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RESUMO-PSICOLOGIA E SERVIÇO SOCIAL I

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PSICOLOGIA E SERVIÇO SOCIAL I 
TEMA 01 História, Epistemologia e Ética 
Você sabia que a psicologia é uma ciência bastante jovem? Pois é, essa é uma área de conhecimento que ainda está se constituindo e por esse motivo, muitas vezes você verá uma série de conflitos teóricos e filosóficos na sua história. Você percebeu que inicialmente sua pretensão era de se igualar às ciências da natureza? O positivismo foi o ponto de partida para os primeiros estudiosos da Psicologia, inclusive da Psicologia Social. 
Wundt foi o primeiro cientista a buscar igualar a psicologia às ciências positivas com pretensões experimentais, no entanto, ele mesmo no desenrolar da sua história percebeu que isso não seria possível, pois, a psicologia tem um viés nas ciências humanas e a metodologia experimental não era suficiente para abarcar seu objeto de estudo. Sendo assim, essa forma de pensar o homem e suas relações foi questionada e você poderá entender como o sujeito social é pensado nas suas relações e na construção da subjetividade na atualidade. A postura da psicologia Social mudou de uma base positivista com inspiração do pragmatismo americano para um olhar sócio-histórico sobre a construção da realidade humana, esse é o grande diferencial que temos hoje. 
De acordo com Lane (1981), toda a Psicologia é Social, pois é impossível considerar o indivíduo isolado, mesmo em situações simples o individuo influencia e é influenciado pelo outro, sendo assim, é a mesma autora que afirma: os comportamentos não existem em si e por si. Todo comportamento humano se desenvolve na relação com o outro social em uma teia de relações que constitui na trama dos acontecimentos históricos, não existe um psiquismo abstrato que se constitui isoladamente. 
O inicio da Psicologia Social aconteceu na Europa, no entanto, foi nos Estados Unidos que realmente se desenvolveu de forma plena, o principal motivo para isso foi a migração de muitos cientistas europeus para a América do norte em função das duas grandes guerras mundiais. Por esse motivo, podemos afirmar que apesar das raízes da psicologia serem européias foi nos estado Unidos que ela de fato teve um desenvolvimento sólido, e por isso manteve fortes características dessa cultura que na época estava em plena expansão. 
Nesse período existiam duas tendências predominantes em psicologia social: uma pragmática (Estados Unidos) e uma filosófica (Europa), a primeira visava minimizar os conflitos, tornando os homens felizes, reconstrutores da humanidade que acabava de sair da destruição de uma II Guerra Mundial e a segunda, que buscava conhecimentos que evitassem novas catástrofes mundiais. Ambas tratavam de realidades acríticas e com um otimismo excessivo em relação ao caminho traçado pela humanidade até aquele momento histórico. 
A Psicologia nesse período estava completamente imersa no ideal de uma ciência positivista, visando à busca da verdade experimental, à observação e a equiparação às ciências da natureza, com isso os conflitos de poder construídos entre dominantes e dominados não eram analisados por uma perspectiva mais realista da sociedade. 
Na década de 1960 essas tendências começaram a ser questionadas pelos estudiosos na America Latina e no Brasil, desencadeando aquilo que veio a se chamada crise da Psicologia Social, que a partir de novos referenciais questionou os parâmetros de estudo da realidade social baseados na metodologia importada dos Estados Unidos. Para esses estudiosos a realidade americana não era parâmetro para o estudo das peculiaridades da realidade política e social da America Latina e a ciência positiva não dava todas as condições necessárias para a análise profunda do fato social. 
Segundo essa nova visão, a especificidade da nossa história não poderia ser pensada com referencial americano repleto de ideologias e com o objetivo de manter as relações de dominação até então existentes. 
De acordo com Bomfim (1994) foi nos anos oitenta que surgiram os primeiros cursos de pós-graduação na área da Psicologia Social e foi criada a Abrapso-Associação Brasileira de Psicologia Social. Nesse cenário novas práticas emergiram em Psicologia Social que visavam atender às demandas de uma população cada vez mais pobre. 
De acordo com Bock (2004, p. 142), a nova Psicologia Social pretende ir além do que é observável, ou seja, além do comportamento, buscando compreender o mundo invisível do homem. O mundo invisível presente nas relações que estabelecem no curso da história, sendo que agora o homem é visto como alguém em constante transformação e fruto das condições materiais da vida e da cultura. Principalmente a partir das novas revoluções tecnológicas e econômicas um novo recorte de estudo sobre a constituição do sujeito e sua interação nos grupos precisou ser proposta, a dinâmica da vida e a liquidez das relações é uma temática que a ciência positivista não tem como responder. Foi instalada nesse momento a crise epistemológica da psicologia Social. 
Com essa nova perspectiva de estudo surgem novas teorias para dar sustentação ao novo modelo da Psicologia Social, uma das mais importantes é a teoria das Representações Sociais formulada por Moscovici e que propõe um novo modelo para compreender o homem nas suas relações sociais, indo buscar no cotidiano e no senso comum as construções simbólicas elaboradas pelos grupos humanos para dar conta das realidades que se apresentavam e que não podiam ser compreendidas. 
Paralelo a todas essas mudanças caminha a discussão sobre a questão ética da Psicologia Social na produção do seu conhecimento e na atuação nas comunidades, trazendo uma forma de pensar o conhecimento científico e as questões éticas de uma forma completamente diversa dos paradigmas estabelecidos até aquele momento, a ética passa a ser algo a ser construído e um fazer constante na realidade tendo como ponto de partida e de chegada a relação com o outro, ou seja, o principio da alteridade. Para essa nova visão não existe ciência neutra de conteúdos ideológicos, sendo assim, a dimensão ética é um pilar central na nova Psicologia Social. 
Esse tema é retomado e no novo cenário a ética passa a ser pensada como: instância crítica e propositiva sobre o dever ser das relações humanas em vista de nossa plena realização como seres humanos. (DOS ANJOS, 1996, p.12). 
 TEMA 02 Indivíduo, cultura e sociedade e pesquisa 
Na maioria das vezes em que se fala em Psicologia Social se reporta à ideia da junção entre a Psicologia e a Sociologia, mas, na realidade, não é somente isso, pois a Psicologia Social é uma disciplina autônoma. Tanto a Sociologia como a Psicologia partem de perspectivas teóricas distintas, ou seja, existem diferenças quanto à problemática teórica dos problemas de investigação e dos paradigmas, construindo, assim, distintos objetos científicos. 
A psicologia evidencia a interação entre determinantes biológicos e culturais das condutas e elucida as funções psicológicas do homem enquanto ser que se adapta ao meio. Por outro lado, a sociologia procura realçar as regularidades que existem na sociedade, ou seja, os padrões decorrentes da vida social que determinam a ação e que são observáveis pela recorrência do relacionamento entre as pessoas. 
Assim temos a Psicologia Social como sendo a junção dessas duas ciências, incorporando em seu arcabouço teórico tanto os conceitos da Psicologia como os da Sociologia.
A Psicologia Social avança no sentido de romper com a oposição existente até então entre o indivíduo e a sociedade, enquanto objeto que seria excludente, procura analisar as relações entre indivíduos, categorias, grupos e representações sociais. 
Dessa forma, o objeto de estudo da Psicologia Social são os indivíduos no contexto social, observando a cultura a que pertencem, pois é através dela que aprendemos e transmitimosa informação e o conhecimento da sociedade. 
Segundo Lane (1988), se a Psicologia apenas descrever o que é observado ou enfocar o indivíduo como causa e efeito de sua individualidade, ela terá uma ação conservadora, estatizante e ideológica. Se o homem não for visto como produto e produtor, não só de sua história pessoal, mas da história de sua sociedade, a Psicologia estará apenas reproduzindo as condições necessárias para impedir a emergência das contradições e a transformação social. 
A Psicologia Social, porém, tem como objetivo conhecer o indivíduo dentro do conjunto de suas relações sociais. 
Ao longo da vida, conforme se vive em sociedade, se adquire papéis sociais, ou seja, comportamentos de acordo com a necessidade social. Por exemplo, quando criança, o indivíduo tem os seguintes papéis: filho, irmão, neto, sobrinho; depois vai para a escola e adquire outros papéis como: aluno, colega, amigo. Quanto mais o tempo passa e vivemos em sociedade, vamos adquirindo muitos outros papéis. 
Os papéis sociais são formas de funcionamento do indivíduo em relação ao meio. No meio estão incluídos os objetos, a natureza, os animais, a tecnologia, as outras pessoas e o mundo interno de cada um. O indivíduo se relaciona então com o seu ambiente e vai aprendendo os seus papéis dentro da dinâmica social como por exemplo, o papel de filho, o papel de pai, o papel de chefe, o papel de aluno, etc. 
Dessa maneira, o vínculo do indivíduo com os objetos surge do desempenho de determinados papéis. O grupo social ensina o indivíduo através da interação social quais as normas, regras, direitos e deveres que ele tem e como ele deve desempenhar o seu papel na sociedade. 
As posições que os indivíduos ocupam na sociedade possuem uma delimitação bem definida porque existem diferenças de direitos e deveres entre elas que são aceitas por toda a sociedade. Essas diferenças fazem parte da cultura específica de cada grupo social e não necessariamente estão explicitadas em documentos oficiais. O conjunto de direitos e deveres que caracteriza uma posição modifica de uma cultura para outra e de situação para situação. 
Conhecendo a cultura e todos os seus aspectos, faz com que se perceba e se aprenda comportamentos e hábitos previamente existentes em nossa cultura e que passam a ser impostos a nós. 
As organizações e os grupos sociais podem ser investigados por meio dos papéis que contêm e são desempenhados por sujeitos que podem ser trocados. 
De outro modo, pode-se dizer que os papéis existem independente dos sujeitos. É óbvio que as diferenças individuais de personalidade imprimem diferenças no desempenho dos papéis, mas a estrutura geral do papel é a mesma. 
O desempenho de papéis se relaciona às características de personalidade de, pelo menos, duas maneiras distintas. Levando em conta que personalidade é o conjunto de características do indivíduo que, integradas, estabelecem a forma pela qual ele reage costumeiramente ao meio, pode-se entender que essas características, além de fazer com que a pessoa desempenhe seu papel de forma própria e única, também irão influenciar na escolha do papel a ser desempenhado. 
A questão do papel social é extremamente relevante para a existência de uma equilibrada convivência em sociedade, porque se desempenha vários papéis ao mesmo tempo no meio em que se vive. Por exemplo: os papéis de mãe, profissional, irmã, esposa, amiga são desempenhados concomitantemente. 
A contribuição da Psicologia no campo social é bastante ampla, pois possibilita o conhecimento dos mecanismos de funcionamento dos indivíduos no meio social, podendo, dessa forma, entender como a interação social acontece. 
Conclui-se que o comportamento humano se dá em um ambiente social, e é proveniente dele e, ao mesmo tempo, o determina, por isso se pode visualizar a importância de não dissociar o homem do seu meio e das suas relações interpessoais. 
Além disso, a pesquisa na área social tem suas particularidades em relação às pesquisas que são realizadas em outras áreas e por isso possui uma metodologia e técnicas específicas dessa área.
TEMA 03 Ideologia e Representações Sociais 
Você já pensou porque agimos, pensamos e sentimos de uma forma ou de outra? Será que isso acontece naturalmente ou é uma construção histórica? 
Justamente sobre isso que você estudará nessa aula, como as ideologias presentes em nossa sociedade direcionam a formação da nossa subjetividade constituindo nosso posicionamento diante do mundo. Como você pode ver o conceito de ideologia está diretamente relacionado ao conceito de poder, pois é um instrumento que molda o comportamento do homem de acordo com interesses vigentes, por esse motivo é fundamental conhecer esse conceito. 
E os estudos das Representações Sociais porque é tão importante na atualidade? Justamente porque é por meio dessa teoria que você poderá compreender como os grupos humanos constroem os saberes sobre a sua realidade. Entender esses dois conceitos é muito importante para solidificar uma visão crítica do mundo em que estamos vivendo. 
O conceito de ideologia conforme você verá nesse tema é amplo complexo, sendo abordado de várias maneiras no campo das ciências humanas ao longo da história.
Desde as culturas gregas esse tema já era discutido, no entanto, ainda não denominado ideologia, aparecendo como tal somente há mais ou menos um século, principalmente nas idéias de Bacon, através de seus estudos sobre a teoria das quatro classes de ídolos. 
Na atualidade ideologia pode ser entendida principalmente em dois sentidos: 
Ideologia no sentido positivo ou neutro: pode ser conceituada como uma forma de visão de mundo, valores, ideias de uma pessoa ou grupo. 
Ideologia no sentido negativo ou crítico: podem ser pensadas como ideias enganadoras que tem como objetivo distorcer a realidade e obscurecer a forma como as pessoas julgam os acontecimentos. 
Recentemente a partir da idéias de Thompson (1995) o estudo da ideologia mudou o seu enfoque e esse tema passou a ser estudado não mais se preocupando com a validade dos conceitos ou com as doutrinas filosóficas ou teóricas, mas sim com a influência das formas simbólicas na constituição do sujeito e da sociedade. 
Atualmente podemos pensar ideologia de duas formas: 
Ideologia no sentido positivo ou neutro: diz respeito a um conjunto de valores, idéias, ideais ou filosofia de um indivíduo ou grupo. 
Ideologia no sentido negativo ou crítico: diz respeito a idéias distorcidas que tem como objetivo enganar e obscurecer a capacidade das pessoas de compreenderem a realidade de uma forma mais próxima do que é real. 
Já em anos recentes com os estudos de Thompson (1995) o conceito de ideologia passou a ser estudado de uma forma diferente, já não há uma preocupação com a falsidade ou validade dos conceitos já estabelecidos e também se afasta das idéias abstratas ou filosóficas e concentra-se em compreender como as formas abstratas formadas pelas concepções vigentes em contextos sociais específicos. 
Sendo assim, de acordo com esse enfoque estudar ideologia é estudar como os sentidos criados historicamente servem para criar e manter relações de dominação. É nesse momento que as formas simbólicas, na dimensão cultural, passam a carregar consigo relações ideológicas. Um dos passos para romper com esta ideologia é analisá-la, ou seja, estudar as maneiras como as formas simbólicas se entrecruzam com as relações de poder. (THOMPSON, 1995).
Mesmo com esses avanços estudar ideologia exige uma imensa capacidade de compreensão das várias facetas que o tema apresenta, no entanto, ele se revela muito frutífero tendo em vista que descortina como as formas simbólicas construídas culturalmente afetam a vida do indivíduo e o desenvolvimento da comunidade, sedimentando as formas de poder e mantendo as relações de dominação. 
Por meio do poder que o conteúdo ideológico exerce na formação da subjetividade humana que os mecanismos de dominação e repetição da desigualdade se estabelecem na história da sociedade contemporânea, somentedescortinando esses saberes que se tornam naturalizados será possível construir uma sociedade mais solidária e justa. 
Próximo ao tema ideologia tem a temática das Representações Sociais, conceito fundamental principalmente como instrumento para o estudo das formas simbólicas construídas por mecanismos ideológicos nas subjetividades e sociedades humanas. 
A noção de representação social, tal como é aqui entendida, foi introduzida por Moscovici em 1961, em um estudo sobre a representação social da psicanálise. Em 1976, referindo-se a esse trabalho, Moscovici revelava que sua intenção era redefinir o campo da Psicologia Social a partir daquele fenômeno, enfatizando sua função simbólica e seu poder de construção do real. Afirmava, então, que “a tradição behaviorista, o fato de a Psicologia Social ter-se limitado a estudar o indivíduo, o pequeno grupo, as relações não formais, constituíam e continuam constituindo um obstáculo a esse respeito. A tradição positivista constituiria um obstáculo adicional à expansão dos limites da Psicologia Social. Portanto, Moscovici desenvolve as RS como forma de crítica aos métodos positivistas de estudo da realidade até então existentes, essa postura positiva não levava em conta os aspectos históricos-críticos do contexto social. 
Embora Moscovici não tenha tido a preocupação de dar um conceito definitivo para a teoria das representações sociais, pode-se dizer que é uma forma de conhecimento socialmente elaborada e partilhada que visa a construção de uma realidade comum. (JODELET, 1989) 
Na atualidade essa teoria é um campo fértil de interpretação da realidade simbólica construída pelas comunidades, mostrando novas possibilidades de analisar o comportamento e as ideologias sedimentadas a partir das vivencias cotidianas.
A importância do estudo dessa teoria para o estudante das ciências humanas e sociais reside no fato de que essa perspectiva é uma forma conhecer as motivações que levam as pessoas a realizar determinados atos e que nem sempre estão ligados a aspectos racionais, mas a aspectos afetivos, ideológicos, míticos, religiosos e etc. Esse olhar, embora complexo, permite ao cientista social novos prismas de interpretação e intervenção nas sociedades humanas considerando os movimentos históricos que influenciam e por ela são influenciados. 
A nova perspectiva da psicologia social crítica busca com esse novo modelo teórico uma forma mais rica e dinâmica de compreensão da realidade.
TEMA 04 Linguagem e Conhecimento 
Estudar a linguagem é entrar diretamente no universo da interação humana, pois não existe interação sem comunicação e comunicação sem interação. Constantemente, você está interagindo com pessoas, pois, por mais que leve uma vida “isolada”, sempre terá a necessidade de se comunicar com alguém. 
O surgimento da linguagem ocorre a partir da necessidade de transmissão de resultados de uma ação entre os membros de um grupo. 
A linguagem é um produto social, que surge a partir da relação com o outro. Alguns autores afirmam que essa necessidade está intimamente ligada ao trabalho humano. 
Você quer saber como surgiu a linguagem? Então agora você fará uma viagem desde os primórdios do surgimento do homem e verá que a comunicação, por meio da linguagem, já existia desde aquela época onde o homem vivia nas cavernas! 
A história da linguagem se reporta ao fato de que ela progrediu quando os homens tiveram de cooperar para a sua sobrevivência. Então se verifica que o ser humano desenvolveu a linguagem como uma maneira de transmitir a prática de sobrevivência.
Lane (1983) cita que conforme as relações entre os homens foram se tornando mais complexas, a linguagem também se tornou mais complexa: ela deixou de atuar somente em um nível prático-sensorial para ir se tornando também genérica, abstrata, atendendo às novas atividades produzidas social e historicamente: artes, religião, modas, tecnologias, educação, maneiras de lazer etc. 
Na linguagem encontramos uma importante fonte de transmissão do conhecimento humano e dos hábitos, costumes, valores, crenças e comportamentos. 
Observa-se que a criança aprende e se comunica por meio da linguagem e vai aos poucos compreendendo como funciona a dinâmica do ambiente em que vive. Por isso a linguagem é considerada um fundamental instrumento de interação social. 
Lane (1983) comenta que a contra-arma do poder da palavra se encontra na própria natureza do significado: é ampliá-lo, é questioná-lo, é refletir sobre ele e não puramente agir em resposta a uma palavra. Entre a palavra e a ação, deverá sempre ocorrer o pensamento para não sermos dominados por aqueles que detêm o poder da palavra. 
A linguagem pode ser um instrumento de dominação e de manipulação constatado na exploração abusiva dos meios de comunicação de massa. Ela tem sido fator determinante na aquisição e na transformação de valores. 
A utilização da linguagem pela mídia é tão importante que criou a necessidade de estudos na área. Um publicitário utiliza-se todo o tempo de técnicas, a fim de convencer o público a adquirir o que está sendo anunciado. É algo tão forte que muitas vezes uma simples propaganda nos faz achar que precisamos de algo que até então não nos fazia a menor falta. 
Por meio da linguagem do corpo, se pode expressar muitas coisas aos outros e eles acabam respondendo muitas coisas para nós. Nosso corpo é, antes de mais nada, um pólo de informações para nós mesmos, sendo uma linguagem que não mente. Além disso, a linguagem corporal tem também sua função no processo de interação social. 
Tão antiga quanto o homem é a linguagem, pois desde os primórdios da civilização, o ser humano deixava as suas marcas por onde passava (a linguagem escrita da época). Por isso ela surge não só como instrumento de integração dos indivíduos como também como forma de entendermos a dinâmica social.
Não é possível compreender o homem sem a linguagem, ou compreender a linguagem sem o homem. Eles são inseparáveis, pois a linguagem evoluiu e evolui com o homem; e a humanidade evoluiu e evolui com a linguagem. 
A linguagem serve como tomada de consciência de uma realidade por meio da comunicação entre os seres humanos. Permite que perceba os sentimentos do outro quando há comunicação. 
A linguagem se manifesta de variadas formas como a forma escrita, a falada e a gestual. Muitas vezes, inclusive, pelos gestos podemos ter a noção exata do que a pessoa está sentindo ou o que ela está querendo dizer. 
No ambiente profissional a linguagem também é fundamental. Sabe-se que várias profissões têm um jargão específico e se utilizam dele como instrumento de poder. Como exemplo, temos o caso dos médicos e dos advogados que se utilizam de uma linguagem própria que é de difícil compreensão e serve para demonstrar a especificidade e a importância da profissão. 
Por outro lado, nas profissões que necessitam do contato com o outro, no atendimento a usuários, por exemplo, é necessário que deixemos clara a informação que queremos passar para que o ouvinte possa compreender a orientação que está sendo fornecida, sob pena de prejudicarmos o atendimento. 
No nosso livro-texto estudaremos dois grandes estudiosos do tema: Vygotski e Bakhtin. Vygotski aprofunda o estudo da linguagem no processo da constituição dos sujeitos, trazendo para esse âmbito a perspectiva do ser humano histórico e social. Para ele a linguagem exerce o papel de instrumento criado pelos homens para promover a comunicação entre eles e entre as gerações, permitindo o registro e a transmissão da produção cultural historicamente acumulada. Ela exerce também a função de mediação simbólica que permite ao homem desenvolver modos peculiares de pensamento só a ele possíveis. Desta forma, a linguagem permite o desenvolvimento das funções psicológicas superiores: raciocínio lógico, memória voluntária, atenção dirigida etc. 
Através da obra de Bakhtin procuramos compreender a questão dosigno, as significações, onde não é possível separar a ideologia da realidade materializada no signo e dissociar os signos das forma concretas de comunicação social. Assim os signos e a situação social em que se inserem estao indissoluvelmente ligados. A linguagem é conceito chave na Psicologia Social porque faz parte das relações sociais e exerce grande influência no ser humano. Vemos que o aprendizado ocorre através dela, bem como a transmissão da cultura, o exercício do poder, enfim diversas maneiras pelas quais são construídas as sociedades. 
Da mesma forma, é por meio dela que o ser humano interpreta seu universo e também emite respostas às influências sofridas. Por isso deve ficar bem claro que não existe comunicação se não houver um transmissor e um receptor e que não é um caminho de sentido único, ao contrário, o receptor também influencia o transmissor de várias maneiras.
TEMA 05 Comunicação e identidade 
O termo comunicação. deriva do latim communicare, com o sentido de tornar comum, partilhar, repartir, trocar opiniões, associar ou conferenciar.(BARBOSA,1987). Dessa forma a comunicação na sociedade atual tem a função de transmitir informação e também de criar formas de comportamento, por isso, é um instrumento de poder e alvo de estudo pela Psicologia Social. 
Segundo Ramonet (2002) é a partir do conhecimento do ser humano, de seus limites, desejos, de suas necessidades, de seus automatismos, de seus mecanismos psíquicos, que as ações da mídia são criadas e endereçadas. As guloseimas “ofertadas” nos trazem a idéia de identidade, personalidade; elas nos conquistam pela sedução do nosso conveniente desejo, não pelo prenúncio da punição, mas por nossa própria sede de prazer. 
De acordo com Moscovici o objeto central da Psicologia Social deve ser o estudo de tudo o que se refere à ideologia e à comunicação do ponto de vista da sua estrutura e função. Para os estudiosos que adotam uma concepção de ser humano historicamente construído e que enxergam a sociedade como um produto histórico-dialético, a comunicação obrigatoriamente torna-se um problema a ser pesquisado. Ela deve ser estudada como um campo de problemas, na medida em que sua prática requer a superação da própria realidade. A preocupação não é mais com o que é comunicado, mas sim com a maneira com que se comunica e com o significado que a comunicação tem para o ser humano. 
Na visão de Moscovici e de outros teóricos da Psicologia Social estudar a comunicação de massa é, sobretudo conhecer como são formados por meio da mídia os conteúdos ideológicos que moldam as forma de sentir, agir e pensar dos sujeitos sociais. 
Conforme Guareschi (2004) a mídia constitui um novo personagem dentro de casa, que está presente em nossas vidas e com quem nós estamos em intenso contato, muitas horas por dia. Esse personagem é infiltrado nos lares, com sua voz poderosa, apenas nos dá respostas, agrega valores e estabelece relações hierárquicas, atrai os receptores a valorizarem e adotarem seus dizeres e modos de ser, agindo no cotidiano das pessoas e na vida social. Por meio de tais práticas, a mídia, torna os seres os humanos seus reféns, reconstruindo e modelando suas subjetividades. 
O homem da atualidade é bombardeado constantemente por uma que enxurrada de informações as quais precisa processar e compreender de forma crítica, caso contrário torna-se instrumento de manipulação dos mecanismos midiáticos que muitas vezes estão em harmonia com a cristalização de ideias e opiniões que favorecem as elites dominantes dos meios de produção. 
A publicidade não vende produtos nem idéias, mas um modelo falsificado e hipnótico da felicidade. Essa ambivalência ociosa e agradável não é nada mais do que o prazer de viver segundo as normas idealizadas dos consumidores ricos. A publicidade oferece aos nossos desejos um universo subliminar que insinua que a juventude, a saúde, a virilidade, bem como a feminilidade, dependem daquilo que compramos. (TOSCANI, 1996, p.27). 
É nesse sentido que estudar os processos de comunicação de massa é fundamental para o aluno da área de ciências humanas e sociais, afinal, a mídia é um aspecto relevante na construção das identidades contemporâneas, tendo em vista que seu conteúdo está repleto de construções ideológicas que servem para criar e manter relações de poder imobilizando o sujeito em uma posição discursiva estereotipada sem que ele dê conta da sua condição de “enfeitiçado”.
De acordo com Guareschi (2004,p.32): 
Será que o novo personagem não tem nada a ver com a construção de nosso ser, de nossa subjetividade? Se nós somos o resultado da soma total de nossas relações, será que as relações que estabelecemos com a mídia não teriam algo a dizer sobre o que somos? (...) A psicologia está pensando e pesquisando a formação do ser humano, de sua subjetividade nos dias atuais? Que tipo de pessoas estão sendo construídas dentro dessa nova sociedade midiada? Que comportamentos e atitudes tornar-se-ão preponderantes na vida das pessoas? 
Sendo assim, é nesse contexto que se formam as identidades modernas, ou pós-modernas e são esses sujeitos que constroem a história e a sociedade atual, nas palavras de Ciampa: O conceito de identidade social, designando um fenômeno constituído na dialética entre indivíduo e sociedade, deve ser considerado como um conceito central em Psicologia Social, pois melhor que qualquer outro, permite uma adequada compreensão daquela relação entre indivíduo e sociedade (CIAMPA, 1994, p.137). 
Sociedade essa que percebemos estar completamente imersa em um discurso midiático, muitas vezes, voltado para o consumo e para a banalização do humano, substituindo o ser pelo ter e à margem do compromisso com a ética e justifica social.52 
Compreender os processos de comunicação na modernidade é um caminho para conhecer a formação das identidades construídas social e individualmente, isso dá a possibilidade refletir criticamente sobre a formação das subjetividades e da engrenagem social que é movida pelos sujeitos históricos.
TEMA 06 Subjetividade e Gênero 
A questão da subjetividade parece a primeira vista bastante complexa, mas se fizer o caminho percorrendo os estudos sobre o pensamento humano desde a filosofia grega veremos que não é tão complicado assim. 
Falar em subjetividade remete a pensarmos em algo que está enraizado no ser humano, algo que diz respeito à sua intimidade. Diz respeito ao mundo interno do indivíduo e por isso é objeto de estudo da Psicologia Social. 
A partir da subjetividade de cada um se constrói um espaço de convivência com o outro, pois sabemos que o ser humano se vê a partir do outro, como num espelho. 
A subjetividade encontra-se no nosso pensamento e só depois de tornar esse pensamento real é que ele se transforma em objetividade. Desta forma, estudar a subjetividade exige entender como funciona o pensamento humano.
A expressão subjetividade foi utilizada primeiramente na filosofia grega, com Platão e Aristóteles e por isso você fará um passeio pela filosofia para poder compreendê-la.
A questão de gênero, também objetivo do nosso tema, é bastante interessante para discussão porque é na maioria das vezes confundida com o termo sexo. Veja que não é assim. 
É fácil pensar em subjetividade quando se sabe que cada indivíduo possui um gosto particular, por exemplo, torce por um determinado time de futebol. Considerando o gosto pelas coisas como sendo algo subjetivo porque cada um tem o seu. Assim, isso se encontra no campo da subjetividade, da mesma forma as questões relacionadas a religião, política, escolhas, opiniões etc. 
Também fazem parte da subjetividade do indivíduo os afetos, as representações e o desejo. Dentro do tema das representações sociais, é necessário abordar a questão ideológica, porque a realidade está inserida dentro de conceitos amplos, derivados da sociedade e que acabam por interferir nas representações entre os objetos e as ações. 
Para se conhecer as representações sociais de um indivíduo,é necessário, segundo Lane S. (1988), definir o lugar que ele ocupa em relação aos outros, e por meio do discurso, como seu espaço se constitui nessa relação enquanto realidade subjetiva que se insere no real, socialmente representado; ou seja, dentro de nossa atividade como profissional da área social, teremos que observar de onde o sujeito fala para podermos compreender qual o significado de sua interpretação da realidade. 
Para que servem as representações sociais? Segundo Moscovici (2004, p.34), elas convencionalizam os objetos, pessoas ou acontecimentos. Colocam os objetos em categorias e modelos partilhados por um determinado grupo de pessoas. Por exemplo: acredita-se que a Terra é redonda, associa-se o comunismo à cor vermelha etc. 
Na realidade, as representações sociais auxiliam a interpretar mensagens como significantes em relação a outras, como, por exemplo, o fato de ver um braço levantado e saber se ele está assim para saudar um amigo ou para mostrar impaciência ou uma atitude violenta. 
Assim, é importante verificar que nunca estamos livres dos efeitos de condicionamentos anteriores que nos são impostos por representações, linguagem ou cultura. Nós vemos o que as convenções subjacentes nos permitem ver, e somente com esforço podemos nos tornar conscientes do aspecto convencional da realidade e então trabalhar para escapar de algumas exigências que ela impõe em nossas percepções e pensamentos. 
Desde que nascemos já encontramos uma estrutura social pronta, com respostas às nossas questões e com explicações para todas as ações. 
Quer dizer, então, que a representação não está diretamente relacionada à nossa forma de pensar; ela é imposta a nós, transmitida como resultado de sucessivas gerações. No entanto, pessoas e grupos, longe de serem receptores passivos, pensam por si mesmos, produzem e comunicam suas representações e soluções às questões que se deparam no cotidiano das ruas, bares, escritórios, hospitais etc., e analisam, comentam e formulam ideias próprias, que tem um impacto decisivo em suas relações sociais, em suas escolhas, na maneira como educam os filhos, como planejam o futuro etc. 
As representações são criadas pelas pessoas e grupos no decurso da comunicação e da cooperação, não são criadas por um só indivíduo isoladamente. Mas uma vez criadas, elas adquirem vida própria, circulam dentro da sociedade e dão oportunidade para o surgimento de novas representações, substituindo as velhas representações. 
Para os profissionais de Serviço Social, é fundamental ter consciência do conceito de representações sociais e a influência que estas exercem no indivíduo, pois o ambiente natural do ser humano é a sociedade e esta sociedade se mostra como sendo um sistema de relações que geram crenças, normas, linguagens, mitos, rituais coletivos e partilhados que mantêm a coesão das pessoas, então as representações sociais são à força da sociedade que se comunica e se transforma. 
O outro tema a ser abordado é a questão de gênero. 
É importante primeiro distinguir sexo de gênero. Sexo tem a ver com os aspectos bio-fisiológicos que dizem respeito às diferenças corporais da mulher e do homem e gênero está ligado à representação social que nós fazemos do que é ser homem e ser mulher em nossa sociedade. 
Sabe-se que dentro da sociedade são criadas ideias sobre o significado de ser homem e de ser mulher, é o que se chama de representação social de gênero. 
São criados padrões sociais de como é o universo masculino e o feminino e o ser humano deve se adequar a esses valores e comportamentos ditados pela sociedade. 
Volta-se à questão dos papéis que a sociedade estabelece para os indivíduos. Dessa forma, conforme a época histórica que se vive, a sociedade define papéis diferentes tanto para homens como para mulheres.
TEMA 07 Processo Grupal e Psicologia Política, Grupo, Dinâmica e Política 
Você já imaginou como seria a nossa vida se nós vivêssemos isolados? Impossível, não é? De fato, desde o nosso nascimento pertencemos a um grupo que nos cuida biologicamente, e subjetivamente oferece elementos para a formação da nossa identidade individual e social. É nesse sentido, que toda psicologia é uma psicologia social, afinal, tornar-se humano tem uma relação fundamental com o grupo social e as relações que ali se estabelecem. 
Na realidade nos constituímos como humanos a partir da relação com o outro, sendo assim, para a Psicologia Social o estudo do processo grupal é tão importante e, além disso, é o grupo humano o grande responsável pelas transformações da sociedade ou pela manutenção das formas de dominação. O grupo quando muda sua forma de estar na sociedade e passa a assumir posicionamentos e discursos diferentes podem alterar os rumos da história de uma comunidade.
Os movimentos dos grupos humanos, nessa perspectiva são estudados no campo da Psicologia Social e também da Psicologia Política. Vamos conhecer um pouco mais sobre esse tema? 
Desde o nascimento o indivíduo faz parte de um grupo em uma relação constante da busca da identidade individual e da identidade social ou grupal, mantendo sempre uma interdependência com o outro. Sendo assim de acordo com Zimerman e Osório (1997, p.28) podemos conceituar o grupo como: 
Um grupo não é um mero somatório de indivíduos; pelo contrário, ele se constitui como nova entidade, com leis e mecanismos próprios e específicos. 
Todos os integrantes do grupo estão reunidos, face a face, em tomo de uma tarefa e de um objetivo comuns ao interesse deles. 
O grupo é uma unidade que se comporta como uma totalidade, e vice-versa, de modo que, tão importante quanto o fato de ele se organizar a serviço de seus membros, é também a recíproca disso. Cabe uma analogia com a relação que existe entre as peças separadas de um quebra-cabeças e deste com o todo a ser armado. 
Apesar de um grupo se constituir como uma nova entidade, com uma identidade grupal própria e genuína, é também indispensável que fiquem claramente preservadas, separadamente, as identidades específicas de cada um dos indivíduos componentes do grupo. 
Em todo grupo coexistem duas forças contraditórias permanentemente em jogo: uma tendente à sua coesão, e a outra, à sua desintegração. 
A dinâmica grupal de qualquer grupo se processa em dois planos, tal como nos ensinou Bion: um é o da intencionalidade consciente (grupo de trabalho), e o outro é o da interferência de fatores inconscientes (grupo de supostos básicos). E claro que, na prática, esses dois planos não são rigidamente estanques, pelo contrário, costuma haver certa flutuação e superposição entre eles. 
E inerente à conceituação de grupo a existência entre os seus membros de alguma forma de interação afetiva, a qual costuma assumir as mais variadas e múltiplas formas. 
Nos grupos sempre vai existir uma hierárquica distribuição de posições e de papéis, de distintas modalidades. 
E inevitável a formação de um campo grupal dinâmico, em que gravitam fantasias, ansiedades, mecanismos defensivos, funções, fenômenos resistências e transferenciais, etc., além de alguns outros fenômenos que são próprios e específicos dos grupos, tal como pretendemos desenvolver no tópico que segue. 
Sendo assim, podemos afirmar que estudar o processo grupal é perceber a complexidade das relações que se estabelecem nas relações grupais e a partir daí construir as possíveis formas de interferências nos posicionamentos do mesmo. Conhecer as características psicológicas do funcionamento grupal é a única forma possível de auxiliar o grupo no seu processo de amadurecimento. 
Na Psicologia, o estudo sistemático dos pequenos grupos sociais, busca compreender a dinâmica dos mesmos, tendo início na década de 1930 e 1940, com Moreno e Kurt Lewin, logo após as inovações tayloristas da organização do trabalho que deteriorou ainda mais as relações entre os empregados e patrões e empregados. 
De acordo com Lane (2001), os estudos sobre pequenos grupos estão vinculados à teoria de K. Lewin, que os analisa em termos de espaço topológico e de sistema de forças,procurando captar a dinâmica que ocorre quando pessoas estabelecem uma interdependência, seja em relação a uma tarefa proposta (sócio-grupo), seja em relação aos próprios membros em termos de atração, afeição etc. 
Em outra visão, mais próxima à Psicologia Social Crítica, o grupo é visto como um lugar onde as pessoas mostram suas diferenças, onde são expressas as relações de poder e que afirmam que conflito é inerente ao processo de relações humanas. Esse olhar define um grupo dinâmico e inserido nos processos sócio-históricos da realidade social.74 
Segundo Lane (2001), o grupo precisa ser visto como um campo onde os trabalhadores sociais que se aventuram devem ter claro que o homem sempre é um homem alienado e o grupo é uma possibilidade de libertação, uma possibilidade de ser sujeito. 
Com essa perspectiva quem muito contribuiu foi o psicanalista argentino Enrique Pichon- Rivière (1907 – 1977), de origem suíça, que levantou sobre a psiquiatria e a questão dos grupos em hospitais psiquiátricos, criando a técnica dos grupos operativos. 
Grupo operativo consiste numa técnica de trabalho com grupos, cujo objetivo é promover um processo de aprendizagem, sendo assim, ele é centrado em uma tarefa. Aprender em grupo significa uma leitura crítica da realidade, uma apropriação ativa dos significados do mundo.
Uma atitude investigadora, na qual cada resposta obtida se transforma, imediatamente, numa nova pergunta. Aprender na teoria de Pichón é sinônimo de mudança. (ABDUCH, 2008). 
Como agente possível de transformação social, o estudo dos grupos é fundamental para o estudante de serviço social, que estará atuando junto ás populações mais vulnerável. 
Sobre a Psicologia Política, podemos dizer que é um campo de estudos interdisciplinar que investiga o comportamento político nas sociedades contemporâneas a partir da intersecção entre psicologia e política. 
È um campo de estudo novo no Brasil, mas que se mostra como um terreno fértil para a compreensão da sociedade e suas relações com as questões políticas.
TEMA 08 Experiências na escola, no trabalho e na comunidade 
A Psicologia Social tem como objetivo conhecer o indivíduo dentro do conjunto de suas relações sociais. 
É difícil chegar a um consenso acerca do nascimento da Psicologia Social, mas a maioria dos autores considera a segunda metade do século XIX como o período de origem do pensamento psicossociológico. 
Esse momento é visto como um marco porque a partir desse período, tanto a Psicologia quanto a Sociologia começaram a se firmar como disciplinas científicas independentes da Filosofia. 
Nos Estados Unidos, a Psicologia Social floresceu no século XX com um caráter funcionalista, ou seja, com uma preocupação em relação à sua função na sociedade. Frederic Bartlett e Solomon Asch foram nomes que despontaram no ramo. 
No Brasil, nos anos 60 e 70 do século XX, a Psicologia Social se assemelhava à dos Estados Unidos. Em algumas obras da área, ficava explícita a transposição e replicação de teorias e métodos norte-americanos, evidenciando uma total dependência do modelo original.
Na década de 1960, entretanto, inicia-se um movimento de rechaço a essa dependência intelectual e várias associações começam a surgir engajadas em uma nova proposta de emancipação da Psicologia Social latino-americana. Dentre elas, destaca-se a Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), que surgiu em 1980 e foi uma iniciativa de alguns colaboradores, entre eles, Silvia Lane, importante representante de nossa Psicologia. Em 1984, Lane e Codo organizam a obra marco da emancipação da Psicologia Social Brasileira: “Psicologia Social: o homem em movimento”, cuja discussão principal gira em torno de como extrair entidades psicológicas de fenômenos sociais, fortemente influenciada pelo materialismo histórico marxista. É o rompimento com a Psicologia Social cientificista norte-americana e, desde então, as produções nessa área têm se desenvolvido de forma equiparada, em termos de qualidade, ao restante do Ocidente. 
“A ABRAPSO é uma sociedade sem fins lucrativos, fundada durante a 32ª Reunião da SBPC, no Rio de Janeiro, em julho de 1980. Fruto de um posicionamento crítico na Psicologia Social, desde a sua criação, a ABRAPSO tem sido um importante espaço para o intercâmbio entre estudantes de graduação e de pós-graduação, profissionais, docentes e pesquisadores. Os encontros nacionais e regionais da entidade têm atraído um número cada vez maior de estudiosos da Psicologia e possibilitam visualizar os problemas sociais que a realidade brasileira tem apresentado à Psicologia Social. A revista Psicologia & Sociedade é o veículo de divulgação científica da entidade” (extraído do site: <http://abrapso.org.br>. Acesso em: 2 jan. 2014. 
A Psicologia Social, no Brasil e em outros países da América Latina, surge com base materialista-histórica e voltada para trabalhos comunitários (LANE, 1988). O homem é visto como um ser histórico e, por isso, é importante que recupere a história da sociedade além de sua própria história. 
Para entendermos a prática do psicólogo na área social, é necessário conhecer as principais categorias com que trabalha. São elas: linguagem, pensamento, representações sociais, alienação, atitudes e identidade. 
Com referência à atuação da Psicologia Social no momento atual, percebemos que a mesma saiu dos consultórios e está realizando uma ação mais efetiva com os indivíduos no seu próprio meio. Anteriormente, o atendimento ao paciente era mais individualizado e curativo, nos moldes de um tratamento clínico, que, aliás, se aproximava muito do modelo médico. 
Hoje, percebe-se a psicologia mudando sua visão de homem e de mundo. Mesmo sem perder sua conotação clínica, já “transita” em ambientes sociais e institucionais, realizando um atendimento mais coletivo e preventivo, trabalhando com as “minorias sociais” e apresentando respostas às necessidades da nossa sociedade. 
Nesse caminho, você entenderá sobre o histórico social no Brasil para que se possa entender como se encontra, atualmente, a prática do psicólogo nesta área. É importante, então, reportar ao passado para compreender a sua evolução. 
Ferreira Neto (2004, p. 167) comenta que: o social surge como tema importante no país nos anos 80 do século XX, reverberando fortemente no contexto da Psicologia no Brasil. Esse autor ainda complementa: “A diminuição da demanda psicoterapêutica que terá seu ápice na década de 1990 (...) tem associada a si um conjunto de fatores, além da progressiva proletarização da classe média. São eles: o aumento desproporcional da oferta mediante a abertura de novos cursos de psicologia; o declínio do prestígio social da psicoterapia, especialmente, a psicanálise; o aumento da oferta de novas tecnologias de si (autoajuda, esoterismos, práticas alternativas etc.); e a possibilidade de uma maior variabilidade de formas de expressão subjetiva que os novos tempos democráticos oferecem (atividades artísticas em geral, dança, ginástica, incentivo ao cultivo de hobbies pessoais)”. 
Segundo Ferreira Neto (2004, p. 167), estamos em um período sócio-histórico, no qual deveria haver menos preocupação com a correção dos desvios da ordem psicológica ou social; e, mais, com a construção de um novo mundo sócio-psicológico mediante a programação das subjetividades. 
Devido às novas práticas da psicologia que estão surgindo, está ocorrendo uma ampliação da área psicológica a outras parcelas da sociedade até então excluídas desse atendimento, ou melhor, tem-se dado lugar a uma visão mais socializante e menos individualista do que o caráter elitista que, muitas vezes, cercava a profissão. 
De acordo com Dimenstein (2000, p. 2), “historicamente, a psicologia sempre esteve “míope” diante da realidade social, das necessidades e sofrimento da população, levando os profissionais a cometer muitas distorções teóricas, a práticas descontextualizadas e etnocêntricas, e a uma psicologização dos problemas sociais, na medida em que não são capacitados para perceber as especificidades culturaisdos sujeitos”. 
Assim, a psicologia serviu como um instrumento útil para a reprodução das estruturas perversas dos sistemas sociais, ou seja, vem servindo de suporte científico das ideologias dominantes, das relações hierarquizadas de poder e para a manipulação da maioria pobre por uma minoria, na qual os profissionais aparecem como “[...] cúmplices da já conhecida política de dominação dos mais fracos” (Botomé, 1996, apud Dimenstein, 2000, p. 2).
Na prática, a Psicologia Social teve dificuldade em abandonar o modelo curativo e assistencialista, voltado para o setor dos atendimentos privados, pois é difícil abandonar práticas cristalizadas e adaptar-se a novas exigências de responsabilidade social, obedecendo aos princípios da qualidade, da ética e da cidadania. 
No entanto, os psicólogos sociais, em seu cotidiano, necessitam incorporar uma nova concepção de prática profissional associada ao processo de cidadania, de construção de sujeitos com capacidade de ação e de proposição. As práticas afastadas de outros profissionais prejudicam o trabalho do psicólogo, porque dificultam o entendimento das situações e dos casos que ele tem de lidar no seu cotidiano. Daí a necessidade de que o trabalho seja desenvolvido por uma equipe multidisciplinar. 
Desse modo, pode-se ressaltar que a Psicologia Social questiona a atuação que acontece por meio do atendimento individual, no modelo biomédico, sem parcerias e estratégias específicas.
 FIM.
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