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SUMÁRIO 1 ADAPTAÇÃO CURRICULAR PARA ALUNOS COM AUTISMO ..................... 2 2 ADEQUAÇÃO CURRICULAR NOS CASOS DE AUTISMO .......................... 17 3 ADAPTAÇÃO CURRICULAR: UMA VISÃO PSICOPEDAGÓGICA .............. 35 4 A ESCOLA ..................................................................................................... 40 5 INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICO......................................................... 44 6 O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO ................................................................ 48 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 52 1 ADAPTAÇÃO CURRICULAR PARA ALUNOS COM AUTISMO Fonte: www.inspiradospeloautismo.com.br À medida que vamos estudando e compreendendo o mundo dessas crianças percebemos o quanto devemos nos preparar para ajudá-las a atingir seus potenciais. Para isso algumas modificações no currículo devem ser realizadas, como também adaptações em áreas específicas que as crianças apresentem maior dificuldade. Isto é bastante desafiador, principalmente para os professores que não possuem experiência com alunos autistas. A modificação implica alterar o conteúdo ensinado, mesmo que isso signifique omitir nem acrescentar ao currículo ou alterar os padrões de avaliação e de avaliação com base nas necessidades e limitações do aluno. Adaptação mantém a integridade do conteúdo no currículo, mas pode apresentá-lo em um formato diferente ou alterar o ambiente no qual o aluno aprende com base nas necessidades e limitações. Ele também usa a mesma escala de avaliação como o currículo padrão. Em outras palavras, modificação altera o que é ensinado e como o progresso é medido, enquanto a adaptação muda a forma como o conteúdo é apresentado e /ou acessado, mas não como o progresso é avaliado. Há alunos com autismo que conseguem obter bom desempenho em um ambiente de ensino tradicional com poucas adaptações ou nenhuma. Já outros, de acordo com suas necessidades específicas e gatilhos de aprendizagem,mais difíceis, podem exigir uma modificação quase por completo do currículo adotado. É importante destacar que, as necessidades de modificações a adaptações dependem de fatores como: a idade, nível de aprendizagem e assunto abordado em classe. Fonte: www.ludovica.opopular.com.br Seguem algumas dicas essenciais para modificações e adaptações curriculares para alunos autistas: É importante conhecer o nível de funcionamento do seu aluno e principalmente não realizar adaptações baseadas no rótulo de autismo, ou seja, não buscar no diagnóstico uma justificativa para não aprendizagem. Ao invés disso busque o apoio dos profissionais que acompanham a criança e juntamente com o pais proporcionem o apoio necessário para que ela possa progredir junto com seus colegas, alcançando seu pleno potencial. Baseie-se nas necessidades do seu aluno e depois de observar quais áreas ele necessita de apoio busque se concentrar nelas. Adaptações curriculares podem incluir: modificação na instrução das atividades, alteração no formato da aula, planejamento com objetivos individualizados, utilização de materiais específicos, exploração de ambientes e uso de estratégias de ensino diferenciadas. Fonte: www.slideplayer.com.br A idade e o nível de aprendizagem desempenham um papel importante na identificação da necessidade de apoio nas atividades em classe. Lembrando que, é comum utilizar estratégias diversas até encontrar uma que se adeque as necessidades do aluno, ou até mesmo ajustá-las antes de elaborar um plano individual. O único jeito de saber se as estratégias estão funcionando é observar o avanço do seu aluno e identificar quais as áreas as modificações e/ou adaptações curriculares estão surtindo efeito e aquelas nas quais as dificuldades persistem. Outra dica importante é a necessidade constante de feedback com outros profissionais que acompanham a criança para que todos estejam cientes das dificuldades do aluno, como também saber o que ele consegue com o mínimo ou nenhum apoio. Isto facilita os profissionais da equipe educacional como também os terapeutas a compreenderem quais áreas devem ser melhor trabalhadas, além de destacar os pontos fortes para serem canalizados para superar as dificuldades em outras áreas de ensino. Diante disso é imprescindível que os professores saibam diferenciar modificações de adaptações curriculares, assim como compreender as necessidades específicas dos seus alunos e poder realizar rapidamente as modificações e/ou adaptações necessárias para atingirem um bom desempenho. A escola, instituição social configurada como espaço por excelência da educação e da mediação social sujeito-sociedade, detém a função social irrevogável e fundamental de oferecer condições potenciais para que os conhecimentos produzidos historicamente pela humanidade sejam devidamente democratizados, apropriados e objetivados pelos alunos, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, socioeconômicas e culturais. Fonte: www.images.slideplayer.com.br Nessa perspectiva, a educação é concebida como um conjunto de recursos, estratégias, metodologias, conteúdos e recursos humanos que, ao estarem organizados e dispostos nas diversas instâncias do universo escolar, devem produzir valores, condutas e processos que visem à valorização e ao respeito à diversidade humana, à apropriação de conhecimentos, à formação cidadã, aos novos olhares, práticas sobre o ensinar e o aprender. Com fundamento nessa concepção, declara-se uma finalidade clara e única da educação: oferecer as condições necessárias e suficientes para o acesso, a permanência e o êxito acadêmico de todos os alunos, sem distinção, nas múltiplas dimensões (domínio de conhecimentos, socialização, dentre outras competências humanas) que o envolvem. Garantir o processo de aprendizagem dos conhecimentos produzidos historicamente e construir as habilidades necessárias para o exercício pleno da cidadania do indivíduo são os objetivos primários de toda ação educacional. Dessa forma, faz-se necessário refletir sobre o como, o porquê e o para que/quem os conhecimentos científicos elaborados pela humanidade são oferecidos (e garantidos) pelo atual sistema educacional, bem como de que maneira esses saberes são sistematizados nos currículos do ensino formal. Fonte: www. images.slideplayer.com.br Do ponto de vista etimológico, a palavra currículo (do latim curriculum) remete à ideia de percurso a ser realizado. Esse termo evoluiu no decorrer do tempo, sendo atualmente definido pelo dicionário Michaelis, como um conjunto de disciplinas de um curso escolar, ou seja, documento que estabelece seleção, sequência, maneira e tempo de apresentação dos conteúdos e as respectivas avaliações da aprendizagem. A abordagem curricular é objeto de atenção do Ministério da Educação e Cultura (MEC), em cumprimento ao art. 210 da Constituição Federal de 1988, que determina como dever do Estado para com a educação estabelecer conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental, visando à formação básica comum e respeito aos valores culturais, artísticos, nacionais e regionais. Assim sendo, foram elaborados e distribuídos pelo MEC, a partir de 1995, os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Fundamental e os Referenciais Curriculares para o Ensino Médio (RCNEM). Fonte: www.gazetadopovo.com.br Somente a posteriori, o Conselho Nacional de Educação definiu as Diretrizes Curriculares para a Educação Básica por meioda Resolução CNE/CEB n° 04/2010. Considerando as disposições instituídas pelos documentos oficiais do MEC, o currículo passa a ser compreendido como um processo integrado que deve ser cuidadosamente sistematizado, levando-se em conta conteúdos científicos previamente definidos, estratégias pedagógicas, as situações de ensino e formas de avaliação da aprendizagem. Portanto, para além de um conjunto de atividades nucleares, o currículo é a própria expressão das intenções da escola. Muito mais que um projeto de escola, essas intenções refletem ou deveriam refletir um projeto de sociedade. O currículo, na perspectiva da instituição escolar, constitui-se no documento que norteia todas as ações pedagógicas da escola e tem a responsabilidade planificada de atenção às necessidades educacionais de todos os alunos. Desse modo, não deve ser assimilado enquanto um documento imutável, ao contrário, este deve admitir modalidades de ajustes que se justifiquem como necessárias para garantir que os alunos tenham acesso aos objetivos preconizados pelo plano de ensino. Fonte: www.gazetadopovo.com.br Cabe à escola organizar o currículo e prever modificações, empregando os ajustes curriculares necessários, quer seja nas práticas educativas, nas estratégias de ensino, nos recursos ou mesmo nos procedimentos, desse modo, procura-se garantir que todos os alunos tenham uma aprendizagem significativa dos conteúdos estabelecidos para o ano e/ou para o ciclo escolar. Os ajustes curriculares preconizados com a LDB 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) e os Parâmetros Curriculares Nacionais de adaptações curriculares têm sido evidenciados na literatura como elementos importantes de acesso e garantia de aprendizagem dos conhecimentos formulados pelo currículo comum, todavia ainda requerem uma adequada delimitação conceitual das modalidades que os integram. Nessa direção, salientou as diferenças nas modalidades dos ajustes curriculares que poderiam (e deveriam) ser aplicadas a alunos com ou sem deficiência, classificando-as em flexibilização, adequação e adaptação, as quais objetivam oferecer condições favoráveis de ensino de determinados conteúdos curriculares, bem como atender às peculiaridades do alunado. A flexibilização consiste na programação das atividades elaboradas para sala de aula e diz respeito às mudanças nas estratégias pedagógicas, sem que sejam necessárias alterações dos conteúdos curriculares previstos. A adequação curricular, por sua vez, compreende atividades individualizadas que permitem o acesso ao currículo, no qual o professor atende, especificamente, às necessidades educacionais de cada aluno, prevendo, assim, adequações no planejamento curricular de ensino, tais como mudanças nos objetivos, conteúdos, recursos e práticas pedagógicas. Fonte: www.comportamentoinfantil.com Assim, o currículo adaptado decorre diretamente das ações de flexibilização e adequação curricular, nas quais a matriz curricular é mantida e são modificadas as condições de ensino, as estratégias pedagógicas, os materiais didáticos, os recursos de ensino, a forma de apresentação dos conteúdos e a temporalidade dos objetivos, dentre outros elementos educacionais que permitam aos alunos (com ou sem deficiência) que não se beneficiam do modelo convencional de ensino as devidas oportunidades de acessar e aprender os conteúdos organizados no currículo. Fonte: www.ceducaprofissional.com.br Desenvolver trabalhos por meio de grupos produtivos, dar mais tempo ao aluno para concluir a atividade, modificar a organização didática, fornecendo exemplos concretos, expor os alunos a vivências e experiências para formulação de conceitos são claros exemplos de ações de flexibilização e adequação curricular. Diferentemente, a adaptação curricular focaliza a organização escolar e os serviços de apoio, os quais proporcionam condições estruturais que possam favorecer o planejamento curricular da sala de aula, implicando mudança significativa no próprio plano curricular e na proposta de currículo, pautado em planejamento educacional diferenciado dos demais alunos. Essa modalidade de ajuste curricular é implementada quando as ações de flexibilização e adequação não atendem às necessidades educacionais de pessoas com graves comprometimentos e/ou com severas limitações decorrentes da condição da deficiência e/ou do transtorno (as quais inviabilizam, por sua vez, o acesso ao currículo), exigindo a proposição de um currículo especialmente planejado para esse aluno. As formulações de currículos específicos para quadros de deficiência intelectual grave e de autismo típico podem ser consideradas adaptações, na medida em que toda a estruturação curricular produzida se dá em função das especificidades do aluno. Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br Nesse contexto, observa-se que poucas investigações retrataram de fato as dimensões curriculares e o processo de escolarização formal de pessoas com autismo, as quais se configuraram majoritariamente como estudos de casos, apresentando apontamentos gerais dos ajustes curriculares implementados e que não poderiam ser tomados como parâmetro para avaliação das estratégias e políticas educacionais adotadas em larga escala (para essa população). Apesar da escassez de literatura sobre a temática, defende-se aqui uma perspectiva de educação inclusiva que preconiza a inclusão desse alunado no contexto escolar comum e o respectivo acesso ao currículo, na medida em que se ofereçam respostas educacionais diferenciadas e efetivas frente às limitações impostas pelo autismo, as quais devem incidir nas diversas esferas do contexto escolar, desde aspectos estruturais da sala de aula até mudanças no currículo. Ainda, em alguns casos de autismo, advoga-se pela adaptação curricular, que deve apontar para reformulações substanciais nos conteúdos dos currículos, com vistas a favorecer as máximas condições educacionais para a aprendizagem acadêmica do aluno, a autonomia e o exercício da cidadania. Devido ao fato de as políticas de inclusão educacional garantirem, democraticamente, o acesso de alunos com diferentes características e demandas educacionais aos espaços e conteúdos escolares ditos comuns, a questão dos ajustes curriculares torna-se elemento crucial para o aluno, independentemente de suas características. Fonte: www.lagartavirapupa.com.br Nessa condição, a apropriação dos conhecimentos científicos pode ocorrer por meio de ajustes de acesso ao currículo (no qual são providos/modificados recursos espaciais, materiais, pessoais ou de comunicação, para que o aluno entre em contato com o currículo formal), ou de adaptações individualizadas de currículo (abarcam quaisquer ajustes nos diferentes elementos da proposta educativa, almejando atender satisfatoriamente às necessidades educativas). Essa proposta educacional sobre as dimensões curriculares tem garantido o acesso e o sucesso acadêmico a diversos alunos, especialmente àqueles que apresentam limitações sensoriais, motoras, intelectuais, comunicacionais, transtornos globais do desenvolvimento e problemas de comportamento, considerados, em sua maioria, incapazes de aprender e dominar conteúdos escolares. Assim sendo, o currículo destitui-se de uma condição de barreira educacional, constituindo-se, nesse processo, como elemento facilitador da aprendizagem. Fonte: www.image.isu.pub Contudo, a escolarização formal (bem como a aprendizagem dos conteúdos acadêmicos) de alguns alunos com transtornos globais do desenvolvimento, especificamente com autismo típico, tem sido um desafio atuale recorrente para a área da educação. A inserção desse público no contexto escolar regular, preconizada em diversas políticas públicas e decretos com ênfase na Lei nº 12.764 de 27 de dezembro de 2012, que definiu as políticas nacionais para proteção dos direitos da pessoa com transtorno do espectro autista e abrangeu diversos segmentos sociais (inclusive a educação) suscitou problematizações importantes sobre o fazer docente e a implementação de um currículo frente aos prejuízos globais do desenvolvimento que decorrem do autismo, os quais comprometem diversas áreas (tais como linguagem, comunicação e cognição), logo, dificultando que esse aluno fique atento,comunique-se, abstraia e aprenda muitos dos conteúdos previstos no currículo formal. Investigado inicialmente por Kanner (1943), o autismo típico sofreu reformulações terminológicas e de critérios diagnósticos ao longo dos anos, sendo definido como Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) pela quarta versão revisada do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR) (Associação Americana de Psiquiatria, 2002) e recentemente reformulado pela Associação Americana de Psiquiatria como Transtorno do Espectro Autista (TEA). O autismo típico é caracterizado por manifestações comportamentais que incluem déficits qualitativos na interação social e na comunicação, padrões de comportamento repetitivos e estereotipados e repertório restrito de interesses e atividades, sendo identificados tais comprometimentos antes dos três anos de idade. Fonte: www.mirandalibrassemfronteiras.weebly.com No domínio social, as dificuldades na interação interpessoal podem manifestar-se como isolamento, comportamento social impróprio, pobre contato visual, dificuldade em participar de atividades em grupo, indiferença afetiva, ou demonstrações inapropriadas de afeto e falta de empatia. Na área da linguagem e comunicação, observa-se que os padrões de comunicação (tanto verbal como não verbal) diferem significativamente dos padrões habituais, com predomínio de desvios semânticos e pragmáticos (tais como ecolalia e afasia nominal). No que tange à cognição e ao comportamento, pessoas com autismo podem apresentar as seguintes características: rigidez de pensamento e de comportamento, reduzida abstração, comportamentos ritualísticos e obsessivos, dependência de rotinas, déficits intelectuais, ausência de jogo imaginativo, inflexibilidade à mudança no ambiente habitual e comportamentos agressivos e auto lesivos. Dado que as políticas de inclusão educacional implicaram grandes desafios à educação, nas diversas dimensões (inclusive no currículo), múltiplas produções acadêmicas em teses e dissertações foram fomentadas nessa direção, as quais possibilitaram articulação em âmbito teórico, reflexivo e pragmático sobre os processos que abarcam a escolarização formal de diferentes tipos de aluno, com foco especial em alunos com deficiência e TGD (como no caso do autismo). Fonte: www.atividadeparaeducacaoespecial.com A produção científica sobre os processos educacionais inclusivos envolveu a organização de grandes grupos de pesquisadores entre universidades, o incentive financeiro e político às pesquisas que explorassem aspectos educacionais para os alunos ditos "especiais", a criação de periódicos nacionais voltados à Educação Especial e a abertura de programas de pós-graduação na área da Educação Especial, sendo, em 1978, aberto o primeiro programa de pós-graduação, sediado na Universidade Federal de São Carlos, em resposta a implementação de um sistema de educação especial pelo governo do Estado de São Paulo, o qual requeria a capacitação de recursos humanos e agentes multiplicadores nos cursos de Pedagogia habilitados para Educação Especial. Fonte: wwww.nova-escola-producao.s3.amazonaws.com Uma parte do resultado desses esforços acadêmicos encontra-se nos 3.834 estudos (aproximadamente) do banco de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino Superior (BTD-CAPES), os quais discorrem sobre múltiplas temáticas da inclusão educacional com diferentes populações de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, dentre outros. Considerando as peculiaridades do aluno com autismo típico, a proposta de inclusão educacional no contexto escolar comum e o currículo, este estudo teve como objetivo mapear a produção acadêmica nacional, disponível no BTD-CAPES, sobre o processo de escolarização formal do aluno com autismo, especialmente no que se refere às suas dimensões curriculares. Pretende-se, assim, oferecer visão panorâmica das investigações sobre tal temática e sinalizar os caminhos possíveis para a produção do conhecimento científico nessa área tão desafiadora, que é a educação formal, e do acesso ao currículo para alunos com autismo. 2 ADEQUAÇÃO CURRICULAR NOS CASOS DE AUTISMO Fonte: www.i1.wp.com Falar em Autismo é algo muito difícil, pois o Autismo é um espectro muito diversificado de comportamentos e sintomas, portanto com diferentes quadros de potencialidades e dificuldades. Todos os dias nos surpreendemos com avanços e conquistas de Meninos e Meninas Autistas. Então não podemos pensar em receitas, mas sim em Acreditar nas Possibilidades Pedagógicas de Ações que venham nortear o Plano Educacional Individualizado de Alunos e Alunas Autistas. O primeiro passo do processo de inclusão consiste na avaliação, que tem como objetivo avaliar e medir comportamentos-alvos na escola, identificando os antecedentes e consequentes que evocam e mantêm cada um deles, o que é feito por meio da Análise Funcional (descrita no artigo “Autismo: Lidando com comportamentos socialmente inadequados” desta coluna). Nesta avaliação também visamos avaliar o desempenho da criança nas atividades rotineiras e acadêmicas. A avaliação consiste na observação (ao vivo ou em vídeo) e registro de comportamentos em diferentes aulas, com diferentes professores, em diferentes contextos. Também é importante analisar os materiais acadêmicos do aluno de inclusão e o currículo pedagógico proposto pela escola. Durante este primeiro passo, o analista do comportamento também faz reuniões com a equipe da escola e os familiares para levantamento de queixas, exposição dos dados analisados e definição das modificações ambientais necessárias. Fonte: www.cdn.slidesharecdn.com Como resultado da avaliação no ambiente escolar, o analista do comportamento deve ter definidos os comportamentos e habilidades que estão deficitários ou ausentes no repertório e, portanto, devem ser maximizados ou instalados, bem como os comportamentos e habilidades que estão em excesso e estão prejudicando o desenvolvimento e aproveitamento escolar e, portanto, devem ser minimizados ou extintos. O segundo passo da inclusão deve começar antes mesmo de se pensar em inclusão ou, pelo menos, paralelamente ao processo de inserção da criança na escola. Este passo consiste na intervenção individualizada, ou seja, intervenção em um ambiente de ensino planejado, com controle total de variáveis ambientais, onde podemos apresentar um estímulo por vez e garantir o aprendizado de cada habilidade. Para esta intervenção o analista do comportamento treina um profissional ou estudante de psicologia, pedagogia ou áreas afins, para aplicar os procedimentos de ensino de habilidades pré-requisitos e novos repertórios e, também, procedimentos para minimização de comportamentos destrutivos. Fonte: www.image.isu.pub Dentre os comportamentos a serem maximizados ou instalados no contexto individual estão: o comportamento de aluno,ou seja, sentar, esperar, manter contato visual, seguir comandos, etc. A comunicação funcional vocal ou por pistas visuais, as habilidades sociais, como brincar, interagir, comunicar-se. As habilidades pré-acadêmicas, dentre elas estão contato visual, imitação, seguir instruções, discriminações visuais e auditivas, etc., as habilidades acadêmicas como alfabetização, noções matemáticas, etc. O repertório de brincar, isto é, o uso do brinquedo com a função correta, compartilhar a vez, brincar junto, etc. e a independência nas atividades de vida diária (banho, vestir-se, alimentar-se, escovar os dentes, uso do banheiro, etc.). Os comportamentos a serem minimizados ou extintos na intervenção individualizada, consistem nas estereotipias, ou seja, respostas repetitivas com função auto estimulatória e os comportamentos de difícil manejo como: Birras (choros, gritos, se jogar no chão, etc.); Autolesão (machucar a si mesmo); Agressão (machucar outras pessoas). Os detalhes dos procedimentos utilizados pela análise do comportamento no ensino de novas habilidades e controle de comportamentos inadequados estão descritos em outros artigos desta coluna. O terceiro passo da inclusão consiste em levar toda esta tecnologia comportamental para dentro dos muros da escola. Para isso, precisamos de um Acompanhante Terapêutico (AT), isto é, um profissional ou estudante da área da saúde (psicologia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, enfermagem, etc.) ou educação (pedagogia), ou ainda um para profissional (cuidadores, pais, parentes, etc.). O objetivo da inserção de um AT para acompanhar a criança na escola é maximizar o número de horas de estimulação específica no ambiente natural, com valores mais acessíveis para a família, isto é, não precisa ter um analista do comportamento, com mestrado e doutorado, executando este serviço. Podemos ter outro profissional ou estudante, com menos formação, mas bem treinado e orientado pelo analista do comportamento. Fonte: www.atenacursos.com.br O analista do comportamento indica a presença deste aplicador porque a criança com autismo apresenta dificuldades na generalização dos comportamentos aprendidos no contexto individualizado para o contexto natural (escola). Por isso, a criança precisa de um ensino mais individualizado dentro de sala de aula e nós não podemos exigir que o professor ou o auxiliar de classe exerçam estas funções, pois isto significaria a retirada destes profissionais da posição de referência para a turma. O treinamento teórico do AT consiste na apresentação dos conceitos básicos da Análise do Comportamento aplicados à educação em supervisões individualizadas ou em workshops. O treinamento prático envolve a observação de um terapeuta experiente atuando na escola; atuação direta com a criança com supervisão ao vivo do terapeuta experiente; e auto avaliação, ou seja, o AT deve assistir a vídeos de sua própria atuação para identificar falhas e mudanças necessárias. Este treinamento é contínuo e mantido em consultorias sucessivas feitas pela equipe de analistas do comportamento que coordenam a intervenção. Paralelamente, a escola também deve fazer um treinamento específico com o AT, focado nas regras e princípios educacionais da escola, afinal o AT atuará neste espaço. Uma das funções do acompanhante terapêutico é aplicar, na escola, procedimentos de ensino individualizado e de controle de comportamentos-problema orientados pelo analista do comportamento. O AT também deve estimular a interação da criança com seus pares, usando procedimentos planejados junto com o analista do comportamento. Quando necessário, o AT adapta os materiais acadêmicos e apresenta estes materiais adaptados em sala de aula. Fonte: www.i2.wp.com Desta forma, o AT acompanha a criança em todos os contextos escolares, nas diferentes atividades, disciplinas e ambientes, garantindo a máxima participação dela nas atividades propostas utilizando, se necessário, técnicas de motivação e facilitação da tarefa orientadas pelo analista do comportamento. A função do AT não é criar e nem propor atividades, mas sim garantir que a criança participe das atividades criadas e propostas pelos professores com as adaptações necessárias. A equipe de analistas do comportamento acompanha a evolução do caso por meio de registros e gráficos correspondentes a cada procedimento aplicado. Estes registros são feitos pelo AT com orientação do analista do comportamento. Também se espera que o AT faça a troca de informações entre os profissionais da escola (professores, coordenadores, etc.) e os familiares e membros da equipe que atuam em outros contextos, garantindo a coesão da intervenção. Com o desenvolvimento da criança e maior adaptação desta ao contexto escolar, o analista do comportamento pode decidir começar o processo de retirada do AT do ambiente escolar. Para isso, começamos afastando o AT dos momentos em que a criança já se comporta de forma correta e independente. Então, designamos outras tarefas para o AT executar durante o período de aula que não sejam diretamente com a criança (Ex: registros, análises, adaptação de material, etc.). Fonte: www.3.bp.blogspot.com Em um determinado momento realizamos um delineamento de intervenções específicas, isto é, orientamos que o AT atue somente nas situações em que a criança ainda não consegue se comportar de forma correta e independente. Em um estágio mais avançado, podemos inserir um AT camuflado na função de auxiliar de classe sem que a criança saiba que essa pessoa é sua AT, visando gerar mais autonomia. O quarto passo do processo de inclusão escolar refere-se às adaptações necessárias para que a criança consiga acompanhar as aulas e atividades. Estas adaptações são preparadas antecipadamente e aplicadas pelo acompanhante terapêutico (AT), sob orientação do analista do comportamento. As adaptações consistem em alterações de contingências delineadas para a escola (relações específicas aluno-ambiente) em todos os contextos (diferentes espaços e disciplinas). Estas adaptações devem envolver tanto os eventos antecedentes (que evocam as respostas do aluno) quanto os eventos consequentes (que fortalecem e mantêm as respostas do aluno). Dentre as modificações de eventos antecedentes necessários para a inclusão de uma criança com autismo na escola regular, está a adaptação do material que será utilizado (livros, apostilas, provas, etc.). Neste material deve-se, por exemplo: reduzir enunciados, deixando somente 1 instrução em cada enunciado; usar frases objetivas e apenas com palavras-chave; manter menos exercícios por página; usar letras maiores e, preferência, letras de forma (bastão); deixar mais espaço para escrever, desenhar ou colar; substituir as questões dissertativas (que exigem só a escrita) por atividades para ligar, recortar, colar, pintar, circular, etc.; e incluir temas do interesse da criança e de situações de seu cotidiano em todas as atividades. Fonte: www.4.bp.blogspot.com Fora esta preparação antecipada do material, durante as aulas o AT também deverá usar dicas verbais, visuais ou motoras para que o aluno realize as atividades propostas ou atividades adaptadas e obedeça aos comandos individuais e coletivos dos professores. Outra modificação antecedente importante é a fragmentação de tarefas. Deve-se apresentar menos demandas por vez, quebrar as atividades longas em partes menores e intercalar a resposta a cada demanda com reforçadores e pequenos intervalos. Algumas manipulações de variáveis antecedentes envolvem modificar o próprio ambiente físico de salade aula, por exemplo, acomodar a criança próximo a um colega que possa dar apoio (este colega deve variar, para que não fique custoso demais para as crianças). Alterar a disposição física da criança na sala de aula (sentar mais na frente para se concentrar melhor, ou sentar mais atrás se precisar sair de sala muitas vezes), alterar a estimulação de sala de aula acrescentando fotos, figuras e vídeos acompanhando o conteúdo das aulas expositivas. Utilização de tecnologia para apresentação de conteúdos durantes as aulas expositivas e verbais, como, por exemplo, computador, quadro interativo, DVD, tablete, etc., e usar horários, calendários e sequências de atividades visuais. Fonte: www.2.bp.blogspot.com Na maior parte das vezes o próprio currículo escolar deve ser adaptado. Esta decisão é feita pela equipe de intervenção (analistas do comportamento) em pareceria com a coordenação pedagógica da escola. Ao depender do nível de dificuldade da criança pode-se optar por ensinar o mesmo currículo, mas em nível menos complexo, mais lentamente, com adaptações de material ou apenas com aplicação direta à rotina do indivíduo. Em casos de maior atraso cognitivo deve-se optar pelo ensino de um currículo diferente, totalmente adaptado às necessidades da criança. Também faz parte do conjunto de adaptações antecedentes a antecipação de conteúdos acadêmicos. Para isso, a escola deve fornecer o planejamento curricular da turma e, então, os conteúdos, ou parte deles, são inseridos nos programas de ensino aplicados na intervenção individualizada. Assim, a criança adquire os pré-requisitos ou aprende totalmente o conteúdo antes de vê-lo em sala de aula. Fonte: www.pedagogiafaculdadecamposeliseos.files.wordpress.com Para crianças com necessidades especiais de aprendizagem, o aprendizado em contexto individualizado é sempre mais fácil do que no contexto coletivo, afinal, no contexto individualizado é possível utilizar estratégias de estimulação antecedentes e consequentes mais eficientes. No contexto individualizado pode-se, ainda, detectar o formato ideal de apresentação de um determinado conteúdo acadêmico e, depois, reproduzi-lo em sala de aula. Quanto às modificações dos eventos consequentes, é necessário usar esquemas de reforça especiais para fortalecer e manter as respostas adequadas do aluno já que, como já discutido nesta coluna, a criança com autismo pode não ficar sob controle das variáveis consequentes mais comuns ao contexto escolar (notas, elogios, gosto por aprender, etc.). Muitas vezes, orientamos que o AT monte, na sala de aula, uma caixa om diversas opções de possíveis reforçadores, ou seja, objetos e atividades do interesse da criança, de casa ou da escola, que poderão ser usados para consequenciar respostas corretas. Estes objetos devem ser renovados constantemente. Fonte: www.1.bp.blogspot.com Vale lembrar que o analista do comportamento deve se preocupar sempre com a transferência gradual do reforçamento artificial para o natural. Para isso, brinquedos, vídeos, alimentos, etc. (reforçadores artificiais) devem vir sempre acompanhados de elogios (reforçadores sociais) e garantia de prazer e funcionalidade na atividade (reforçadores naturais). Assim, gradualmente, os elogios e o gostar de aprender passam a manter as respostas, permitindo a retirada gradual do reforçamento artificial. O analista do comportamento deve planejar esquemas de reforçamento específicos para cada objetivo acadêmico. Por exemplo, com uma criança que está começando o processo de inclusão pode ser importante usar o reforçamento contínuo. Depois, com a criança mais adaptada ao contexto escolar, pode-se passar para um esquema de reforçamento intermitente e, com isso, possibilitar que reforçadores mais naturais detenham o controle sobre a resposta. Uma das tarefas mais difíceis na parceria com as escolas consiste em impedir ou, pelo menos, minimizar o uso de punição após a ocorrência de comportamentos destrutivos. Afinal, os castigos, broncas, ameaças e retirada do acesso a situações prazerosas (Ex: não ir para o recreio) são práticas comuns na maior parte das escolas. Porém, como já discutido, o “Autismo: Lidando com comportamentos socialmente inadequados”, o controle coercitivo gera muitos efeitos colaterais indesejados que podem comprometer o aprendizado e o sucesso da inclusão escolar. Fonte: www.wp.clicrbs.com.br Também faz parte do trabalho do AT a intermediação de interações sociais. Para isso, o analista do comportamento treina o AT para manipular variáveis ambientais de modo a facilitar a interação da criança com os colegas. O AT pode, por exemplo, propor brincadeiras que a criança de inclusão conheça, goste e saiba brincar, facilitando sua inserção nos momentos lúdicos. Durante estas interações o AT deve bloquear estereotipias e redirecionar para comportamentos mais funcionais; dar as dicas necessárias para a comunicação da criança de inclusão com seus pares; e ajudar a criança a se manter na brincadeira e manipular brinquedos de forma adequada (e não estereotipada). Também é importante orientar os pares acerca de como interagir e se comunicar com a criança de inclusão, tornando eles próprios o que passamos a chamar de “mini-ATs”. Finalmente, o quinto passo do processo de inclusão escolar consiste na supervisão e coordenação da equipe (profissionais e familiares). O analista do comportamento deve garantir coerência e sistematicidade de procedimentos mantendo reuniões frequentes com todos os membros da equipe de intervenção e familiares mais próximos. Nestas reuniões deve-se promover a troca de informações entre os membros da equipe, para que todos conheçam a atuação dos demais, bem como o desempenho da criança em cada contexto de intervenção. Nestas reuniões também são estabelecidas novas metas de intervenção, com base nos problemas de comportamento e aprendizado que a equipe for relatando. Então, com as metas estabelecidas, o analista do comportamento explica e treina novos procedimentos para ensino de novas habilidades ou controle dos comportamentos inadequados. Vale ressaltar que todos os passos do processo de inclusão aqui descritos contemplam a concepção de Educação da Análise do Comportamento. Assim, qualquer proposta de um profissional analista do comportamento precisa ser composta por esses passos fundamentais. As instituições de ensino regular na década de 90 passaram por um período de adequação quanto ao atendimento de crianças com necessidades educativas especiais, a lei 9.394/96 em seu capítulo XIV que trata da educação especial garantiu o direito das pessoas com necessidades educativas especiais de se matricular em uma escola de ensino normal. Mas, ao mesmo tempo em que a garantia desse direito de fazerem parte de um contexto educativo constitui-se em um grande avanço também se levantou uma problemática para as instituições de ensino regular que era de adequação não apenas do espaço físico e qualificação dos profissionais para atender estes alunos, mas principalmente quais procedimentos metodológicos deveriam ser aplicados. Fonte: www.prolu.files.wordpress.com Na orientação destes procedimentos encontramos o psicopedagogo como agente de inclusão na escola e na sociedade, que tem um papel fundamental, principalmente por considerarmos a concepção transdisciplinar da profissão permitindo que o psicopedagogo se torne um mediador aluno-escola-família, sabemos que em centros especializados ao atendimento ao autista são aplicados metodologias e estratégias de ensino-aprendizagem que trazem resultados muito positivo, este pesquisa irá investigarestes procedimentos metodológicos e como aplicar em uma escola de ensino normal, utilizando-se do psicopedagogo na busca de uma forma alternativa de comunicação com o autista para desenvolver sua autonomia e participar do contexto escolar. Quando pensamos em inclusão, do autista surge à ideia de que apenas inserindo a criança em uma escola regular ela irá começar a imitar as outras crianças. Por não ter consciência de si mesma a criança com autismo não consegue estabelecer as relações de causa e efeito do ambiente em relação a suas próprias ações, neste caso o processo de aquisição desta consciência de si própria pode ser um processo muito longo ou às vezes nem chegam a desenvolver. A escola é um espaço para aprender não deve ser um espaço onde se leve o autista apenas para desenvolver a interação social, a educação do autista deve ser planejada para que possa ter um currículo que atenda suas necessidades, a intervenção tem que ser individual e no ritmo que o autista consegue aprender, não existe uma fórmula pronta para uma metodologia com alunos autistas, portanto a intervenção psicopedagógico deve priorizar as necessidades individuais do aluno. O papel do psicopedagogo em auxiliar a inclusão de autistas na escola regular somente será eficiente através de um olhar sistêmico, enxergando a escola em seu todo, para saber o que é realmente necessário para que o aluno com ASD tenha suas necessidades atendidas, toda equipe escolar tem que estar em consonância com a proposta educativa da escola e trabalhar junto para que o espaço escolar atenda não apenas o autista, mas qualquer criança que necessite de uma educação individualizada. O especialista em psicopedagogia irá sugerir alternativas metodológicas ou adaptações curriculares dando suporte a equipe escolar e direcionando o caminho a ser traçado para que a inclusão de crianças com ASD não seja apenas um direito garantido, mas seja efetivado na pratica escolar, o psicopedagogo é um mediador destas relações entre aluno, escola e família, um facilitador para que o aluno que apresente um comprometimento autista consiga desenvolver ao Máximo sua capacidade cognitiva de aprendizado e tornar o currículo funcional para que seja desenvolvida a autonomia do aluno especial. A escola tem uma função muito importante, tanto no acolhimento, como na elaboração de estratégias para que os alunos consigam desenvolver sua capacidade de interagir com outras crianças. Esse trabalho deve ser estritamente ligado com a família, pois é esta que tem mais experiência em lidar com a criança. A escola por desconhecer o autismo e por não ter centros de apoio que as oriente, muitas vezes acaba não obtendo êxito na melhor metodologia para seguir com estes alunos é nesta lacuna que entra o psicopedagogo para que a escola possa acolher de fato. O desafio que o psicopedagogo irá enfrentar é justamente conseguir adaptar um currículo que seja funcional, ou seja, que estimule o desenvolvimento da autonomia e permita que o autista seja capaz de generalizar suas ações na vida social e que trabalhe a comunicação, permitindo que o autista tenha uma qualidade de vida e funcionalidade. Quando na intervenção psicopedagógico se faz necessário uma adaptação de currículo é preciso ressaltar que não se trata de um currículo que seja paralelo do que é seguido pela turma, primeiramente o psicopedagogo deve realizar uma avaliação escolar onde possa observar qual é o contexto escolar e se o projeto curricular da escola atende o aluno com ASD apenas com algumas modificações metodológicas ou se é necessária uma adequação curricular que contemple as necessidades do aluno inserido. Fonte: www.static.wixstatic.com O primeiro passo para que seja organizado um currículo adaptado as necessidades do autista é primeiramente que o psicopedagogo tenha em mãos um laudo realizado por especialistas que atendam o autista e como ponto de partida para que o psicopedagogo conheça quais as limitações e quais os desafios a serem incluídos na rotina do autista e possa montar um programa pedagógico individualizado. Por exemplo, problemas como dislexia ou dispraxia não pertencem ao espectro do autismo, embora possam ser detectados junto com a ASD. Os especialistas encarregados da avaliação precisam ter certeza de que os comportamentos das crianças não sejam causados por outros problemas, como auditivo ou comportamental, atraso no desenvolvimento, distúrbio de linguagem e de fala ou algum tipo de lesão cerebral; isto é essencial para que o psicopedagogo possa desenvolver um trabalho eficaz na intervenção psicopedagógico. Fonte: www.cebes.org.br A escola deve ser um local onde qualquer aluno consiga desenvolver seu potencial e superar seus limites. Através do psicopedagogo a eliminação de barreiras e a criação de estratégias que muitas vezes são simples e fazem parte da estratégia de ensino utilizado pelo professor irá possibilitar que o currículo escolar atenda a todos os alunos. Em uma escola regular não é possível estruturar o ambiente conforme em centros de atendimento ao autista, mas muito da técnica utilizada pode ser adaptada de forma que atenda o autista e os outros alunos. Um exemplo disto é o quadro de rotina que na escola regular é algo comum nas salas estabelecendo as rotinas do dia, isto que já é uma estratégia pelo professor poderá apenas com alguns ajustes atender a necessidade do aluno com ASD, uma pequena alteração como, por exemplo, a utilização de figuras para que seja compreensível para o autista terá uma relevância no desenvolvimento deste aluno. A decoração da sala também pode procurar atender o autista e toda a sala porque a poluição visual tira atenção não somente do autista, mas dos alunos que não são especiais. Fonte: www.4.bp.blogspot.com O educador em sua comunicação com autista deve procurar falar pouco e de forma objetiva, utilizado verbos de ação e falando com firmeza e próximo, evitando repetir uma ordem muitas vezes, evitar usar o nome da criança como sinônimo de "não" Na sala regular, o psicopedagogo pode orientar o educador na confecção de materiais que atendam o autista e também a turma regular que está inserida desta forma o currículo adaptado não estaria tirando o foco do professor e individualizando o ensino somente para o autista que é o temor de muitos pais ao saberem que tem algum colega autista estudando na mesma turma. O importante na confecção de materiais é organizar e estruturar os materiais devido à tríade imaginação, comunicação e comportamento porque o autista não sabe brincar, trabalhar, organizar, criar e jogar como os alunos regulares. Quando se pensa em uma escola inclusiva que atenda plenamente alunos com comprometimento autista, pode-se considerar que está necessita de adaptações curriculares de acessibilidade e adaptações pedagógicas, referente à eliminação de barreiras físicas e metodológicas, porque o universo do autista é totalmente complexo e cheio de singularidades, o psicopedagogo é a peça fundamental que irá proporcionar as condições físicas, os materiais e de comunicação, o apoio ao docente e a equipe escolar. O universo autista é complexo, mas atender e planejar uma ação adaptativa para o autista requer do psicopedagogo não apenas preencher uma lacuna na tentativa de compreender este universo, mas criar pontes para que pessoas com transtorno do espectro autista seja reconhecida não como indivíduo especial, mas como cidadão que assim como todos nós temos nossas singularidades e complexidades e que merecem ser respeitadas. 3 ADAPTAÇÃO CURRICULAR: UMA VISÃO PSICOPEDAGÓGICA Fonte: www.diariodamanhapelotas.com.brFalar de autismo pressupõe uma série de interrogações quanto aos aspectos da própria definição, etiologia e tratamento. O que as pesquisas evidenciam atualmente é que este transtorno abrange uma série de sintomas que variam de pessoa para pessoa. Tais comportamentos considerados atípicos aparecem desde o nascer e vão se diversificando antes mesmo do terceiro ano de vida. Ao receber o diagnóstico de autismo, geralmente as crianças estão na fase inicial de alfabetização, momento crucial para o desenvolvimento de novas habilidades, e de perturbação para a escola que, muitas vezes, não dispõe de profissionais habilitados e nem de materiais adequados para facilitar o acesso do autista ao currículo comum e, consequentemente, a inclusão em sala de aula. Fonte: www.transversos.files.wordpress.com Nesse contexto, o psicopedagogo se insere para atuar junto à equipe pedagógica, a fim de elaborar propostas de adequação do currículo às necessidades do aluno com transtorno de aprendizagem. Dessa forma, verifica-se a necessidade de saber como este profissional atua em demandas de adaptações curriculares, especificamente, em casos de autismo. Define-se adaptação como um conjunto de medidas que envolvem a avaliação e o planejamento de estratégias a serem utilizadas na prática docente, com vistas a otimizar o desempenho cognitivo e social de alunos com transtornos ou dificuldades de aprendizagem. Esses procedimentos devem envolver todos os agentes responsáveis direta ou indiretamente pelo desenvolvimento do aprendiz, a saber: professor, psicopedagogo, coordenador da escola, família e, o próprio aluno, quando possível. Ao considerar as flexões do currículo escolar, nota-se que a temática traz inúmeras contribuições às pesquisas acadêmico-científicas, para a Psicopedagogia e a sociedade em geral, uma vez que possibilita a construção de novos olhares sobre a atuação psicopedagógico na inclusão de alunos com autismo; estimula o desenvolvimento de novos estudos que assim como este poderão dar sustento ao arcabouço teórico da Psicopedagogia; e beneficia os autistas e a comunidade escolar na orientação de práticas curriculares voltadas para as necessidades desse aprendiz. A Psicopedagogia iniciada nesses centros tinha entre os seus objetivos auxiliar as crianças e os adolescentes que apresentavam dificuldades de comportamento (na escola ou na família), segundo os padrões da época, no intuito de reeducá-las para o seu ambiente por meio de um comportamento psicopedagógico. A prática da reeducação consistia em identificar e tratar dificuldades de aprendizagem, a partir de ações de medição, de classificação de desvios e de elaboração de planos de trabalho. A base do conhecimento utilizado provinha fundamentalmente da Psicologia, da Psicanálise e da Pedagogia e o tipo de enfoque predominante era o médico-pedagógico. Fonte:www.humorpolitico.com.br Apesar das equipes desses centros serem formadas por profissionais de várias áreas (psicólogos, psicanalistas, pedagogos, reeducadores e psicomotricidade, de escrita etc.), era o médico o responsável pela realização do diagnóstico do sujeito. Por intermédio da investigação da vida familiar, das relações conjugais, das condições de vida, dos métodos educativos, dos resultados dos testes de QI da pessoa, ele dava a orientação sobre o tipo de tratamento cabível, visando corrigir a falta de adaptação detectada no sujeito. Foi a Argentina a maior influenciadora da Psicopedagogia brasileira, notadamente a partir dos anos 60, momentos em que vários países latinos contavam com governos ditatoriais e vivenciavam a lógica do medo e do silêncio em seus territórios. Por essa razão, a Psicopedagogia chegou até nós de forma clandestina, por intermédio de seus exilados políticos. Sob tais influências, igualmente ao que ocorria naqueles países, a Psicopedagogia brasileira também se construiu sob um enfoque médico-pedagógico e com uma natureza mais prática do que acadêmica. Anteriormente, o Brasil já tinha contado com uma iniciativa de trabalho psicopedagógico de cunho mais preventivo, especialmente voltada para a relação professor-aluno. Essa experiência ocorreu, em 1958, com a criação do Serviço de Orientação Psicopedagógico (SOPP) da Escola Guatemala, na Guanabara (escola experimental do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira/MEC), participando um profissional da Pedagogia e outro da Psicologia. Fonte: www.i.ytimg.com Entretanto, a despeito dessa experiência, a literatura revela que a finalidade que predominou na história antiga da Psicopedagogia brasileira foi a de atuar nos problemas referentes às disfunções neurológicas ou, mais precisamente, naquilo que foi denominado na época de "Disfunção Cerebral Mínima" (DCM). Essa tendência, fortalecida notadamente por volta da década de 70, ilustrava no momento uma interpretação psiconeurológica do desenvolvimento humano, bem como sustentava uma visão orgânica e patologizante sobre os problemas de aprendizagem. Sob essa perspectiva, tais problemas eram tratados como originários de disfunções neurológicas tão pequenas que, por essa razão, acabavam não sendo detectadas nos exames clínicos, embora provocassem alterações de comportamento. Foi sob essa herança conceitual médico-pedagógico que nasceram, na década de 70, os primeiros cursos de Psicopedagogia no país, voltados especialmente para complementar à formação do psicólogo e do educador. Em princípios, a formação dos profissionais em Psicopedagogia se dava na Clínica Médico-Pedagógico de Porto Alegre. Ao trilhar esse caminho, a formação do psicopedagogo brasileiro acabou afastando-se, e muito, de sua matriz argentina. Isso porque, enquanto nesse país a formação do psicopedagogo continuou a dar-se por meio de cursos de graduação de aproximadamente cinco anos, o Brasil perpetuou a tradição de uma formação mais aligeirada, por volta de um ano, em nível de especialização lato sensu ou em cursos de aperfeiçoamentos, nas modalidades presencial, semipresencial e a distância. Fonte: www.musicaeinclusao.files.wordpress.com Essa tradição brasileira de formação menos aprofundada na área explicaria por que, na Argentina, tornou-se facultativo para o psicopedagogo o uso de algumas teses diagnósticos que, no Brasil, mantiveram-se apenas para o uso exclusivo pelo psicólogo. Durante muito tempo, contudo, conforme o apresentado foi o enfoque orgânico que conduziu o desenvolvimento da história da Psicopedagogia pelo mundo. Tal enfoque teve sua origem nas contribuições das ciências médicas e biológicas, que classificavam rigidamente os seus pacientes, transferiu dos hospitais para as escolas, orientando a utilização do termo "anormais escolares". O fortalecimento da área psiquiátrica e a incorporação de alguns de seus conceitos da área médica (a influência do ambiente na personalidade, a atuação da dimensão afetivo-emocional no comportamento, por exemplo) possibilitaram a mudança, no meio escolar, do termo "criança anormal" para a expressão "criança com problema". Entretanto, a modificação efetiva dessa visão individualizante dos problemas de aprendizagem para outra de caráter mais totalizante e menos patológico não se deu imediatamente. Ela foi lenta e amparou-se na contribuição de várias tendências teóricas e nas descobertas científicas de diversos campos do conhecimento. No Brasil, pode-se destacar dentro dessas tendências, por exemplo, o movimento escola novista. Esse movimento deixou como legado histórico uma nova visão sobre a criança, em termos da especificidade de seu desenvolvimento e da adequação da escolapara ela, especialmente por meio da criação de novos métodos de ensino. Toda essa confluência de saberes, teorias e campos de conhecimento presentes na formação da Psicopedagogia explica-se na medida em que, embora ela possa ser considerada como um corpo teórico organizado, não conseguiu até agora sustentar-se pela qualidade de seu saber científico, em razão de se manter muito presa a esfera da empiria. 4 A ESCOLA A transmissão cultural se faz pela simples convivência entre as gerações. Quando, os conhecimentos que devem ser transmitidos não são do domicilio de todos e seu volume é suficientemente grande a ponto de levar o educador há reservar um tempo necessário para aprendê-los, a transmissão cultural só torna possível através de instituições organizadas denominadas escolas. Portanto, a escola tem funções sociais específicas, o que leva a ser um espaço onde as atividades na maioria das vezes não correspondem à demanda da sociedade. Fonte: www.cafitamemo.files.wordpress.com Torna-se um ambiente artificial em que o professor seleciona o conteúdo que deve ser transmitido e aprendido pelo aluno sem levar em conta as experiências, as necessidades e aspirações deste. Ainda encontramos em muitas escolas, o aluno como espectador passivo, pois não participa do processo de transmissão cultural, sendo obrigado a aprender, muitas vezes, conteúdos culturais totalmente desvinculados do contexto em que está inserido, portanto, pouco significativo para ele. É preciso, pois, que o educador se atente de que somente fatos concretos conhecidos do educando apresenta sentido para ele. É preciso transformar a escola, de sistema fechado que é em um sistema aberto em constante interação com o ambiente social a que pertence. "à educação é vista fundamentalmente como um processo de vida pessoal, interpessoal e grupal, e o educador como facilitador deste crescimento". O trabalho pedagógico deve ser orientado de tal modo que os conhecimentos transmitidos se transformem em "ferramentas" de ação do educando na vida social. Como essa tarefa, em face dos inúmeros obstáculos que se encontra ao tentar-se implantar uma proposta de tal natureza, a escola acaba transformando-se numa agência de informação, em detrimento da formação do educando. A escola que tem a pretensão de preparar o educando para a vida é incoerente ao desenvolver um trabalho no interior de seus muros, distante da realidade social. É necessário transformar essa situação, levando o educando a um contato com a comunidade onde está inserido a fim de desenvolver maior integração social. Ainda encontramos escolas com regulamentos rígidos, ultra exigentes quanto à obediência de suas regras ou normas, e com sua intenção de transmitir o saber sem reflexão, nos dando a impressão de que está organizada apenas para depositar informações. A instituição deve, acima de tudo, ensinar o aluno a pensar. É importante considerar que a escola deve valorizar os muitos saberes do aluno, e que seja oportunizado a ele demonstrar suas reais potencialidades. A escola tem valorizado apenas o conhecimento verbal e matemático, deixando de fora tantos conhecimentos importantes para formação pessoal, intelectual e moral do aprendiz. O sentimento de pertença deve ser estimulado, alguém acuado, jamais vai demonstrar as potencialidades que possui. Tornando o ambiente escolar acolhedor, aceitando o aluno como ele é, oferecendo meios para que se desenvolva, já é uma garantia de dar certo o trabalho em sala de aula. É necessário que os profissionais da educação adotem uma postura ética em relação ao aluno, que assim como eles, convivem em uma sociedade excludente. Portanto, diversificar as situações de aprendizagem é adaptá-las às especificidades dos alunos, é tentar ao problema didático da heterogeneidade das aprendizagens, que muitas vezes é rotulada de dificuldades. "o objeto de estudo da didática é o processo de ensino-aprendizagem. Toda proposta didática está impregnada, implícita ou explicitamente, de uma concepção do processo de ensino-aprendizagem". Fonte: www.caririeisso.com.br Sabemos que é nas relações sociais e na interação com o meio que o indivíduo se constitui e através dos conhecimentos adquiridos que é inserido, de forma mais organizado no mundo cultural e simbólico. É a sociedade então, que outorga à escola o papel de mediadora nesse processo de inserção no organismo do mundo, sendo ela a responsável por grande parte dessa aprendizagem. Cada sujeito tem uma história pessoal, da qual fazemos parte várias histórias: a familiar, a escolar, e outras, que articuladas, atuam na formação do indivíduo. A escola tem, portanto, um papel importante na formação deste sujeito depois da família e que tanto uma quanto a outra podem contribuir para a formação de algumas dificuldades de aprendizagem. A Psicopedagogia, na instituição escolar, tem uma função complexa e por isso provoca algumas distorções conceituais quanto às atividades desenvolvidas pelo psicopedagogo. Numa ação interdisciplinar ela dedica-se a áreas relacionadas ao planejamento educacional e assessoramento pedagógico, colabora com planos educacionais e lúdicos no âmbito das organizações, atuando numa modalidade cujo caráter é clínico institucional, ou seja, realizado diagnóstico institucional e propostas operacionais pertinentes. Fonte: www.static.wixstatic.com O campo de atuação até então discreto, pode ser classificado também como da modalidade preventiva muito ampla e complexa, mas pouco explorada. Sobre o trabalho psicopedagógico na escola muito há o que fazer. Grande parte da aprendizagem ocorre dentro da instituição escolar, nas relações estabelecidas entre professor e o aluno, entre o currículo, programas e conteúdo, e com o grupo social escolar enquanto um todo é por isso que se propõe uma visão embasada no modelo sistemático, onde as relações têm grande relevância. Pensar a escola à luz da Psicopedagogia significa analisar um processo que inclui questões metodológicas, relacionais e socioculturais, englobando o ponto de vista de quem ensina e de quem aprende, abrangendo a participação da família e da sociedade. 5 INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICO Historicamente, a intervenção psicopedagógico vem ocorrendo com assistência às pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagem. Diante do baixo desempenho acadêmico, alunos são encaminhados pelas escolas, com o objetivo de elucidar a causa de suas dificuldades. Fonte: www.ganhesempremais.com.br A questão fica, desde o princípio, centrada em quem aprende, ou melhor, em quem não aprende. Diferente de estar com dificuldade, o aluno manifesta dificuldades, relevando uma situação mais ampla, onde também se inscreve a escola, parceira que é no processo da aprendizagem. Portanto, analisar a dificuldade de aprender, inclui necessariamente, o projeto pedagógico escolar, nas suas propostas de ensino, no que é valorizando como aprendizagem. Ampliação desta leitura através do aluno permite ao psicopedagogo abrir espaços para que se disponibilizem recursos que façam frente aos desafios, isto é, na direção da efetivação da aprendizagem. No entanto, apesar do esforço que as escolas tradicionalmente despendem na solução dos problemas de aprendizagem, os resultados do estudo psicopedagógico têm servido, muitas vezes, para diferentes fins, sobretudo quando a escola não se dispõe a alterar o seu sistema de ensino e acolher o aluno nas suas necessidades. Assim, se a instituição consagra o armazenamento do conteúdo como fator de soberania, os resultados do estado correm o risco de serem compreendidos como a confirmaçãodas incapacidades do aluno de fazer as exigências, acabando por referendar o processo de exclusão. Fonte: www.2.bp.blogspot.com Na prática, observamos diferentes tipos de escola segundo tenham existido ou não as condições e o tempo suficientes para estabelecer objetivos comuns, para marcar uma metodologia de base e para explicitar o seu projeto educativo. Em outras palavras, as escolas são instituições que passam por momentos evolutivos diferentes. O estudo psicopedagógico atinge plenamente seus objetivos quanto, ampliando a compreensão sobre as características e necessidades de aprendizagem do aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender as necessidades de aprendizagem. Desta forma, o fazer pedagógico se transforma, podendo se tornar uma ferramenta poderosa. A Psicopedagogia traz à tona, o encontro com o prazer de trabalhar, de investigar, de aprender com os nossos alunos. Isso é a busca criativa que nos leva a "de aprisionar" a inteligência, a tirar a criatividade do casulo, a desprender-se, deixar solto o pensar, o conhecer e o crescer do ser humano. Uma didática com um olhar psicopedagógico revoluciona a inter-relação professor- aluno. Se de um lado o aluno é visto de um modo integrativo e participa da construção do conhecimento, de outro é indispensável uma transformação na postura do professor. Fonte: www.s-media-cache-ak0.pinimg.com Os recursos de formação docente, preocupados com os estágios supervisionados, deixam de pensar na construção subjetiva do professor e do aluno e na trama que se estabelece entre as questões da ordem objetiva nos processos de aprender. O campo do saber da Psicopedagogia oferece subsídios para a postura do professor reconhecer sua modalidade de aprender. A intervenção psicopedagógico não pode configurar-se da mesma maneira quando direcionada para o contexto escolar e quando oferecida a uma família; os instrumentos e as estratégias utilizadas irão variar conforme a orientação esteja direcionada a um adolescente ou a um trabalhador que, na sua maturidade, precisa redefinir sua trajetória profissional. A sala de aula é um espaço, por excelência, saudável onde o perguntar é valorizado e o eleger é possível. Um ambiente que promove aprendizagens significativas valoriza a relação professor-aluno e influencia o desenvolvimento do pensar. Um ambiente aberto ao questionamento, ao diálogo, encoraja os alunos a ser criativo e autônomo, ao contrário do ambiente autoritário cuja ênfase é sobre a memorização. 6 O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO Fonte: www.images.slideplayer.com.br A atitude do aprender deixa de ser uma mera atividade porque recebe a influência do ambiente. Neste contexto do aprender a Psicopedagogia contribui quando diz que seu objeto de estudo é o sujeito em situação de aprendizagem. E no processo ensino- aprendizagem, ao colocar em jogo o corpo, o organismo, a inteligência e o desejo, desnuda-se o conhecimento e liberta as inibições. É nesse jogo simbólico que se busca energia e refaz-se sempre o pensar. É nos embates e nas contradições que se encontra a dinâmica e a diversidade nas situações cotidianas e imediatas da sala de aula. É este o jogo da aprendizagem. A participação do professor, por inteiro, (corpo, organismo, inteligência e desejo) nessa relação, na sala de aula, no processo ensino-aprendizagem demanda a participação dos alunos também por inteiro. "O organismo, transversalizado pela inteligência e o desejo, irá se mostrando em um corpo, e é deste modo que intervém na aprendizagem, já corporizado". É um processo de "intercomplementaridade", isto é, não é produzido nem só pelo professor e nem só pelo aluno. É uma atividade de inter-relação entre os dois sujeitos e é nessa inter-relação que a identidade se concretiza e vai se concretizando. Somos atores e protagonistas de nossa história. Incorporamos personagens que se transformam na medida em que vivenciamos as situações do vivido. Fonte: www.componentes.cpbedu.me A complexidade do ato de aprender, que une dimensões tão distintas (orgânicas, cognitivas, afetivas e inconscientes, socioculturais) precisa ser reconhecida e mobilizada como facilitadora de um aprendizado mais comprometido com a identidade do homem. No início de seu desenvolvimento, a Psicopedagogia se utilizava tão somente de instrumentos de atuação diagnóstica, de intervenção e de prevenção vindos dos campos médico e psicológico. Atualmente, entretanto, a referida área tem atuado a partir de métodos próprios. O trabalho com equipes provenientes da educação e da saúde continua sendo muito privilegiado. Porém, a expectativa é a de que, na prática, o psicopedagogo atue por meio de um olhar multidisciplinar. A Psicopedagogia conta presentemente com duas fortes tendências de ação, sendo a de caráter clínico e a de caráter preventivo. A atuação clínica caracteriza-se por ter a finalidade de reintegrar o sujeito com problemas de aprendizagem ao processo. Tal ação usualmente se dá em consultórios e hospitais, possuindo uma conotação mais individualizada. Já a atuação preventiva tem a meta de refletir e discutir os projetos pedagógico-educacionais, os processos didático-metodológicos e a dinâmica institucional, melhorando qualitativamente os procedimentos em sala de aula, as avaliações, os planejamentos e oferecendo assessoramento aos professores, orientações etc. Fonte: www.especialdeadamantina.files.wordpress.com Geralmente, esse tipo de ação ocorre dentro da própria instituição (escola, creche, centro de habilitação etc.), atuando, segundo Bossa (1994), em três níveis de prevenção: o primeiro, que visa analisar os processos educativos para diminuir a frequência dos casos de problemas de aprendizagem na instituição; o segundo, que objetiva analisar e modificar os processos educativos para baixar e tratar os casos já instalados no local; e o terceiro, que atua diretamente e de modo mais individualizado (sob uma perspectiva mais clínica, inclusive) com os sujeitos com problemas de aprendizagem, prevenindo- lhes o aparecimento de outros problemas. Nesse último caso, seu papel não seria o de eliminar os sintomas, agindo como um "professor de reforço", ensinando de forma particular o conteúdo não aprendido. Ao contrário disso, sua atuação seria a de diagnosticar e intervir no problema gerador do referido sintoma. Não obstante a distinção entre a atuação clínica e a preventiva constante da literatura, há que se lembrar que toda a ação psicopedagógico tem em si um caráter clínico, localizado na atitude do profissional em investigar a situação como o caso particular e único. Por outro lado, o trabalho clínico também pode conter em si uma natureza preventiva: ao se tratar de determinado problema, está se contribuindo para evitar outros. BIBLIOGRAFIA BONORA, Lucilene Batista. A Intervenção Psicopedagógica em Casos de Autismo. Disponível em <http://www.webartigos.com/artigos/a-intervencao-psicopedagogica-em- casos-de-autismo/43351/> Acesso dia 20/04/2017. FIALHO, Juliana. Autismo e Inclusão Escolar: O Passo a Passo. 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