Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Formação de Professores: Identidades e Saberes da Docência O texto tem como objetivo mostrar a importância de repensar a formação de professores, pondo em foco sua identidade e saberes. Na sociedade atual seu trabalho se torna necessário para a construção da cidadania, superação de fracassos e desigualdades escolares de seus alunos. Nos anos 80, as teorias da reprodução foram importantes para explicar o fracasso escolar pela reprodução de desigualdades sociais, mas só isso não era suficiente. Pesquisas recentes têm colocado em foco de análise a formação inicial e contínua de professores. As pesquisas demonstraram que: 1. Na formação inicial os cursos de formação têm elaborado conteúdos e atividades de estágio de maneira burocrática e distantes da realidade da escola. 2. Na formação contínua tem-se elaborado cursos de atualização de ensino que não levam em consideração a prática escolar e pedagógica em seus contextos reais. Diante desses resultados, as pesquisas estão anunciando novos rumos para a formação docente. Um deles é a discussão acerca da identidade profissional do professor tendo como um de seus aspectos a questão dos saberes que fazem parte da docência. Primeiro, para a construção da identidade, o professor precisa saber que a formação inicial: + Colabora com a sua atividade, pois o ato de docência não é uma atividade burocrática onde tudo se aprende na academia; + Desenvolve conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que possibilitam a construção de sua prática docente por meio das necessidades e desafios que o ensino o atribui; + Mobiliza conhecimentos acerca da teoria da educação e da didática compreendendo o ensino como realidade social, para que assim, haja a investigação e construção de sua prática docente de maneira contínua. Segundo, entendendo o papel da formação inicial, é possível entender que a profissão docente: + É uma profissão que se transforma e adquire novas características e se adequa por meio da leitura da realidade e das demandas sociais. Tornando-se assim, uma prática social. Terceiro, ao entender esses dois pontos, o professor criará sua identidade profissional a partir: + Do conhecimento do significado social da profissão; + Da reconstrução constante do significado social da profissão; + Do confronto entre teorias e práticas ultrapassadas para construir novas; + Da construção do seu cotidiano escolar a partir do seu modo de se situar no mundo; + Da sua rede de relações com outros profissionais e instituições. Quarto, para mediar a construção da identidade, é preciso compreender os saberes da docência: a) SABER-EXPERIÊNCIA: - Suas experiências como aluno, quais professores foram importantes ou não para sua formação; - O que se sabe em relação a ser professor: as mudanças históricas, o trabalho em diferentes escolas, a não valorização social e financeira, a dificuldade do ensino precário, etc.; - Quais os estereótipos e as representações que a sociedade criou/tem do professor; - Em outro nível, a experiência pode ser a produção de materiais sobre sua própria prática docente. OBS: Nesse saber, é importante a passagem do “ver o professor como aluno” para o “ver-se como professor”. b) SABER-CONHECIMENTO: - Articular sua área de conhecimento com o contexto social e contemporâneo; - Fazer pontes entre conceitos, de maneira coletiva e interdisciplinar para oferecer aos alunos uma perspectiva crítica e transformadora; - Trabalhar conhecimentos científicos e tecnológicos, analisando-os, contextualizando-os e confrontando- os, para assim, operá-los, revê-los e reconstruí-los com sabedoria; - Estimular a articulação do conhecimento em suas totalidades, para permitir que os alunos construam sua cidadania. c) SABER-PEDAGÓGICO: - Desenvolver sua didática a partir da observação em contextos reais; - Pôr em destaque o relacionamento entre professor e aluno, o que os motiva, o que os interessa e como isso pode ser adicionado a sua didática; - Saber que é a partir da prática e do registro de suas experiências que será possível a ressignificação da didática, pois só a experiência e o conhecimento não são suficientes; OBS: É importante compreender que para esse saber, não é suficiente ter domínio do assunto, mas se fazer entendível. Não cair nas “ilusões” perpetuadas pelos cursos de formação. As novas pesquisas sobre formação docente estão valorizando a proposta metodológica do professor reflexivo. Nessa proposta sugere-se que ele: + Seja um intelectual em processo contínuo de formação, ou seja, que pense sua formação como um processo contínuo; + Entenda que sua formação é uma autoformação, pois os professores reelaboram seus saberes iniciais em confronto com suas experiências práticas; + Compreenda a importância da reflexão: na ação, sobre a ação e sobre a reflexão na ação, opondo-se a racionalidade técnica da profissão onde são meros funcionários que aplicam normas, diretrizes e decisões político-curriculares. + Pense de maneira autônoma e auto participada, em que considere três formas de produção: a do desenvolvimento pessoal, profissional e organizacional; + Rejeite abordagens, reformas educativas e planos desenvolvidos por outros autores sociais, institucionais ou políticos que estão inseridos em outros contextos. A formação de professores prático-reflexivos diz respeito a um projeto humano emancipatório que põe professores como autores de uma prática social efetiva. Essa metodologia reflexiva na formação, se apresenta como uma política de valorização do desenvolvimento pessoal-profissional dos professores e instituições escolares, visto que as condições da formação serão contínuas. Por fim, o texto procura colaborar com as decisões acerca da formação de professores e a valorização da docência enquanto forma de superar o fracasso escolar. REFERÊNCIAS PIMENTA, Selma Garrido. Formação de professores: identidade e saberes da docência. In: PIMENTA, Selma Garrido. (Org). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez Editora, 1999. (p. 15 a 34).
Compartilhar