o bastão não olha para trás após ter iniciado sua corrida, assim 
dizemos que a passagem do bastão é não visual, podendo ser realizada de 
três formas: 
 Passagem Ascendente com troca de mão: Todos os atletas recebem 
o bastão com a mão esquerda, durante a corrida trocam o bastão para a 
mão direita para, então, realizar a passagem para o próximo corredor, 
colocando o bastão na mão do companheiro de baixo para cima. 
 
Figura 20: Passagem do bastão ascendente com troca de mão 
 33 
Fonte: MATTHIESEN (2007a, p.75) 
 
 Passagem Ascendente sem troca de mão: Nessa técnica, pouco 
utilizada devido aos riscos de queda do bastão, o primeiro atleta corre 
com o bastão na mão direita, passando-o de baixo para cima para a 
mão esquerda do segundo atleta. O segundo atleta passa o bastão para 
a mão direita do terceiro atleta, que passa para mão esquerda do quarto 
atleta que finaliza a corrida. 
 
Figura 21: Passagem do bastão ascendente sem troca de mão 
Fonte: MATTHIESEN (2007a, p.76) 
 
 Passagem Descendente sem troca de mão: Essa é a forma de 
passagem mais usada pelas grandes equipes. O primeiro atleta inicia a 
prova com o bastão na mão direita, procurando correr na parte interna 
da raia, passa de cima para baixo, para a mão esquerda do segundo 
atleta, posicionado na parte mais externa da raia, o qual passa o bastão 
para a mão direita do terceiro atleta, posicionado na parte interna da 
raia, que passa para a mão esquerda do quarto atleta posicionado na 
parte externa da raia que finaliza a corrida. 
 
Figura 22: Passagem do bastão descendente 
Fonte: MATTHIESEN (2007a, p.22) 
 
No revezamento 4 X 400 metros a passagem do bastão não é tão rápida 
quanto no 4 X 100 metros. A passagem é feita de forma que o atleta que 
recebe o bastão olha para o companheiro que o entrega, assim chamamos de 
passagem visual. 
 
 34 
 Passagem visual: Nessa passagem, feita de cima para baixo 
(descendente), todos os atletas recebem o bastão com a mão esquerda 
e o passam para o companheiro com a mão direita, ocorrendo assim a 
troca do bastão da mão esquerda para a direita durante a corrida. 
 
Figura 23: Passagem do bastão visual 
Fonte: MATTHIESEN (2007a, p.73) 
 
 Em uma competição do revezamento 4X400, o terceiro e quarto corredor 
não recebem o bastão em raia marcada. Desse modo, os atletas de cada 
equipe ficam organizados um ao lodo do outro, como mostra a figura abaixo: 
 
Figura 24: Passagem do bastão revezamento 4X400 metros 
Fonte: IAAF (2010) 
 
2.4.4 Corridas com Barreiras 
 
As corridas com barreiras são provas de velocidade, sendo assim 
obrigatória a saída baixa e a corrida em raia marcada. Existem três provas de 
corridas com barreira: 
 100 metros com barreiras (feminino) 
 110 metros com barreiras (masculino) 
 400 metros com barreiras (masculino e feminino) 
Nas três provas de corridas com barreiras, existem 10 barreiras que 
precisam ser transpostas, o que muda em cada uma delas são a altura das 
barreiras e a distância entre elas, como mostra o quadro abaixo: 
 
 35 
 
ALTURA DAS BARREIRAS 
 
100 metros 
 com barreiras 
110 metros 
com barreiras 
400 metros 
 com barreiras 
feminino 
400 metros 
 com barreiras 
masculino 
Mirim Menores Juvenil e 
Adulto 
Menores Juvenil 
e 
Adulto 
Menores, 
Juvenil e Adulto 
Menores Juvenil 
e 
 Adulto 
 
0,762 m 
 
 
0,762 m 
 
0,84 m 
 
0,914m 
 
1,067 
 
0,762 m 
 
0,84 m 
 
0,914 m 
 
 
DISTÂNCIA ENTRE AS BARREIRAS 
 
Distância da Prova Distância da linha de 
saída a primeira barreira 
Distância entre as 
barreiras 
Distância entre a última 
barreira e a linha de 
chegada 
100 m 13,00 m 8,50 m 10,50 m 
110 m 13,72m 9,14 m 14, 02 m 
400 metros Feminino 45, 00 m 35, 00 m 40, 00 m 
400 metros Masculino 45, 00 m 35, 00 m 40, 00 m 
 
Para a realização da transposição da barreira, dizemos que a primeira 
perna que ataca a barreira é a “perna de ataque”, a qual deve estar estendida. 
Já a outra perna, que passa com o joelho flexionado e em abdução2,formando 
um “L”, é chamada de “perna de rebote”, como podemos observar na figura 25. 
É importante frisar que o movimento de transposição da barreira deve 
acontecer com o joelho bem próximo a barreira, de modo que o barreirista não 
passe a uma altura muito maior que a altura da barreira, para não prejudicar 
seu equilíbrio, ritmo de corrida e resultado final da prova. 
No momento do ataque da barreira o tronco é inclinado para frente e o 
movimento dos braços pode ser realizado de duas formas distintas: lançando o 
braço contrário à perna de impulsão em direção ao pé de ataque ou lançando 
os dois braços à frente. 
Nas corridas de 100 e 110 metros com barreiras, os atletas de alto nível 
atacam a barreira sempre com a mesma perna, realizando três passadas entre 
as barreiras. Já da saída para a transposição da primeira barreira, como essa 
 
2 Movimento de abertura lateral do joelho, neste caso com o joelho flexionado. 
 36 
distância é maior, os atletas de alto nível costumam realizar de sete a oito 
passadas até a primeira barreira. 
 
Figura 25: Exemplo de transposição das barreiras nos 100 metros com barreiras 
Fonte: IAAF (2010) 
 
Caso o atleta tenha por opção técnica sete passadas, será necessário a 
inversão da perna de impulsão no bloco, para a realização da saída baixa, ou 
seja, comumente a perna de impulsão é colocada à frente do bloco, mas para 
que a “perna de ataque” chegue primeiro na barreira a perna de impulsão 
deverá ser colocada no bloco de trás. 
Após a passagem da última barreira, o trecho restante (14,02m na prova 
masculina e 10,50m na prova feminina) deve ser realizado como no final de 
uma corrida de velocidade, projetando seu corpo para frente. 
Nas corridas de 400 metros com barreiras, devido à distância entre as 
barreiras, os atletas realizam um maior número de passadas, entre 13 a 17 nas 
provas masculinas e entre 14 a 19 nas provas femininas, dependendo do 
potencial de cada atleta. 
A técnica da passagem das barreiras na prova dos 400 metros não 
difere das provas de 100 e 110 metros, mas nos 400 metros é necessário que 
o barreirista consiga realizar o ataque com ambas as pernas, pois além de 
possíveis erros na distribuição das passadas pode ocorrer alteração de ritmo 
da corrida nas últimas barreiras. Assim o atleta capaz de realizar o ataque com 
as duas pernas terá prejuízos técnicos menores. 
Caso ocorra a queda da barreira durante a transposição, o atleta não 
será punido se não for propositalmente ou não tenha atrapalhado outro atleta. 
 37 
 
2.4.5 Corridas com Obstáculos 
 
 A corrida de 3.000 metros com obstáculos se assemelha com as 
corridas de longa distância. Em cada volta, o atleta deverá passar por quatro 
obstáculos seco e um molhado, o fosso. Assim durante todo o percurso de sete 
voltas e meia o corredor realizará 28 passagens pelos obstáculos seco e sete 
vezes pelo fosso. 
 Os obstáculos são distribuídos pela pista como mostra a figura abaixo: 
 
 
Figura 26: Distribuição dos obstáculos na pista 
Fonte: MATTHIESEN (2007a, p.103) 
 
Nessa prova, da saída até a linha de chegada, durante a primeira volta não 
deve haver nenhuma transposição, assim o obstáculo correspondente a esse 
trecho deve ser colocado logo após a passagem dos atletas. 
 A altura dos obstáculos é de 0,914 metros nas provas masculinas de 
3.000 metros e de 0,762 metros nas provas femininas, posicionados de forma 
regular na pista. 
 
Figura 27: Exemplo de obstáculo 
Fonte: CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO (2010) 
 
 38 
 
Figura 28: Exemplo Fosso D’agua. 
Fonte: CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO (2010) 
 
 Diferente das barreiras, os obstáculos são fixos, e, para maior segurança 
dos atletas, a transposição deve ser realizada com mais certeza de não bater 
nos obstáculos. Assim, o ideal é que o atleta saiba atacar o obstáculo com a 
perna direita e esquerda, e que a passagem seja feita como nas corridas de 
400 metros com barreiras com um pouco mais de altura. 
 
 Figura 29: Exemplo de transposição do obstáculo 
Fonte: WIKILINGUE (2010) 
 
 Realizada por atletas mais iniciantes, a transposição do obstáculo 
também pode ser feita com o apoio dos pés sobre o obstáculo. 
 A passagem pelo fosso com água é feita com o apoio dos pés, pois 
como o fundo do fosso é um plano inclinado e a parte mais funda fica próxima 
ao obstáculo, como podemos observar na figura 28, é recomendado que o 
atleta busque saltar mais a frente para evitar a parte do fosso mais funda e 
maior volume de água, dificultando a corrida. 
 39 
 
Figura 30: Exemplo de Transposição do fosso d’agua 
Fonte: IAAF (2010) 
 
2.4.6 Cross-Country e Corridas em Montanha 
 
 Ainda que pouco conhecidas aqui no Brasil, as provas de Cross-Country, 
corridas através do campo, também fazem parte do programa oficial do 
Atletismo. 
 O percurso é caracterizado por curvas planas, retas curtas em terreno 
ondulado, sendo realizado nas seguintes distâncias e categorias: 
PROVA CATEGORIA GÊNERO 
8 km Juvenil Masculino 
6 km Juvenil Feminino 
4 km (prova curta) Adulto Feminino e Masculino 
12 km (prova longa) Adulto Masculino 
8 km (prova longa) Adulto Feminino 
 
 As corridas em montanhas são realizadas em campos, envolvendo 
subidas e/ou descidas e são classificadas em: Corridas em subida de 
montanha e Corridas com largada e chegada no mesmo nível, conforme o tipo 
de percurso: 
CORRIDA EM SUBIDA DE MONTANHA 
Categoria Distância Subida 
Masculino Adulto 12 km 1.200 m 
Feminino Adulto 8 km 800 m 
Juvenil Masculino 8 km 800 m 
Juvenil Feminino 4 km 400 m 
 
 40 
 
LARGADA E CHEGADA NO MESMO NÍVEL 
Categoria Distância Subida 
Masculino Adulto 12 km 750 m 
Feminino Adulto 8 km 500 m 
Juvenil Masculino 8 km 500m 
Juvenil Feminino 4 km 250 m 
 
 
 
Figura 31: Cross-country 
Fonte: IAAF (2010) 
 
2.5 Provas de Campo 
 
 Como vimos anteriormente, as provas de campo são aquelas que 
acontecem em setores específicos, são elas: os saltos, os lançamentos e o 
arremesso, que estudaremos separadamente. 
 
2.5.1 Os Saltos 
 
 As provas de salto do atletismo são quatro, duas enfatizam a projeção 
horizontal: o Salto em distância e o Salto triplo e, duas que enfatizam a 
projeção vertical: o Salto em altura e o Salto com vara. 
 Iniciaremos o nosso estudo pelos saltos de projeção horizontal e, em 
seguida, estudaremos os saltos de projeção vertical. 
 
 41 
2.5.1.1 Salto em Distância 
 
 O salto em distância define quem salta mais longe e, para a sua 
realização, os atletas disputam a corrida em um corredor de, no mínimo, 40 
metros de comprimento e 1,22 metros de largura, tendo sua queda na caixa de 
areia. 
 Existem três diferentes estilos para a realização do salto em distância: o 
grupado, o estilo mais simples; o arco e, também, a passada no ar ou hitch 
kick, os estilos mais elaborados. Esses três estilos possuem os mesmos 
princípios básicos, o que muda em cada um deles é a técnica empregada 
durante a fase de flutuação. Independente do estilo técnico que será realizado, 
o salto em distância pode ser dividido nas seguintes fases: 
 
 A preparação 
Corresponde à concentração inicial do atleta que está posicionado no 
corredor de salto, a uma distância da tábua, definida durante os treinamentos. 
 
 Corrida de aproximação 
 A corrida de aproximação é a corrida até a tábua de impulsão. Ela pode ser 
progressiva até o momento da impulsão em alta velocidade, ou ritmada e 
progressiva, quando o atleta, até chegar à tábua, altera a amplitude e a 
frequência das passadas. O importante é chegar à tábua em alta velocidade e 
com a perna de impulsão. 
 Para maior segurança, muitos atletas adotam a “marca intermediária”, 
utilizada como referência para verificar se estão se aproximando da tábua de 
impulsão corretamente, ao passar por ela com a perna de impulsão. 
 
 Impulsão 
Para maior aproveitamento do salto,deve ser realizada exatamente sobre a 
tábua com a planta do pé mais forte (de impulsão) do atleta. 
Nesse momento, o atleta deve buscar força vertical, elevação. A perna 
contrária a de impulso (perna de chute) é elevada para frente e para cima, com 
flexão do joelho e auxílio dos braços. 
 
 42 
 Flutuação 
Momento que aparece a diferença da técnica de acordo com o estilo 
desenvolvido. Vejamos cada um em separado: 
 
 
 
Estilo Grupado 
 
 A partir da extensão dos membros superiores e inferiores, o atleta busca 
levar as mãos até os pés, inclinando o tronco à frente, para atingir maior 
distância. 
 
 Figura 32: Salto em distância estilo grupado 
 Fonte: MATTHIESEN (2007a, p.112) 
 
Estilo Arco 
 
 
 Após a elevação, o atleta provoca um atraso na perna de chute (perna 
contrária à perna de impulsão) e também nos braços, adiantando seu quadril 
provocando um movimento de arco com o corpo. 
 
Figura 33: Salto em distância estilo arco 
Fonte: MATTHIESEN (2007a, p.112) 
 
 
 
 43 
Estilo Hitch kich ou Passada no Ar 
 
 Após a elevação, com a perna de chute adiantada e joelho alto, o atleta 
realiza um movimento de alternância entre pernas e braços, realizando uma 
passada e meia no ar. 
 
Figura 34: Salto em distância estilo Hitch Kich 
Fonte: MATTHIESEN (2007a, p.112) 
 
 
 Queda 
Independente do estilo técnico utilizado, o momento de queda é comum 
para todos. Nesse momento, baseando-se na regra de medição, a partir da 
marca mais próxima à linha de medição, o atleta busca manter as pernas 
estendidas e elevadas ao máximo, para projetar seu corpo o mais a frente 
possível, seguidos do tronco e quadril até o contato dos calcanhares com o 
solo. 
 
 
Regras Básicas do Salto em Distância 
 
 Seguindo as regras da Confederação Brasileira de Atletismo (2010) 
apresentamos algumas regras básicas para as competições do salto em 
distância: 
 A ordem de realização dos saltos nas competições será sorteada 
 Em competições oficiais, com mais de oito atletas, cada atleta terá 
direito a três saltos, classificando os oito melhores para mais três 
tentativas. 
 Em competições com até oito competidores, cada saltador terá direito a 
seis tentativas, valendo para classificação o melhor salto. 
 44 
 A impulsão deve acontecer sobre a tábua de impulsão. Caso aconteça 
antes o atleta não será punido, mas perderá alguns centímetros do salto. 
Mas caso o salto aconteça após a tábua de impulsão, ou ao lado da 
tábua, o salto será invalidado. 
 O salto deverá ser realizado com apenas um dos pés e para melhor 
aproveitamento com o de impulsão. O salto será invalidado se o atleta 
realizar qualquer tipo de salto mortal. 
 A linha de medição da tábua de impulsão corresponde à borda da tábua 
mais próxima da caixa de areia. Dessa forma, a medição do salto 
corresponde ao espaço compreendido entre essa linha e a marca da 
areia mais próxima a ela. 
 
2.5.1.2 Salto triplo 
 
 O salto triplo define quem salta mais longe após a realização dos três 
saltos e, como no salto em distância, para a sua realização os atletas fazem 
sua corrida em um corredor de no mínimo 40 metros de comprimento e 1,22 
metros de largura, tendo sua queda na caixa de areia. Com a diferença da 
tábua de impulsão, que fica a 13 metros da caixa de areia para as competições 
internacionais masculinas e 11 metros para as competições femininas. 
 Os princípios básicos do salto triplo são semelhantes ao salto em 
distância. Em função dos três saltos consecutivos a velocidade é um fator 
muito importante, uma vez que ela vai diminuindo em cada um dos saltos. 
 De acordo com o regulamento do atletismo, o salto triplo deve ser 
realizado com os dois primeiros impulsos executados com a mesma perna e no 
terceiro e último deve haver a troca de perna. Ou seja, se o saltador realizou o 
primeiro impulso com a perna direita, o segundo também deve ser feito com a 
perna direita e, então, no terceiro ocorre à inversão, sendo realizado com a 
perna esquerda, ficando da seguinte forma: direita – direita – esquerda, ou 
esquerda – esquerda – direita. 
 No salto triplo podem ser observadas três fases, sendo elas: 
 
 Fase de preparação para o salto 
 45 
O atleta estará no corredor de saltos a uma distância da tábua de impulsão, 
definida em treino, a qual propiciará chegar à tábua em alta velocidade. Como 
no salto em distância, há saltadores que realizam a corrida progressiva até o 
momento da impulsão, outros que realizam uma corrida ritmada e progressiva, 
alterando o tamanho das últimas passadas e, também, os que utilizam a marca 
intermediária. 
 
 Os três impulsos e o salto em si 
Após a corrida de velocidade, o primeiro impulso deve ser realizado na 
tábua de impulsão com a planta do pé. Com pequena flexão, a perna que 
realizou o impulso, se estende impulsionando o quadril para cima e a perna 
contrária é lançada para frente. Nesse momento, o braço correspondente a 
perna que realizou a impulsão vai para frente e o outro para trás, por meio da 
movimentação dos cotovelos. 
Durante a fase aérea do primeiro impulso, a perna que foi lançada a frente é 
abaixada, ficando para trás, proporcionando a queda com a mesma perna que 
realizou o primeiro e que realizará o segundo impulso, por meio de uma 
pequena flexão seguida da extensão em direção ao terceiro impulso. Os braços 
continuam se movimentando de forma alternada. 
A perna que esteve livre nos dois primeiros impulsos será a perna de 
impulsão no terceiro, ocorrendo assim a queda do segundo impulso sobre ela, 
que realizará a impulsão igual ao salto em distância. 
 
 A queda 
Nesse momento, baseando-se na regra de medição a partir da marca mais 
próxima à linha de medição, o atleta busca manter as pernas estendidas e 
elevadas ao máximo, para projetar seu corpo o mais a frente possível, 
seguidos do tronco e quadril até o contato dos calcanhares com o solo. Devido 
à menor velocidade do último salto, normalmente os saltadores finalizam o 
salto no estilo grupado ou arco, utilizados no salto em distância. 
 
 46 
 
Figura 35: Salto Triplo 
Fonte: FIELD EVENT TECHNIQUES (2010) 
 
Regras Básicas do Salto Triplo 
 Seguindo as regras da Confederação Brasileira de Atletismo (2010) 
apresentamos algumas regras básicas para as competições do Salto Triplo: 
 A ordem de realização dos saltos nas competições será sorteada 
 Em competições oficiais com mais de oito atletas, cada atleta terá direito 
a três saltos, classificando os oito melhores para mais três tentativas. 
 Em competições com até oito competidores, cada saltador terá direito a 
seis tentativas, valendo para classificação o melhor salto. 
 A impulsão deve acontecer sobre a tábua de impulsão situada a uma 
distância de, no mínimo, 13 metros, nas provas oficiais masculinas, e 11 
metros, nas femininas. 
 Se a impulsão for realizada antes da tábua, o atleta não será punido, 
embora perca alguns centímetros na medição da distância, além de 
correr o risco de não atingir a caixa de areia na queda. 
 O atleta será punido, com a invalidação do salto, se tocar o solo além da 
linha de medição, que passe correndo sem saltar, ou, no momento do 
salto, realizar o impulso ao lado da tábua de impulsão, seja à frente ou 
atrás do prolongamento da linha de medição. 
 A linha de medição da tábua de impulsão corresponde à borda mais 
próxima da caixa de areia. Dessa forma, a medição do salto triplo 
corresponde ao espaço compreendido entre essa linha e a marca da 
areia mais próxima a ela. 
 
2.5.1.3 Salto Em Altura 
 
 O salto em altura define quem salta mais alto, assim os atletas devem 
ultrapassar uma barra de fibra de vidro (o sarrafo), com 4 metros de 
 47 
comprimento, apoiada em dois postes. Para área de queda há um colchão de 
espuma. 
 Para a realização do salto em altura existem três diferentes estilos 
técnicos, sendo eles: Tesoura, Rolo Ventral e Fosbury Flop.Iniciaremos agora o estudo de cada um dos estilos separadamente. 
 
Estilo Tesoura 
 
 Esse estilo é o mais simples de realizar o salto em altura e recebe esse 
nome em função dos movimentos das pernas para ultrapassar o sarrafo. 
Embora a utilização desse estilo não proporcione bons resultados, ele é um 
bom educativo para o ensino do Fosbury Flop. 
 Nesse estilo podemos observar as seguintes fases: Corrida de 
Aproximação; Impulsão, Elevação e Transposição; e a Queda. Estudaremos 
agora cada uma delas separadamente. 
 
 Corrida de Aproximação 
Embora não se atinja a velocidade máxima, o ritmo da corrida é crescente 
e com aumento progressivo na amplitude das passadas e do contato com o pé 
no solo, para a realização do impulso a partir do calcanhar. 
A corrida é realizada em um ângulo de aproximadamente 45 graus e o 
saltador deve chegar ao sarrafo com a perna de impulsão estando do lado de 
fora em relação do sarrafo e a perna de chute, que será lançada para cima, 
estará mais próxima ao sarrafo, realizando o movimento de tesoura. Assim, se 
a perna de impulsão for a direita, a corrida deve ser realizada do lado 
esquerdo, e se a perna de impulsão for a esquerda, a corrida deve ser 
realizada do lado direito. 
 
 Impulsão, elevação e transposição 
No momento da impulsão ocorre um abaixamento do centro de gravidade, 
devido à flexão da perna de impulsão, que logo em seguida será estendida, 
projetando o corpo para cima juntamente com a transposição do sarrafo pela 
perna de chute. Durante a transposição, ocorre o movimento de alternância das 
 48 
pernas, ou seja, a perna de chute, que está acima do sarrafo, é abaixada em 
direção ao colchão, e a perna de impulso é elevada. 
 
 Queda 
Normalmente o saltador realiza a queda em pé, possibilitando que esse 
estilo seja realizado em locais que não possuem o colchão. Caso haja o 
colchão, o saltador poderá realizar a queda sentado. 
 
 
Figura 36: Salto em Altura Estilo Tesoura 
Fonte: WIKIMEDIA (2010) 
 
 
 
Estilo Rolo Ventral 
 
 O estilo rolo ventral é caracterizado pela ultrapassagem do sarrafo na 
posição de decúbito ventral. 
 Nesse estilo podemos observar as seguintes fases: Corrida de 
Aproximação; Impulsão, Elevação e Transposição; e a Queda. Agora, 
estudaremos cada uma delas separadamente. 
 
 Corrida de Aproximação 
Ao contrário do estilo tesoura, o saltador que optar em realizar o rolo 
ventral deverá realizar a corrida do lado que lhe permita chegar ao sarrafo com 
a perna de impulsão mais próxima dele, assim a perna de chute deverá estar 
mais longe, do lado de fora do sarrafo. Assim, se a perna de impulsão for a 
direita, a corrida deve ser realizada do lado direito, e se a perna de impulsão for 
a esquerda, a corrida deve ser realizada do lado esquerdo, mantendo, em 
ambos os casos, um ângulo de 45 graus em relação ao sarrafo. 
 
 Impulsão, elevação e transposição 
 49 
A impulsão é realizada pela rápida flexão e extensão da perna de impulso 
que está próxima ao sarrafo e, ao mesmo tempo, a perna de chute é lançada 
para cima, juntamente com os braços contornando o sarrafo. Em seguida, a 
perna de impulsão também deverá contornar o sarrafo, estando o joelho 
flexionado e em abdução. 
 
 Queda 
A queda depende do tipo de rolamento que foi realizada a transposição do 
sarrafo, podendo ocorrer de frente ou de costas. 
 
 
 
Figura 37: Salto em altura estilo Rolo Ventral 
Fonte: MATTHIESEN (2007a, p.134) 
 
 
 
Estilo Fosbury Flop 
 
 No estilo Fosbury a ultrapassagem do sarrafo é feita de costas. Alguns 
estudos biomecânicos apontam a maior eficiência desse estilo, devido ao maior 
aproveitamento da elevação do centro de gravidade. 
 Como nos estilos estudados anteriormente, podemos observar as 
seguintes fases: Corrida de Aproximação; Impulsão, Elevação e Transposição; 
e a Queda. Estudaremos agora cada uma delas separadamente. 
 
 Corrida de Aproximação 
Para a realização do Fosbury Flop a corrida é mais veloz e deve ser 
realizada em curva na fase final da aproximação do sarrafo, provocando na 
fase final do percurso a inclinação do tronco para dentro. 
 50 
 
 Impulsão, elevação e transposição 
Com a corrida finalizada em curva, o saltador entra paralelamente ao 
sarrafo, realizando o impulso com a perna de impulsão, que deve estar do lado 
de fora do sarrafo e, no momento da elevação, realiza um giro, fazendo com 
que a transposição do sarrafo seja feita de costas para ele. 
No momento da transposição do sarrafo, aparece o arco formado pela 
elevação do quadril, favorecendo o chute das pernas para cima e a cabeça e 
os braços estando para trás. O arco deve se mantido até o momento que se 
inicia a queda, quando o tronco do atleta começa abaixar. 
 
 Queda 
Ao iniciar a queda é importante que o arco seja desfeito para que o sarrafo 
não seja tocado pelas pernas, as quais devem ser elevadas para trás e para 
cima. A queda se faz com as costas no colchão, assim sendo, é indispensável 
a utilização do colchão para a queda. 
 
 
Figura 38: Salto em altura estilo Fosbury Flop 
Fonte: FIELD EVENT TECHNIQUES 
 
 
 
 
 
 
Regras Básicas do Salto em Altura 
 
 Seguindo as regras da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt 
2010), apresentamos algumas regras básicas para a realização das 
competições do salto em altura: 
 51 
 O saltador deve realizar a impulsão com apenas um dos pés. 
 Cada atleta terá três tentativas para conseguir ultrapassar a altura, caso 
não consiga será desclassificado da competição. 
 A tentativa será considerada falha se, após o salto, o sarrafo não 
permanecer nos suportes, ou se o saltador tocar o solo ou a área de 
queda sem ter ultrapassado o sarrafo, obtendo alguma vantagem. 
 Um atleta pode começar a saltar em qualquer altura anunciada pelo 
árbitro. Caso falhe na primeira tentativa, o atleta poderá rejeitar as 
próximas tentativas naquela altura e ainda saltar uma altura 
subsequente. 
 O sarrafo nunca será elevado a menos de 2 cm. 
 Mesmo após todos os outros atletas serem eliminados um atleta tem o 
direito de continuar saltando até a altura que conseguir. 
 A ordem dos saltadores em uma competição será sorteada. 
 
 
2.5.1.4 Salto Com Vara 
 
O salto com vara pode ser considerado como uma das provas mais 
difíceis do atletismo, devido à complexidade técnica, como também pela 
necessidade de aprendizagem da utilização da vara. 
 Atualmente os saltadores de alto nível utilizam a vara flexível, feita de 
fibra de vidro, mas, devido ao grande custo do material, as varas rígidas feitas 
de bambu são muito utilizadas na iniciação. 
 Independente do tipo de material da vara, observamos as seguintes 
fases no salto com vara: 
 
 Empunhadura 
A empunhadura deve ser feita mantendo a vara na posição horizontal, com 
a ponta ligeiramente elevada. A palma da mão, neste caso a direita, estará na 
parte superior da vara, com a palma da mão voltada para cima, a partir da 
flexão de aproximadamente 90 graus, do braço direito. A mão esquerda estará 
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com a palma da mão voltada para dentro e um pouco a frente da mão direita, 
também a partir da flexão de 90 graus do braço. 
 
 Corrida 
A corrida de velocidade progressiva tem início com a vara posicionada do 
lado contrário a perna de impulsão, neste exemplo a perna de impulsão é a 
esquerda, com a ponta ligeiramente elevada, que deve ser abaixada de forma 
gradativa para a preparação do encaixe da vara. 
 
 Impulsão e Elevação 
A impulsão acontece no momento do encaixe com a perna de impulsão, 
correspondente a mão que está na frente da vara, neste exemplo a mão 
esquerda. A perna contrária, neste caso a direita, projeta o joelho para cima 
realizando a elevação do quadril. Com o auxílio dos braços, o saltador procura 
se elevar para a posição vertical (pernas para cima e cabeça para baixo), 
quando dará início ao giro. 
 
 Giro e Transposição 
No momento

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