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Cap 1 Flexibilização das Leis Trabalhista

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Prévia do material em texto

JOSÉ PAULO TALASSIO CARDI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FLEXIBILIZAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS: O FIM DO 
DESEMPREGO
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Unifev - Centro 
Universitário de Votuporanga - para obtenção 
do grau de Bacharel em Direito sob a 
orientação do professor Me. Edgard Pagliarani 
Sampaio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIFEV-CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOTUPORANGA 
 
NOVEMBRO/2017 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO DO TRABALHO 
 
 
1. História e evolução no mundo 
 
 
Para iniciarmos nosso estudo no direito do trabalho, nada melhor do 
que conhecer sua origem histórica, sendo necessário percorrer por todo seu 
desenvolvimento no decorrer do tempo. Sendo fundamental entender os velhos e novos 
conceitos institucionais desse ramo. 
 
Analisando fatos do passado teremos uma maior percepção dos 
problemas enfrentados, e o porque das inúmeras criações de leis em nosso sistema 
jurídico, inclusive servindo para compreender os problemas atuais. 
 
O Direito do Trabalho é muito dinâmico, uma vez que está ligado a 
questões econômicas. Dessa forma passou por várias mudanças até chegar no dia de 
hoje. 
 
Outrora o trabalho era considerado um castigo, inclusive na própria 
Bíblia é relatado que Adão teve que trabalhar para conseguir viver em razão de ter 
comido o fruto proibido (Gênesis, 3). 
 
Umas das primeiras formas que se pode denominar de trabalho era a 
escravidão. Nessa época pela fato de escravo ser considerado um objeto e não existia 
nenhum direito trabalhista, ou melhor dizendo, não possuiu nenhum direito como 
cidadão, uma vez que não era considerado como ser humano. Os escravos só tinham 
obrigação de trabalhar. 
 
Platão e Aristóteles tinham o entendimento que o trabalho não era 
algo digno para o homem, pois estes deveriam apenas se dedicar ao pensamento e a 
contemplação do ambiente, deixando o serviço pesado para os escravos. Na cidade de 
Roma e Grécia o trabalho que exigia esforço físico era destinado apenas aos escravos. 
 
Com o passar do tempo, a escravidão cedeu lugar para a servidão, 
sendo a época do feudalismo. Esses servos eram nas palavras de Alice Monteiro de 
Barros (2016, p. 48), "escravos alforriados ou homens livres que tiveram suas terras 
invadidas pelo Estado ou por bárbaros, sendo obrigados a recorrer aos senhores feudais 
em busca de proteção." 
 
Em troca dessa proteção eram obrigados a trabalharem nas terras 
desse senhor em condições desumanas. Os servos tinham direito a muito pouco do que 
eram produzidos nessas terras, além de serem maltratados, poderiam ser presos em 
forma de castigo. 
 
Após o Feudalismo, surgiu as corporações de ofício. De acordo com 
Alice Monteiro (2016, p. 49) "[...] quem não pertencesse a uma corporação não poderia 
exercer as atividades no perímetro urbano." 
 
 Os donos das corporações eram os mestres, além dele existiam mais 
duas classes, os aprendizes e os companheiros, sendo esse último uma classe que só 
passou a existir após o século XIV. 
 
Os companheiros eram considerado como um grau intermediário, só 
podendo se tornar mestre após realizar uma prova. Todo o dinheiro recebido nessas 
oficinas era do mestre, cabendo a este pagar um valor aos companheiros. Já os 
aprendizes não tinham direito a receber salário, apenas recebiam conhecimento. 
 
Como podemos observar, nessa época já existia um pouco de direito 
aos envolvidos em atividades laborativas. Prova disso nos ensina Martins (2014, p. 5) 
que os aprendizes eram contratados a partir de 12 ou 14 anos, além dos mestres serem 
responsáveis pelos aprendizes. 
 
Em busca de um futuro melhor para seus filhos, os pais pagavam aos 
mestres dessas oficinas determinado valor mensal para que ensinassem seu filho. Com o 
tempo, se fossem aprovados passavam ao grau de companheiros. 
 
Como foi dito anteriormente, para o companheiro se tornar mestre era 
necessário realizar uma prova, provas esta muito difícil, além de ser exigido um valor 
para sua realização. Sérgio Pinto Martins (2014, pg. 5) ainda nos ensina que: "[...] 
quem contraísse matrimônio com filha de mestre, desde que fosse companheiro, ou 
casasse com viúva do mestre, passava a essa condição. Dos filhos dos mestre não se 
exigia qualquer exame ou avaliação de sua obra." 
 
Apesar de não ser mais considerado um trabalho escravo, as condições 
que eram submetidos esses trabalhadores era algo considerado descomunal para nossa 
época, uma vez que eram obrigados a trabalharem por até 18 horas diárias no verão. As 
horas trabalhadas era de acordo com o sol, ou seja, enquanto possuía luminosidade e era 
possível o desempenho da atividade, esta era realizada. 
 
Somente em 1791 com a Revolução Francesa, com a criação do 
Decreto D'Allarde, de 17 de março de 1791 é que foi possível a livre realização de 
qualquer profissão, desde que pagassem taxas e se sujeitassem aos regulamentos de 
polícia aplicáveis. Nessa época o trabalho passou a ser um direito primordial no ser 
humano. 
 
Com a criação da Constituição Francesa de 1789, foi dado ao Estado o 
dever de fornecer meios aos desempregados de obterem sua subsistência. Foi também 
nesse período que Thomas Newcomen criou a máquina a vapor, com isso grande parte 
dos trabalhadores foram substituído por esse maquinário, causando uma onda de 
desemprego, dessa forma surgiu o trabalho assalariado. 
 
Com todos esses fatores, os trabalhadores começaram a se reunir e 
reivindicar melhores condições de trabalho e de salário, incluindo jornadas menores de 
labor, além de combater a exploração de mulheres e crianças que exerciam alguma 
atividade nessas empresas. 
 
 Com essas reivindicações surgiram diversas Leis, entre elas podemos 
citar algumas como por exemplo: Lei de Peel em 1802 na Inglaterra que serviu para 
disciplinar o trabalho dos aprendizes e limitar o trabalho em 12 horas diárias. 
 
Em 1813 na França foi proibido o trabalho de menores de idade em 
minas. Já em 1839 foi totalmente proibido o trabalho de menores de 9 anos em qualquer 
tipo de emprego. 
 
Em relação a Espanha, tivemos algumas Leis, entre elas podemos citar 
a de 3-3-1904 que estabeleceu o descanso semanal. A lei de Huelgas criada em 27-04-
1908 previa o direito de associação e de greve. 
 
Apesar do enorme quantidade de Leis criadas, o Estado infelizmente 
apenas disciplinava os relacionados a manutenção de ordem pública, não intervindo em 
relações privadas, ou seja, não disciplinava o contrato realizado entre empregado e 
empregador. Com isso, pelo fato de existir muito mão de obra e pouco emprego, os 
empregadores tinham que se sujeitar a trabalhar as condições impostas pelos patrões, 
recebendo baixos salários e laborando por 15 horas diárias, além de não terem direito a 
férias e a descanso semanal. 
 
Um fato de enorme importância ocorreu em 1º de maio de 1886 em 
Chicago nos Estados Unidos, onde um grupo de trabalhadores se reuniram para 
reivindicar a redução da jornada trabalhista de 13 horas para 8 horas diárias. Entretanto, 
houve um confronto com a polícia no qual foi jogado uma bomba por alguma pessoa 
não identificada resultando a morte de 4 manifestantes e 3 policiais. Além das mortes, 
foram presos 8 lideres trabalhistas, sendo que um cometeu suicídio na prisão, 4 foram 
enforcados e 3 libertados após 7 anos de prisão. Dessa forma, 1º de maio passou a ser 
considerado como o dia do trabalho. (MARTINS, 2014 p. 8). 
 
O Direito do Trabalho, nasce com a esperança de colocar limites aos 
abusos cometidos pelos empregadores, e para modificar as condições do trabalho. 
Com o término da Primeira Guerra Mundial, surgiu o 
constitucionalismo social, ou seja, preceitos relativos ao Direitos Fundamentais, 
incluindo entre eles o Direito do Trabalho. 
 
 Somente em 1917 com a Constituição do México foi possível 
constatar a primeira menção de um artigo trabalhista em uma Constituição. O art.123 
da referida norma, estabelecia jornada de 8 horas diárias, proibição de trabalho de 
menores de 12 anos, limitação da jornada dos menores de 16 anos a seis horas, jornada 
máxima noturna de sete horas, descanso semanal, proteção a maternidade, salário-
mínimo, direito de greve, indenização de dispensa, seguro social e proteção contra 
acidente de trabalho. 
 
Consequentemente todas as constituições advindas após 1917 tiveram 
artigos expressos tratando sobre o Direito do Trabalho. 
 
Em 1919 surgiu o Tratado de Versalhes, sendo criados assim a 
Organização Internacional do Trabalho (OIT), sendo responsável por em proteger as 
relações de empregados e empregadores no âmbito internacional. 
 
Após muita evolução nos direitos trabalhistas, podemos citar com um 
grau maior de importância a Declaração Universal dos Direitos do Homem em 1948, 
prevendo férias remuneradas periódicas, repouso e lazer. 
 
 
1.2 No Brasil 
 
 
As constituições brasileiras de início apenas regulavam sobre a forma 
do Estado e o sistema de governo. Somente com o tempo passaram a tratar de todos os 
ramos do direito. 
 
Prova disso que a Constituição de 1824 apenas tratou de abolir as 
corporações de ofício, passando a ter uma maior liberdade de exercício das profissões. 
Já a constituição de 1891 reconheceu a liberdade de associação. 
Como podemos ver o Direito do Trabalho no Brasil é recente, mais 
precisamente teve seu marco inicial com a Revolução de 1930. Somente a partir desse 
período as leis trabalhistas começou a se desenvolver e ganhar seu espaço na sociedade. 
 
Apesar de ter existido várias Leis e Tratados esparsos com o intuito de 
proteger os trabalhadores, foi somente implementado o direito do trabalho na 
Constituição Federal em 1934. Esse fato só ocorreu após o Brasil ter assinado o 
compromisso internacional com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada 
pelo Tratado de Versalhes em 1919. 
 
Com a criação de diversas leis esparsas que visava a proteção dos 
trabalhadores, fez-se necessário uma sistematização dessas regras, surgindo assim a 
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Dessa forma esclarece Arnaldo Süssekind : 
 
"A multiplicidade de normas legais no campo do trabalho, sancionadas ou 
decretadas em distintas fases de nossa evolução jurídica-política, confundido 
os seus destinatários, intérprete e aplicadores, estava a exigir o ordenamento 
das respectivas disposições num único texto." (2005, p. 60) 
 
Pelo fato que existir inúmeras leis, em 1º de Maior de 1943 a 
Consolidação das Leis Trabalhistas enfim foi aprovada pelo Decreto-lei n. 5.45. sendo 
que só passou a vigorar em 10 de novembro do mesmo ano. 
 
 
1.3 Princípios do Direito do Trabalho 
 
 
Antes de adentrarmos no tema da Flexibilização das Leis Trabalhistas, 
é importante entendermos quais são os principais princípios que regem o Direito do 
Trabalho. 
 
O termo princípio nos remete a idéia de Paulo Bonavides: (2003, p. 
255 - 256) "Princípio do latim pricipiu, significa, numa acepção vulgar, início, começo, 
origem das coisas. Tal noção deriva da linguagem da geometria, onde designa as 
verdades primeiras [...]". Para o entendimento de Miguel Reale: 
 
Princípios são enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e 
orientam a compreensão do ordenamento jurídico, a aplicação e integração 
ou mesmo para a elaboração de novas normas.São verdades fundantes de um 
sistema de conhecimento, como tais admitidas, por serem evidentes ou por 
terem sido comprovadas, mas também por motivos de ordem prática de 
caráter operacional, isto é, como pressupostos exigidos pelas necessidades da 
pesquisa e da práxis. (2003, p.37) 
 
 
Com esses ensinamentos, conseguimos extrair a verdadeira essência 
do significado da palavra princípio, que seria a base inicial de tudo, ou seja, a partir 
dessa base que o Direito do Trabalho passou a criar forma. 
 
Apesar do Direito do Trabalho ser regido por diversos princípios, 
estudaremos apenas os considerados mais importantes de acordo com Mauricio 
Godinho Delgado (2016. p. 200): Princípio da Proteção, Princípio da Imperatividade 
das Normas Trabalhistas, Princípio da Indisponibilidade dos Direitos Trabalhistas, 
Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva, Princípio da Intangibilidade Salarial, 
Princípio da Primazia da Realidade e Princípio da Continuidade da Relação de 
Emprego. 
 
 
1.3.1 Princípio da Proteção 
 
 
O princípio da proteção, como o próprio nome já diz, serve para 
proteger o empregado em relação ao empregador. Essa proteção é necessária, visto que 
o empregado é a parte considerada hipossuficiente da relação empregatícia. 
 
Plá Rodrigues (1993. p. 42-43), compreende que ao reconhecer a 
desigualdade das partes na relação de trabalho, o legislador buscou uma compensação 
jurídica para evitar a desigualdade econômica existente entre as partes. 
 
Grande parte da doutrina entende que tal fundamento é considerado 
como sendo o principal princípio existente no direito do trabalho. Inclusive Américo Plá 
Rodrigues (1993, p. 42-43), entende que mencionado princípio possui três dimensões 
distintas: o princípio do in dubio pro operario, o princípio da norma mais favorável e o 
princípio da condição mais benéfica. 
 
a) In dubio pro operário: 
 A expressão In dubio vem do latim que significa "na dúvida" ou seja, 
qualquer dúvida existente na aplicação de uma lei ou em sua interpretação, deve 
prevalecer a vantagem para o trabalhador. 
 
Colaborando com nossa explicação, Romar (2013, p.47) nos ensina 
que: " [...] diante de vários sentidos possíveis de uma determinada norma, o juiz ou 
intérprete deve optar por aquele que seja mais favorável ao trabalhador." 
 
Portanto, qualquer dúvida existente deve prevalecer a interpretação 
mais vantajosa ao empregado, visto que esse é considerado como a parte mais fraca na 
relação trabalhista. 
 
b) Norma mais favorável 
Diante da lei existente e dos inúmeros tratados e convenções coletivas 
realizadas propiciam a colisão de mais de uma norma existente para a aplicação do caso 
concreto. Através dessa conflito de normas surge o princípio da norma mais favorável. 
 
Mencionado princípio possui um entendimento simples, que será 
aplicado quando existirem uma pluralidade de normas jurídicas vigentes sendo aceito a 
mais favorável ao trabalhado de acordo com o caso concreto. 
 
 Alguns doutrinadores a exemplo de Mauricio Godinho Delgado 
(2016) aprofundam ainda mais ao estudo desse princípio, chegando a dividi-lo em três 
situações em que devem ser aplicados. Sendo a primeira no momento da elaboração da 
norma pelo legislador, no confronto entre duas normas concorrentes e por fim na 
interpretação das regras jurídicas existentes. 
 
c) Condição mais benéfica 
Esse princípio protege o contrato de trabalho durante a sua vigência se 
revestindo de caráter de direito adquirido. O princípio somente abrange a proteção das 
cláusulas existentes no contrato de trabalho. 
 
Com isso, as condições impostas ao empregado diante do contrato, 
somente poderão ser substituídas por uma mais benéfica, pois entende-se que tal direito 
já tenha sido adquirido por esse trabalhador no momento da constituição do contrato. 
 
 
1.3.2 Princípio da Imperatividade das Normas Trabalhistas 
 
 
O presente princípio restringe a autonomia das partes na elaboração do 
contrato de trabalho, assegurando que as garantias fundamentais do trabalhador sejam 
respeitadas mesmo existindo algum contrato que as desrespeitem. 
 
De acordo com Delgado (2015, p.204), rege no direito do trabalho a 
imperatividade das normas elencadas na CLT, não podendo as partes envolvidas dispor 
de uma flexibilização para melhor satisfazer seus objetivos. 
 
 
1.3.3 Princípio da Indisponibilidade dos Direitos Trabalhistas 
 
 
Este princípio também pode ser denominado de Princípio da 
Irrenunciabilidade dos DireitosTrabalhistas, se trata de uma projeção do anterior, 
referente a imperatividade das normas jurídicas. Servindo para vetar qualquer 
disponibilidade de direitos e garantias que o empregado tenha diante da ordem jurídica e 
de seu contrato de trabalho. Portanto fica impedido qualquer renúncia ao empregador 
que venha a causar prejuízo ao trabalhador. 
 
Inclusive, a própria lei trás em seus artigos a irrenunciabilidade das 
normas trabalhistas, sendo exposta em seu art. 9º da CLT, não podendo ser mudado, 
impedido ou fraudar qualquer preceitos existentes na Consolidação das Leis 
Trabalhistas. 
 
Ademais, cabe explicar utilizando-se do grande conhecimento de 
Martins (2014) que a renúncia poderá ser feita por parte do empregado quando este 
estiver em juízo, diante do juiz do trabalho, visto que estará livre da para realizar suas 
escolhas. O que não é aceito é que a renúncia ocorra no período em que o trabalhador 
esteja laborando na empresa. 
 
 
1.3.4 Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva 
 
 
 O mencionado princípio tem sua inspiração no direito civil, mais 
especificamente na parte de contratos, onde é muito comum nos depararmos com a 
expressão "pacta sunt servanda" (os pactos devem ser cumpridos). 
 
Utilizando-se dessa expressão civilista, surgiu um dos principais 
princípio do direito do trabalho, onde é vedado qualquer alteração no contrato de 
trabalho que cause prejuízos ao trabalhador. Portanto, somente pode ser modificado o 
pacto quando este trazer alterações benéficas ao empregado. 
 
Inclusive na própria CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), vem 
previsto em seus artigos 444 e 468 a inalterabilidade dos contratos de trabalho desde 
que não prejudique o empregado. 
 
 
1.3.5 Princípio da Intangibilidade Salarial 
 
 
O salário do trabalhador possui caráter alimentar, visto que em regra é 
utilizado para suprir suas necessidades básicas. Por isso, o salário do empregador se 
tornou irredutível, ou seja, não pode sofrer reduções. 
 
Entretanto, essa irredutibilidade não é absoluta conforme nos ensina 
Mauricio Godinho Delgado: 
 
[...] a proteção relativa ao valor do salário ainda não o preserva de perdas 
decorrentes da corrosão monetária; a vedação a mudanças contratuais e 
normativas provocadoras da redução de salários pode ser flexibilizada 
mediante negociação coletiva (art. 7º, VI, CF/88); a garantia de integralidade 
salarial, com controle de descontos em seu montante, é excepcionada pela 
própria norma jurídica que a instituiu (art. 462, CLT) [...]. (2016, p. 211). 
 
Visto que existem situações em que é previsto que o empregador 
realize descontos diretamente do salário do empregado. Essas situações como dito 
anteriormente são previstas no artigo 462 da CLT, podendo ser realizado em casos de 
negociação coletiva, dano decorrente de dolo do empregado, dano decorrente de culpa 
do empregado (desde que previsto no contrato de trabalho), entre outras permissões 
legais. 
 
 
1.3.6 Princípio da Primazia da Realidade 
 
 
Em todo direito, é mais importante sabermos o que realmente 
acontece, ou seja, os fatos, do que os documentos meramente nos demonstram. Por isso 
é fundamental a aplicação desse princípio no direito do trabalho. 
 
Utilizando-se de uma visão civilista, onde a intenção dos agentes 
prevalece sobre o pacto formal realizado, nos remetendo ao artigo 112 do Código Civil 
que diz: "Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada 
do que ao sentido literal da linguagem." 
 
Podemos citar como exemplo do cotidiano dos trabalhadores que 
possuem cartão de ponto a empresa que obriga seus funcionários a registrarem horário 
diverso da entrada e saída. 
 
Por isso que o direito do trabalho impõem a supremacia dos fatos 
existentes em uma relação empregatícia em relação as cláusulas meramente pactuadas 
em um contrato de trabalho. 
1.3.7 Princípio da Razoabilidade 
 
 
Embora não seja um princípio especificamente do direito do trabalho, 
uma vez que se trata de princípio geral do direito, deve ser utilizado em casos 
específicos em que um padrão médio é utilizado como parâmetro para coibir fatos 
exorbitantes. 
 
Dessa forma, podemos citar alguns exemplos em que tem sua 
aplicação efetiva, como no caso de um trabalhador alegar que labora 24hrs dentro da 
empresa, ou até mesmo o empregado braçal que alegar que seu salário é maior do que 
do seu superior. 
 
Como podemos ver no parágrafo acima, ao analisar certas afirmações 
cabe o uso da razoabilidade (bom senso) para compreendermos que tais afirmações não 
são verídicas. 
 
 
1.3.8 Princípio da Continuidade da Relação de Emprego 
 
 
Pelo fato da relação de emprego ter caráter alimentar, prevalece que o 
contrato de trabalho deve possuir a maior duração possível, pois é através desse salário 
que o trabalhador adquire seu sustento e de sua família. 
 
No direito do trabalho em relação aos contratos de emprego, prevalece 
a regra de que esses contratos são indeterminados, salvo se estipularem algum prazo 
para o seu término. 
 
Inclusive, cabe ao empregador provar a data do término do contrato de 
trabalho, pois a regra é que ele seja indeterminado, entendimento esse sumulado pelo 
TST em sua súmula 212. 
 
 
3.9 Princípio da Boa Fé 
 
 
Apesar do princípio da boa fé se encontrar positivado no Código Civil 
(artigos 113, 164, 187 e 422), tem sua aplicação de forma acessória no momento da 
elaboração do contrato de trabalho. Por ser utilizada na criação do pacto laboral, esta 
boa fé deve reinar para ambas as partes (empregado e empregador), visto que se trata de 
um dever recíproco. 
 
É conhecido que existem dois tipos de boa fé, sendo a objetiva 
(aspecto ético) e a subjetiva (aspectos psicológicos). Ambos os tipos possuem aplicação 
no direito do trabalho, conforme profere GOLDSCHMIDT: 
 
 
Todavia, tanto a boa-fé subjetiva como a objetiva são exigíveis na 
formação, na execução e no término do contrato de trabalho, devendo as 
partes atuar com lealdade recíproca, cumprindo os deveres principais e 
acessórios do contrato, ainda que não escritos, mas objetivamente exigíveis 
[...]. (2008, p.118). 
 
 
 
Essa aplicação de ambos os aspectos só ocorre pois, a boa fé objetiva 
possui um dever contratual imposto, ainda que não realizado na forma escrita. Já a boa 
fé subjetiva possui uma conduta ética e moral, não aceitando atos reprováveis. 
 
 
1.3.10 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana 
 
 
Apesar de não ser um princípio específico da área trabalhista e sendo 
previsto no artigo 1º, inciso III da Constituição Federal, a dignidade da pessoa humana 
está completamente ligada na evolução do direito do trabalho, visto que foram 
necessário muito tempo de esforço buscando direitos para os trabalhadores, como já 
fora explicado no início desse trabalho. 
 
Como podemos analisar, mencionado princípio está completamente 
ligado a história do direito do trabalho, sempre com a intenção de proporcionar uma 
melhoria para a classe operária que sempre esteve em desvantagem com o empregador. 
 
O ser humano não pode ser tratado como objeto, mas sim detentor de 
direitos e deveres. Desse modo garantir melhores condições de trabalho, são de extrema 
importância para se cumprir os princípios constitucionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências 
 
 
BARROS, Alice de Monteiros. Curso de Direito do Trabalho. Atualizada por Jessé 
Claudio de Alencar. 10. ed. São Paulo: LTr, 2016. 
 
 
BRASIL. Código Civil Brasileiro de 2002. Promulgada em 10 de janeiro de 2002. 
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. 
Acessado em 18 de jun. de 2017. 
 
 
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 13. ed. São Paulo: Malheiros, 
2003. 
 
 
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho: 15 ed. São 
Paulo: LTr80, 2016. 
 
 
GOLDSCHMIDT,Rodrigo. Flexibilização dos Direitos Trabalhistas: ações afirmativas 
da dignidade da pessoa humana como forma de resistência. Florianópolis: UFSC, p. 
118, 2008. 
 
 
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 30 ed. São Paulo: Atlas , 2014. 
 
 
REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 
 
 
RODRIGUES, Américo Plá. Princípio de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 1993. p. 
42-43. 
 
 
ROMAR, Carla Teresa Martins. Direito do trabalho esquematizado. Coordenador: 
Pedro Lenza. São Paulo: Saraiva, 2013. 
 
 
SÜSSEKIND, Arnaldo Lopes et al. Instituições de direito do trabalho. 22. ed. atualizada 
por Arnaldo Süssekind e João de Lima Teixeira Filho. São Paulo: LTr, 2005.

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