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que recebo. Eu me afastei em direção à ponta da plataforma da nave, com a intenção de chegar mais perto da cachoeira, e disse, mais para mim mesmo do que para ela. — Eu domino o Vril com grande facilidade, mas parece que não sou senhor de meu próprio eu. Gostaria de ter o equilíbrio interior de meus pais. Evelyn se aproximou e falou, enquanto me abraçava pelas costas: — Você vai ter esse equilíbrio, Andrey, e será o maior sacer- dote do Vril que a terra de Posseidon já conheceu. Você desen- volverá novas técnicas para aplicar o quinto elemento e trará progresso e conforto à nossa sociedade, como nunca se viu. Eu sorri e disse-lhe, desanuviando minha mente: — Sim! Mas você sabe o que quero, eu desejo muito atraves- sar o portal para o mundo primevo. Desejo viajar pelo restante do globo, para a esfera da terceira dimensão, e utilizar o Vril para ajudar esses povos primitivos que estão além do nevoeiro que encobre os limites de nosso reino. Quero atravessar as bru- mas das fronteiras que nos separam dessa terra de sofrimento. Ela concordou serenamente e disse, beijando meu rosto com brilho no olhar: — Claro, meu amor! Esta é a aplicação mais bela do Vril: promover a cura e melhorar as condições de vida de quem so- fre. Se essa for a vontade de Deus, você ajudará a promover o progresso das almas que nasceram na esfera de dor da Terra. Abençoados somos nós, por termos nascido em Posseidon! Eu concordei com as palavras de minha amada noiva e dis- se: — Sim, pedirei a nossos pais que nos permitam conhecer definitivamente esse mundo de que só temos notícia pelos re- latos das equipes que trabalham para assisti-los. Mas, agora, vamos para o templo do Sol. Está quase na hora da cerimônia. Quero que meu pai me veja lá, prestigiando mais esse dia de imensa alegria para ele. Rapidamente fechamos a porta da aeronave e nos dirigi- Atlântida - No reino da luz 59 mos ao topo da colina. Lá estacionei o veículo serenamente, na área destinada, nas proximidades do templo do Sol. A porta de material vítreo de alta resistência se abriu, e descemos radiantes da aeronave. Tínhamos a força da juventu- de e um mundo pleno de grandes realizações pela frente. Ártemis, a quem eu chamava de minha segunda mãe, havia me dito, dias antes, que depositava em mim esperança muito grande com relação ao uso do Vril. Apesar de sua filha ser uma grande sacerdotisa da grande energia, ela me afirmou, confiden- cialmente, que esperava de mim algo raro, nos anos vindouros: materializar o Vril. Poucos sacerdotes, durante séculos, tinham realizado esse fascinante processo de manipulação do quinto elemento. Em geral, conseguiram isso por breves segundos, sempre dentro do templo principal da Grande Pirâmide. O único que realizou um feito realmente espetacular nesse sentido foi Antúlio: o grande avatar de Atlântida, aquele que recebeu a mensagem da Luz diretamente do Cristo Planetário, assim como ocorreria com Jesus e outros grandes iluminados de nossa humanidade, no futuro. Antúlio, poucos anos antes de voltar para o reino espiritu- al, materializou o Vril na forma de uma chama eterna, em um dos altares das diversas salas de meditação da Grande Pirâmi- de. Segundo os antigos, aquela chama estava acesa e intocável desde a vinda de nosso messias, séculos antes do período que estamos narrando. Os anciãos também nos afirmavam que a chama só se apagaria no dia em que Atlântida se afastasse do caminho da Luz. Todos os dias os sacerdotes oravam em frente à chama, pedindo ao Criador força e discernimento para que nossa civilização jamais permitisse que aquela chama abençoa- da se extinguisse. Essa materialização do Vril que Ártemis previa em minha formação como sacerdote não possuía nenhuma função práti- ca. Apenas seria um sinal de que eu obtivera absoluto controle sobre o quinto elemento, algo como tornar visível a movimen- tação dos elétrons no processo de gerar eletricidade ou, então, a visualização do processo de reação em cadeia, ao gerar energia nuclear. Contudo, a maior preocupação de Ártemis era com relação 60 Roger Bottini Paranhos ao meu ego. Ela desejava meu sucesso mais do que ninguém, no entanto, temia por minhas origens. Eu era um instável capelino, e não um atlante da era de ouro. Atlântida vivia uma nova era. A cada dia, mais casos estranhos aconteciam. Decididamente, uma nova humanidade estava passando a habitar a terra de Posseidon, e os sábios atlantes sabiam disso. 0 poder do Vril se tornava, inclusive, cada vez mais restrito, por questões de segurança. Antigamente, ele era liberado para qualquer aplicação, agora, até mesmo em sua utilização mais básica - a movimentação das aeronaves -, já era estudada a possibilidade de ser protegida com senhas de segurança. E assim, pouco a pouco, eu me tornava o centro das aten- ções, e os elogios tornavam-se inevitáveis. Inclusive, a cerimônia de que iríamos participar estava sendo filmada e retransmitida para todo o continente. Em termos religiosos, aquele evento do qual poucos poderiam participar era comparável à missa do galo rezada pelo papa na Capela Sistina, em Roma. Em alguns momentos, tomava-se visível em meu semblante aquela mesma arrogância e prepotência que eu havia cultivado, com raízes profundas, em minhas vivências em Tríade, no siste- ma de Capela. O nariz empinado, o peito estufado, como se eu fosse um pavão, tomava isso evidente para olhos mais observadores. Lembrando as estrelas da música pop da atualidade, eu posava para fotos, respondia perguntas para jornalistas e fazia questão de deixar marcada minha presença em qualquer evento. Meus pais nada percebiam. Atônis sempre foi meio avoado, até mesmo em sua encarnação como o faraó Akhenaton, na dé- cima oitava dinastia egípcia. Minha mãe, Criste... Bom, vocês sabem como são as mães de todos os tempos, sempre vendo somente o lado bom de seus filhos, ainda mais quando ele se sobressai. Já Ártemis analisava meu perfil psicológico de forma discreta, sem nada dizer, e, mesmo assim, não conseguia evitar totalmente o envolvimento emocional. Era como uma segunda mãe para mim; agia, muitas vezes, como tal. Quero, nesta narrativa, abster-me de relatar, a todo mo- mento, os avanços tecnológicos de Atlântida, em alguns pontos muito superiores aos atuais. Obviamente que tínhamos recursos Atlântida - No reino da luz 61 para captar e transmitir imagens e sons com nossa tecnologia, que era, em todos os aspectos, superior aos recursos digitais atuais. Receptores em cristal de quartzo captavam as transmis- sões magnéticas com facilidade, em qualquer canto do grande continente, desde o portal, na costa da atual Flórida, na Améri- ca, até as Ilhas Canárias, na Europa; inclusive algumas colônias próximas, fora da Atlântida, captavam esses sinais, mas a qua- lidade caía significativamente, por ser um mundo de natureza mais grosseira. Da mesma forma, tínhamos aparelhos de co- municação semelhantes aos atuais telefones celulares, contudo, a tecnologia era baseada no Vril, portanto, chamaremos, nesta narrativa, apenas de telefones móveis. Em seguida, vieram os cumprimentos usuais dos amigos, entre eles Ryu e Arnach. Este último eu considerava como um verdadeiro irmão. Ele era muito parecido comigo, porém com cabelo quase branco, de tão louro, e com os fios levemente ca- cheados. Essa nossa afinidade vinha de longa data. Fomos amigos em várias encarnações anteriores, no sistema de Capela. Sempre namorador, ele aparecia nos eventos cada vez com uma nova companhia. Sua instabilidade emocional em nada era espelhada no perfil de seus pais, autênticos atlantes, assim como nossos pais. Eu estranhava aquela instabilidade de Arnach com relação ao amor. Eu só tinha olhos para Evelyn; nem a mais bela mulher de Atlântida