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A INFLUÊNCIA DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL NO DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA Resumo Este artigo apresenta e discute sobre a ascendência da ciência e tecnologia em decorrência da segunda guerra mundial. Fala sobre os investimentos em ciência e tecnologia antes e depois da guerra, mostrando os motivos que levaram a um investimento massivo no conhecimento científico. É discutido a relação entre o sofrimento humano durante a guerra e os benefícios que esta trouxe para a humanidade. [KA1] Palavras-chave: Ciências. tecnologia. Segunda Guerra mundial. 1 Introdução Quando se pensa em Guerra, logo se imagina um cenário de terror, com pessoas mortas, amputadas e cidades destruídas. Além das mortes em campos de batalha, esses eventos costumam causar miséria e fazer muitas vítimas indiretas. Guerras sempre causam sofrimento a curto e longo prazo. É difícil de se pensar que é possível retirar algo de positivo de uma guerra. Entretanto, essa mesma tensão gerada pela queda de braço entre os países durante as Guerras, também impulsionou a ciência e a tecnologia de um modo jamais visto durante toda a história da humanidade. "a ligação entre as atividades bélicas e a ciência, ou mais exatamente com a tecnologia dela derivada, é muito antiga. Já na mais remota antiguidade as propriedades elásticas dos materiais e a estabilização de projéteis foram largamente empregadas na construção de arcos e flechas e posteriormente na fabricação de máquinas de guerra, capazes de arremessar pedras a distâncias consideráveis".(COSTA, Rogério C. T[KA2] .) Sabemos que não é de hoje que o homem recorre ao conhecimento científico como um subsídio importantíssimo na construção de ferramentas para utilização durante as guerras. A segunda guerra mundial mostra claramente o impacto sobre a sociedade, trazendo prejuízos, mas ao mesmo tempo trazendo ganhos. 2 Desenvolvimento[KA3] Além do uso bélico, as guerras também fomentaram a indústria tecnológica, criando máquinas e serviços que acabaram sendo incorporados pela população civil, anos ou décadas mais tarde. “Esses desenvolvimentos geralmente ultrapassam as aplicações imediatas para as quais foram destinados, contribuindo para o progresso da própria ciência, mas também de outras aplicações colaterais” (AREIA, Luiz Alberto Azeredo, 2010[KA4] ,). Inicialmente o desenvolvimento tecnológico foi valorizado positivamente por ser considerado a alavanca do progresso e bem-estar social. As políticas públicas eram basicamente de promoção de maneira que no modelo linear de desenvolvimento tecnológico que se estabelecia, não havia lugar para as consequências negativas da mudança tecnológica, uma vez que de forma geral todo processo para o progresso da ciência e tecnologia aconteceram na época de grandes conflitos e tensões políticas, econômicas e sociais (SALOMAN, Jean-Jacques et. al. 1993[KA5] ) Com os desdobramentos das guerras mundiais, principalmente a segunda guerra, a qual teve uma repercussão maior, assim como o tamanho de sua destruição, a tecnologia-científica teve um enorme avanço. Essa “alavancada cientifica”, deve-se principalmente aos grandes investimentos financeiros proporcionados pelos países envolvidos, afim de vencer a guerra. Segundo Motoyama: “Todo esse desenvolvimento na parte tecnológica e na aplicação da ciência poderia ser obtido sem essa mediação da guerra. O que acontece na guerra é que o financiamento se torna farto, não existe essa limitação e as pessoas estão realmente engajadas em transformar aquele conhecimento científico em algo prático”. (MOTOYAMA, Shozo, .2002) É válido a compreensão de que quando vencer uma guerra é demasiadamente importante, tudo que há de possibilidade será voltado para que isto se concretize, no entanto, vale ressaltar que no histórico da humanidade em que guerras estejam envolvidas havia acima de tudo um jogo de interesses e de potencialidades, há disputa implícita ou até explícita de mostrar “quem podia mais” ou quem devia mais. Analisando assim, é possível observar que anteriormente à segunda guerra mundial, as atividades tecnológicas e científicas eram relativamente pequenas, todo o trabalho científico produzido naquela época, era estritamente acadêmico e no que diz respeito à tecnologia, era mais voltada para a questão industrial. Além do mais todo o conhecimento era produzido que ficava restrito a esses setores. Essa situação muda dramaticamente com a Segunda Guerra Mundial. Falar do filmeà a partir daqui De acordo Schwartzman,( 1989) “Na realidade, ela começa a mudar já antes, numa discussão que começa a haver na Europa a respeito do relacionamento entre a atividade científica e o Estado” . Ibidem Uma parte importante dessa discussão se origina na União Soviética, onde começa a ficar consagrada a ideia de que a ciência é uma atividade que está (e deve estar) ligada fundamentalmente á atividade produtiva, como fator de produção, e isso justifica o movimento do governo soviético de tirar a ciência de seu isolamento acadêmico e colocá-la a serviço do esforço do desenvolvimento econômico e social. Ou seja, a ciência deveria estar a serviço do estado, como atividade produtiva que é, deveria sempre estar ligada ao interesse e bem da nação. Essas ideias foram bem recebidas, exatamente porque se pensava em ciência aplicada em um contexto de guerra. (Schwartzman,1989) Na Alemanha nazista também se tinha o pensamento de que a ciência não era uma atividade solta e que deveria estar ligada à nação, mesmo que sendo utilizada de uma maneira própria deles. Afinal, para eles “a ciência tem que ser nacional e na Alemanha daqueles anos isto significava anti-semitismo, atestados e juramentos ideológicos, filiação dos cientistas ao partido nazista, e assim por diante” (Schwartzman, 1989). Era na ciência e nas ideologias nacionalistas que os nazistas justificavam algumas de suas atrocidades. Como a “medicina” nazista onde seres humanos passavam por imagináveis tipos de sofrimento por um “bem maior”, que era condições e possibilidades que ajudassem a vencer a guerra. “O uso de cobaias humanas podia não ter justificativa ética, mas tinha razão prática: ajudar o exército alemão. Pilotos e soldados passavam por situações limite, como exposição a mudanças bruscas de pressão, imersão em água gelada, queimaduras e infecções. Estudar essas condições implicava aumentar a chance de sobrevivência dos militares.( CORNWELL, John. Os cientistas de Hitler, 2003) As “cobaias” forneciam muito material e muita morte. Ao ver todas essas informações não há justificativas ética, morais e sociais para tamanha maldade, no entanto apesar de tudo isso foram obtidos resultados positivos a custa do sofrimento humano. Um exemplo disso é a técnica atual de aquecimento para hipotermia. E quem diria que obsessiva compulsão por pureza, levariam há estudos sobre a relação entre fumar e o câncer de pulmão? Os cérebros alemães eram bastante cobiçados, tantopelos V2- foguete que podia chegar até 80 km e pesava em torno de 14 toneladas- mas também pelo desenvolvimento da física nuclear, o motor a jato e a transmissão de TV. Tanto é que a primeira imagem transmitida na terra foi o discurso de Hitler nas olimpíadas de Berlim de 1936. O nazismo não pode e não deve passar despercebido, apesar do que houve de negativo, cabe aqui citar tudo o que contribui positivamente para o desenvolvimento da ciência, porque houve uma significativa produção de qualidade, afinal o programa espacial dos EUA deve como líder, Von Brau[MV6] . O séc. XX pode até trazido o peso e o sofrimento das guerras, no entanto trouxe consigo também uma intensa produtividade e revolução científica, jamais vista anteriormente. São nos momentos em que mais se está em dificuldade, em período de crise e de guerra que a capacidade do homem é posta à prova. Também é nesse período que ele consegue produzir mais e melhor. Os maiores inventos estão ligados aos maiores momentos de crise da humanidade, bem como o surgimento das mentes mais brilhantes. De maneira bem grosseira compreende-se que o ser humano tem a capacidade de transformar, de criar, de mudar, mas geralmente toda essa capacidade não vê a necessidade de se manifestar, até que uma guerra surja, por exemplo. A guerra é algo bastante contraditório e dialético uma vez que, desde a antiguidade até os nossos dias, a grande arma do homem foi utilizar o conhecimento para conseguir acabar com os seus inimigos. Isso vem ocorrendo já há milhões de anos, ou mais especificamente, nos últimos 10 a 20 mil anos. O grau desse conhecimento, que eu chamaria de um conhecimento objetivo, não tinha ainda alcançado um estado muito avançado, de forma que os seus efeitos, embora grandes, não afetavam globalmente a terra e as sociedades humanas. (MOTOYAMA, Shozo. Rev.Comciência.2002)[KA7] A capacidade já está interiorizada, e ao longo dos anos foi desenvolvendo-se e tornando-se mais objetiva, impactando as sociedades humanas como outrora não era possível. Além de ter sido demasiadamente importante o desenvolvimento tecnológico naquele momento que foi a guerra, posteriormente houveram diversas aplicações importantes. A química, por exemplo, utilizada durante a Guerra para a produção de armas químicas e na indústria de explosivos, proporcionou posteriormente avanços na fabricação de uma série de produtos agrícolas. No entanto o que mais pode se verificar de desenvolvimento foram os aviões e a comunicação com os radares e computadores. Apesar de já existirem, foi a partir da 2ª guerra que se desenvolveram. A necessidade de melhores máquinas fez com que cientistas fossem recrutados para desenvolver projetos de aeronaves, o que resultou em progresso da aerodinâmica, metalurgia e meteorologia. As guerras testam e aplicam, de uma maneira muito urgente e emocional, necessidades que são atendidas pela aplicação da ciência e, com isso, é possível haver um aperfeiçoamento posterior que permita que a ciência e a tecnologia se desenvolvam ainda mais. A guerra demonstrou que o computador era possível e fez com que se pensasse em seu aperfeiçoamento com a utilização de transistores e até o melhoramento nos softwares. (MOTOYAMA, Shozo. Rev.Comciência.2002) Durante esse período, destacaram-se dois ramos do conhecimento científico que tiveram um crescimento acentuado, o primeiro foi o conhecimento sobre ondas eletromagnéticas e sonoras, fundamentais para a produção de sonares, utilizados na detecção de navios, submarinos e aviões durante a guerra. O outro ramo científico que se desenvolveu muito, foi o da energia nuclear. Esse conhecimento, juntamente com os conhecimentos de engenharia e metalurgia, em um trabalho conjunto com vários especialistas, permitiu a criação de umas das armas com maior poder de destruição até então; A Bomba atômica. Outra influência da guerra foi a descoberta feita pelo cientista Percy Spencer em 1946. Ao encostar sua barra de chocolate, que estava em seu bolsa, perto de um radar militar o chocolate havia derretido. Assim surgiu as pesquisas que originaram o que chamamos hoje de forno de micro-ondas[KA8] . O uso da energia nuclear para a fabricação das bombas atômicas pelos EUA, foi um claro exemplo do quão perigoso os conhecimentos científicos podem se tornar, no entanto a mesma energia nuclear utilizada para fins bélicos, hoje é utilizada de forma benéfica e pacífica como energia nuclear por meio da fissão, na produção de energia elétrica[KA9] . Com o lançamento dessas “super armas” sobre as cidades Japonesas, deu se fim a 2ª Guerra Mundial. Porém, iniciou uma nova era, a era da big science[KA10] e da ciência engajada. Gerando uma corrida armamentista com vários países, os quais buscavam compreender a tecnologia por trás dessas bombas. Tendo o projeto Manhattam, como o maior empreendimento científico / tecnológico realizado, até hoje. O grande desenvolvimento de tudo que foi citado aqui até o momento se deu internacionalmente, onde se concentrava a guerra. Países aliados e Alemanha nazista. É notável que esse período concentrou uma grande enorme de mentes brilhantes em um mesmo ambiente, movidos pela ideologia utópica de que estavam lutando por um bem comum que era vencer a guerra. “a experiência internacional indica duas coisas: quando o Estado entra na área científica, ele pode carrear uma quantidade de recursos muito grande, o que pode produzir alguns resultados espetaculares: a bomba atômica, o homem na lua, mas também parece mostrar que os países que só fazem isso, ou que subordinam a sua atividade científica a necessidades de curto prazo ou a um comando militar direto e político, em geral não conseguem desenvolver suas atividades científicas de maneira adequada. O grande exemplo contemporâneo parece ser o da União Soviética, que agora se dá conta de seu atraso, apesar de tantas façanhas tecnológicas ” (Schwartzman, 1989). 3 Considerações Finais No Brasil, a ciência não sentiu tanto impacto, não havia nesse país uma discussão séria referente a atividades científicas e Estado, como eram tratadas na Europa e nos Estados Unidos. Não há discussão sobre o papel da ciência e o lugar da ciência diante do estado, da sociedade, como espaço acadêmico, não houve essa preocupação talvez porque o Brasil não esteve diretamente ligada a guerra[KA11] . A ciência brasileira era mais imediatista, não havia preocupação em desenvolver nada que não fosse a curto prazo, muito menos com desenvolvimento da ciência pura e de cientistas, também não havia muita valorização da ciência acadêmica. Embora existissem mentes brilhantes e extremamente capacitadas, tal qual, Alemanha, Inglaterra, EUA, entre outro, o Brasil tem um vasto histórico de atraso. O que é importante ter em mente, é que independente de ter atingido a curto momento ou não determinados países, a guerra em si, repercutiu no mundo inteiro, de forma positiva que foitodo o trabalho científico e tecnológico gerado e citado aqui e de forma negativa, bastante conhecida pela destruição, sofrimento e morte. Falar sobre os benefícios que a segunda guerra mundial trouxe para sociedade através do conhecimento científico-tecnológico gera discussões e divergência de opiniões. Contudo os investimentos em ciências e tecnologia aumentaram logo após a segunda guerra desencadeando um enorme desenvolvimento de pesquisas científicas e tecnológicas que estão ajudando a sociedade atual. É importante que a guerra não seja vista apenas como uma adversidade, mas como um empurrão para o desenvolvimento da humanidade. Este trabalho mostra algumas contribuições desde estudo das ondas eletromagnéticas que deram origem ao que chamamos hoje de forno de micro-ondas, entre outras aplicações científico-tecnológicas oriundas da segunda guerra mundial. Referências CORNWELL, John. Os cientistas de Hitler, 2003 COSTA, Rogério C. T. da. Rev ComCiência. 2002, São Carlos-São Paulo. Acesso em: 27 de Julho de 2016 Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/guerra/guerra08.htm MOTOYAMA, Shozo. Rev ComCiência. 2002. Acesso em: 25 de Julho de 2016 Disponível em: http://www.comciencia.br/entrevistas/guerra/motoyama.htm REZENDE, Rodrigo. Ciência Nazista. SCHWARTZMAN, Simon.A Ciência no Período de Pós Guerra.1989. [KA1]Vamos deixar para fazer por ultimo [KA2]AUTOR, ANO E PÁGIN [KA3]Profe acha que aqui temos que criar tipo uma pergunta. [KA4]FALTA número de PÁGINA [KA5]É revista, não achei página) [MV6]Retirar [KA7]Espécie humana surgiu há 180000 de anos, não tem possibilidade então de ser há milhões de anos como autor diz. Ta errado então [KA8]FONTEEEEE [KA9]FONTEEEE [KA10]EXPLICAR O TERMO EM INGLÊS e o que era ciência engajada Além de colocar a fonte [KA11]Rever porque o Brasil esteve muito envolvida cm a guerra Rever considerações http://www.comciencia.br/entrevistas/guerra/motoyama.htm http://www.comciencia.br/entrevistas/guerra/motoyama.htm