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CAPÍTULO 4 InterdIscIplInarIdade: Quando a educação FísIca, a arte e o lúdIco se encontram - prátIcas InclusIvas para o desenvolvImento FísIco, Intelectual e cultural dos alunos com deFIcIêncIa Intelectual A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Reconhecer a importância da interdisciplinaridade entre as áreas de Educação Física, Arte e o Lúdico para o desenvolvimento físico, intelectual e cultural dos alunos com deficiência Intelectual. 3 Conhecer práticas que utilizam os jogos e brincadeiras e propiciam a inclusão escolar. 3 Reconhecer a Educação Física, a Arte e o Lúdico como vetores de inclusão escolar por meio de atividades adaptadas. 82 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade 83 InterdIscIplInarIdade: Quando a educação FísIca, a arte e o lúdIco se encontram - prátIcas InclusIvas para o desenvolvImento FísIco, Intelectual e cultural dos alunos com deFIcIêncIa Intelectual Capítulo 4 Embora pareça natural a aula de Educação Física acontecer nos espaços externos da escola, isto não é regra, pois dependendo das condições climáticas, dos espaços disponibilizados e também da proposta dos professores, a Educação Física pode ser praticada também em sala de aula. contextualIzação Este é o último capítulo do nosso caderno de estudos. Optamos por apresentar algumas possibilidades de diálogo entre as áreas da Educação Física e da Arte em convergência com a ludicidade. Nossa intenção é demonstrar através de exemplos de projetos e/ou planos de aula as contribuições da interdisciplinaridade para o desenvolvimento dos alunos de forma lúdica, valorizando os jogos e brincadeiras tradicionais. A Educação Física e Arte são áreas com as quais é comum as crianças se identificarem, pois são áreas que envolvem atividades práticas muito próximas do brincar. Através do resgate e do trabalho com a cultura histórica, artística e corporal é possível contribuir com o desenvolvimento cognitivo e afetivo de todas as crianças. Assim, convido você a discutir sobre essas possibilidades. a educação FísIca dentro e Fora da sala de aula: dIFerentes propostas, dIFerentes espaços Para falar um pouco sobre atividades inclusivas que envolvem a Educação Física, a Arte e a Ludicidade, apresentaremos no decorrer deste capítulo propostas que traçam um resgate de jogos e brincadeiras. No entanto cabe atentar para os momentos das aulas de Educação Física que normalmente acontecem em espaços diferenciados dependendo da realidade de cada escola. Embora pareça natural a aula de Educação Física acontecer nos espaços externos da escola, isto não é regra, pois dependendo das condições climáticas, dos espaços disponibilizados e também da proposta dos professores, a Educação Física pode ser praticada também em sala de aula. Jogos e brincadeiras são propostas que podem facilmente ser adaptadas. Aos professores cabe a tarefa de criar condições favoráveis para atingir os objetivos de sua aula em convergência com a sua área de conhecimento. As diferentes competências com as quais as crianças chegam à escola são determinadas pelas experiências corporais que tiveram oportunidade de vivenciar. Ou seja, se não puderam brincar, conviver com outras crianças, explorar diversos espaços, provavelmente suas competências serão restritas (BRASIL, 1997, p.45). 84 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade O lazer e a disponibilidade de espaços para atividades lúdicas e esportivas são necessidades básicas e, por isso, direitos do cidadão Uma proposta que visa à inclusão de alunos com deficiência intelectual não é pensada para esta clientela, assim, não deve planejar atividades diferenciadas e sim atividades que permitem a participação de todos os alunos com ou sem deficiência, contribuindo com o desenvolvimento global destes. É necessário conhecer toda a turma, como também todas as especificidades relacionadas ao desenvolvimento de cada aluno. Uma proposta que visa à inclusão de alunos com deficiência intelectual não é pensada para esta clientela, assim, não deve planejar atividades diferenciadas e sim atividades que permitem a participação de todos os alunos com ou sem deficiência, contribuindo com o desenvolvimento global destes. Crianças com deficiência intelectual, assim como as demais, necessitam de muito estímulo no que tange ao que está em evidência na imagem a seguir. Figura 24 – Competências Fonte: Adaptado de Revista Mundo da Inclusão, Ano 1, nº2. Propiciar o desenvolvimento dessas competências também implica explorar e adaptar os espaços disponibilizados para a Educação Física na escola, pois “o lazer e a disponibilidade de espaços para atividades lúdicas e esportivas são necessidades básicas e, por isso, direitos do cidadão” (BRASIL, 1997, p.25). Aos professores de Educação Física cabe conhecer e potencializar os espaços, explorando sua criatividade! Como exemplo para potencializar os espaços, apresentamos algumas propostas podem ser desenvolvidas em sala de aula, como: 85 InterdIscIplInarIdade: Quando a educação FísIca, a arte e o lúdIco se encontram - prátIcas InclusIvas para o desenvolvImento FísIco, Intelectual e cultural dos alunos com deFIcIêncIa Intelectual Capítulo 4 Várias atividades podem ser pensadas e adaptadas aos espaços disponibilizados nas escolas, citamos apenas alguns exemplos, o importante é analisar esses espaços e potencializá-los. educação FísIca, arte e lúdIco: prátIca InterdIscIplInar por meIo dos Jogos e BrIncadeIras Você se lembra das crianças brincando na rua, subindo em árvores, fazendo bolinho de barro ou areia? Figura 25 – Brincando na rua Fonte: Disponível em: <blogjoacy.blogspot.com /http:// salvemasnossascriancas.blogspot.com.br/2011/01/brincar-nas- arvores-e-gostoso-mas.html>. Acesso em: 10 jan. 2013. Isso já não é tão comum! A rua já se tornou um lugar perigoso e para muitos, além de cômodo o fato da criança ficar dentro de casa brincando com jogos eletrônicos, conectados com o mundo que aparentemente é mais seguro. 86 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade Para Miguel (2007), a escola é o espaço onde podemos oportunizar a integração das crianças, pois a maioria brinca sozinha ou com os pais durante a semana em casa. A arte nos permite interagir e criar um diálogo entre os diferentes contextos com as crianças, através de diferentes brincadeiras tradicionais e coletivas. Vamos pensar em trabalhos com as brincadeiras de roda, como as cirandas? Essas brincadeiras de rua, em algumas épocas e em alguns lugares, eram muito comuns, mas são desconhecidas por algumas crianças, normalmente por aquelas que passam a maioria de seus dias conectadas ao mundo virtual e tecnológico. Assim, consideramos importante que os professores de diferentes áreas valorizarem brincadeiras tradicionais, trazendo para este mundo tão avançado um conhecimento histórico e cultural por muitos esquecido. Apresentaremos agora pra você, pós-graduando, exemplos de brincadeiras que podem ser relacionadas com a arte. A tradicional brincadeira de roda já foi tema de obras de diferentes artistas, veja alguns exemplos: Figura 26 – Dança de roda – Portinari Fonte: Disponível em: <portinari.org. br/>. Acesso em: 13 fev. 2013. Figura 27 – Ciranda – Rosângela Borges Fonte: Disponível em: <http://ajursp. wordpress.com/2010/07/28/rosangela- borges-tema-ciranda-de-roda-medida- 40x50-a-s-t/>. Acesso em: 13 fev. 2013. 87 InterdIscIplInarIdade: Quando a educação FísIca, a arte e o lúdIco se encontram - prátIcas InclusIvas para o desenvolvImento FísIco, Intelectual e cultural dos alunos com deFIcIêncIa Intelectual Capítulo 4 Ao professor cabe o reconhecimentodas fases de representação em que este aluno se encontra (garatuja, pré-esquemática, esquemática, ) e o estímulo para superar e avançar para novas fases. Uma das linguagens da arte é o desenho. Desde cedo a criança inicia um processo de grafismos, passando por diferentes fases. Figura 28 – Brincando de ciranda – Aracy Fonte: Disponível em: <http://ajursp. arteblog.com.br/610869/ARACY- TEMA-BRINCANDO-DE-CIRANDA- MEDIDA-30X60-A-VENDA-COM- AJUR-SP/>. Acesso em: 13 fev. 2013 Figura 29 – ciranda – Ivan Cruz Fonte: Disponível em: <brincadeirasdecrianca.com. br/>. Acesso em: 13 fev. 2013 A brincadeira de roda, muitas vezes esquecida por alguns profissionais, é uma atividade que pode ser explorada em várias áreas do conhecimento. Em arte, especificamente, é grande o número de artistas que abordam a temática das cirandas. A apreciação dessas obras pode iniciar um trabalho de resgate de brincadeiras tradicionais envolvendo várias áreas do conhecimento (SILVEIRA, 2011). Uma das linguagens da arte é o desenho. Desde cedo a criança inicia um processo de grafismos, passando por diferentes fases. A arte pode ampliar possibilidades e ampliar o olhar sobre o desenho da roda da criança, um desenho que envolve a concepção de espaço e de tridimensionalidade. É importante que o professor compreenda que o desenho da roda é uma representação que exige uma noção espacial e de perspectiva muito grande por parte da criança. Normalmente quando as crianças vão representar a roda, elas desenham todas as crianças em círculo, no entanto acabam representando algumas de cabeça para baixo, pois ainda não compreendem a possibilidade de desenhar em mais planos e em perspectiva. Todas as crianças apresentam especificidades inerentes à idade e desenvolvimento da coordenação e fase do desenho, com alunos com deficiência intelectual não é diferente. Ao professor cabe o reconhecimento das fases de representação em que este aluno se encontra (garatuja, pré-esquemática, esquemática, ) e o estímulo para superar e avançar para novas fases. 88 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade Veja os desenhos abaixo: Figura 30 – Desenho de Ludi, 09 anos Fonte: Martins, Picosque e Guerra, 1998, p.91. O desenho de Ludi é de uma criança de nove anos. Podemos perceber que algumas as crianças estão de cabeça para baixo. Figura 31 – Desenho de Emanuelly, 04 anos Fonte: A autora. 89 InterdIscIplInarIdade: Quando a educação FísIca, a arte e o lúdIco se encontram - prátIcas InclusIvas para o desenvolvImento FísIco, Intelectual e cultural dos alunos com deFIcIêncIa Intelectual Capítulo 4 A interdisciplinaridade visa garantir a construção de um conhecimento globalizante, rompendo com os limites das disciplinas. Já o desenho de Emanuelly, é de uma criança de quatro anos, porém, esta criança teve orientação através das obras apresentadas acima, sobre a posição das crianças no desenho de roda. Observe como nenhuma das crianças da roda foi representada de cabeça para baixo, porém esta criança ainda não representou as crianças de costas na roda, pode-se perceber que todas as crianças foram representadas de frente. Esta é uma noção de perspectiva que precisamos trabalhar com as crianças desde pequenas, e esta visão de si e do outro na brincadeira de roda desenvolve-se brincando. Além do trabalho com o desenho, você pode desenvolver uma ressignificação das obras, através da modelagem com massinha e palitos. Oriente os alunos a construírem as crianças de pé, em formato tridimensional, pois normalmente as construções com massinha acontecem em formato achatado sobre o papel. Ofereça recursos como o palito de dente para sustentar a massinha, uma base de isopor e construa rodas e cirandas com seus alunos. Não se esqueça de fotografar para registrar esta construção. E como envolver a Educação Física e a ludicidade? Neste capítulo estamos propondo um diálogo entre a Arte, a Educação Física e a Ludicidade para o desenvolvimento de propostas que resgatam e valorizam os jogos e as brincadeiras de forma interdisciplinar. A interdisciplinaridade visa garantir a construção de um conhecimento globalizante, rompendo com os limites das disciplinas. Para isso, será preciso, uma postura interdisciplinar, que nada mais é do que uma atitude de busca, de inclusão, de acordo e de sintonia diante do conhecimento (HAMZE, 2012, p.01). Atividade de Estudos: 1) Para propiciar o conhecimento corporal, artístico e cultural, convide seus alunos para brincar de roda, faça a relação entre as obras apresentadas e as cantigas. No momento da leitura de imagem, pergunte para as crianças sobre as possíveis músicas e brincadeiras que as crianças representadas nas obras possam estar cantando. 90 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade Figura 32 - Interdisciplinaridade Fonte: Adaptado de: <www.policiamentocomunitario. blogspot.com>. Acesso em: 15 jan. 2013. Como estamos falando sobre brincadeiras de roda e interdisciplinaridade, a seguir apresentamos algumas cantigas sobre o tema, para relembrar e trabalhar com seus alunos: 91 InterdIscIplInarIdade: Quando a educação FísIca, a arte e o lúdIco se encontram - prátIcas InclusIvas para o desenvolvImento FísIco, Intelectual e cultural dos alunos com deFIcIêncIa Intelectual Capítulo 4 Ciranda Cirandinha Ciranda Cirandinha Vamos todos cirandar Vamos dar a meia volta Volta e meia vamos dar O Anel que tu me destes Era vidro e se quebrou O amor que tu me tinhas Era pouco e se acabou Por isso dona Rosa Entre dentro desta roda Diga um verso bem bonito Diga adeus e vá se embora. A canoa virou A canoa virou, Foi deixá-la virar, Foi por causa da (nome de pessoa) Que não soube remar. Se eu fosse um peixinho E soubesse nadar, Eu tirava (nome da pessoa) Do fundo do mar. Tindolelê Ôi abre a roda tindolelê Ôi abre a roda tindolalá Ôi abre a roda tindolelê Tindolelê tindolalá Ôi bate palmas tindolelê Ôi bate palmas tindolalá Ôi bate palmas tindolelê Tindolelê tindolalá E dá um giro tindolelê Torna a girar tindolalá E dá um giro tindolelê Tindolelê tindolalá Dá um pulinho tindolelê Outro pulinho tindolalá Dá um pulinho tindolelê Tindolelê tindolalá E segue a roda tindolelê E volta a roda tindolalá E segue a roda tindolelê Tindolelê tindolalá E fecha a roda tindolelê E abre a roda tindolalá E fecha a roda Tindolelê tindolalá Fonte: Disponível em: <www.musicasparaagarotada. blogspot.com>. Acesso em: 14 fev. 2013. 92 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade Indicamos o livro: “Folclorices de Brincar”, das autoras Mércia Maria Leitão e Neide Duarte. As brincadeiras que fizeram parte de tantas infâncias são tão importantes e simbolizam tão fortemente nossa cultura que já são consideradas parte indissociável de nosso folclore. Amarelinha, pião, pular corda e tantas outras são o mote para a arte visual de Ivan Cruz, que, por sua vez, inspirou as autoras Mércia Leitão e Neide Duarte a usarem a arte poética para escrever este livro. Como vimos, é possível trabalhar de forma interdisciplinar com as crianças envolvendo a educação física, a arte e a ludicidade, e melhor, é possível fazê- lo brincando. Vamos verificar o que podemos propiciar às crianças com esta proposta? Podemos mediar o desenvolvimento da: Figura 33 - Fluxograma de habilidades e competências Fonte: A autora. 93 InterdIscIplInarIdade: Quando a educação FísIca, a arte e o lúdIco se encontram - prátIcas InclusIvas para o desenvolvImento FísIco, Intelectual e cultural dos alunos com deFIcIêncIa Intelectual Capítulo 4 Brincadeiras populares, além de permitirem um contato maior com a cultura, propiciam o desenvolvimento e a interação de todas as crianças. Inclusão por meIode Jogos e BrIncadeIras Brincadeiras populares, além de permitirem um contato maior com a cultura, propiciam o desenvolvimento e a interação de todas as crianças. Neste último subtítulo apresentaremos algumas brincadeiras, bem como dicas de como trabalhar de forma interdisciplinar, valorizando as áreas da Arte da Educação Física e da Ludicidade para a inclusão do aluno com deficiência intelectual, focos deste caderno de estudos. Vamos falar de mais uma brincadeira popular? Cinco Marias!!! Você conhece a origem desta brincadeira? Pesquise com os seus alunos. CINCO MARIAS Uma das hipóteses para a origem da brincadeira é que ela venha de costumes da Grécia antiga. Quando queriam consultar os deuses ou tirar a sorte, os homens jogavam ossinhos da pata de carneiro e observavam como caíam. Cada lado do ossinho tinha um nome e um valor, e a resposta divina às perguntas humanas era interpretada a partir da soma desses números. O lado mais liso era chamado kyon (valia 1 ponto), o menos liso, coos (6 pontos); o côncavo, yption (3 pontos), e o convexo, pranes (4 pontos). Essa pode ser a origem dos dados (do latim, “dadus”, que quer dizer “dado pelos deuses”), segundo Renata Meirelles, autora do livro “Giramundo e outros brinquedos e brincadeiras dos meninos do Brasil”. Com o tempo, os ossinhos foram substituídos por pedrinhas, sementes e pedaços de telha até chegar aos saquinhos de tecido recheados com areia, grãos ou sementes. As cinco marias também são conhecidas como jogo do osso, brincadeira dos cinco saquinhos ou cinco pedrinhas. Para brincar são necessários cinco saquinhos de tecido de mais ou menos 4 cm por 3 cm, com enchimento de areia, farinha, grãos de arroz ou feijão, ou as cinco pedrinhas (que devem ter tamanhos semelhantes). 94 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade Como joga as Cinco Marias? 1ª etapa - Jogar as cinco marias no chão. - Escolher uma delas, que será jogada para o alto, enquanto pega-se uma das quatro, sem tocar nas demais. Esperar a que está no alto cair também na mesma mão. Repetir com todas as outras que estão no chão. 2ª etapa - Jogar as cinco marias e tomar de novo uma delas. - Jogar o saquinho para o alto e, agora, pegar de duas em duas as demais, sem tocar no outro par. 3ª etapa - Jogar as cinco marias no chão e tomar uma delas. - Jogar o saquinho para o alto e pegar primeiro um e depois três, de uma só vez. 4ª etapa - Jogar as cinco marias e tomar uma delas. - Jogá-la para o alto e, enquanto ela volta, pegar as quatro de uma só vez, aparando rapidamente também a primeira. 5ª etapa - Com todas as pedrinhas na mão, jogar para o alto uma delas e deixar no chão as quatro restantes e tornar a aparar a que foi ao alto. 6ª etapa - Com todas as pedrinhas na mão, jogar uma para o alto e colocar três sobre o chão. - Aparar a que foi ao alto. 95 InterdIscIplInarIdade: Quando a educação FísIca, a arte e o lúdIco se encontram - prátIcas InclusIvas para o desenvolvImento FísIco, Intelectual e cultural dos alunos com deFIcIêncIa Intelectual Capítulo 4 - Jogar de novo uma para o alto e deixar a outra no chão e aparar a que foi ao alto. 7ª etapa - Com todas as pedrinhas na mão, jogar uma para o alto e deixar uma no chão. - Aparar a que foi ao alto e jogar de novo, para deixar as duas restantes no chão e esperar a que foi ao alto. 8ª etapa - Com todas as pedrinhas na mão, jogar uma para o alto e deixar uma no chão. - Aparar a que foi ao alto e repetir até deixar todas no chão e aparar a que foi ao alto de novo. Contar pontos: - Colocar as cinco pedrinhas na palma da mão, arrumando-as umas sobre as outras. - Jogar tudo para o alto e aparar o quanto puder com o dorso da mão. - Lançar novamente para o alto; o que se conseguir aparar com a palma da mão é o número de pontos conseguidos na série. O número de pontos a ser atingido deve ser combinado entre os jogadores. Fonte: Disponível em: <https://sites.google.com/site/ antigasbrincadeirasinfantis/brincadeiras-antigas/ cinco-marias>. Acesso em: 15 fev. 2013. Para ilustrar o modo de jogar as cinco marias, apresentamos a imagem da obra de Ivan Cruz. 96 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade CINCO-MARIAS Autor: FernanddaIrala Gomes Eu brincava de cinco-marias E eu tinha quase cinco anos... E com todos os meus dedinhos Todas elas me fugiam Como cinco estrelinhas Riscando as linhas Da minha mãozinha. CINCO MARIAS Autor: Wilson Paim Eu dou de rédeas a minha infância As cores vivas dessa aquarela Cinco Marias, o pé de angico, A pipa d’água e o nome dela. Cinco Marias, o pé de angico, A pipa d’água e o nome dela. Ainda guardo presas à memória Figura 34 - Cinco Marias Fonte: Disponível em: <www.brincadeirasdecrianca.com.br >. Acesso em: 15 fev.2013 É possível envolver várias áreas através de apenas uma brincadeira, por exemplo: • trabalhando com texto relacionado à origem e regras da brincadeira ou jogo; cantigas e músicas; • obras de arte como representação simbólica e cultural; • atividade recreativa; Vamos conhecer o Poema e a Música “Cinco Marias”? 97 InterdIscIplInarIdade: Quando a educação FísIca, a arte e o lúdIco se encontram - prátIcas InclusIvas para o desenvolvImento FísIco, Intelectual e cultural dos alunos com deFIcIêncIa Intelectual Capítulo 4 Minha madrinha dizia Que cada pedrinha Era uma Maria: Uma Maria de amor Pra sempre... Uma Maria de dor Pra passar... Uma Maria de sonhos Pra realizar... Uma Maria de entregas Pra guardar!! Mas pra quem? Coisas que eu não entendia, Mas ela era assim, Com suas mãos de carinhos, E eu... era só duas mãozinhas. E a última Maria? Ah!! Essa era do que eu queria... Fechava bem forte minha mãozinha Como se meu mundo Estivesse contido nela,Porque “ela” era a minha Maria!! Eu brincava de cinco-marias E eu tinha quase cinco anos... Um dia meus dedinhos se fecharam E eu peguei todas elas... E como numa explosão Eu tinha uma mão cheia! E com todos os meus dedinhos, Se fizesse muita força, Tocava nas nuvens, Fofinhas e doces Como doces de algodão. Quando ia dormir Todos eles se juntavam E aos poucos se transformavam Em travesseiros de penas, Cinco pedrinhas que juntei um dia Do leito da sanga, ao redor das casas Para que povoassem minha fantasia Do leito da sanga, ao redor das casas Para que povoassem minha fantasia Os dedos curvados sobre a terra nua A sombra mansa lá do arvoredo Eu contemplava seu olhar arisco Entregue a ternura do jogo brinquedo (Refrão) Por que é que o tempo não parou no tempo, Para um novo alento as nossas próprias vidas? Porque a mão maléva do destino Se estende sempre para a despedida Duas Marias pelos olhos dela Trago ainda vivas em meu pensamento, Mas hoje perdidas no frio das lonjuras Como as três que bailam lá no firmamento Olhando estrelas pelo céu da pampa A infância volta a cruzar cancelas São Três Marias lá no universo As outras duas são os olhos dela São Três Marias lá no universo As outras duas são os olhos dela Fonte: Disponível em: <http://letras. mus.br/wilson-paim/1683004/>. Acesso em: 15 fev. 2013. Figura 35 - Cinco Marias Fonte: Disponível em: <www. klickeducacao.com.br>. Acesso em: 15 fev.2013 98 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade Cobertos com um manto azul, Igual ao da mãezinha do céu Pra quem eu rezava! Passaram-se muitos anos E já me perco nos dedos Pra contar o tempo... E já não tenho a madrinha Pra me estender a mão! Na verdade nunca entendi As cinco-marias, Mas entendi meus cinco anos E todos os outros que vieram. E por duas vezes eu vi Duas mãozinhas... Cada duas na sua vez, Fofinhas e doces... Tão diferentes Como eram os meus dedinhos, Mas iguais nas minhas entregas! É... agora eu entendi A quarta Maria!Talvez ela sorria onde estiver, A minha madrinha... Porque sempre soube Que eu passaria Pras minhas novas mãozinhas O segredo guardado na minha mão cheia Das cinco-marias: Uma pra o amor! Outra pra dor! Aquela dos sonhos! A da qual se semeia a entrega! E a última Maria? Ah!!!! A última é pra o que elas quiserem!!!! Fonte: Disponível em: <http://www. galpaodapoesia.13rt.com.br/poemas/cinco- marias.html>. Acesso em: 15 fev. 2013. Figura 36 - Cinco Marias Fonte: Disponível em: <www.criancas. hws.uol.com.br>. Acesso em: 15 fev. 2013. 99 InterdIscIplInarIdade: Quando a educação FísIca, a arte e o lúdIco se encontram - prátIcas InclusIvas para o desenvolvImento FísIco, Intelectual e cultural dos alunos com deFIcIêncIa Intelectual Capítulo 4 É importante atenção para a faixa etária das crianças e a fase de desenvolvimento na qual se encontram a fim de superar as dificuldades e propor novos desafios de forma consciente, educativa e lúdica. Assim como a brincadeira das Cinco Marias, várias outras brincadeiras possibilitam o diálogo entre as mais variadas áreas do conhecimento. É importante atenção para a faixa etária das crianças e a fase de desenvolvimento na qual se encontram a fim de superar as dificuldades e propor novos desafios de forma consciente, educativa e lúdica. A seguir apresentaremos mais algumas brincadeiras, a fim de contribuir com a ampliação do seu repertório artístico e cultural. AMARELINHA Essencialmente feminino nas suas origens, a amarelinha marcou a infância de gerações de mulheres. Reconhecida como ferramenta útil ao aprendizado, essa limitação foi quebrada e, ao menos nas escolas, todas as crianças menores jogam. O nome da brincadeira na verdade não tem nada a ver com a cor. A palavra veio do francês, “marelle”, que aos ouvidos portugueses soava como diminutivo de amarelo, amarelinha. A palavra original se referia a um pedaço de madeira, ficha de jogo ou pedrinha. Esses objetos eram usados no jogo para marcar o progresso do jogador. Essa é só uma das denominações dadas à brincadeira. Em Portugal, por exemplo, a brincadeira é conhecida como Jogo da Macaca. Já em Angola é Avião ou Neca. No Brasil, conforme a região ganha nomes tão variados como, Pular Macaco (Nordeste), Academia (Rio de Janeiro), Casa da Boneca (Ceará), Sapata (Rio Grande do Sul) ou Maré (Minas Gerais); mas é como amarelinha mesmo que ela ficou mais conhecida. Fonte: Disponível em: <www.livresportes.com.br>. Acesso em: 15 fev. 2013. Uma dica é você partir da realidade das crianças, explorando o conhecimento que seus alunos trazem sobre esta brincadeira para a sala de aula. Relacione a história da brincadeira com as obras de alguns artistas e se possível apresente o máximo de produções diferenciadas para os seus alunos. Explore a pintura, a escultura, a música, a poesia... 100 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade Veja a seguir o poema sobre a amarelinha, as obras e a música que trouxemos para ampliar seu conhecimento sobre este assunto. Poema AMARELINHA Autor: Marcelo Henrique Zacarelli Risco de tijolo no asfalto quente Lembro tua mão um retângulo desenhar Sentada na calçada por vez impaciente A espera de um carro depressa a passar; Arquiteta de um desejo de infância Engenheira na vontade de brincar Outrora a lembrança quando criança Tão jovem no peito teima a visitar; A casca de banana sobre as mãos Espera dentre o número acertar A certeza quando erra de que não Outra chance se a parceira vir errar; O pó do tijolo logo enfraquece Na amarelinha do pula saci Contorna o retângulo que jamais esquece E acaba teu sonho com a chuva a cair ; Despede do asfalto o sonho de menina Das mãos pequenina o tijolo a quebrar Dos pés à vontade de pular amarelinha Que a chuva invejosa se apressa em apagar. Fonte: Disponível em: <www.lusopoemas. net>. Acesso em: 15 fev. 2013. Música AMARELINHA Autores: Fred Pereira e Zé Henrique Preste atenção que agora vou ensinar A pular amarelinha e você vai gostar Já começa a brincadeira desenhando no chão Oito casas bem maneiras siga a numeração 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 Chame a prima, chame o irmão, bate na porta da vizinha Chame todo mundo pra brincar de amarelinha E agora uma pedrinha você tem que arranjar Pra jogar em cada casa, boa sorte vamos lá Vai e volta até o começo, siga tudo que eu disser Não pode pisar na casa que a pedrinha estiver Até chegar ao céu Vai pulando num pé só Nesse jogo de equilíbrio Quero ver quem é melhor Amarelinha É uma brincadeira fácil pra dedéu Amarelinha Pulando, pulando até chegar ao céu 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 Fonte: Disponível em: <www.sombom. com.br>. Acesso em: 15 fev. 2013. 101 InterdIscIplInarIdade: Quando a educação FísIca, a arte e o lúdIco se encontram - prátIcas InclusIvas para o desenvolvImento FísIco, Intelectual e cultural dos alunos com deFIcIêncIa Intelectual Capítulo 4 Figura 37 - Amarelinha Roseana Murray Fonte: Disponível em: <http:// ajornadadaalma-estudosjunguianos. blogspot.com.br/2011/12/ poesia-e-brincadeiras.html>. Acesso em: 16 fev. 2013. Figura 38 - Amarelinha de Sandra Guinle Fonte: Disponível em: <www.sandraguinle. com.br >. Acesso em: 16 fev. 2013. Figura 39 - Amarelinha de – Ivan Cruz Fonte: Disponível em: <www. brincadeirasdecriança.com.br>. Acesso em: 16 fev. 2013. Figura 40 - Amarelinha de – Ivan Cruz Fonte: Disponível em: <www. brincadeirasdecriança.com.br>. Acesso em: 16 fev. 2013. Essas obras que abordam a temática do jogo “amarelinha” podem ser trabalhadas de forma em que o aluno entre em contato com diferentes culturas, contextos e linguagem da Arte. Segundo Silveira (2010), além de uma maneira de resgatar este jogo popular, estas obras nos permitem criar momentos de fazer artístico com as crianças. 102 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade Podemos citar: • Ressignificação da obra: a criança produz uma representação pessoal da obra, ressignificando-a. Figura 41 - Meninos pulando carniça – Portinari Fonte: Disponível em: <www.portinari. org.br>. Acesso em: 16 fev. 2013. Figura 42 - Ressignificação 1 Fonte: Disponível em: <http://izoletemuller. blogspot.com.br/2010/06/71-faz-releitura-de- candido-portinari.html>. Acesso em: 16 fev. 2013. Figura 43 - Meninos na gangorra – Portinari Fonte: Disponível em: <www.portinari. org.br>. Acesso em: 16 fev. 2013. Figura 44 - Ressignificação 2 Fonte: Disponível em: <http:// professoramarciadiemer.blogspot.com. br>. Acesso em: 16 fev. 2013. Intervenção com fragmento da obra do artista: a criança cria um novo contexto, partindo de um fragmento da obra de arte. Esta proposta pode ser realizada com imagens dos livros de literatura, principalmente com imagens de livro-imagem. 103 InterdIscIplInarIdade: Quando a educação FísIca, a arte e o lúdIco se encontram - prátIcas InclusIvas para o desenvolvImento FísIco, Intelectual e cultural dos alunos com deFIcIêncIa Intelectual Capítulo 4 Figura 45 - Operários – Tarsila Fonte: Disponível em: <www. tarsiladoamaral.com.br>. Acesso em: 16 fev. 2013. Figura 46 - Intervenção 1 Fonte: Disponível em: <http:// www.arteduca.unb.br>. Acesso em: 16 fev. 2013. Quadro vivo: as crianças se colocam no lugar dos personagens da obra. O professor registra através da fotografia a propicia a criança a comparação entre as obras e uma leitura diferenciada. Esta atividade pode ser realizada no momento da brincadeira. Figura 47 - Retirantes Fonte: Disponível em: <www.portinari. org.br>. Acesso em: 16 fev. 2013. Figura 48 - Quadro vivo Fonte: Disponível em: <www. portaldoprofessor.mec.gov.br>. Acesso em: 16 fev. 2013. Intertexto: a criança procura imagens que se assemelham ou fazem relação direta a obra. 104 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: EducaçãoFísica, Arte e Ludicidade Figura 49 - Intertexto Fonte: Disponível em: <http:// www.sensacionalista.com.br>. Acesso em: 16 fev. 2013. Figura 50 - Monalisa Fonte: Disponível em: <www. historiadaarte.com.br>. Acesso em: 16 fev. 2013. Todas essas proposições artísticas podem ser exploradas com as mais variadas imagens, obras de arte, ilustrações de literatura infantil, propaganda, fotos, enfim, trabalhar com arte também é ampliar a criatividade! Agora que você já recebeu várias informações sobre o resgate dos brinquedos e brincadeiras tradicionais por meio da Arte, da Educação Física e da Ludicidade, chegou o momento de colocar seu aprendizado em prática, planejando, discutindo e refletindo sobre estas possibilidades que lhe foram apresentadas. Assim, como última atividade de estudos, propomos que você faça o mesmo exercício que apresentamos com a amarelinha e com as cinco marias, planejando uma proposta com uma das brincadeiras que você costumava brincar na infância! 105 InterdIscIplInarIdade: Quando a educação FísIca, a arte e o lúdIco se encontram - prátIcas InclusIvas para o desenvolvImento FísIco, Intelectual e cultural dos alunos com deFIcIêncIa Intelectual Capítulo 4 Atividade de Estudos: 1) Vamos lá! Planeje um momento lúdico para a inclusão do aluno deficiente intelectual, envolvendo a Arte e a Educação Física resgatando um pouco da sua própria história! Bons Estudos. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ consIderações Este capítulo abordou a importância do trabalho com a Arte, a Educação e a Ludicidade de forma interdisciplinar com todos os alunos através de jogos e brincadeiras. Focamos novamente a diversidade e as diferentes proposições e possibilidades de trabalho com essas áreas, ressaltando a disponibilidade dos espaços, bem como o planejamento do professor para explorar e adaptar esses espaços para a inclusão do aluno deficiente intelectual. Abordamos as possibilidades de trabalhar com diferentes linguagens a partir de brincadeiras tradicionais, envolvendo linguagens da arte como a poesia, pinturas, esculturas e a música, como também o contexto das brincadeiras e as habilidades propiciadas pelo brincar na Educação Física. 106 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade Citamos algumas brincadeiras e suas possibilidades de diálogo entre as áreas estudadas e também métodos para trabalhar o fazer artístico como a ressignificação, a intervenção, o quadro vivo e o intertexto. Atentamos para a importância das habilidades desenvolvidas através dos jogos e das brincadeiras como lateralidade, noção espacial, concentração, equilíbrio, ritmo, segurança, atenção, coordenação motora, confiança, afetividade, linguagem e interação, habilidades que devem ser estimuladas com todas as crianças, respeitando a diversidade e contexto de cada um. reFerêncIa BRASIL. MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais – Educação Física Brasília: MEC/SEF, 1997. HAMZE, Amélia. Postura interdisciplinar no ofício de professor. Disponível em: <http://educador.brasilescola.com/gestao-educacional/postura- interdisciplinar-no-oficio-professor.htm>. Acesso em: 02 fev. 2012. MIGUEL, Marelenquelem. O lúdico e o imaginário no desenvolvimento infantil. In PILLOTTO, Silvia SellDuarte . (org.) Linguagens da arte na infância. Joinville: Ed. da Univille, 2007. - 202 p. :il. SILVEIRA, Tatiana dos Santos da. Metodologia do Ensino da Arte. Indaial, Grupo UNIASSELVI, 2010.
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