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sim a FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL, que dura no mínimo quatro anos ou oito semestres. ASSISTENTE SOCIAL É UM PROFISSIONAL O assistente social é o profissional com graduação em Serviço Social (em curso reconhecido pelo MEC) e registro no Conselho Regional de Serviço Social (CRESS) do estado em que trabalha. O assistente social não é dama de caridade, nem primeira dama que procura “dar coisas” e ter “pena” dos “pobres”, é um profissional formado por homens e mulheres com competência e atribuições profissionais. ASSISTÊNCIA SOCIAL É UMA POLÍTICA PÚBLICA A Assistência Social é entendida como uma política pública de direito de todo cidadão e dever do Estado, prevista na Constituição Federal. Essa política pública é regulamentada pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Conforme a Constituição Federal, a Seguridade Social no Brasil é composta por três políticas sociais: a Previdência Social, a Saúde Pública e a Assistência Social. SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS São serviços disponibilizados à população e atividades continuadas que visam à melhoria da qualidade de vida principalmente daquelas pessoas que de alguma forma não possuem seus direitos sociais garantidos e acesso à cidadania. A LOAS prevê a efetivação destes em rede, de acordo com os níveis de proteção social: básica e especial, de média e alta complexidade. ASSISTENCIALISMO É UMA PRÁTICA A SER COMBATIDA O assistencialismo surgiu nas práticas de ação social do passado, e por vezes persiste na atualidade, é uma forma de intervenção social assistencialista de oferta por meio de uma doação, favor, boa vontade ou interesse de alguém e não como um direito. É uma prática clientelista que não promove a autonomia da pessoa enquanto sujeito de direitos, bem como emancipação humana. A ação profissional deve estar pautada por ações concretas, objetivas e reais, propostas críticas fundamentadas historicamente, por isso é necessário que o profissional tenha qualificação e ética profissional. Nesse aspecto, Morin (2007, 92 UNIDADE 2 | O NEODESENVOLVIMENTO NO CAPITALISMO E O ACIRRAMENTO DAS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL p. 15) enfatiza que “A ética não pode escapar dos problemas da complexidade. Isso nos obriga a pensar a relação entre conhecimento e ética, ciência e ética, política e ética, economia e ética”. A ação autoética é a mais individual possível, engajando a responsabilidade pessoal; ao mesmo tempo é um ato transcendental que nos liga às forças vivas de solidariedade, [...]. O prefixo de envolvimento com- encontra-se ao mesmo tempo na: - complexidade - compreensão - comunidade O verbo complectere, do qual vem complexus, significa “abraçar”. O pensamento complexo é o pensamento que abraça a diversidade e reúne o separado. [...] A palavra “com-preensão” indica que há uma ação de envolvimento, algo que abraça, no sentido cognitivo do termo e no sentido afetivo. A palavra “comunidade”, ela mesma nos abraça. [...]. A autoética religa-nos à nossa humanidade: incita-nos a assumir a identidade humana no seu nível complexo e convida-nos para a dialógica razão/paixão, sabedoria/loucura. Reclama a nossa compreensão da condição humana, com seus desvios, ilusões, delírios. Estimula-nos à reforma, a que reformemos nossas vidas (MORIN, 2007, p. 142-143). Sabe-se que efetivar uma atitude autoética de envolvimento, bem como construir um projeto profissional ético, crítico, criativo no âmbito da complexidade, compreensão e comunidade, ter um pensamento complexo no sentido de abraçar a diversidade, envolver-se, comprometer-se integralmente para o bem da humanidade e construção de uma nova ordem societária não é algo fácil e simples. Martins (1998, p. 16) enfatiza que A relação entre igualdade e diferenças traz em sua relação conjunta a diversidade humana e a possibilitar de se romper com os propósitos ingenuamente pacificadores entendendo que por sermos atores de uma construção societária estamos naturalmente dispostos ao conflito. Como profissionais éticos, precisamos perceber, analisar, constatar e compreender a realidade social, para assim enfrentar as inúmeras e multifacetadas expressões da questão social, que estão em áreas de conflito e tensão com interesses antagônicos. Direcionar nossas intenções e esforços na preservação, defesa e ampliação dos direitos sociais e humanos, contribuindo assim para a construção de um projeto de igualdade e justiça social com plena inclusão social, plena cidadania e real participação social, significa comprometimento ético. A ética pode ser compreendida como uma estruturação de valores que proporcionam qualidade à vida, ela nasce e desenvolve-se dentro dos sujeitos e das comunidades, vindo a responder às diversas necessidades humanas, por isso não se estrutura em normas fixas ou códigos preestabelecidos, mas se manifesta como um modo de vida, modo dinâmico de ser e viver. E, não é simples falar sobre ética, é uma dimensão muito complexa, visto que envolve pensamento e raciocínio, reflexão sobre regras, normas, valores, cultura, tabus, preconceitos, regras, formas, leis. Por isso que o pensador Morin (2007) enfatiza TÓPICO 1 | O SURGIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO, LIBERALISMO E NEOLIBERALISMO 93 FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=ÉTICA&biw>. Acesso em: 6 jan. 2015. O Código de Ética Profissional, Resolução do CFESS nº 273/93, aprovado em 15 de março de 1993, dia instituído como Dia do Assistente Social, especifica alguns princípios, gerais e abrangentes, considerados como fundamentais, conforme segue: que essa atitude reflexiva faz repensar e a revisitar o bem, o possível, o necessário, o tangível, o mais apropriado, o mundo, a sociedade, a vida. “A ética não pode escapar dos problemas da complexidade. Isso nos obriga a pensar a relação entre conhecimento e ética, ciência e ética, política e ética, economia e ética” (MORIN, 2007, p. 15, apud MONTIBELLER, 2011, p. 76-77). Teóricos de diversas áreas dedicam-se ao estudo das sociedades, de temas sociais diversos a fim de propiciarem um melhor entendimento das complexidades sociais. Assim, para propiciar alternativas teóricas e práticas, muitos se debruçam sobre os problemas da complexidade da sociedade moderna, das diversas formas, manifestações e multifacetadas expressões sociais, sem deixar de pensar e discutir a relação que deve existir entre a ética e as demais categorias que fazem parte do complexo social, como a economia, a política, a ciência, a cultura, a educação. Assim, a questão social deve assumir um lugar de destaque junto às temáticas abordadas pela profissão, uma vez que esta se configura junto ao projeto profissional como sendo o objeto no qual o serviço social intervém, e estando descrita com grande relevância junto às Diretrizes Curriculares aprovadas em 1996, que sinalizam um dos pilares deste projeto, juntamente com a Lei de Regulamentação da Profissão e o Código de Ética Profissional, ambos aprovados ainda em 1993. FIGURA 17 – A ÉTICA EM CONSTRUÇÃO 94 UNIDADE 2 | O NEODESENVOLVIMENTO NO CAPITALISMO E O ACIRRAMENTO DAS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL QUADRO 10 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA PROFISSÃO LIBERDADE como valor ético central... DIREITOS HUMANOS e recusa do arbítrio e do autoritarismo... CIDADANIA: sua ampliação e consolidação... DEMOCRACIA: defesa de seu aprofundamento... EQUIDADE e JUSTIÇA SOCIAL: posicionamento em favor... RESPEITO À DIVERDADE: eliminação de todas as formas de preconceito... PLURALISMO no sentido de garanti-lo... NOVA ORDEM SOCIETÁRIA: construção de uma sociedade sem dominação, exploração de classe, etnia e gênero... ARTICULAÇÃO com os movimentos de outras categorias profissionais... QUALIDADE DOS SERVIÇOS prestados à população... AUTONOMIA E RESPEITO: exercício do serviço social sem ser discriminado,