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RESUMO DO LIVRO: TRABALHO INTENSIFICADO NAS FEDERAIS: PÓS-GRADUAÇÃO E PRODUTIVISMO ACADÊMICO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
ELISA LEFORT
KELLY ALVES
NAYSLLA MARTINS
RESUMO DO LIVRO: “TRABALHO INTENSIFICADO NAS FEDERAIS: PÓS-GRADUAÇÃO E PRODUTIVISMO ACADÊMICO”
UBERLÂNDIA
2018
15
ELISA LEFORT
KELLY ALVES
NAYSLLA MARTINS
RESUMO DO LIVRO: “TRABALHO INTENSIFICADO NAS FEDERAIS: PÓS-GRADUAÇÃO E PRODUTIVISMO ACADÊMICO”
Trabalho produzido para a disciplina de Sociedade Trabalho e Educação. 
Docente: Joelma Lúcia Vieira Pires.
UBERLÂNDIA
2018
Sumário
BREVE BIBLIOGRAFIA DOS AUTORES	3
OBJETO	3
OBJETIVOS	3
METODOLOGIA	4
RESULTADOS	4
CONSIDERAÇÕES FINAIS	14
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	15
BREVE BIBLIOGRAFIA DOS AUTORES
 O livro “O trabalho intensificado nas federais: pós-graduação e produtivismo acadêmico” foi produzido por Valdemar Sguissardi e João dos Reis Silva Júnior.
Valdemar Sguissardi é licenciado em Filosofia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (1966), possui mestrado (1972) e doutorado (1976) em Science de lÉducation – Université de Paris X, Nanterre . É professor titular aposentado da Universidade Federal de São Carlos (1992) e professor aposentado da Universidade Metodista de Piracicaba. João dos Reis Silva Júnior possui graduação em Escola de Engenharia de São Carlos pela Universidade de São Paulo (1982), mestrado em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1988) e doutorado em História e Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1992). Pós-Doutorado em Sociologia Política pela Unicamp (1999-2000). Pós-doutorado em Economia pela USP e University of London. Livre-Docente em Educação pela USP. Professor Titular da Universidade Federal de São Carlos. Coordenador adjunto do projeto de pesquisa da Rede Universitas/Br – POLÍTICAS, GESTÃO E DIREITO À EDUCAÇÃO SUPERIOR: novos modos de regulação e tendências em construção.
OBJETO
A obra é dividida em 6 capítulos, na qual os autores apresentam os resultados de uma pesquisa desenvolvida durante quatro anos e que tem como objeto de estudo o trabalho dos professores das instituições federais de ensino superior (Ifes).
OBJETIVOS
A introdução do livro traz informações gerais acerca da pesquisa realizada. O objetivo da pesquisa foi responder como a reforma da educação superior, que se inicia nos meados dos anos 1990, como expressão das mudanças na economia e da reforma do Estado, no Brasil, e que envolve em especial a identidade institucional das IES públicas, revela–se hoje na dimensão mais específica da cotidianidade da prática universitária dos professores das IFES (do Sudeste).
METODOLOGIA
O estudo teve como universo de análise as quinze IFES (ano 2005) da Região Sudeste e, como amostra, sete dentre elas. Para os objetivos da investigação, foram definidas as seguintes sete IFES, assim distribuídas por estados: Minas Gerais: UFMG, UFU, UFJF; Rio de Janeiro: UFF e UNIRIO; São Paulo: UNIFESP; e Espírito Santo: UFES.
A investigação desenvolveu–se em duas grandes etapas. Na primeira, além de um estudo da expansão e evolução da educação superior na Região Sudeste, fez–se um levantamento, seguido de análise, da evolução, no período 1995–2005, de cada uma das sete IFES. A segunda etapa consistiu na análise de conteúdo produzido a partir de 49 entrevistas com professores das sete IFES.
A amostragem de professores para a entrevista seguiu critérios, tais como o professor ter tido vínculo empregatício com a IFES nos últimos 10 a 12 anos e o professor estar ou ter estado vinculado a programas de pós-graduação stricto sensu. Dentre os sete entrevistados de cada instituição, um deveria ser dirigente em exercício, de preferência Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação ou Administração e Planejamento, e outro estar vinculado à diretoria da entidade associativo–sindical dos professores. Os cinco professores vinculados a Programas de Pós-Graduação deveriam pertencer ou ter pertencido a programas de diferentes áreas de conhecimento. O conjunto dos professores entrevistados representou cerca de trinta áreas de conhecimento.
RESULTADOS
No primeiro capítulo, Federais, ciências, tecnologia, inovação e a sociabilidade produtiva, são abortados os aspectos que influenciaram a mudança na estrutura do capitalismo na década de 70. A mundialização do capital é a principal responsável por esta mudança, apesar de serem parecidos os processos de mundialização, de globalização e a internacionalização do trabalho distinguem-se um do outro.
A globalização tem sua origem nas escolas de economia e administração dos países de economia central, representa um salto estrutural do capitalismo, devido a sua capacidade de alcance em todos os cantos do planeta. Repercuti políticas sociais e de bem-estar, foca em uma educação para a cidadania e para o trabalho, em um mercado abrangente e cada vez mais complexo apoiado a novas tecnologias. A internacionalização do trabalho consiste no processo de expansão do capitalismo por toda a extensão do planeta, por meio do intercâmbio comercial, ou seja, circulação de mercadoria, é a consolidação do capitalismo em nível planetário.
A mundialização representa o movimento em que uma empresa nacional, expande-se em territórios estrangeiros, para aumentar a sua produção com melhores custos e benefícios, explorando a força de trabalho local e a matéria prima. Se beneficiando com as leis trabalhistas vigentes, e usufruindo de universidades que ficam a serviço destas.
As universidades federais vão se colocando a serviço das empresas que fomentam o mercado nacional e internacional, por meio de programas e leis de incentivo, como a Lei de Inovação Tecnológica, que coloca os pesquisadores universitários dentro das empresas e a serviço das empresas. O que resulta na perda da autonomia e na valorização da pauta de pesquisa. 
Nessa atual fase do capitalismo contemporâneo, há um processo de mercantilização das universidades federais, ciência, tecnologia e inovação, tornam-se mercadorias. O trabalho intelectual de professores e alunos se reduz a um maior volume de produção cientifica. 
O Brasil na década de 90 passou por inúmeras reformas em busca de uma maior produção. A necessidade de formação de pesquisadores e da criação de um Sistema de Pós-Graduação mais produtivo transforma a Agência Capes, fundada nos anos 1950, com o objetivo de capacitação do pessoal de ensino superior e que já se constituía, há décadas, em agência de avaliação da pós-graduação, acentuando sua função reguladora. Exigindo e atribuindo ao professor que atua na pós-graduação, uma lista de responsabilidades, que o impedem de ter uma vida social saudável, a demanda de serviço muitas vezes leva ao adoecimento, e devido à vaidade acadêmica o professor prefere negligenciar. Acentuando o produtivíssimo acadêmico à custa de intensificação e precarização do trabalho do professor pesquisador.
As universidades se transformam em um ambiente de disputa e conflitos, promovendo um cenário de exclusão, alienação e estranhamento do trabalho. Apontando para um movimento de controle do trabalho intelectual, visando antes de tudo, submeter o trabalho, a ciência e seus resultados aos reclusos interesses do capital.
O seguinte capítulo, Os números da intensificação e precarização do trabalho do professor das federais do sudeste – 1995-2005, é um ensaio estatístico em que se demonstra a precarização do trabalho do professor nas sete universidades federais estudadas, entre estes períodos. A educação superior e de sua evolução/expansão na Região Sudeste no período 1995–2004, demonstra claramente um crescimento no número de cursos oferecidos, após o período pós–aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei 9.394/96), o número de matriculas cresceu de 973.448 em 1995, para 2.055.200 em 2004.
Porém, o crescimento das funções docentes não acompanha este ritmo, sobrecarregando o profissional em relação à conta professor-aluno, levando a um desgaste físico e emocional. Enquanto no setor privado o aumento de matrículas correspondepraticamente idêntico ao aumento de funções docentes, no setor público o aumento das funções docentes é três vezes menor ou 33% do aumento do número de matrículas. O aumento do quadro de técnicos administrativos também é mínimo, passando de 123.333 3 em 1995, para 140.746 em 2004, o que influencia diretamente nos serviços prestados, realidade que não é vista na esfera privada. 
Os números revelam a precarização das instituições de ensino superior nesse período, se por um lado houve expansão, esta foi realizada com o máximo de redução de custo. Refletindo também no ganho salarial dos professores, que tiveram uma perda salarial significativa que varia de 20,14% para a categoria adjunto IV Doutor e 21, 19% para titulares doutores, enquanto a perda salarial assistente I Mestre fica em 16,21%. Quanto maior a titulação maior a perda.
Diante dessa realidade faz necessário buscar por formas alternativas e complementares de financiamento para as instituições, o que retrata que a reforma da educação superior vem acontecendo a “conta-gotas”, o que evidencia a redução do papel do Estado, combinado a um claro incentivo à privatização e mercantilização desse nível de ensino.
Do terceiro ao sexto capítulo são apresentados os resultados da pesquisa empírica realizada com 49 docentes entrevistados nas sete Instituições Federais de Ensino Superior. O capítulo Federais, atividades-fim e professores pesquisadores, inicia com a discussão sobre o crescimento que se teve dos cursos de pós-graduação nas instituições federais acompanhado do aumento do quadro de intensificação e precarização do trabalho docente. O que ficou evidenciado é a existência de uma longa carga horária de trabalho, principalmente no denominado dedicação exclusiva, fazendo com que o professor realize trabalhos extras sem remuneração, isso porque, de acordo com o autor, adquire sentido quando se considera a necessidade de ampliação sem fim do próprio currículo, garantia de estabilidade no emprego e tentativa de eventuais complementações do salário na forma de Bolsa de produtividade, por exemplo.
A bolsa de produtividade, do Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNP’q) beneficia cerca de 10% dos docentes dos programas de pós-graduação strictu senso do país e torna-se um símbolo de status acadêmico: mais do que um bônus financeiro, que talvez não ultrapasse 1/5 do salário dos seus beneficiários, mas tem um peso significativo como capital acadêmico. 
 Existe também uma competitividade e individualismo presente nesse trabalho intensificado e precarizado em que se forja a sociabilidade produtiva. O profissional sente que o salário deveria ser melhor, mas mesmo assim se responsabiliza por diversas funções e procura justificar esse trabalho extra que possui obtendo a recompensa do “salário espiritual”.
Em um dos relatos o entrevistado afirma que o professor só consegue fazer ciência aqui no Brasil se trabalhar o dia todo e se tiver um segundo salário, o denominado salário espiritual, que é a satisfação enorme ao ver seu trabalho publicado, ver seu aluno progredir e às vezes superar o professor.
A expressão “salário espiritual” traduz o significado da sociabilidade produtiva em que leva o professor pesquisador por sua suposta livre vontade, se sujeitar a exploração e conformar-se com ela. Além do trabalho demasiado e a pressão que existe em relação à produtividade do professor pesquisador têm-se uma enorme valorização das atividades de pesquisa, das orientações e participação na pós-graduação em detrimento das aulas e atividade de extensão. 
O docente usufrui de um “status” quando possui grandes quantidades de textos publicados, esse clamor aumenta ainda mais quando acontece em outros países. E as aulas, são vistas de certa maneira, como aquelas que não “rendem” nada para eles, não contribuem com o currículo lattes, não rende avanços na pós-graduação. 
Para o autor, esse prazer dado pelas conquistas dos orientandos, das publicações em revistas renomadas no exterior, por exemplo, não é um prazer real. Não é real, porém adquire sentido no contexto da cultura, que se tornou dominante, que valoriza o produtivismo acadêmico, a sociabilidade produtiva ou, por exemplo, a “produção” que, para ser mais valorizada, precisa ser publicada no exterior.
E nessa forte valorização da pesquisa o autor se debruça nas relações de trabalho do professor substituto. O professor que entra como substituto normalmente ministra aulas na graduação ao mesmo tempo em que realiza a pós-graduação e seu contrato vale por 2 anos. A graduação é o espaço prioritário para o docente substituto, que de acordo com os autores são uma espécie de professores horistas no interior das universidades federais, mal remunerados, sem carreira e são contratados por tempo determinado. Isso porque eles ministram um número maior de aulas na graduação enquanto que os professores doutores podem focar mais nas atividades de pesquisa e produção científica. 
O substituto tem um salário precário e não participa da vida institucional, ou seja, o professor substituto tronou-se imprescindível. Sua insegurança (não é efetivado, trabalha muito, recebe menos) tornou-se a segurança dos professores do quadro, da carreira, da própria manutenção de boa parte dos cursos de graduação e, indiretamente, dos próprios programas de pós-graduação, das linhas e projetos de pesquisa. Um dos entrevistados fala sobre o “modelo substituto” no qual veio pra resolver um problema das demandas de aulas, assim considera que isso é uma exploração do trabalho do substituto, e como é que se pode dar 20 horas para um jovem rapaz? Mas isso tem uma relação de trabalho. Quem mandou ele aceitar? Mas para manterem a qualidade dão para os substitutos no máximo 12 aulas para que ele possa fazer um bom trabalho.
Além disso, outras importantes questões são discutidas no capítulo, como por exemplo, a condição de trabalho dos professores pesquisadores, a redução salarial e descontinuidade dos reajustes, e a precária manutenção das Federais. A crítica dos entrevistados em relação às condições de trabalho se dá em relação à vários aspectos como as condições de infraestrutura, de laboratórios, de salas de aula, etc. Condições salariais e também dos níveis de carreira entre outros. 
Há uma forte reclamação sobre a redução do financiamento federal de itens orçamentários que de acordo com os entrevistados são reparados de outra forma por meio de projetos de demandas individuais ou de grupos de pesquisa, como por exemplo, a criação do curso de pós-graduação latu senso que são cobrados a fim de compensar a falta de recursos, bem como a redução salarial.
Em relação à reforma educacional no Brasil, duas hipóteses principais orientaram o estudo dos autores: por um lado, as mudanças no processo acadêmico-científico e a intensificação do trabalho do professor-pesquisador; por outro, a centralidade da pós-graduação como polo gerador da efetiva reforma universitária das IFES, que resulta no produtivismo acadêmico, instrumental e ideológico. Portanto, a reforma promoveu mudanças na identidade da instituição universitária e de seus professores. Essas mudanças forjaram a emergência de uma “nova” universidade e as consequências disso para os professores estenderam-se para outros tempos de sua vida, invadindo a esfera pessoal e familiar. 
Os capítulos 4 e 5 exploram os prejuízos causados pelo produtivismo acadêmico: os órgãos reguladores e avaliadores da pós-graduação forçam a produção rápida o autor compara a uma fábrica de produção: artigos e teses que possuem tempo para ser postados, não há um respeito pelo tempo da ciência, e outra questão também exaltada é o financiamento daquelas pesquisas que possuem maior interesse pelo mercado, aquelas que são aplicadas ao setor produtivo ou na resolução de problemas sociais decorrentes da política industrial e econômica. O tempo da economia tende a tornar-se o tempo da produção acadêmica, o nível de produtividade também torna-se um parâmetro para alcançar os benefícios da Capes e do Cnp’qs. Dessa forma, foi observadoum poder de regulação e controle da pesquisa pelas agências de fomento. Um dos entrevistados comenta que o pesquisador que busca fazer ciência no tempo da ciência não tem mais lugar dentro desta nova universidade.
	Ha também os movimentos de resistência, ainda existem pessoas nesse meio que não estão dispostas a se submeter às regras impostas pela Capes e aproveitar a indução à pesquisa nos moldes do CNPq. Querem a liberdade do intelectual com base no argumento da possibilidade da realização da pesquisa, ensino e extensão na graduação e da vivência no tempo do ser humano e não num tempo imposto de forma objetiva. Buscam a liberdade do intelectual.
Outra questão que as entidades avaliadoras da pós-graduação provocam é a forte competição. Há um processo de competição entre pequenos programas de instituições de maior ou menor prestígio em regiões, em geral, distintas da Sudeste e mesmo no interior desta região. Esta concorrência faz com que os programas menores, quando comparados com os demais, são compelidos a seguirem o padrão daqueles, pela natureza comparativa da avaliação da Capes.
De acordo com os autores, pouco se tem discutido as relações daquela pressão causada pelo produtivismo acadêmico e a nova conformação e função social da Capes. Não há reflexão para além do imediato, fazem–se as discussões no plano da superficialidade extensiva. Desta forma, o professor pesquisador, inconscientemente na maioria das vezes, internaliza como natural toda a intensificação e precarização de seu trabalho e as consequências para sua vida. O produtivismo acadêmico, como ideologia, produzido pela burocracia da Capes e do CNPq, com base nas precárias condições objetivas dos programas, é naturalizado e reproduzido em todos os espaços institucionais, onde atua o professor pesquisador. Outro assunto em questão colocada pelos autores em relação às consequências do produtivismo acadêmico é que ele induz o esvaziamento da participação dos professores pesquisadores na gestão da IFES e do sindicato.
	Além disso, como se viu anteriormente há uma valorização em relação à publicação de pesquisas no exterior, esse fato coloca em risco as pesquisas voltada para o Brasil por exemplo: as pesquisas financiadas pelo fundo público, como a de produção de fármacos, podem atender mais a demandas externas do que as nacionais, se a pesquisa é orientada pela política editorial de revistas internacionais. Por outro lado, pesquisas na área de saúde pública ou sobre educação no país podem não ser prioridade de publicação em outros países e raramente serão publicadas em revistas internacionais, implicando, segundo este modelo, sérias consequências para a área e para os programas.
	Outro fator gerado pelo produtivismo acadêmico são as coautorias, de acordo com as pesquisas e entrevistas dos autores as pesquisas possuem colaborações que os autores fazem de acordo com seu domínio, o resultado e o processo são divididos a ponto que o autor da pesquisa não saiba explicar sua tese como um todo, como é feito o trabalho na fábrica. Ademais, é comum o ato dos pesquisadores adicionarem nomes de colegas em seus trabalhos com a recompensa de que o outro faça o mesmo, para que o currículo fique “inchado” a fim de que seus programas e eles mesmos sejam passíveis de uma boa avaliação.
	Ainda, é discutido a pressão causada pelas avaliações do programa e também pelo Ministério de Educação. Tal processo resulta em pressão institucional dos pró-reitores sobre os alunos, professores, coordenadores de cursos, chefes de departamentos, coordenadores de programas de pós-graduação e diretores de centro. Neste contexto realiza– se a prática universitária e se forma o professor, seu trabalho, sua identidade e a identidade da IFES, com severas consequências para a vida pessoal de todos. A maioria dos professores pesquisadores entrevistados levam trabalho para casa, reconhecem a exploração e dizem se compactuar com ela.
As profundas transformações por que passou o capitalismo nas últimas décadas, que impuseram profunda reestruturação produtiva e constituição de um novo cidadão, com novas competências e uma nova sociabilidade produtiva, traz consequências para o trabalho e profissões em geral, assim como, para o trabalho e prática universitária. É desse tema que trata o capítulo O tempo pessoal e de trabalho, saúde e resistência.
Com base nas entrevistas os autores demostram que a intensificação e precarização do trabalho dos professores das IFES, fazem da prática universitária o polo atrator e centralizador também da vida pessoal e familiar dos professores pesquisadores das IFES.
A atividade em que vem se transformando o trabalho nas IFES, diferentemente do que ocorre na maioria das profissões, tende a ser uma jornada de trabalho de três períodos e de uma semana de seis e, às vezes, sete dias de trabalho.
O trabalho da universidade ultrapassava as fronteiras do campus e afetava o cotidiano da vida pessoal e familiar. A maioria dos entrevistados afirma continuar, com regularidade, em casa as tarefas universitárias. Isso faz com que ocorra a invasão do lar, pelas tarefas universitárias, afetando assim as relações familiares.
Outro aspecto relevante na fala dos professores pesquisadores sobre a evolução da prática universitária ou da intensificação e precarização do trabalho, é o que diz respeito à crescente incidência de doenças, em especial de cunho depressivo, e ao consumo bastante frequente de medicamentos ansiolíticos. 
Os autores evidenciam quanto é frágil a resistência à intensificação do trabalho e ao produtivismo acadêmico, tanto do ponto de vista acadêmico, quanto sindical ou trabalhista, isto é, revelam e confirmam, em outros termos, o processo da efetiva reforma universitária no contexto da mundialização do capital.
Neste tema de resistência pode–se enquadrar o sentimento de culpa. Isso fica claro em um depoimento em que a professora se culpa de não consegui ler tão bem a tese enquanto sua filha estava sendo operada. Assim, mesmo sentindo a culpa por ler a tese enquanto sua filha passa por cirurgia, ela lê. Isso acontece, segundo os autores porque há valores que foram naturalizados que a levam, de fato, a ler.
Os autores buscam estabelecer relações entre a nova configuração desta prática universitária e a valorização/desvalorização do sindicato, como forma de resistência, e o modo e grau de participação dos professores nas atividades sindicais. Os depoimentos demostram imagens controversas e pouco seguras sobre o papel e importância das sessões sindicais locais e do sindicato nacional.
Mas observa-se nos depoimentos que se tem consciência clara das dificuldades, das mudanças ocorridas, do que se deve fazer, da postura que se deve ter para restaurar ou instaurar o papel sindical que convém à natureza específica das exigências e lutas de profissionais que adquirem crescente relevância na atual fase do capital.
Nas conclusões, os autores demostram que as reflexões desenvolvidas no estudo, estão baseadas na historicidade do tema, no foco teórico e empírico de vários autores do século XIX aos dias atuais. Mostram que a densidade desse objeto de pesquisa foi à intensificação e precarização do trabalho do professor pesquisador na nova universidade.
Assim citam autores como Weber, que ao comparar a universidade alemã tradicional com a universidade norte–americana, afirmava que existia uma americanização daquela, assim como de toda sociedade alemã. Isto transformaria o professor catedrático alemão em um acadêmico especializado, ao mesmo tempo em que a própria universidade alemã transformava–se de universidade com pluralidade de campo em universidade de especialização.
Na reforma educacional dos anos sessenta a ciência ganha ênfase. Assim, estrutura– se com muita intensidade o campo profissional, ancorado não somente no mercado de trabalho e seus processos regulatórios, mas também na ciência. Nesse processo, o conhecimento é profissionalizado e, com isso, a ciência ganha novas qualidades, bem como os institutos de pesquisa, as universidades, e os acadêmicos que nelesatuam. Disso decorre uma mudança de identidade na instituição universitária.
Há, portanto, dois largos eixos que orientam a reforma educacional dos anos 1960: a ciência neutra, rigorosa e profissional, torna– se a instância abalizadora do conhecimento sobre a sociedade e a profissionalização torna– se uma categoria epistemológica que funda as relações sociais.
Os autores destacam que os movimentos de reforma na década de oitenta, consideradas as nuanças histórico–contextuais de cada país, apresentam características muito semelhantes entre eles. Isto sugere que o movimento reformista na esfera educacional é parte das mudanças da racionalidade capitalista propiciadas pela mundialização do capital.
Para tal afirmação citam autores que pesquisaram as reformas educacionais e que chegaram a conclusões próximas como: Apple e Popkewitz, nos EUA; Gimeno Sacristán, na Espanha; Christian Laville, na França; e Geoff Whitty, no País de Gales (Cf. Warde,1998).
O movimento reformista educacional dos anos 1980, visto a partir dos EUA e segundo Popkewitz, deve ser compreendido com base em três dinâmicas: A ênfase na ciência rigorosa e neutra, são traços implícitos das reformas da década de 1980; Diante da mundialização do capital, da posição e do papel dos EUA nesse processo, a ciência, além de profissionalizada, torna– se agora mercadoria e, a profissionalização, o epicentro do atual paradigma político, que tem no individualismo seu principal traço e valor; No presente movimento de reformas, orquestrado especialmente nas universidades por seus acadêmicos, a crença na ciência e na profissionalização cede lugar, diante da mundialização do capital, a uma base valorativa assentada na busca da eficiência, da eficácia e do consenso para o alcance da excelência, segundo os valores mercantis.
O movimento reformista em geral, especialmente para a educação, não é um movimento que deva ser estudado de modo isolado das mudanças, menos ainda ser pensado como um fato de um único país; trata–se de um movimento mundial, com as especificidades históricas de cada um, mas que mantém traços de identidade em todos eles segundo a racionalidade da transição para a mundialização do capital, sob o poderio dos Estados Unidos da América.
Consideram o testemunho de Weber que ao final do século XIX, comparava o professor assistente da universidade americana ao trabalhador da fábrica. Para Weber o professor depende dos implementos que o Estado coloca à sua disposição; portanto, é tão dependente do chefe do instituto quanto o empregado depende de sua direção.
Assim no interior da universidade, que deveria ser o lugar privilegiado da desalienação, isto é, em seu contexto institucional, por indução das políticas governamentais, predomina o pragmatismo e, com ele, a utilidade alienante a que se submete grande parte dos professores.
Os autores mostram o movimento de reformas das instituições sociais no Brasil, que se inicia na década de 1990. Demostram que o núcleo da ideologia do produtivismo acadêmico, como política de Estado e de cultura institucional, tem como sua mais completa tradução, no âmbito filosófico, o pragmatismo, e, no âmbito econômico, a mercadorização da ciência e da inovação tecnológica, o que o torna, com a pós-graduação, nos moldes atuais, o polo gerador de uma reforma da instituição universitária que tende a colocá–la a reboque do mercado.
Para encerrar suas reflexões os autores citam uma fala de Lindsay Watters, editor da Harvard University Press, alegoricamente falando do produtivismo acadêmico e da intensificação e precarização do trabalho do estudioso típico. Lindsay compara o estudioso típico com a figura retratada por Charlie Chaplin em Tempos Modernos no qual trabalha loucamente e insensatamente para produzir. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho de leitura e estudo do livro “Trabalho Intensificado nas federais: pós-graduação e produtivismo acadêmico” proposto pela professora da disciplina de Sociedade Trabalho e Educação teve importante papel em nossa formação. Tivemos a oportunidade de desvelar os acontecimentos que ocorrem na vida acadêmica dos professores de instituições federais e que muitas vezes não são transparecidos para nós estudantes de graduação. Constata-se o que foi dito no livro: há uma naturalização dessa exploração, da pressão para o produtivismo acadêmico em que os próprios professores acabam se conformando e acostumando com a situação em que estão. Foi de extrema valia compreender o sistema que envolve o universo da pós-graduação: percebe-se como o meio acadêmico não está imune contra os interesses de mercado, a política e o Estado interferem nesse meio e essa interferência pode ser a razão de diversas desumanidades, doenças e sérias implicações para a vida do professor pesquisador, essas naturalizadas.
Repercute também para o professor que não está na pesquisa, como por exemplo o professor substituto que encontra-se em situações precárias e à ele é negado a participação das decisões acadêmicas e precisa cumprir carga demasiada de aulas. A valorização da pesquisa em detrimento dos professores “auleiros”, expressão muito usada no decorrer do livro pelos entrevistados, nos mostra que há uma desvalorização em relação as aulas de graduação. Dessa forma é possível compreendermos os rumos com que o sistema leva o desenvolvimento da instituição: os professores pesquisadores que precisam participar de eventos nacionais e internacionais que precisa se desdobrar em relação ao tempo para conseguir publicar o número demandado de teses e ainda conciliar com a aula na graduação ou pós-graduação, isso quando participam de cargos gestores ou do sindicato.
Dessa forma, pudemos perceber as explorações que ocorrem nesse meio, tínhamos uma noção da demanda das pesquisas e da vida de “dedicação exclusiva” com que levava nossos professores da instituição federal, mas com os estudos pudemos aprofundar no assunto e descobrir as formas precárias, a forte pressão que existe, as competições e individualismo que o próprio sistema estimula. Aos olhos da sociedade o professor universitário possui um “status” devido sua qualificação e sua ocupação, porém, seres humanos que são, estão sujeitos aos sofrimentos físicos de cansaço, doenças e mentais como ansiedade e depressão e podem se tornar reféns de um sistema precário do meio acadêmico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SGUISSARDI, Valdemar; SILVA JÚNIOR, João dos Reis. O trabalho intensificado nas federais: pós–graduação e produtivismo acadêmico. 2. ed. Uberlândia: Navegando Publicações, 2018.311p.
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