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4a_relacao_familia_escola_e_def (3)

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CAPÍTULO 4
Reflexões sobRe a Inclusão escolaR 
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Compreender como a escola está recebendo a pessoas com Deficiência 
Intelectual. 
 3 Analisar o preparo da escola e a formação dos professores para o trabalho 
com o deficiente intelectual. 
 3 Proporcionar aos docentes subsídios para lidar com o deficiente intelectual 
no contexto escolar, numa concepção inclusiva. 
64
 A Relação Família, Escola e Deficiência Intelectual
65
Reflexões sobRe a Inclusão escolaR Capítulo 4 
contextualIzação
Atualmente, o tema inclusão vem se “ressignificando” de acordo com 
novas concepções da sociedade e contexto escolar. O ambiente educativo é 
o principal provedor dessa nova realidade que agora se volta para a inserção 
efetiva da pessoa com deficiência, independentemente do tipo de deficiência. 
Ao se especificar a deficiência intelectual nessa nova perspectiva surge um 
novo paradigma de função escolar. 
Mas afinal, o que é inclusão? Segundo estudos,
A palavra inclusão (1999) vem do latim, do verbo includere 
e significa “colocar algo ou alguém dentro de outro espaço”, 
“entrar num lugar até então fechado”. É a junção do prefixo in 
(dentro) com o verbo cludo (cludere), que significa “encerrar, 
fechar, clausurar”. O termo, cada vez mais, é aplicado não 
só apenas para questões das necessidades especiais, 
como também para construir discursos de acessibilidade a 
quaisquer indivíduos que são excluídos de determinados 
espaços e situações, fala-se então, por exemplo, em inclusão 
digital, econômica, entre outras. Assim, ao utilizarmos 
a palavra podemos nos referir tanto especificamente às 
pessoas com necessidades especiais quanto a atitude de 
inclusão que se referem a outras situações observadas em 
nossa sociedade. (FARIAS; SANTOS; SILVA, 2009, p.39)
De acordo com a citação, inclusão não é apenas permitir acesso ao 
espaço, mas promover a todos o direito de usufruir de todos os espaços 
da escola e tornar possível, por meio de estratégias diferenciadas, a 
aprendizagem do aluno. Para que isso favoreça a pessoa com deficiência, 
é necessário que todos os profissionais da escola estejam preparados para 
atender essa demanda.
Ocorre que em alguns casos a pessoa com deficiência intelectual não tem 
um diagnóstico do profissional da medicina sacramentando sua deficiência 
intelectual. Há deficiências que provêm de alguma síndrome, ou sociopatias, 
ou seja, que sofreram alguma alteração relacionada ao comportamento. No 
entanto, quando o sujeito não é considerado dentro dos padrões que a escola 
entende como “normal”, é tratado como um deficiente intelectual. 
Para compreender melhor a inserção desses sujeitos na sociedade e 
ambiente escolar, traremos à baila a conjuntura escolar, e os subsídios que se 
designam para o preparo dessa instituição e dos profissionais da educação.
Boa leitura!
66
 A Relação Família, Escola e Deficiência Intelectual
Os profissionais da 
área médica foram os 
primeiros profissionais 
que perceberam 
a possibilidade de 
aprendizagem e 
convivência social 
das pessoas com 
deficiência.
o PRocesso de InseRção da Pessoa com 
defIcIêncIa Intelectual
Os documentos que norteiam a inclusão escolar e social nos âmbitos 
mundial, nacional e estadual, relativos às deficiências, vêm se orientando 
conforme as declarações e leis, tais como: Declaração de Salamanca, 
Montreal, Jomtein, Constituição Federal do Brasil, Legislação de Educação 
Especial, LDBEN, Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva 
da Educação Especial e a RESOLUÇÃO N° 112, que fixa normas para a 
Educação Especial no Sistema Estadual de Educação de Santa Catarina. 
Cabe salientar que as orientações levam em consideração também o contexto 
próprio de cada região.
O processo de trabalhar para a educação inclusiva ainda 
pode ser visto como uma expressão de luta para atingir os direitos 
universais (MITLLER, p.37,2003).
Para a sociedade chegar aos parâmetros atuais das declarações que 
foram deflagradas a demanda de tempo foi grande. A Educação Inclusiva e 
social não aconteceu de maneira abrangente, foram necessárias mudanças, 
na forma de entender o deficiente intelectual, no contexto social, familiar e 
principalmente dos profissionais da educação. 
Os profissionais da área médica foram os primeiros profissionais que 
perceberam a possibilidade de aprendizagem e convivência social das 
pessoas com deficiência.
A sociedade entendia que o deficiente intelectual era perigoso para as 
relações da época e a ordem estabelecida pela mesma sociedade temia o 
acesso da pessoa com deficiência aos âmbitos familiares, sociais e escolares. 
A segregação desse sujeito é repensada de forma que a sociedade não poderia 
mais deixá-los a mercê dos próprios familiares, pois o sujeito era enviado ao 
manicômio sem sua autorização. Para Mendes (2006, p. 2),
[...] apesar de algumas escassas experiências inovadoras 
desde o século XVI, o cuidado foi meramente custodial, e 
a institucionalização em asilos e manicômios foi a principal 
resposta social para o tratamento dos considerados 
desviantes. Foi uma fase de segregação, justificada pela 
crença de que a pessoa diferente seria mais bem educada e 
protegida se confinada em ambiente separado, também para 
proteger a sociedade dos ‘anormais’. 
REGI LOUREIRO
Realce
67
Reflexões sobRe a Inclusão escolaR Capítulo 4 
Há necessidade de 
que toda sociedade, 
em consonância 
com a família e 
escola,adotem 
como meta atender 
a inclusão escolar 
de qualidade, 
principalmente no 
respeito às diferenças 
ao deficiente.
Não foi um movimento que se alastrou nos âmbitos familiares e as 
instituições escolares não eram citadas como meio da fazer ou trazer 
algum tipo de benefício, mesmo que fosse para uma convivência social 
com outros sujeitos. 
A esfera social demora a entender a participação dessas pessoas nos 
contextos sociais e escolares, principalmente pela falta da própria família de 
acreditar na possibilidade de socialização e aprendizagem da pessoa com 
deficiência intelectual.
A sociedade não está preparada para a inserção escolar, devido à falta de 
preparo dos profissionais da educação, por não saberem e nem entenderem 
como lidar com esses sujeitos. Surgem nas universidades graduações e pós-
graduações que visam preparar o corpo docente para trabalhar com a pessoa 
com deficiência.
Só depois de algum tempo é que se percebe a capacidade de 
aprendizagem desses sujeitos, pois, de acordo com Almeida (2011),
A grande maioria das crianças com deficiência intelectual 
consegue aprender a fazer muitas coisas úteis para a sua 
família, escola, sociedade e todas elas aprendem algo para 
sua utilidade e bem-estar da comunidade em que vivem. 
Para isso precisam, em regra, de mais tempo e de apoios 
para lograrem sucesso.
Atualmente existe um preparo maior por parte da sociedade, da família 
e dos profissionais da educação no lidar com a pessoa com deficiência 
intelectual. O que a escola necessita é criar mecanismos para que essa 
inserção dê resultados em termos de aprendizagem e quebra de preconceitos 
para com a pessoa com deficiência intelectual.
Há necessidade de que toda sociedade, em consonância com a família 
e escola,adotem como meta atender a inclusão escolar de qualidade, 
principalmente no respeito às diferenças ao deficiente. É direito do deficiente 
ser visto como sujeito capaz de aprender e desenvolver-se com autonomia e 
confiança.
Dentre tantos dispositivos que protegem as pessoas com deficiência, a 
Declaração de Salamanca é mais um subsídio que disponibiliza preceitos para 
que a sociedade e a escola possam entender esse sujeito. Apesar de durante 
muito tempo ter ficado à margem dos processos sociais, familiares e escolares, 
agora se encontram nos âmbitos e fazem parte dos mesmos.
68
 A Relação Família, Escola e Deficiência Intelectual
Otexto a seguir é sobre a declaração de Salamanca. Mesmo muito 
estudada e discutida nos âmbitos sociais e escolares, compreendemos que 
é necessário que os estudantes retomem-na mais uma vez, para que tenham 
uma visão e amplitude da mesma. 
Declaração de Salamanca
Documento elaborado na Conferência Mundial sobre 
Educação Especial, em Salamanca, na Espanha, em 1994, com o 
objetivo de fornecer diretrizes básicas para a formulação e reforma 
de políticas e sistemas educacionais de acordo com o movimento 
de inclusão social. 
A Declaração de Salamanca é considerada um dos principais 
documentos mundiais que visam à inclusão social, ao lado 
da Convenção de Direitos da Criança (1988) e da Declaração 
sobre Educação para Todos de 1990. Ela é o resultado de uma 
tendência mundial que consolidou a educação inclusiva, e cuja 
origem tem sido atribuída aos movimentos de direitos humanos 
e de desinstitucionalização manicomial que surgiram a partir das 
décadas de 60 e 70. 
A Declaração de Salamanca é também considerada inovadora 
porque, conforme diz seu próprio texto, ela “[...] proporcionou uma 
oportunidade única de colocação da educação especial dentro da 
estrutura de ‘educação para todos’ firmada em 1990 [...] promoveu 
uma plataforma que afirma o princípio e a discussão da prática de 
garantia da inclusão das crianças com necessidades educacionais 
especiais nestas iniciativas e a tomada de seus lugares de direito 
numa sociedade de aprendizagem”. 
A Declaração de Salamanca ampliou o conceito de 
necessidades educacionais especiais, incluindo todas as crianças 
que não estejam conseguindo se beneficiar com a escola, seja 
por que motivo for. Assim, a ideia de “necessidades educacionais 
especiais” passou a incluir, além das crianças portadoras de 
deficiências, aquelas que estejam experimentando dificuldades 
temporárias ou permanentes na escola, as que estejam repetindo 
continuamente os anos escolares, as que sejam forçadas a 
trabalhar, as que vivem nas ruas, as que moram distantes de 
quaisquer escolas, as que vivem em condições de extrema 
pobreza ou que sejam desnutridas, as que sejam vítimas de guerra 
69
Reflexões sobRe a Inclusão escolaR Capítulo 4 
ou conflitos armados, as que sofrem de abusos contínuos físicos, 
emocionais e sexuais, ou as que simplesmente estão fora da 
escola, por qualquer motivo que seja. 
Uma das implicações educacionais orientadas a partir da 
Declaração de Salamanca refere-se à inclusão na educação. 
Segundo o documento, “o princípio fundamental da escola 
inclusiva é o de que todas as crianças deveriam aprender juntas, 
independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que 
possam ter. As escolas inclusivas devem reconhecer e responder 
às diversas necessidades de seus alunos, acomodando tanto 
estilos como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando 
uma educação de qualidade a todos através de currículo 
apropriado, modificações organizacionais, estratégias de ensino, 
uso de recursos e parcerias com a comunidade [...] Dentro das 
escolas inclusivas, as crianças com necessidades educacionais 
especiais deveriam receber qualquer apoio extra que possam 
precisar, para que se lhes assegure uma educação efetiva [...]”. 
Fonte: MENEZES, EbenezerTakunode; SANTOS, Thais Helena dos.
Declaração de Salamanca (verbete). Dicionário Interativo da 
Educação Brasileira:EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 
2002. Disponível em: <http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/
dicionario.asp?id=109> . Acesso em: 5 mar. 2013.
Atividades de Estudos: 
1) Você estudou o percurso da inclusão das pessoas com 
deficiência nas esferas sociais, familiares e escolares. Qual sua 
opinião sobre Inclusão Escolar?
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70
 A Relação Família, Escola e Deficiência Intelectual
A escola passa a ser 
para todos e, torna-
se obrigatória no 
Ensino Fundamental, 
independente 
de sua situação 
financeira. Como 
consequentemente, 
as pessoas com 
deficiência, seja ela 
qual for também 
podem e devem 
frequentar a instituição 
escolar, com os 
mesmos benefícios e 
acessos dos demais 
alunos.
2) Sobre a Declaração de Salamanca, como você compreende 
essa afirmação: “o princípio fundamental da escola inclusiva 
é o de que todas as crianças deveriam aprender juntas, 
independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças 
que possam ter. (...)” Você acha que essa ação é possível? 
Descreva sua opinião:
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a escola como PRoPulsoRa de um fazeR, 
IntegRado a uma concePção InclusIva
Desde que a escola se tornou obrigatória na conjuntura social do Brasil, 
os paradigmas de educação seguem outro significado quanto à forma de 
acesso à educação, de todos e para todos. Se o acesso à educação antes 
era para as pessoas com situação financeira confortável, agora não são 
apenas os abonados que podem frequentar a escola. Mesmo a s pessoas 
das famílias com vulnerabilidade econômica agora tem direito e acesso as 
instituições escolares.
A escola passa a ser para todos e, torna-se obrigatória no 
Ensino Fundamental, independente de sua situação financeira. Como 
consequentemente, as pessoas com deficiência, seja ela qual for também 
podem e devem frequentar a instituição escolar, com os mesmos benefícios e 
acessos dos demais alunos.
71
Reflexões sobRe a Inclusão escolaR Capítulo 4 
Inclusão e exclusão 
começam na sala
 de aula.
Com todos esses dispositivos disponíveis para os que necessitam 
frequentar a escola, surge uma preocupação por parte da sociedade e da 
família, que são de os profissionais da educação estarem preparados para 
atuarem junto à pessoa com deficiência.
Com o advento da inserção, nos cursos de licenciatura, de possibilidades 
de aprendizagens para seus alunos sobre o assunto, as leis que surgiram e as 
declarações dão um novo rumo à educação inclusiva. Surgiram cursos de pós- 
graduação com foco específico na educação inclusiva. 
Os profissionais da educação que forem orientados, por meio de 
formações, estudos ou palestras estarão mais preparados para lidar com a 
pessoa com deficiência. Por outro lado, a escola, mesmo assim, ainda tem 
muita dificuldade em relação ao trato com a pessoa com deficiência intelectual. 
Embora as universidades disponham de todas essas possibilidades para o 
profissional da educação trabalhar com a educação inclusiva, muito ainda é 
necessário discutir, pois, de acordo com Mitller(2008, p. 28),
A inclusão depende não somente de uma reforma no 
pensamento da Escola, como também de uma formação 
inicial e continuada dos professores, a qualpossa torná-
los capazes de conceber e ministrar uma educação plural, 
democrática e transgressora, como são as escolas para todos.
Alguns profissionais da educação ainda são inflexíveis em aceitar a 
educação inclusiva como uma situação escolar irreversível. No momento 
em que o mundo e as academias se voltam para a educação inclusiva, há 
resistências de se aceitar a inclusão e classes especiais para os alunos com 
deficiência intelectual. 
Conforme estudos de Rocha e Miranda (2009) há muitos profissionais 
da educação que se mostram inseguros no trabalho com as deficiências, 
reconhecem que ainda não possuem o conhecimento adequado para uma 
prática inclusiva. Não é um caso isolado, muitos profissionais ainda não 
conseguem lidar com as crianças da educação inclusiva por preconceito 
exacerbado.
Os professores deveriam compreender que a inclusão escolar é uma 
atitude que deveria estar intrinsecamente ligada ao seu trabalho, pois, 
conforme Mittler (2003, p. 139), 
Inclusão e exclusão começam na sala de aula. Não 
importa o quão comprometido um governo possa ser 
com relação à inclusão; são as experiências cotidianas 
das crianças nas salas de aula que definem a qualidade 
de sua participação e a gama total de experiências de 
72
 A Relação Família, Escola e Deficiência Intelectual
aprendizagem oferecidas em uma escola. Da mesma 
maneira, são importantes as interações e as relações 
sociais que as crianças têm umas com as outras e com 
os outros membros da comunidade escolar. As formas 
através das quais as escolas promovem a inclusão e 
previnem a exclusão constituem o cerne de qualidade de 
viver e aprender experimentado por todas as crianças.
O professor é o maior fomentador da inserção da criança com deficiência 
intelectual na escola, ele é quem pode e deve criar qualidade de aprendizagem, 
de socialização, de bem estar na escola para esses sujeitos. 
A partir do momento em que esse suporte não é fornecido pelo profissional 
da educação, compreende-se que é necessário que o mesmo busque modos 
de fazer com que sua prática pedagógica torne-se compatível com essa 
realidade da escola. 
Mesmo que alguns profissionais nas suas licenciaturas não tiveram 
disciplinas sobre a inclusão escolar, ainda assim isso não impede sua prática. 
Não estamos descartando a teoria escolar sobre a inclusão escolar, ela é 
extremamente necessária, no entanto, se o professor não teve acesso a esse 
tipo de conhecimento, deverá usar suas experiências e saberes adquiridos 
nas suas práticas pedagógicas, pois, sobre os “saberes experienciais”, Tardif 
(p.38 /39, 2002) esclarece que,
[...] os próprios professores, no exercício de suas funções 
e na prática de sua profissão, desenvolvem saberes 
específicos, baseados em seu trabalho cotidiano e no 
conhecimento de seu meio. Esses saberes brotam da 
experiências, são por elas validados. Eles incorporam-se à 
experiência individual e coletiva sob a forma de habituse de 
habilidades de saber-fazer e de saber-se. Podemos chamá-
los de saberes experienciais ou práticos. 
Esses saberes são muito importantes para sua prática pedagógica, no 
momento de inserção de seus conhecimentos experienciais anteriormente e 
que agora serão úteis na forma de inserir esse aluno em seu contexto escolar 
e buscar maneiras que possam ajudá-los na sua aprendizagem.
Essas aplicabilidades de saberes adquiridos nas experiências escolares 
de profissionais da educação são observadas naqueles que acreditam na 
educação inclusiva, que crêem no potencial das pessoas com deficiência 
intelectual.
73
Reflexões sobRe a Inclusão escolaR Capítulo 4 
Para que você, caro pós-graduando, entenda melhor como se processa o 
conhecimento experiencial, apresentamos um pequeno texto que trata sobre 
esses saberes.
[...] os saberes que servem de base para o ensino, tais como 
são vistos pelos professores, não se limitam a conteúdos bem 
circunscritos que dependem de um conhecimento especializado. 
Eles abrangem uma grande diversidade de objetos, de questões, 
de problemas que estão todos relacionados com seu trabalho. 
Além disso, não correspondem, ou pelo menos muito pouco, aos 
conhecimentos teóricos obtidos na universidade e produzidos pela 
pesquisa na área da Educação: para professores de profissão, 
a experiência de trabalho parece ser a fonte privilegiada de seu 
saber-ensinar. Notemos também a importância que atribuem 
a fatores cognitivos: sua personalidade, talentos diversos, o 
entusiasmo, a vivacidade, o amor às crianças etc. Finalmente, 
os professores se referem também a conhecimentos sociais 
partilhados, conhecimentos esses que possuem em comum com 
os alunos enquanto membros de um mesmo mundo social, pelo 
menos no âmbito da sala de aula (TARDIF,2002, p. 61).
Busque compreender, caro pós-graduando, que a 
aprendizagem envolve tanto os saberes teóricos quando os 
aprendidos no dia a dia da prática escolar, não podendo esquecer 
que ensinar requer também usar o que já foi aprendido com os 
anos de experiência.
Gostaríamos de compartilhar com você este site: http://diversa.
org.br/
O projeto DIVERSA é uma plataforma de troca de experiências 
e construção de conhecimento sobre educação inclusiva.
74
 A Relação Família, Escola e Deficiência Intelectual
Aqui você terá acesso a estudos de caso, vídeos, relatos de 
educadores, artigos, notícias e outros materiais de referência. 
Você também pode contribuir com o projeto enviando relatos de 
experiência que possam inspirar outras pessoas.
O DIVERSA é uma iniciativa do Instituto Rodrigo Mendes
, em parceria com o Ministério da Educação e diferentes 
organizações comprometidas com o tema da equidade.
Atividades de Estudos: 
1) Qual sua opinião, sobre uma reforma de pensamento para uma 
escola mais inclusiva?
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2) Estudamos que os conhecimentos adquiridos nas experiências 
são importantes, pois, de acordo com Tardif (p.38-39, 2002), 
“[...] os próprios professores, no exercício de suas funções e 
na prática de sua profissão, desenvolvem saberes específicos, 
baseados em seu trabalho cotidiano e no conhecimento de 
75
Reflexões sobRe a Inclusão escolaR Capítulo 4 
seu meio”. No entanto, nunca devem ser descartados os 
conhecimentos teóricos da academia. Como você entende 
esses processos de conhecimentos teóricos e experienciais?
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o tRabalho docente e o desenvolvImento 
cognItIvo com o defIcIente Intelectual
O processo de ensino e aprendizagem para os alunos com deficiência 
intelectual, é um grande desafio para os profissionais da educação, que devem 
procuram subsídios que possam auxiliá-los, nas suas práticas pedagógicas. 
Pois, de acordo com Coll, Marchesi, Palacios&Colls (2010, p. 210),
A educação se propõe a ampliar a capacidade dos alunos: 
que eles aprendam não apenas estes ou aqueles conteúdos 
e habilidades, mas que aumentem a capacidade de fazer 
coisas por si mesmos e sua capacidade de aprender. 
Com tal propósito, transcende-se a noção de inteligência 
como conjunto supostamente fixo de aptidões e, portanto, 
deixa-se para trás também a noção de deficiência mental 
como déficit e limitação fixa nessas aptidões. Ao contrário, 
ressalta-se o desenvolvimento dinâmico das capacidades e 
o impulso que a educação pode e deve proporcionar a esse 
desenvolvimento.
76
 A Relação Família, Escola e Deficiência Intelectual
O docente que 
trabalha como o 
deficiente intelectual 
deve compreender 
suas necessidades 
e competências, 
desenvolvendo 
estratégias e 
habilidades que 
favoreçam seu 
aprendizado.
O docente que trabalha como o deficiente intelectual deve compreender 
suas necessidades e competências, desenvolvendo estratégias e habilidades 
que favoreçam seu aprendizado.
As atitudes desenvolvidas pelos profissionais da educação seja ela 
inclusiva ou não, depende de inúmeros fatores que poderão auxiliá-los para 
que suas práticas pedagógicas sejam positivas.
O profissional da educação deve estar atento aos preceitos sociais que 
advêm nas esferas familiares e sociais desses sujeitos, como uma forma de 
entendê-los dentro do contexto escolar, pois, de acordo Vygotsky (1997, p. 200),
[...] uma educação ideal só é possível com base em um 
ambiente social orientado de modo adequado e que os 
problemas essenciais da educação só podem ser resolvidos 
depois de solucionada a questão social em toda sua 
plenitude. Daí deriva também a conclusão de que o material 
humano possui uma infinita plasticidade se o meio social 
estiver organizado de forma correta. A própria personalidade 
não deve ser entendida como uma forma acabada, mas como 
uma forma dinâmica de interação que flui permanentemente 
entre o organismo e o meio.
Os profissionais que estão envolvidos com a educação inclusiva devem 
estar cientes da importância das relações familiares e sociais nas quais esses 
sujeitos estão inseridos.Todavia, o papel da escola é oferecer subsídios para 
que aconteça realmente uma prática escolar para “todos”, principalmente na 
formação adequada aos docentes e no atendimento às famílias. Para que 
isso ocorra, a escola poderá contar com um auxílio muito importante, que é a 
Declaração de Salamanca.
a declaRação de salamanca e o PRofessoR
Quando estudamos sobre a declaração de Salamanca, verificamos que a 
amplitude da mesma é muito importante, no que diz respeito ao profissional de 
educação inclusiva, pois, sobre a capacitação de professores, a Declaração 
de Salamanca (1994, p. 38) elucida que
A capacitação de professores especializados deverá 
ser reexaminada com vista a lhes permitir o trabalho em 
diferentes contextos e o desempenho de um papel-chave 
nos programas relativos às necessidades educacionais 
especiais. Seu núcleo comum deve ser um método geral 
que abranja todos os tipos de deficiências, antes de se 
especializar numa ou várias categorias de deficiência [...]. 
77
Reflexões sobRe a Inclusão escolaR Capítulo 4 
A instituição escolar é 
a principal articuladora 
da educação inclusiva.
Os professores devem estar aptos a atender as deficiências que 
por ventura tenham na sala de aula, com seu planejamento voltado as 
necessidades dos alunos com deficiência intelectual e com as adaptações dos 
conteúdos em sintonia com a realidade da instituição escolar. Nesse contexto, 
esclarece Moll (1996, p. 349), 
Enquanto o planejamento do professor deve avançar do 
geral para o concreto, a aprendizagem das crianças deve se 
desenvolver de ações pré-concebidas até à simbolização do 
conhecimento que elas obtêm por meio de suas pesquisas, 
resultando finalmente em uma formulação linguística de 
relações. Atividades iniciais devem orientadas em direção à 
orientação concreta.
Mesmo que os planejamentos para a ação pedagógica do professor 
possam auxiliá-los, é necessário que o mesmo tenha conhecimento do aluno 
com deficiência intelectual de maneira bem particularizada, para que sua forma 
de planejar seja pensada, especificamente, para aquele sujeito e aquele tipo 
de atividade que ele necessite ser estimulado.
A escola deve estar ciente, juntamente com o corpo docente e com 
a família do deficiente intelectual, para que suas políticas internas sejam 
voltadas de forma que auxiliem o professor e que o mesmo tenha apoio nas 
suas práticas pedagógicas, numa troca constante de informações entre todos 
os envolvidos com a educação inclusiva.
A instituição escolar é a principal articuladora da educação inclusiva, pois, 
de acordo com Silva; Rampazzo e Piassa (2009, p. 53), 
A escola possui a vantagem de ser uma das instituições 
sociais em que é possível o encontro das diferentes 
presenças. Ela é também um espaço sociocultural 
marcado por símbolos, rituais, crenças, culturas e valores 
diversos. Essas possibilidades do espaço educativo 
escolar precisam ser vistas na sua riqueza, no seu 
fascínio. Sendo assim, a questão da diversidade cultural 
na escola deveria ser vista no que de mais fascinante ela 
proporciona às relações humanas.
A escola deve ser exemplo no respeito às diferenças, e no contexto da 
educação inclusiva, mesmo que ainda precise aprimorar para uma inclusão 
escolar plena, a instituição escolar ainda é um dos maiores subsídios que a 
sociedade tem e precisa para a pessoa com deficiência intelectual. É por meio 
da escola que esse sujeito vai poder ter acesso às demais esferas sociais, 
como constituir sua própria família e ter acesso ao mercado de trabalho.
78
 A Relação Família, Escola e Deficiência Intelectual
a escola como medIadoRa do sujeIto com 
defIcIêncIa Intelectual e a socIedade
A mudança de paradigma de educação, depois das declarações 
deflagradas sobre e para a Inclusão escolar, é necessária para que o 
profissional da educação também faça uma reflexão sobre suas ações 
pedagógica. É imprescindível que profissionais estejam realmente imbuídos 
das suas funções, propostos a fazer mudanças necessárias para uma 
concepção de educação inclusiva. No entanto, o profissional da educação não 
é apenas mais um sujeito cumpridor de suas atribuições profissionais, também 
é um agente transformador da sociedade, e como tal deverá perceber que a 
pessoa com deficiência intelectual é capaz de fazer parte dessa sociedade. É 
papel da escola e do professor levar a sociedade compreender que o deficiente 
intelectual é capaz de se desenvolver o contribuir com seu trabalho.
A escola ainda é quem melhor faz a mediação entre a pessoa com 
deficiência intelectual e seus contextos familiares e sociais. Nesse sentido,Skliar 
(1999 apud SILVA; RAMPAZZO e PIASSA, 2009, p. 70) esclarece:
Escolas inclusivas partem do pressuposto de que todas 
as crianças podem aprender e fazer parte da vida escolar 
e comunitária. A diversidade é um valor e acredita-se que 
fortaleça ainda mais a escola e ofereça a todos os seus 
membros maiores oportunidades de aprendizagem.
A instituição escolar deve trabalhar os aspectos sociais em forma de 
conscientização das capacidades dessas pessoas. Sobre isso:
Deverãoser trabalhadas questões relacionadas à autonomia, 
às diferentes formas de linguagens, à concentração, atenção, 
memória, organização, análise e síntese, classificação, 
orientação espacial e temporal, resolução de problemas, 
textualidade (SANTA CATARINA, 2009, p. 33). 
Quando as pessoas com deficiência intelectual se tornam mais autônomas, 
podemos considerar como grande avanço; e quando conseguem se inserir na 
sociedade, podemos reconhecer como forma de aprendizagem.
A seguir, queremos compartilhar com você uma experiência de inclusão.
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Reflexões sobRe a Inclusão escolaR Capítulo 4 
Os relatos de experiência apresentados neste site devem 
ser entendidos como uma possível fonte de pesquisa para outros 
projetos educacionais comprometidos com a educação inclusiva. 
Não são, portanto, receitas prontas, passíveis de mera replicação 
com expectativas de um mesmo resultado.
Paloma Sá Carvalho 23/07/2012 
Conheci P. em 2011, um menino de oito anos de idade, 
muito simpático e arteiro. P. é um garoto muito esperto que adora 
esportes, principalmente surf e futebol. Fui indicada para fazer a 
mediação escolar devido a algumas questões relacionadas à sua 
deficiência intelectual e pelo fato dele ingressar em um colégio 
novo. Em função disso, alguns desafios teriam que ser enfrentados 
por todos aqueles que eram ligados a ele: família, escola e equipe 
transdisciplinar (psicopedagoga, fonoaudióloga e professores de 
esportes). Acredito que o maior desafio seria para o próprio P. que 
estava começando a estudar num ambiente totalmente novo, com 
colegas, professores e funcionários que ele nunca tinha tido contato 
antes. P. frequentou a mesma escola desde a primeira infância, por 
isso, estava acostumado com a rotina e as pessoas daquele lugar. 
O antigo colégio, por ser muito menor proporcionava um conforto 
muito grande para ele e para sua família. P. seria a primeira criança 
com Síndrome de Down a frequentar aquele ambiente educacional. 
No início daquele mesmo ano todos tinham muita curiosidade e 
até receio de falar/ aproximar dele, perguntas como: “Ele é de 
outro país?”, “Você é mãe dele?”, “Que língua ele fala?” foram 
constantes no nosso cotidiano. Tanto a minha presença quanto 
a de P. estavam despertando uma série de questionamentos por 
parte dos alunos. Pouco a pouco, aqueles dois estranhos (eu e P.) 
foram sendo incorporados a rotina escolar.
A família muito atenta a esta questão enviou para a turma 
uma revista em quadrinhos da turma da Mônica em que a 
temática sobre Síndrome de Down era discutida. Esse dia foi 
muito rico e interessante, todas as crianças da turma ganharam 
um exemplar da revista e levaram para casa. Também pude 
observar o despreparo dos funcionários para lidar com ele, as 
pessoas pareciam ter um excesso de cuidado em colocar limites 
em certos comportamentos inadequados do aluno. P. como todo 
garoto de oito anos de idade, adora uma bagunça, desse modo, 
é necessário que toda a equipe trabalhe e lide com ele como um 
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 A Relação Família, Escola e Deficiência Intelectual
menino comum da sua faixa etária. A partir dessas observações 
foram conversadas e informadas formas de como se dirigir ao P. 
de forma que ele pudesse entender e respeitar. Minha relação 
com o P. foi construída muito rapidamente e de uma forma muito 
afetuosa, P. é um menino muito carinhoso e perspicaz, em 
poucas semanas senti muita cumplicidade na nossa parceria. 
Sempre conversamos sobre a importância do meu trabalho 
para sua autonomia pessoal e escolar. A família também é 
fundamental nesse diálogo, pois conversas sobre a Síndrome 
de Down e a mediação escolar são uma constante na vida do 
P. Acho extremamente importante P. ter conhecimento sobre as 
próprias dificuldades e a necessidade da presença do mediador 
escolar no seu cotidiano. A família tem uma preocupação e um 
engajamento na questão da inclusão escolar. Tenho contato 
direto com seus pais, através de uma espécie de diário, no qual, 
anoto a rotina do P: como foi seu dia na escola, suas bagunças, 
vitórias diárias, matérias dadas entre outros assuntos. O ano de 
2011 foi um período de muitos desafios e novidades para todos.
No início do meu trabalho vivi um período que chamo de 
“diagnóstico”, no qual pude perceber algumas lacunas na sua 
alfabetização. P. escrevia muito pouco, trocava muitos fonemas 
e lia muito devagar. A partir dessas observações, junto com a 
equipe pedagógica e sua família estabelecemos algumas metas: 
P. teria que ler e escrever melhor. Na matemática também 
trabalhamos adição e subtração simples, sequência numérica e 
quadro valor - lugar.
Como já mencionei anteriormente, a inclusão escolar de P. é 
uma questão extremamente importante para a sua família, logo ele 
seria avaliado da mesma forma que seus colegas de turma. Minha 
função neste momento era adaptar as avaliações de cada matéria. 
Nos dias de testes e provas saíamos de sala e nos dirigíamos à 
biblioteca da escola para fazer tais avaliações. Eu lia junto com 
ele cada questão e o auxiliava no que era pedido. P. realizava 
avaliações bimestrais que valiam nota e que visavam avaliar seu 
desenvolvimento ao longo do ano letivo.
Em 2011 P. fazia duas avaliações formais por período, essa 
experiência não foi boa, porque ele ficava muito estressado e 
pressionado pelo ritmo e datas dos testes e provas. Observamos 
também, que ele não aprendia bem os conteúdos, ou seja, ele 
os decorava para fazer as avaliações e os esquecia logo após 
a realização destas. A partir dai, decidimos que em 2012 P. iria 
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Reflexões sobRe a Inclusão escolaR Capítulo 4 
fazer trabalhos de pesquisa que valeriam nota. E faria apenas 
uma avaliação formal por bimestre. Temos obtido muito sucesso 
com esse novo formato de estudos, P. adora montar os cartazes e 
maquetes, fica muito satisfeito em apresentá-los para sua turma e 
professoras. É notável o orgulho que seus colegas de classe têm 
dele e dos seus trabalhos.
Essa mudança de atitude no planejamento pedagógico foi 
muito satisfatória para P. que sente muito mais prazer com os 
estudos e pode participar de forma mais dinâmica do seu processo 
de aprendizagem. P. é uma criança muito concreta, ele precisa de 
objetos variados e ilustrações diversas para melhor compreender 
a matéria dada. Ter construído essa nova forma de trabalho foi 
ótimo, porque a partir da construção dos cartazes e das maquetes, 
o aluno aprende de forma mais coerente e unificada. P. é muito 
querido por todos, hoje em dia não vejo mais dificuldades dos 
professores e funcionários em pontuar suas bagunças. P. participa 
de quase todas as atividades propostas em sala de aula, é claro 
que com as devidas adaptações. Procuro sempre deixá-lo mais 
próximo do conteúdo dado em sala, porém respeitando o seu ritmo 
de aprendizagem. Prezo muito os seus limites e estou sempre 
preocupada em lançar novos desafios para ele. Entretanto, é preciso 
estar atenta à linha que divide a pressão escolar da aprendizagem 
eficaz. Foco mais na qualidade do conteúdo aprendido do que na 
quantidade. Costumo usar muitas brincadeiras, jogos educativos, 
vídeos e material de apoio, como por exemplo: material dourado, 
quebra cabeça, jogo da memória, entre outros.
Minha presença é extremamente importante na rotina do P. 
mas minha maior preocupação é estar no lugar de mediadora que 
faz a ponte entre a criança e o meio social que a cerca. Não tenho a 
menor intenção de estar no lugar de apoio para o P. Pelo contrário, 
busco auxiliá-lo no seu dia-a-dia para que ele consiga de forma 
gradual dar conta dos seus afazeres de forma mais autônoma e 
responsável. Meu trabalho é um constante aprendizado, todos os 
dias são surpreendentes. Muitas vezes me frustro em construir 
uma série de expectativas, porém cada pequena conquista é uma 
alegria imensurável. Trabalhar com mediação escolar na luta pela 
inclusão é muito desafiador e engrandecedor.
Fonte: Disponível em: <http://diversa.org.br/acervo-de-relatos/acervo-de-relatos. php?id=1235&/paloma_sa_carvalho>. Acesso em: 10 abr. 2013
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 A Relação Família, Escola e Deficiência Intelectual
Agora que você conheceu mais sobre o universo da educação inclusiva, 
desenvolva as atividades a seguir:
Atividades de Estudos: 
1) De acordo com Coll, Marchesi, Palacios&Colls, (2010, p. 210): 
“A educação se propõe a ampliar a capacidade dos alunos: 
que eles aprendam não apenas estes ou aqueles conteúdos 
e habilidades”. Como você entende essa ampliação de 
capacidade dos alunos, principalmente por tratar-sede alunos 
com deficiência intelectual?
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2) Silva; Rampazzo e Piassa (2009, p. 53), quando escrevem 
sobre a sobre a escola, esclarecem que “A escola possui a 
vantagem de ser uma das instituições sociais em que é possível 
o encontro das diferentes presenças”. Qual sua compreensão 
sobre a escola e a convivência das diferenças dentro do 
contexto escolar?
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Reflexões sobRe a Inclusão escolaR Capítulo 4 
Educação Inclusiva-ContextosSociais
AUTOR: PeterMittler
Patch Adams: O amor é contagioso
Título Original: Patch Adams
Gênero: Drama/Espiritualista
Direção: Tom Shadyac
Elenco: Robin Williams, Daniel London, 
 Monica Potter, Bob Gunton
Tempo: 115 min.
Lançamento: 1998
algumas consIdeRações
Caro pós- graduando, chegamos ao fim de mais um capítulo. Neste 
capítulo você estudou sobre a importância das práticas escolares valorizarem 
uma ação inclusiva, oferecendo ao deficiente intelectual um ambiente que 
beneficie seu aprendizado. No próximo capítulo estudaremos sobre o mercado 
de trabalho para a pessoa com deficiência intelectual.
Até lá!
RefeRêncIas
ALMEIDA, M. da S. R. O que é deficiência intelectual ou atraso cognitivo? 
Disponível em: <www.inclusãobrasil.com.br>. Acesso em: 06 ago. 2012.
COLL C.; MARCHESI A.; PALACIOS J. Desenvolvimento psicológico e 
educação. Tradução de Fátima Murad. 2. ed. Porto Alegre: Artmed,2004.
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 A Relação Família, Escola e Deficiência Intelectual
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Princípios, política e prática em educação 
especial, 1994. Disponível em: <www.direitoshumanos.usp.br>. Acesso em: 16 
set. 2012.
DÍAZ, Féliz; BORDAS, Miguel; GALVÃO, MIRANDA, Therezinha; Educação 
Inclusiva, Deficiência e Contexto Social: questões contemporâneas. 
Salvador: EDUFBA, 2009.
MENDES, Enicéia Gonçalves. A radicalização do debate sobre inclusão 
escolar no Brasil. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro, v.11, n. 33, Sept./
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MENEZES, EbenezerTakunode; SANTOS, Thais Helena dos.” Declaração 
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MITTLER, P. Educação inclusiva: contextos sociais. Tradução de 
WindyzBrazão Ferreira. Porto Alegre: Artmed, 2003.
MOLL, Luis C., Vygotsky e a educação: implicações pedagógicas da 
psicologia sócio-histórica/Luis C. Moll; trad. Fani A. Tesseler. – Porto 
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SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para poucos.3. ed. Rio 
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do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
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TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional, 2ª Edição. 
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VYGOTSKY, Lev Semenovich. Obras Escogidas V: fundamentos da 
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