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Polímeros Diretos

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Introdução aos Polímeros 
Este tópico é dedicado aos polímeros mais utilizados pelo cirurgião-dentista. Desde o primeiro 
momento em que foram utilizados na Odontologia até os dias atuais esses materiais passaram a 
ocupar grande espaço no dia-a-dia do dentista. 
Você deve ter em mente que cada vez mais os pacientes exigem restaurações estéticas capazes 
de mimetizar a anatomia, as cores e todas as nuances dos tecidos dentais ou mesmo dos tecidos 
de suporte dos dentes como a gengiva, por exemplo. 
Os polímeros permitem ao cirurgião-dentista alcançar os anseios de seus pacientes justamente 
por permitirem a reprodução fiel das características naturais dos tecidos. No entanto, são 
materiais cuja técnica necessária à sua correta utilização é bastante crítica. Portanto, você 
aprendiz de dentista deve aprender a manipulação correta dos polímeros para que seja possível 
tirar do material as suas melhores propriedades. 
Os polímeros são formados por unidades menores chamadas de monômeros. Os monômeros 
odontológicos são, em geral, moléculas orgânicas formadas por cadeias de carbonos e 
hidrogênios, ou seja, os hidrocarbonetos. Durante a reação química de presa desses materiais 
ocorrem ligações químicas covalentes entre os monômeros que ao se juntarem formam cadeias 
cada vez maiores chamadas, então, de polímeros. 
A reação de presa dos polímeros é chamada de reação de polimerização e ela pode ser ativada 
de diferentes maneiras. Existem reações de polimerização ativadas por uma substância química 
específica. Nesse caso, chamamos a reação de polimerização de quimicamente ativada. 
Entretanto, a ativação também pode acontecer através do fornecimento de calor e, nesta 
situação, chamamos a reação de polimerização de termicamente ativada. A reação ainda pode 
ser ativada por uma luz com comprimento de onda específico, a luz azul, e agora, a reação é 
chamada de fotoativada. Segue abaixo na tabela os principais ativadores e iniciadores de uma 
reação de polimerização. 
 
Os ativadores de qualquer reação de polimerização reagem com substâncias iniciadoras que 
liberam radicais livres ávidos por fazer ligação química. Esses radicais livres fazem com que os 
monômeros constituintes do material comecem a se ligar uns aos outros formando os polímeros. 
Como conseqüência de qualquer tipo de ativação da reação de polimerização, ocorre a 
contração de polimerização, ou seja, quando os monômeros se unem para formar um polímero, 
eles passam a ocupar um espaço menor do que aquele que eles ocupavam quando ainda não 
estavam ligados, ou seja, quando ainda eram monômeros livres, como pode ser observado no 
esquema abaixo. Este efeito é indesejado pelo cirurgião-dentista e desta maneira, ele terá que 
lançar mão de alguns recursos e técnicas para minimizar os efeitos da contração de 
polimerização. 
 
 
Quanto maior for a transformação de monômeros em polímeros, melhores serão as propriedades 
do polímero formado. Chamamos de grau de conversão a medida da quantidade de monômeros 
livres que se tornaram polímeros. Os polímeros formados pela ligação dos monômeros podem 
formar cadeias lineares, ramificadas e com ligações cruzadas. Polímeros com cadeias lineares 
são os menos resistentes às tensões geradas na estrutura interna do material, já aqueles que 
possuem ligações cruzadas tornam-se mais resistentes e suportam tensões maiores. 
De agora em diante, vamos reconhecer quais são os principais polímeros odontológicos, entender 
suas propriedades e indicações, além de compreender a técnica necessária à sua correta 
manipulação. 
 
Resinas Compostas 
 
As resinas compostas, também chamadas de compósitos, apresentam três componentes 
fundamentais: uma porção orgânica formada por uma matriz resinosa caracterizada por um 
conjunto de monômeros, tais como o Bis-GMA (bisfenol A glicidil dimetacrilato), o TEGDMA 
(trietileno glicol dimetacrilato), o UDMA (uretano dimetacrilato) e o Bis-EMA (bisfenol A 
dimetacrilato etoxilado). Estes monômeros são usados em substituição ao metil metacrilato 
(MMA) com o objetivo de aumentar o peso molecular dos componentes da matriz resinosa 
obtendo uma massa mais modelável e, principalmente, uma menor contração durante a 
polimerização. Há ainda uma porção inorgânica constituída por partículas de carga (quartzo, 
sílica coloidal e vidros) e, por fim, um agente de união, o silano, capaz de unir quimicamente as 
partículas de carga à matriz resinosa. 
Além desses componentes, as resinas possuem um sistema iniciador, responsável por 
desencadear a reação de polimerização, alguns estabilizadores e inibidores da polimerização 
que quando presentes aumentam o tempo de armazenamento e a estabilidade química do 
produto nas prateleiras, evitando a polimerização espontânea e acidental do material. Possuem 
ainda pigmentos e opacificadores que fornecem as cores do material. 
Diferentemente das resinas acrílicas, as resinas compostas, em geral, têm sua reação de 
polimerização ativada por uma luz com o comprimento de onda específico do azul. A luz reage 
com o iniciador da reação de polimerização que é a canforoquinona. Portanto, as resinas 
compostas devem ser fotoativadas para que tomem presa. 
Uma conseqüência natural do processo de fotoativação das resinas compostas, assim como 
ocorre com os demais polímeros é a contração de polimerização. À medida em que os 
monômeros se unem formando ligações químicas, eles passam a ocupar um volume menor do que 
aquele ocupado antes da polimerização. A contração de polimerização é um empecilho ao bom 
comportamento das resinas compostas inseridas nas cavidades dentais. Isso acontece porque ao 
inserirmos grandes porções de resina confinada em uma cavidade e a polimerizarmos, a resina 
tende a se contrair em direção ao centro da massa e se descola das paredes cavitárias. 
Se de fato a resina contraída se descolar das paredes da cavidade, uma fenda entre o material 
restaurador e o dente pode-se abrir levando ao surgimento da microinfiltração e, 
conseqüentemente, da cárie secundária, sensibilidade pós-operatória, fratura da restauração ou 
das paredes do órgão dental. 
Uma estratégia utilizada pelo fabricante de resina para minimizar os problemas da contração de 
polimerização é acrescentar grande quantidade de carga na composição do material. Quanto 
maior o conteúdo de carga, menor o de matriz resinosa e, conseqüentemente, menor é a 
contração de polimerização. Outra alternativa diz respeito à incorporação de monômeros de alto 
peso molecular na composição da matriz resinosa. Esses monômeros de alto peso tendem a 
contrair menos à medida que sofrem a polimerização. 
No entanto, não são apenas os fabricantes das resinas compostas que podem lançar mão de 
estratégias para minimizar os efeitos da contração de polimerização. O cirurgião-dentista pode 
e deve utilizar a técnica mais adequada para a confecção de uma restauração em resina 
composta. 
 
Manipulação: a técnica preconizada para a confecção de restaurações em resina é a técnica 
incremental oblíqua. Nesta técnica, o dentista deve acrescentar pequenos volumes de resina 
composta dentro da cavidade e de maneira inclinada ou oblíqua, fazendo com que a porção de 
resina inserida tenha contato com o menor número possível de paredes cavitárias. O dentista 
deve fotopolimerizar cada uma das porções que vai acrescentando. Colocando um incremento de 
no máximo 2mm de espessura, o dentista terá a certeza que proporcionalmente menor será a 
contração e que a luz conseguirá atravessar toda a espessura do incremento. O fato de ser 
oblíqua garante que a medida que a polimerização aconteça a resina não se descole das paredes 
da cavidade, pois neste caso contrairá fazendo contato com um número reduzido de paredes, o 
que faz com que a resina contraia não mais no sentindo de se soltar das paredes. 
 
 
Desde a descoberta do monômero BIS-GMA na década de 1960, as resinas compostas passaram 
por um processo de evolução bastante importante e, desta forma, tiveram seu comportamento 
mecânico e estético melhoradoao longo dos anos. 
É importante esclarecer que toda a evolução sofrida por esse material baseou-se nas 
modificações introduzidas pela indústria nas partículas de carga, ou seja na porção inorgânica 
da resina. A matriz resinosa esteve todo este tempo pautada na presença de monômeros da 
família dos metacrilatos. Apenas nos últimos anos é que foi possível notar modificações na 
matriz resinosa. Trataremos deste assunto mais adiante. 
 
Classificação Resinas Compostas 
Para que você possa compreender melhor a evolução das resinas compostas, vamos classificá -las 
de acordo com os tipos de partículas de carga utilizadas nos materiais que surgiram ao longo do 
tempo. 
As primeiras resinas compostas que surgiram na odontologia foram chamadas de 
resinas macroparticuladas (início dos anos 1970). Essas resinas eram quimicamente ativadas e 
possuíam como partículas de carga o quartzo com tamanho médio de 20 µm. O quartzo é um 
mineral de alta dureza o que tornava esta resina difícil de polir, embora tivesse bom 
comportamento mecânico. Por este motivo, as resinas macroparticuladas usadas em dentes 
anteriores apresentavam grande rugosidade superficial que favorecia o manchamento da 
restauração. Além disso, as partículas de quartzo eram radiolúcidas dificultando o diagnóstico 
de cárie secundária sob a restauração. 
Em seguida, surgiram as resinas microparticuladas (fim dos anos 1970). Essas resinas tinham 
como partículas de carga a sílica coloidal com tamanhos muito menores que os de quartzo (0,04 
a 0,4 µm). A sílica é uma partícula de baixa dureza permitindo uma melhora significativa no 
polimento. No entanto, necessitam de grande quantidade de matriz resinosa quando são 
incorporadas à resina. Por este motivo, as resinas microparticuladas apresentam teoricamente 
maior contração de polimerização e baixas propriedades mecânicas. Atualmente são indicadas 
apenas para a confecção de uma camada superficial da restauração, fazendo-a ganhar bom 
polimento. 
As resinas sofreram nova modificação (fim dos anos 1980 e começo dos 1990) e passaram a 
apresentar como partículas de carga principalmente os vidros de metais pesados (Ba, Li, Zr) com 
tamanho médio de partícula em torno de 2 a 4 µm e com características radiopacas. Essas 
resinas foram classificadas como resinas de partículas pequenas. Neste compósito foi possível 
incorporar grande quantidade de carga, melhorando as propriedades mecânicas do material. 
Indicada, especialmente, para dentes posteriores. 
Nessa mesma época, ou seja, final da década de 80 e começo da de 90, surgiram as 
resinas híbridas e micro-híbridas. As resinas híbridas receberam este nome por apresentarem 
dois tipos diferentes de partículas de carga: sílica coloidal, com 0,04µm em média, e vidros, 
com 1 a 5 µm de tamanho. Com a diminuição do tamanho das partículas de vidro para 0,6 a 
1µm, na década de 90, foram introduzidos os chamados compósitos micro-híbridos. Estas 
categorias representam atualmente o maior contingente de marcas comerciais e são 
consideradas de uso universal, ou seja, podem ser utilizadas para restaurações de dentes 
anteriores e posteriores. Vale ressaltar que a combinação de dois tipos diferentes de partículas 
com tamanhos variados permitiu ao fabricante aumentar a quantidade de carga presente na 
resina e, assim, melhorar a resistência mecânica, diminuir a contração de polimerização e a 
sorção de água. As partículas presentes nesta resina permitem alcançar um bom polimento. 
Já nos anos 2000, surgiram as resinas com nanotecnologia, ou seja, as resinas chamadas 
de nanoparticuladas ou nano-híbridas. Foi possível desenvolver nanopartículas de sílica e 
zircônia com tamanhos entre 4 e 20nm. Através da formação de nanoaglomerados com 0,6 a 20 
µm, formados pelo agrupamento das partículas de sílica e zircônia com auxílio de um agente de 
união, essas resinas apresentam alto percentual de carga e semelhante ao dos compósitos micro-
híbridos. Assim, esses compósitos somam as vantagens do ótimo polimento dos compósitos 
microparticulados com as boas propriedades mecânicas dos micro-híbridos, sendo de uso 
universal. 
Ressaltamos ainda que devemos diferenciar a classificação de algumas marcas comerciais que 
possuem, além das nanopartículas, partículas de vidro e de sílica coloidal. Portanto, como 
possuem diferentes tipos de partículas de carga com a presença de nanotecnologia, estas resinas 
foram denominadas de nano-híbridas e não nanoparticuladas, por não apresentarem somente 
nanopartículas. 
Seguindo na contra mão dos recursos utilizados até o surgimento das resinas com 
nanotecnologia. Nos últimos anos, os fabricantes resolveram alterar a formulação da matriz 
resinosa pela primeira vez desde que o BIS-GMA foi criado na década de 1960. Essa alteração 
buscou novamente a minimização dos efeitos da contração de polimerização que é o maior 
problema das resinas compostas. 
A indústria desenvolveu uma matriz resinosa com monômeros pertencentes à família dos 
siloranos substituindo a dos metacrilatos. Essas resinas são chamadas de resinas de “baixa 
contração”, pois as cadeias monoméricas são formadas por moléculas distribuídas espacialmente 
sob a forma de anéis que ao se ligarem, durante a polimerização, abrem a cadeia circular 
compensando a contração de polimerização. Necessitam de um sistema adesivo específ ico, 
justamente por possuírem outra categoria de monômeros. São indicadas apenas para dentes 
posteriores e possuem poucas opções de cores. 
 
 
Devido ao fato de que resinas desenvolvidas com monômeros siloranos não podem ser misturadas 
com as resinas convencionais (que utilizam monômeros metacrilatos), resinas de baixa 
contração, mas agora pertencentes novamente à família dos metacrilatos surgiram com o mesmo 
objetivo de diminuir a contração de polimerização ou as tensões geradas nas paredes cavitárias 
em consequência da contração. 
Algumas delas são resinas fluidas indicadas para o preenchimento da cavidade em incremento 
único (bulk fill) e formadas por monômeros metacrilatos conjugados com moduladores da 
polimerização. Esses moduladores diminuem a velocidade da reação de polimerização 
permitindo a acomodação dos monômeros que se ligam para formar o polímero. Essa 
acomodação dos monômeros diminuiria a contração de polimerização, pois neste instante em 
que se acomodam, os monômeros se espalham ocupando mais espaço do que ocupariam em uma 
reação convencional de polimerização, minimizando a contração. 
Outras são resinas com alta viscosidade (resinas em massa), mas também consideradas resinas 
de “baixa contração”. Apesar de utilizarem monômeros metacrilatos e com alto conteúdo de 
carga, os fabricantes mudaram a matriz resinosa fazendo-a constituída por novos monômeros 
com características especiais capazes de minimizar a contração de polimerização. A tecnologia 
empregada para a fabricação dessas novas moléculas ainda não é totalmente conhecida, mas 
sabe-se que alguns desses monômeros utilizam-se de núcleos rígidos na cadeia molecular que 
minimizam a contração de polimerização ou ainda moléculas aliviadoras da tensão gerada nas 
paredes cavitárias durante a contração. São monômeros bem pouco convencionais como por 
exemplo: o dimetacrilato derivado do dímero ácido ou o DX511. 
Indicações: as resinas compostas de maneira geral são indicadas para a confecção de 
restaurações diretas ou indiretas em dentes anteriores ou posteriores. 
 
 
Sistemas Adesivos 
Os materiais restauradores mais indicados pelos dentistas e desejados pelos pacientes são, 
atualmente, os estéticos formados especialmente por resinas compostas e cerâmicas 
odontológicas. Esses materiais necessitam da realização do procedimento adesivo para que 
possam ter retenção aos tecidos dentais. As resinas compostas são aplicadas diretamente pelo 
dentista na cavidade dental previamente preparada com um sistema adesivo. As cerâmicas 
odontológicas são cimentadas sobre os preparos dentais utilizando cimentos resinosos que 
também necessitam da aplicação prévia de umsistema adesivo. 
Portanto, o ponto de partida para o sucesso clínico dos atuais materiais restauradores é a 
correta utilização dos sistemas adesivos, condição fundamental para que as restaurações possam 
permanecer aderidas aos tecidos dentais de forma satisfatória ao longo do tempo. 
Para que seja possível promover a adesão aos principais tecidos dentais, através da utilização 
dos sistemas adesivos, é extremamente importante conhecer a composição e as características 
histo-morfológicas do esmalte e da dentina. 
O esmalte é um tecido extremamente mineralizado formado por grande quantidade de conteúdo 
mineral, aproximadamente 97% em peso. Este conteúdo é formado por cristais de hidroxiapatita 
distribuídos por todo o tecido sob a forma de prismas. A matriz orgânica corresponde a apenas 
1% e os demais 2% são constituídos por água. 
Em contrapartida, a dentina, embora também seja um tecido mineralizado com cerca de 70%, 
em peso, de seu conteúdo constituído por cristais de hidroxiapatita, possui grande quantidade 
de matéria orgânica (18% em peso) e grande quantidade de água (12% em peso). A presença de 
cerca de 30% de conteúdo não mineral faz com que o procedimento adesivo em dentina deva ser 
realizado com muito mais critério. Além disso, a dentina é formada por túbulos que comunicam 
a polpa à junção amelo-dentinária, conferindo grande permeabilidade a este tecido. 
Vale ainda ressaltar que 90% da matriz orgânica da dentina é formada por fibrilas de colágeno. 
Portanto, o procedimento adesivo, em dentina, será realizado sobre grande quantidade de 
colágeno e, portanto, é fundamental para o dentista saber manipular corretamente este tecido. 
Caro aluno, agora que você já conhece as características dos tecidos dentais, é importante que 
você saiba que para a realização do procedimento adesivo, estão à disposição do cirurgião-
dentista duas diferentes técnicas adesivas: a técnica do Condicionamento Ácido Total, também 
chamada de etch-and-rinse, que remove totalmente a lama dentinária, ou smear layer e a 
técnica de remoção parcial da smear layer, mais comumente chamada de Autocondicionante ou 
self-etching. 
A técnica do Condicionamento Ácido Total é aquela em que há a necessidade de aplicação do 
ácido fosfórico, cuja concentração varia entre 30 e 40%, sobre os tecidos dentais, esmalte e 
dentina, previamente à aplicação dos componentes adesivos. 
O ácido fosfórico é capaz de promover a desmineralização parcial dos tecidos, permitindo a 
infiltração dos monômeros provenientes dos sistemas adesivos. Como o esmalte é um tecido 
mais mineralizado que a dentina, a aplicação do ácido fosfórico deve durar o dobro do tempo 
estimado para a desmineralização da dentina. Isto quer dizer que o condicionamento ácido deve 
ser realizado por cerca de 30 segundos no esmalte e por cerca de 15 segundos na dentina. Em 
seguida, deve-se fazer a lavagem do ácido fosfórico com água em abundância, por no mínimo, o 
mesmo tempo dispensado para o condicionamento. Após a lavagem do ácido fosfórico, é de 
fundamental importância que se mantenha a dentina úmida para a aplicação do sistema adesivo. 
Para o uso da técnica de Condicionamento Ácido Total existem, atualmente, disponíveis no 
mercado dois diferentes tipos de sistemas adesivos. O sistema mais completo é aquele em que 
se fazem necessárias três diferentes etapas clínicas para sua realização, ou seja, são sistemas 
que possuem três distintos componentes e, por isso, são chamados de sistemas adesivos de 
múltiplos frascos. O primeiro passo é, justamente, a aplicação do ácido fosfórico que prepara os 
tecidos para aplicação do sistema adesivo. O segundo passo consiste na aplicação de um primer 
constituído por monômeros hidrofílicos (principalmente o HEMA, monômero bifuncional com 
afinidade por moléculas de água e que possui uma extremidade hidrofóbica capaz de se ligar ao 
bond) dissolvidos em um solvente orgânico que pode ser a água, o etanol, a acetona ou uma 
mistura de água e etanol. O terceiro passo consiste na aplicação do bond ou do adesivo, 
propriamente dito, formado por monômeros hidrofóbicos (principalmente o BIS-GMA) capazes de 
selar a interface adesiva. 
O outro tipo de sistema adesivo pertencente à técnica etch-and-rinse é o sistema adesivo 
simplificado, cuja aplicação aos tecidos dentais ocorre com a utilização de apenas duas etapas 
clínicas distintas para sua realização, ou seja, são sistemas em que após o condicionamento com 
ácido fosfórico, os monômeros hidrofílicos do primer e os hidrofóbicos do bond são aplicados 
simultaneamente às cavidades, uma vez que estão contidos em um mesmo frasco. 
 
 
Mas, se o dentista optar por utilizar um sistema adesivo Autocondicionante deverá dispensar o 
uso do ácido fosfórico. A desmineralização é promovida por monômeros ácidos presentes no 
primer, capazes de condicionar os tecidos duros dentais, ou melhor, a dentina apenas. Os 
monômeros ácidos dos sistemas autocondicionantes não são capazes de desmineralizar 
adequadamente o esmalte. 
Existem também dois diferentes tipos de sistemas adesivos autocondicionantes. O primeiro tipo 
é aquele em que o procedimento adesivo é realizado em duas etapas clínicas distintas, ou seja, 
o sistema adesivo é constituído por 2 frascos. No primeiro frasco, o do primer 
autocondicionante, estão contidos os monômeros ácidos muito hidrofílicos. Esses monômeros são 
aplicados às cavidades dentais, sem a necessidade de manter o tecido dentinário úmido. 
Portanto, o primer é utilizado em cavidades praticamente secas ou com pouca umidade. Depois 
da evaporação do solvente sem a necessidade de lavagem da cavidade, deve-se aplicar o bond 
hidrofóbico para garantir o selamento da interface. 
Simplificando definitivamente o procedimento adesivo, surgiram os sistemas adesivos 
autocondicionantes de uma única aplicação, de um único passo, isto é, primer ácido e bond 
aplicados simultaneamente e contidos em um único frasco também chamados de sistemas 
adesivos all-in-one. 
 
Os sistemas adesivos autocondicionantes por possuírem os monômeros do primer mais 
hidrofílicos tendem a degradar mais facilmente ao longo do tempo. Esses monômeros sofrem 
degradação hidrolítica por sorção de água, ou seja, moléculas de água causam a lise dos 
polímeros formados após a fotoativação do sistema adesivo. 
A adesão ao esmalte é bastante previsível e satisfatória. É alcançada pela infiltração dos 
sistemas adesivos nas micro-porosidades criadas entre os prismas de esmalte e produzidas pela 
desmineralização promovida pelo uso do ácido fosfórico. Os resultados de resistência adesiva em 
esmalte são sempre altos e duradouros. 
O grande desafio da odontologia adesiva ainda é alcançar valores de resistência adesiva 
duradouros em dentina. A adesão à dentina é conseguida a partir da formação da camada 
híbrida formada pelo envolvimento dos monômeros resinosos dos sistemas adesivos por entre as 
fibrilas colágenas expostas pela desmineralização do tecido. Vale ressaltar que a hibridização da 
dentina é extremamente complexa e isso se deve a grande quantidade de matriz orgânica e água 
presentes em sua composição. 
Durante o condicionamento ácido da dentina removem-se cristais de hidroxiapatita expondo uma 
trama de colágeno proveniente da matriz dentinária. Para que seja possível infiltrar os 
monômeros do primer para os espaços inter-fibrilares é necessário que se mantenha a dentina 
úmida. Para que seja possível manter a umidade dentinária de forma adequada, é recomendado 
ao cirurgião-dentista que promova a remoção do excesso de água com um pedaço estéril de um 
papel absorvente, evitando assim a secagem em demasia. A dentina deve apresentar aspecto da 
faixa de areia molhada da praia, ou seja, sem água em excesso, mas também sem o 
ressecamento total do tecido. A presença de água entre as fibrilas de colágeno é responsável 
pela manutenção do arcabouço colágeno, ou seja, por manter as fibrilas de colágeno em 
expansão, distantes umas das outras como se fossem fios de cabelo mergulhadosdentro de uma 
piscina. Caso ocorra a desidratação total da dentina, as fibrilas colágenas colabam impedindo a 
correta infiltração do sistema adesivo. Com a presença adequada da umidade dentinária pode-se 
aplicar o primer na cavidade sempre sob agitação e aguardando-se em torno de 20 a 30 segundos 
para que seja possível a infiltração dos monômeros. Em seguida, deve-se promover a evaporação 
do solvente presente no primer responsável por conduzir os monômeros hidrofílicos para o 
interior da dentina. A evaporação do solvente é feita com a aplicação de um leve jato de ar 
aplicado sobre a cavidade. Juntamente com o solvente a água presente entre as fibrilas também 
é evaporada, restando na dentina apenas as fibrilas colágenas envolvidas pelos monômeros 
resinosos do primer, ou seja, formou-se a camada híbrida. Para selar e proteger a interface 
adesiva, devem ser aplicados sobre a camada híbrida os monômeros hidrofóbicos do bond, 
também aplicados sob agitação e homogeneizados com um leve jato de ar, afim de que se forme 
uma fina película de bond sobre a camada híbrida. 
Vale ainda ressaltar que apesar de todos os cuidados empregados durante a confecção da 
interface adesiva em dentina, esta tende a degradar-se com o passar do tempo. A porção 
resinosa da camada híbrida tende a sofrer degradação hidrolítica e a porção orgânica formada 
pelo colágeno, tende a sofrer degradação enzimática por ação das metaloproteinases (MMP).

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