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Epidemiologia das Principais Arboviroses no Brasil (Texto produzido para o curso Combate ao Aedes na perspectiva da integração da Atenção Básica e Vigilância em Saúde para profissionais de nível médio e fundamental) Os arbovirus (ARtropod Borne VIRUS) tem sido motivo de grande preocupação em saúde pública em todo o mundo. Esse conjunto é composto por centenas de vírus que compartilham a característica de serem transmitidos por artrópodes, em sua maioria mosquitos hematófagos (DONALISIO,2017). Os vírus mais importantes para a saúde humana são os transmitidos por culicídeos, principalmente dos gêneros Culex e Aedes, embora existam arbovírus transmitidos por outros artrópodes, como flebotomíneos e também carrapatos. A maior parte dos arbovírus pertence aos gêneros Alphavirus (família Togaviridae) e Flavivirus (família Flaviviridae), outros membros de importância para a saúde humana são das famílias Bunyaviridae, Reoviridaee e Rhabdoviridae (DONALISIO,2017). Os Arbovírus, em geral, circulam entre os animais silvestres, com alguma especificidade por hospedeiros mantendo-se em ciclos enzoóticos em poucas espécies de vertebrados e invertebrados. O homem ou animais domésticos geralmente são hospedeiros acidentais. É o que ocorre na circulação da febre amarela, que se apresenta no Brasil em surtos silvestres associados com epizootias. Outro exemplo de ciclo enzoótico envolve o vírus Mayaro (MAYV), transmitido principalmente por mosquitos silvestres do gênero Haemagogus e cujos hospedeiros vertebrados são mamíferos. No homem, causa febre, cefaleia, exantema e artralgia; porém, não se observa transmissão sustentada. Há evidências da capacidade de adaptação do MAYV a ciclos alternativos envolvendo aves e o homem (DONALISIO,2017). No atual contexto epidemiológico brasileiro, os arbovírus de maior circulação são DENV, CHIKV e ZIKV, além do vírus da febre amarela. Há outros arbovírus com potencial de introdução e disseminação no País. Dengue As primeiras notificações de epidemias de dengue ocorreram em 1779 e 1780 na Ásia, África e América do Norte. As epidemias de dengue tiveram início no sudeste Asiático durante e após a Segunda Guerra Mundial, nas décadas de 1940 e 1950, e se expandiram para o resto do mundo nas décadas posteriores. Os primeiros casos de Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) apareceram na década de 1950, durante as epidemias nas Filipinas e na Tailândia. A partir dos anos 70, o dengue tornou-se uma das principais causas de internação e morte de crianças em alguns países da região (MACIEL,2008). Transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o vírus da dengue causa doença febril aguda. Na maioria dos casos, os sintomas são leves e autolimitados, no entanto alguns casos podem evoluir para doença grave. A dengue é a doença viral que mais se espalha no mundo. Estima-se que 2,5 bilhões de pessoas no mundo vivam em área de risco de transmissão do vírus, o que causa entre 50 milhões e 100 milhões de infecções e 20 mil mortes anualmente (MINISTERIO DA SAÚDE,2017). O gráfico 1 mostra o crescimento da dengue a partir da metade do século XX, mostrando que o número de casos e de países com transmissão praticamente dobra a cada década. Gráfico 1- Situação da dengue no mundo WHO, 2009. Dengue: guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control. A dengue possui quatro sorotipos (DENV 1, 2, 3 e 4), todos com circulação no Brasil. A infecção por um sorotipo gera imunidade permanente para este sorotipo, no entanto, uma segunda infecção por outro sorotipo, é fator de risco para o desenvolvimento da forma grave da doença. A infecção por dengue pode ser assintomática (sem sintomas), leve ou causar doença grave, levando à morte. Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (39° a 40°C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns. Na fase febril inicial da doença, pode ser difícil diferenciá-la. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes e sangramento de mucosas, entre outros sintomas. Ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados (MINISTERIO DA SAÚDE,2017). São sinais de alarme de dengue • Dor abdominal intensa e contínua, ou dor à palpação do abdome; • Vômitos persistentes; • Acumulação de líquidos (ascites, derrame pleural, derrame pericárdico); • Sangramento de mucosa ou outra hemorragia; • Aumento progressivo do hematócrito; • Queda abrupta das plaquetas. A dengue é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Após picar uma pessoa infectada com um dos quatro sorotipos do vírus, a fêmea pode transmitir o vírus para outras pessoas. Há registro de transmissão vertical (gestante - bebê) e por transfusão sanguínea. A dengue não é transmissível de pessoa a pessoa. O período de incubação no homem varia de 4 a 10 dias, sendo em média de 5 a 6 dias. Após este período, surgem os sintomas da doença. Não existe tratamento específico para dengue. Quando surgirem os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde mais próximo, fazer repouso e ingerir bastante líquido. Também é importante não tomar medicamentos por conta própria. A forma de prevenção mais eficaz contra a dengue é acabar com o mosquito, mantendo o domicílio sempre limpo e eliminando os possíveis criadouros. Roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia - quando os mosquitos são mais ativos - proporcionam alguma proteção às picadas e podem ser uma das medidas adotadas, principalmente durante surtos. Repelentes e inseticidas também podem ser usados, seguindo as instruções do rótulo. Mosquiteiros proporcionam boa proteção pra aqueles que dormem durante o dia, como bebês, pessoas acamadas e trabalhadores noturnos. Febre do Chikungunya A febre de chikungunya é uma arbovirose causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV), da família Togaviridae e do gênero Alphavirus. A viremia persiste por até dez dias após o surgimento das manifestações clínicas. A transmissão ocorre pela picada de fêmeas dos mosquitos Ae. Aegypti e Ae. albopictus infectadas pelo CHIKV. Casos de transmissão vertical podem ocorrer quase que, exclusivamente, durante o período de intraparto em gestantes virêmicas e, muitas vezes, provoca infecção neonatal grave. Pode ocorrer transmissão por via transfusional, todavia é rara se os protocolos forem observados (MINISTERIO DA SAÚDE,2017). Os sinais e os sintomas são clinicamente parecidos com os da dengue – febre de início agudo, dores articulares e musculares, cefaleia, náusea, fadiga e exantema. A principal manifestação clínica que as difere são as fortes dores nas articulações. Após a fase inicial, a doença pode evoluir em duas etapas subsequentes: fase subaguda e crônica. O chikungunya tem caráter epidêmico com elevada taxa de morbidade associada à artralgia persistente, tendo como consequência a redução da produtividade e da qualidade de vida. O nome Chikungunya deriva de uma palavra em Makonde, língua falada por um grupo que vive no sudeste da Tanzânia e norte de Moçambique que significa “aqueles que se dobram”, descrevendo a aparência encurvada de pessoas que sofrem com a artralgia característica. O CHIKV foi isolado inicialmente na Tanzânia por volta de 1952. Desde então, hárelatos de surtos em vários países do mundo. Iniciou expansão pandêmica a partir de 2004. O vírus sofreu mutação genética e conseguiu adaptação ao vetor A. albopictus e outros processo adaptaitvos que aumentou a habilidade de o CHIKV infectar o A. Albopictus e disseminar-se no vetor, que é espécie abundante nas ilhas do Oceano Índico e em outras regiões da Ásia. Essa adaptação favoreceu a expansão da virose em áreas urbanas e periurbanas naquele continente, aumentando o risco de epidemias em outras regiões tropicais, subtropicais e mesmo temperadas, como Europa. A transmissão autóctone de uma linhagem asiática de CHIKV sem essas mutações foi registrada no Caribe a partir do final de 2013, quando teve início uma grande epidemia de Chikungunya em diversas ilhas do Caribe. Em comunidades afetadas recentemente, a característica marcante são epidemias com elevadas taxas de ataque, que variam de 38% a 63% (DONALISO,2017). No Brasil, detectou-se transmissão autóctone em setembro de 2014 no Amapá, disseminando-se por outros estados brasileiros, com ocorrência de epidemias no Brasil de alta magnitude, no nordeste do país e na região sudeste, especialmente no Rio de Janeiro. Febre por Virus Zika O ZIKV, identificado pela primeira vez em Uganda em 1947, teve o primeiro surto documentado apenas em 2007 na Micronésia e, desde então, ampliou-se a área de transmissão em ilhas do Oceano Pacífico, com destaque para uma grande epidemia na Polinésia em outubro de 2013. A partir de abril de 2015, foi confirmada transmissão autóctone de ZIKV na Bahia e, em seguida, em outros estados do nordeste, Rio Grande do Norte e Pernambuco Ocorreu epidemias também no Rio de Janeiro, São Paulo e em outros estados, com pacientes apresentando quadro clínico de exantema associado ou não com febre (DONALISIO,2017). Nos meses seguintes, a transmissão de ZIKV foi confirmada em vários países das Américas, nos quais a transmissão provavelmente esteve associada ao vetor A. aegypti. A transmissão humana está relacionada às mudanças genéticas entre linhagens virais que permitiram melhor adaptação ao vetor. A OMS decretou em 1º de fevereiro de 2016 a infecção por ZIKA uma emergência em saúde pública em virtude das alterações neurológicas reportadas (síndrome de Guillain-Barré) e de um surto de microcefalia, reportados no Brasil em 2015. A infecção pelo vírus Zika assim como acontece na dengue pode ser assintomática ou apresentar quadro clínico variável, desde manifestações leves até complicações neurológicas e manifestações congênitas. Os sintomas mais comuns incluem febre baixa ou erupção cutânea (exantema), que aparecem alguns dias após a picada do mosquito infectado. Embora muitas pessoas com o vírus não apresentem sintomas, outras podem sofrer também de conjuntivite, dores musculares e articulares e cansaço. Os sintomas costumam durar de dois a sete dias. Não existe diferença nos sintomas registrados por gestantes infectadas e mulheres não grávidas (MINISTERIO DA SAÚDE,2017). O Zika pode trazer manifestações neurológicas como a microcefalia, a síndrome congênita do vírus zika e a Síndrome de Guillain-Barré. A microcefalia é uma condição em que a cabeça do bebê é menor que a cabeça de crianças com a mesma idade e mesmo sexo. Ela acontece tanto quando há problemas no útero, o que faz com que o cérebro do bebê pare de crescer adequadamente, o que também pode ocorrer após o nascimento. Crianças nascidas com microcefalia muitas vezes apresentam dificuldades de desenvolvimento à medida que crescem. A microcefalia também pode ser causada por outros fatores ambientais e genéticos, como a Síndrome de Down, exposição da mãe a drogas, álcool ou outras toxinas durante a gestação, e infecção por rubéola durante a gravidez (Síndrome da Rubéola Congênita), entre outras. A infecção pelo vírus Zika durante a gestação pode causar abortos espontâneos e natimortos. As anormalidade congênitas associadas à exposição dos fetos a esse vírus durante a gestação é conhecido como “Síndrome Congênita do Vírus Zika”. Nem todas as crianças com síndrome congênita do vírus Zika apresentam microcefalia. Por outro lado, a ausência de sinais da síndrome, principalmente quando avaliada ainda no útero, não significa necessariamente que o feto ou recém- nascido não tenha anormalidades. A Síndrome de Guillain-Barré é uma condição rara na qual o sistema imunológico de uma pessoa ataca os seus nervos. Pessoas de todas as idades podem ser afetadas, mas a doença é mais comum em homens adultos. A maioria das pessoas se recupera completamente, inclusive nos casos mais graves da Síndrome de Guillain-Barré. Em 20% a 30% das pessoas com essa condição, os músculos peitorais são afetados, o que dificulta a respiração. Com base em uma revisão sistemática recentemente publicada de pesquisas atuais, a OMS reafirmou seu posicionamento de que a infecção pelo vírus zika durante a gravidez é uma causa de anormalidades cerebrais congênitas, incluindo microcefalia, e reafirmou sua posição sobre a reafirmou sua posição sobre a relação entre o zika e a síndrome de Guillain-Barré, afirmando que a infecção pelo vírus é um gatilho para essa condição. A principal forma de transmissão do vírus Zika é pela picada do mosquito infectado, principalmente o Aedes aegypti, em regiões tropicais. Os mosquitos Aedes picam, normalmente, durante o dia, sobretudo ao princípio da manhã e ao fim da tarde/princípio da noite. Existem outras formas de transmissão documentadas: sexual, transfusão sanguínea e vertical (da gestante para o feto). A busca por serviços de saúde é na maior parte das vezes pelo exantema pruriginoso. Os casos de síndrome congênita são graves, assim como a presença de manifestações neurológicas. Não existe tratamento específico para febre por Zika e não há vacina disponível contra o Vírus Zika. As medidas de prevenção e controle são semelhantes às da dengue e chikungunya. Deve-se reduzir o número de mosquitos por meio da eliminação de criadouros sempre que possível, ou manter os reservatórios e qualquer local que possa acumular água, totalmente cobertos com telas/capas impedindo o acesso das fêmeas grávidas. De forma complementar, deve ser realizada a proteção individual com uso de repelentes pela população. Pode-se utilizar também roupas que minimizem a exposição da pele, proporcionando alguma proteção contra as picadas dos mosquitos principalmente durante o dia, período que são mais ativos. As ações realizadas pelos programas locais de controle das doenças transmitidas pelo Aedes são fundamentais para a prevenção. Estas ações, além de reduzirem o número de mosquitos na comunidade, interferem na probabilidade de um ser humano que está com o vírus circulante em seu sangue (viremia) servir como fonte de alimentação sanguínea e de infecção para Aedes aegypti e A. albopictus, levando à transmissão para outra pessoa e propagando, assim, a circulação viral na comunidade. Deve-se ressaltar a importância da atuação ativa de toda a população para se evitar possíveis criadouros em suas residências, escolas e ambientes de trabalho, somando esforços com as atividades de rotinas dos programas municipais e estaduais. Febre amarela A Febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, imunoprevenível, cujo agente etiológico é transmitido por vetores artrópodes. O vírus da febre amarela é um arbovírus do gênero Flavivirus, da família Flaviviridae.O vírus é transmitido pela picada dos mosquitos transmissores infectados e não há transmissão direta de pessoa a pessoa. A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da doença. O vírus da FA apresenta dois ciclos epidemiológicos de transmissão distintos, silvestre e urbano, conforme a figura 1 abaixo. Não existe diferença da doença nos dois ciclos de transmissão (urbano e silvestre). No ciclo silvestre da febre amarela, os primatas não humanos (macacos) são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus, e os vetores são mosquitos com hábitos estritamente silvestres, sendo os gêneros Haemagogus e Sabethes os mais importantes na América Latina. Nesse ciclo, o homem participa como um hospedeiro acidental ao adentrar áreas de mata. No ciclo urbano, o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão ocorre a partir de vetores urbanos (Aedes aegypti) infectados. Figura 1. Ciclos epidemiológicos da Febre Amarela O período de incubação no homem varia de 3 a 6 dias, podendo se estender até 15 dias. A viremia humana dura no máximo sete dias e vai de 24-48 horas antes do aparecimento dos sintomas até 3 a 5 dias após o início da doença, e é durante esse período que o homem pode infectar os mosquitos transmissores. Nos casos que evoluem para a cura, a infecção confere imunidade duradoura. O quadro clínico típico caracteriza-se por manifestações de insuficiência hepática e renal, tendo em geral apresentação bifásica, com um período inicial prodrômico (infecção) e um toxêmico. O período prodrômico dura cerca de três dias, tem início súbito e sintomas inespecíficos como febre, calafrios, cefaleia (dor de cabeça), lombalgia, mialgias generalizadas, prostração, náuseas e vômitos. Após esse período geralmente ocorre declínio da temperatura e diminuição dos sintomas, provocando uma sensação de melhora no paciente, que poucas horas, no máximo um a dois dias. Após esta sensação de melhora inicia-se o período toxêmico, quando reaparece a febre, a diarreia e os vômitos com aspecto de borra de café. Instala-se quadro de insuficiência hepática e renal caracterizado por icterícia, oligúria (pouca urina), anúria (ausência de urina) e albuminuria (presença de albumina na urina), acompanhado de manifestações hemorrágicas como gengivorragia (sangramento na gengiva), epistaxe (sangramento pelo nariz), otorragia (sangramento pelo ouvido), hematêmese (vômitos com sangue), melena (sangue nas fezes), hematúria (presença de sangue na urina), sangramentos em locais de punção venosa e prostração intensa, além de comprometimento neurológico (MS,2017). O ciclo silvestre é endêmico nas regiões tropicais da África e das Américas. Em geral, apresenta-se sob a forma de surtos com intervalos de tempo que podem variar de 3 a 7 anos, alternados por períodos com menor número de casos. Em geral, na população humana, o aparecimento de casos tem sido após a ocorrência de epizootias de primatas não humanos (PNH). A maneira mais eficaz de prevenção contra a febre amarela é através da vacina. A partir de 2017 o Brasil adotou a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicando dose única (apenas uma dose durante toda a vida) da vacina contra a febre amarela. Em 2018 a vacinação passou a ser indicada para todo o território nacional. Situação epidemiológica da febre amarela Desde 1942 não há registro no Brasil de febre amarela urbana, isto é transmitida pelo A aegipti. Os casos confirmados após 1942 são de febre amarela silvestre, transmitida por mosquitos Haemagogus. Até 1999 os focos endêmicos correram nos estados da região Norte, Centro-Oeste e área pré-amazônica do Maranhão, além de registros de casos esporádicos em Minas Gerais (MS,2017). Nos últimos anos ocorreu uma expansão da circulação do vírus da febre amarela para as regiões leste e sul do país, ocasionando surtos de epizootias em PNH (Primatas não humanos) e de casos de febre amarela em humanos. Entre os anos de 2000 e 2008 ocorreu uma expansão da circulação viral para as regiões leste e sul do Brasil. No período de monitoramento 2014 e 2015, a reemergência do vírus da FA foi registrada além dos limites da área considerada endêmica (região amazônica), manifestando-se por epizootias em PNH confirmadas por critério laboratorial (TO; julho/2014). Novos registros de epizootias e casos humanos isolados nos estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo demonstraram o avanço da área de circulação do vírus, novamente percorrendo os caminhos de dispersão nos sentidos sul e leste do país, aproximando-se de grandes regiões metropolitanas densamente povoadas, com populações não vacinadas e infestadas por Aedes aegypti. É importante ressaltar que toda esta expansão da circulação do vírus está associada à ocorrência do ciclo silvestre da doença, não havendo nenhum indício da sua urbanização (MS,2017). No período 2016/2017, foi registrado um dos eventos mais expressivos da história da FA no Brasil. A dispersão do vírus alcançou a costa leste brasileira, na região do bioma Mata Atlântica, que abriga uma ampla diversidade de primatas não humanos e de potenciais vetores silvestres e onde o vírus não era registrado há décadas. De acordo com o Boletim Epidemiológico n°28/2017, no período de julho/2016 a junho/2017, foram confirmados 777 casos humanos e 261 óbitos, além de 1412 epizootias confirmadas em PNH, figura 2 (MS,2018). Figura 2. Municípios com registro de casos humanos (a.) e epizootias de primatas não humanos (b), de acordo com a classificação, e; áreas afetadas e de vacinação, Brasil, 2016/2017. No período de julho de 2017 até abril de 2018, foram notificadas ao Ministério da Saúde 6.967 epizootias em PNH, das quais 1.672 foram descartadas, 2.290 foram indeterminadas (s/ coleta de amostras), 2.273 permanecem em investigação e 732 foram confirmadas por FA (por laboratório). Foram registradas epizootias de PNH confirmadas no Tocantins; no Mato Grosso; no Espírito Santo; no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em São Paulo, com o maior número de epizootias confirmadas na região Sudeste. Referências Bibliográficas: DONALISIO,MR et al. Arboviroses emergentes no Brasil. Rev Saúde Pública, 2017; 51:30. LIMA-CAMARA, TN. Arboviroses emergentes e novos desafios para a saúde pública no Brasil. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 50, 36, 2016. MACIEL,IJ et al. Epidemiologia e desafios no controle da dengue. Rev. de Patologia Tropical, Vol. 37(2): 111-130. Maio-jun-2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde, 2017, Volume 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Informe nº 24 - 2017/2018 Monitoramento do Período Sazonal da Febre Amarela Brasil – 2017/2018 - 02 de maio de 2018. .
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