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CONCEITO, OBJETIVO E PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMILIA

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AULAS DE DIREITO DE FAMÍLIA V
UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO DIREITO DE FAMÍLIA
1.2 Conceito de Direito de Família;
1.3 OBJETIVO e OBJETO do Direito de Família;
1.4 Princípios do Direito de Família.
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
OS CONCEITOS DE FAMÍLIA :
É certo que a família é sem dúvida a instituição e o agrupamento humano mais antigo, haja vista que todo ser humano, todo indivíduo nasce em razão da família e, via de regra, no âmbito desta, associando-se com seus demais membros.
A palavra família possui um significado que foge à ideia que temos de tal instituto hoje, vem do latim famulus e significa grupo de escravos ou servos pertencentes ao mesmo patrão.
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
Antigamente, o modelo familiar predominante era o patriarcal, patrimonial e matrimonial. Em tal modelo tínhamos a figura do “chefe de família”, era o líder, o centro do grupo familiar e responsável pela tomada das decisões. Era tido como o provedor e suas decisões deveriam ser seguidas por todos.
Além disto, a ideia de família era patrimonial e imperialista, prova disso estava no fato de que as uniões entre pessoas não se davam pela afeição entre as mesmas, mas sim pelas escolhas dos patriarcas, com o interesse de aumentar o poder e o patrimônio de suas famílias. Em tal modelo, muitas vezes os nubentes nem sequer se conheciam, mas se viam obrigados a contrair núpcias para honrar o bom nome da família e contribuir para seu fortalecimento econômico.
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
A FAMÍLIA SINDIÁSMICA * foi marcada, sobretudo, pelo matriarcalismo. A mulher exercia maior poder no interior da família, pois definia as relações sanguíneas, escolhia o pai de seus filhos e eram as verdadeiras senhoras do lar, responsáveis pelos encargos da família, afigurando-se como a grande força dentro dos clãs. (ENGELS, 1984, p. 51). ENGELS, Friedrich. A Origem da família, da propriedade Privada e do Estado: trabalho relacionado com as investigações de L. H. Morgan. 16. ed. Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 2002. 
Ora, resta claro que tal ideia de família é tida como inconcebível atualmente, uma forma arcaica e, de certo modo, repudiada na atualidade. Porém, isto somente se deu pela evolução a que passou a sociedade ao lutar pela igualdade entre os indivíduos e pela valorização da dignidade da pessoa humana, conquistas estas que encontram-se estabelecidas hoje em nosso mais alto regramento jurídico, a Constituição Federal de 1988.
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
Ora, resta claro que tal ideia de família é tida como inconcebível atualmente, uma forma arcaica e, de certo modo, repudiada na atualidade. Porém, isto somente se deu pela evolução a que passou a sociedade ao lutar pela igualdade entre os indivíduos e pela valorização da dignidade da pessoa humana, conquistas estas que encontram-se estabelecidas hoje em nosso mais alto regramento jurídico, a Constituição Federal de 1988.
Portanto, é errôneo não reconhecer à influência das conquistas sociais na elaboração do conceito de família, sendo, inclusive, este o motivo de tal conceito ser mutável ao longo do tempo.
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
 o modelo familiar mudou, fora influenciado pela ideia da democracia, do ideal de igualdade e da dignidade da pessoa humana. 
A família passou a ser mais democrática, o modelo patriarcal fora abandonado, sendo empregado um modelo igualitário, onde todos os membros devem ter suas necessidades atendidas e a busca da felicidade de cada indivíduo passou a ser essencial no ambiente familiar.
Esse novo elemento para a criação da família é de suma importância, principalmente para entendermos as mudanças à que passa a família.
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
 De acordo com a definição de Silveira Bueno[i], considera-se família o conjunto de pai, mãe e filhos, pessoas do mesmo sangue, descendência, linhagem. Etimologicamente, a palavra família prende-se ao verbete latino famulus, escravo, porém, em sua acepção original, família era evidentemente a familia proprio iure, i.e., o grupo de pessoas efetivamente sujeitas ao poder do paterfamilias. 
Noutra acepção lata e mais nova, família compreendia todas as pessoas que estariam sujeitas ao mesmo paterfamilias. Em ambos os conceitos de família, a base do liame são pessoas e a autoridade do paterfamilias, que congrega todos os membros[ii].
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
 Orlando Gomes definiu a família tradicional como sendo “o grupo constituído pelos cônjuges e pela prole, oriunda do casamento válido, disciplinado pela lei civil” (GOMES, 1999, p. 22). 
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
 Constitucionalmente temos nos artigos 226 e 230 da Carta Magna de 1988 asseverações acerca da entidade familiar, sendo os parágrafos 3º e 4º os definidores do termo:
“Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. [….]
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre homem e mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.” Família monoparental.
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
  Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
Para o Direito Civil, podemos entender como entidade familiar aquela derivada do casamento, sendo formada por pai, mãe e filhos. Tal entendimento se dá da simples leitura do artigo 1.511, primeiro artigo do Capítulo I, do Livro IV do Código Civil, que trata do Direito de Família:
“Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direito e deveres dos cônjuges.”
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
  A família dos dias atuais possui como premissas: 
o afeto e 
a dignidade da pessoa humana.
FAMÍLIA: um meio familiar constituído pelo casamento e unido pela herança genética, agora, são os laços afetivos que determinam as relações familiares. 
A ideia da família pós-moderna é ampliativa, ou seja, a família que se assemelha ao modelo anterior, estruturalmente, não deixou de durar e muito menos deixou de ser protegida, na realidade, ela passou a coexistir com os diversos modelos familiares, dessa maneira reafirma Farias e Rosenvald (2012, p. 63):
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
A INSTITUIÇÃO FAMILIAR desempenha o papel de consentir a todos os indivíduos que a compõem a sua realização. 
Ela passa a ser o meio de possibilidades, de recurso para a conquista de sonhos, projetos de vida, de progresso humano e existencial, é o contexto da valorização do ser humano e de sua dignidade. 
FAMÍLIA: um meio familiar constituído pelo casamento e unido pela herança genética, agora, são os laços afetivos que determinam as relações familiares. 
A ideia da família pós-moderna é ampliativa, ou seja, a família que se assemelha ao modelo anterior, estruturalmente, não deixou de durar e muito menos deixou de ser protegida, na realidade, ela passou a coexistir com os diversos modelos familiares, dessa maneira reafirma Farias e Rosenvald (2012, p. 63):
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
 As normas do Direito de Família não se destinam mais a conservar a instituição “família” a todo custo, na verdade a tutela passa a ser a pessoa humana que faz parte dessa instituição, desta forma afirma Farias e Rosenvald.
A família foi, é e continuará sendo o núcleo básico e essencial de qualquer sociedade. 
Em sua essência ela continua a mesma: é núcleo estruturante e estruturador do sujeito. Tudo principia e acaba na família. 
Mas não nos referimos somente a família hierarquizada, patrimonializada e como núcleo de reprodução. 
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
Aí, já não está mais a sua essência [...]. Não interessa mais ao Direito o objeto da família, mas o seu sujeito. [...] 
Ao Direito deve interessar muito mais a essência do que a forma. 
O sujeito é que importa e não o seu objeto, ou seja, a forma de constituição de famíliapode até variar, de acordo com o tempo e o espaço em que ela se encontra, mas em seu âmago estará sempre o núcleo estruturante da pessoa e lócus para o desenvolvimento da personalidade e o direito a ser humano.
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
Gagliano e Pamplona Filho (2014, p. 45) definem que “família é o núcleo existencial integrado por pessoas unidas por vínculo sócio afetivo, teleologicamente vocacionada a permitir a realização plena dos seus integrantes”.
Outro conceito jurídico relevante é a de Diniz (2010, p. 9-10), que preceitua:
Na seara jurídica encontram-se três acepções fundamentais do vocábulo família:
a) a amplíssima 
b) a lata e 
c) a restrita.
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
a) SENTIDO AMPLÍSSIMO - abrange todos os indivíduos que estiverem ligados pelo vínculo da consangüinidade ou da afetividade, chegando a incluir estranhos, como no caso do Art. 1412, § 2º, do Código Civil, em que as necessidades da família do usuário compreendem também as das pessoas de seu serviço doméstico.
b) SENTIDO LATO - além dos cônjuges ou companheiros, e de seus filhos abrange os parentes da linha reta ou colateral, bem como os afins (os parentes do outro cônjuge ou companheiro).
c) SENTIDO RESTRITO - é a família o conjunto de pessoas unidas pelos laços do matrimônio e da filiação, ou seja, unicamente os cônjuges e a prole, e entidade familiar a comunidade formada pelos pais, que vivem em união estável, ou por qualquer dos pais e descendentes.
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
Tartuce (2012, p. 823-824) explica que:
A FAMÍLIA - À luz constitucional decorre dos institutos do casamento civil, da união estável e da família monoparental, 
no entanto, específico o entendimento que esse rol é exemplificativo, e, em razão disso, são admitidas outras manifestações familiares como a família Ana parental (pais falecem e são criados pelos avós, tios) , família homoafetiva e família pluriparental ( casais que reconstituíram a família com outra pessoa e que tem filhos do primeiro casamento ou união). 
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
A questão da diversidade de sexos ??? Entra no conceito de família? Ou famílias? 
A diversidade de sexo é um requisito que não mais prevalece no Direito das Famílias pós-moderno, principalmente, em face da decisão do Supremo Tribunal Federal, no julgamento conjunto das Adin 4277 e ADPF 132, em 5 de maio de 2011 – reconhecendo a união estável entre pessoas do mesmo sexo e atribuindo interpretação conforme a Constituição ao art. 1.723 do Código Civil de 2002. 
Assim, excluiu-se qualquer significado discriminatório ou impeditivo em relação ao reconhecimento da família homoafetiva, não sendo mais requisito da união estável a diversidade de sexos.
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002
Institui o Código Civil:
“Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.”
 
Poliamor se define como uma filosofia de vida que admite a possibilidade de uma pessoa manter um relacionamento amoroso íntimo e afetivo com duas ou mais pessoas ao mesmo tempo, com o conhecimento e consentimento dos envolvidos. 
CONCEITOS DE DIREITO DE FAMÍLIA
Direito de família é um ramo do direito que trata das questões e litígios entre entes da comunidade familiar. Possui normas jurídicas que trabalham de acordo com orientação constitucional do conceito de família, levando em conta o entendimento jurisprudencial, em âmbito jurídico, e transformações sociais, no âmbito da sociologia.
O direito de família tem o objetivo de regular as regras, obrigações e direito no convívio familiar. 
São casos envolvendo casamento, separação, divórcio, guarda dos filhos, pensão alimentícia, adoção. Ainda trata do reconhecimento de união estável, partilha de bens, testamentos e inventários, entre outros.
OBJETO DO DIREITO DE FAMÍLIA
Objeto do Direito de Família
A meta maior do direito de família é reger as relações familiares e suas influências sobre as pessoas e sobre os bens
· Norma de caráter pessoal – adoção, fidelidade, direito de visitas
· Norma de caráter patrimonial – regimes de bens, pensão
· Norma de caráter misto – casamento, poder familiar (dever de guarda e dever de sustentar).
PRINCÍPIOS CONSTITUICIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA
PRINCÍPIO DE PROTEÇÃO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (ART. 1º, INC. III, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988)
Prevê o art. 1º, inc. III, da Constituição Federal de 1988 que o nosso Estado Democrático de Direito tem como fundamento a dignidade da pessoa humana. 
Trata-se daquilo que se denomina princípio máximo, ou superprincípio, ou macroprincípio, ou princípio dos princípios. Diante desse regramento inafastável de proteção da pessoa humana é que está em voga, atualmente entre nós, falar em personalização, repersonalização e despatrimonialização do Direito Privado.[7] Ao mesmo tempo que o patrimônio perde importância, a pessoa é supervalorizada.
PRINCÍPIOS CONSTITUICIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA
PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE FAMILIAR (ART. 3º, INC. I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988)
A solidariedade social é reconhecida como objetivo fundamental da República Federativa do Brasil pelo art. 3º, inc. I, da Constituição Federal de 1988, no sentido de buscar a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. 
Por razões óbvias, esse princípio acaba repercutindo nas relações familiares, já que a solidariedade deve existir nesses relacionamentos pessoais. 
Ex. Isso justifica, entre outros, o pagamento dos alimentos no caso de sua necessidade, nos termos do art. 1.694 do atual Código Civil.
PRINCÍPIOS CONSTITUICIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA
PRINCÍPIO DA IGUALDADE ENTRE FILHOS (ART. 227, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, E ART. 1.596 DO CÓDIGO CIVIL)
Prevê o art. 227, § 6º, da Constituição Federal que “os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”.
 Complementando o texto constitucional, o art. 1.596 do Código Civil em vigor tem exatamente a mesma redação, consagrando, ambos os dispositivos, o princípio da igualdade entre filhos.
PRINCÍPIOS CONSTITUICIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA
No Código Civil de 2002, o princípio em questão pode ser percebido pelo que consta dos incs. III e IV do art. 1.556. 
Isso porque são deveres do casamento a assistência mútua e o respeito e consideração mútuos, ou seja, prestados por ambos os cônjuges, de acordo com as possibilidades patrimoniais e pessoais de cada um.
Complementando, prevê o art. 1.631 do atual Código Civil que durante o casamento ou união estável o poder familiar compete aos pais. Na falta ou impedimento de um deles, o outro exercerá esse poder com exclusividade. Em casos de eventual divergência dos pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer um deles recorrer ao juiz para a solução do desacordo.
PRINCÍPIOS CONSTITUICIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA
PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA (ART. 227, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, E ARTS. 1.583 E 1.584 DO CÓDIGO CIVIL)
Prevê o art. 227, caput, da Constituição Federal de 1988 que “é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda a forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. 
Essa proteção é regulamentada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90), que considera criança a pessoa com idade entre zero e doze anos incompletos, e adolescente aquele que tem entre 12 e 18 anos de idade.
PRINCÍPIOS CONSTITUICIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA
Em reforço, o art. 3º do próprio ECA prevê:
que a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentaisinerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e as facilidades, a fim de facultar-lhes o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.[25]
Na ótica civil, essa proteção integral pode ser percebida pelo princípio do melhor interesse da criança, ou best interest of the child, conforme reconhecido pela Convenção Internacional de Haia, que trata da proteção dos interesses das crianças. 
PRINCÍPIOS CONSTITUICIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA
PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE
O afeto talvez seja apontado, atualmente, como o principal fundamento das relações familiares. Mesmo não constando a palavra afeto no Texto Maior como um direito fundamental, podemos dizer que o afeto decorre da valorização constante da dignidade humana.[28]
No que tange a relações familiares, a valorização do afeto remonta ao brilhante trabalho de João Baptista Vilella, escrito no início da década de 1980, tratando da Desbiologização da paternidade. 
Na essência, o trabalho procurava dizer que o vínculo familiar seria mais um vínculo de afeto do que um vínculo biológico. Assim, surgiria uma nova forma de parentesco civil, a parentalidade socioafetiva, baseada na posse de estado de filho.[29]
PRINCÍPIOS CONSTITUICIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA
A defesa da aplicação da paternidade socioafetiva, hoje, é muito comum entre os atuais doutrinadores do Direito de Família. 
Tanto isso é verdade que, na I Jornada de Direito Civil, promovida pelo Conselho da Justiça Federal sob a chancela do Superior Tribunal de Justiça, foi aprovado o Enunciado n. 103, com a seguinte redação: “O Código Civil reconhece, no art. 1.593, outras espécies de parentesco civil além daquele decorrente da adoção, acolhendo, assim, a noção de que há também parentesco civil no vínculo parental proveniente quer das técnicas de reprodução assistida heteróloga relativamente ao pai (ou mãe) que não contribuiu com seu material fecundante, quer da paternidade socioafetiva, fundada na posse do estado de filho”.
PRINCÍPIOS CONSTITUICIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA
PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA
Há algum tempo se afirmava, nas antigas aulas de Educação Moral e Cívica, que “a família é a célula mater da sociedade”. Apesar de as aulas serem herança do período militar ditatorial, a frase ainda serve como luva no atual contexto, até porque o art. 226, caput, da Constituição Federal de 1988 dispõe que a família é a base da sociedade, tendo especial proteção do Estado.
Assim, as relações familiares devem ser analisadas dentro do contexto social e diante das diferenças regionais de cada localidade. Sem dúvida, a socialidade também deve ser aplicada aos institutos do Direito de Família, assim como ocorre com outros ramos do Direito Civil.
PRINCÍPIOS CONSTITUICIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA
A título de exemplo, a socialidade pode servir para fundamentar o parentesco civil decorrente da paternidade socioafetiva. Pode servir também para afastar a discussão desnecessária da culpa em alguns processos de separação. Pode servir, ainda, para a admissão de outros motivos para a separação-sanção em algumas situações práticas (v.g., infidelidade pela internet). Isso tudo porque a sociedade muda, a família se altera e o Direito deve acompanhar essas transformações.
A jurisprudência, por diversas vezes, reconhece a necessidade de interpretação dos institutos privados de acordo com contexto social.[31]
Em suma, não reconhecer função social à família e à interpretação do ramo jurídico que a estuda é como não reconhecer função social à própria sociedade!

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