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Disciplina: Introdução ao Antigo Testamento Aula 4: Dos patriarcas à ocupação romana Introdução Já analisamos os nomes dados à Bíblia Hebraica, sua divisão, estrutura, formação, canonicidade e transmissão. Além disso, explicamos o contexto circunvizinho aos hebreus. Agora, contaremos, em linhas gerais, a história do Antigo Testamento, passando pelos seguintes momentos: o período dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, a migração para o Egito, o Êxodo, a peregrinação no deserto, a conquista da Terra Prometida, o ciclo dos Juízes, a transição para a monarquia, a divisão dos reinos do norte e do sul, a aniquilação do reino do norte pelos assírios, o exílio babilônico do reino do sul, o retorno do exílio, a invasão e o domínio grego (macedônio), o período asmoneu e a ocupação romana. Conhecer a história bíblica é útil para a análise de seus conteúdos literários e de sua mensagem. Por meio do estudo desta aula, convidamos, então, você a caminhar pelas terras bíblicas e a conhecer seus personagens. Objetivos Esclarecer o ciclo patriarcal; Explicar a história de Israel – desde o Êxodo até o Exílio; Identificar, no período pós-exílico, as relações entre os judeus e os persas, grecomacedônios e romanos. Patriarcas: memória das origens A origem de Israel é narrada na única história dos hebreus (Gênesis 12-50). No relato, em língua hebraica, de sua própria história, o redator (judeu) rastreia as origens do povo de Israel a partir de um único indivíduo: Abraão – chamado, no início da narrativa, de Abrão e original da Mesopotâmia. Em geral, a história dos hebreus pré-egípcios é denominada Idade dos Patriarcas e dificilmente pode ser datada: a época em que foi escrita (mais de 1.000 anos depois) e os episódios narrados remontam a, aproximadamente, 1950 e 1500 a.C. Vários aspectos emergem da história dos patriarcas, que indica a eleição especial dos hebreus: primeiro, Abrão e, depois, seus descendentes (Isaque e Jacó) foram escolhidos por Yahweh para serem seu povo. Abraão era um semita que vivia em Harã – cidade do norte da Mesopotâmia –, cujo pai (Terá) veio da cidade de Ur, no sul da Mesopotâmia. Ele foi visitado repentinamente por Yahweh, que o chamou para deixar sua família. A ideia da migração da Mesopotâmia é sensata, uma vez que a região estava entrando em colapso. Migrando para o oeste, Abraão se estabeleceu em Siquém e foi novamente visitado por Yahweh, que lhe disse: “Toda essa terra será dada a você e a seus descendentes”. Portanto, a eleição dos hebreus envolve uma vocação seguida da obediência inabalável de Abraão. Os primeiros eram Nômades . 1 2 file:///C:/Users/luis.salgueiro/Desktop/2018.2/introducao_ao_antigo_testamento__GON949/aula4.html file:///C:/Users/luis.salgueiro/Desktop/2018.2/introducao_ao_antigo_testamento__GON949/aula4.html Desenho de Abrão e Isaque (Fonte: Shutterstock/Irmhild B) Israel no Egito, Êxodo, conquista de Canaã e período dos Juízes Êxodo (cerca de 1280 a.C.) O Êxodo aconteceu por volta de 1280 a.C., mas essa data é questionável. Alguns estudiosos acreditam que o movimento ocorreu antes, em cerca de 1450 a.C. Para os próprios israelitas, esse foi o início de sua história nacional. O livro de Êxodo, que trata da libertação da escravidão no Egito, começa com os hebreus como escravos não organizados no país. Nele, registra-se o fato de os israelitas terem se tornado uma nação. 3 file:///C:/Users/luis.salgueiro/Desktop/2018.2/introducao_ao_antigo_testamento__GON949/aula4.html A saída do Egito constitui o ponto de partida no curso do desenvolvimento nacional que está registrado nos livros históricos da Bíblia. Aqui, vamos conhecer alguns dados significativos para a datação e contextualização do Êxodo. O primeiro deles é o próprio nome Moisés (em egípcio, = “filho de”): um elemento de nomes reais da 18ª (1570-1305 a.C.) e da 19ª (1305-1208 a.C.) dinastias dos faraós. Além disso, é digna de nota a presença dos hapiru, mencionados nos registros egípcios como escravos asiáticos que trabalhavam como construtores, assim como os hebreus. Por fim, uma passagem chave para o cenário histórico desse movimento é Êxodo 1.11, que afirma que os israelitas construíram Pítom e Ramsés – cidades edificadas por Ramsés II no início do 13º século – para o faraó. Mapa com a rota do Êxodo (Fonte: https://goo.gl/YSL2L4 <https://goo.gl/YSL2L4> ) Peregrinação no deserto antes da conquista de Canaã (cerca de 1280-1240 a.C.) A rota de peregrinação no deserto passa pelo Monte Sinai – também chamado de Monte Horebe. Alguns encontraram uma relação entre o Monte Sinai e Cades, mas isso está em conflito com a tradição de que os israelitas foram ao Sinai antes de passar por Cades. Outros localizaram o Monte Sinai no noroeste da Arábia, porque os madianitas viviam lá, e porque os fenômenos na entrega da lei (fogo, nuvem) refletiriam uma erupção vulcânica que ocorreu nessa área. Monte Sinai (Fonte: https://goo.gl/hb1fPq <https://goo.gl/hb1fPq> ) O primeiro objetivo dos israelitas na peregrinação pelo deserto foi chegar ao Monte Sinai – a montanha de Deus –, onde Moisés recebeu: O chamado para libertar os filhos de Israel; As leis e direções morais, civis e religiosas; As instruções para erigir o Tabernáculo . Os 10 mandamentos – escritos em tabuletas de pedra – foram colocados na Arca . No Monte Sinai, os israelitas fizeram uma aliança com o Senhor para adorá-lo e manter suas leis. 4 5 https://goo.gl/YSL2L4 https://goo.gl/hb1fPq file:///C:/Users/luis.salgueiro/Desktop/2018.2/introducao_ao_antigo_testamento__GON949/aula4.html file:///C:/Users/luis.salgueiro/Desktop/2018.2/introducao_ao_antigo_testamento__GON949/aula4.html Conquista de Canaã (cerca de 1240-1200 a.C.) Os israelitas se aproximaram de Canaã, conquistaram o território do rio Jordão e se estabeleceram nele. Eles não atacaram os edomitas ou os moabitas devido à relação ancestral com esses povos. Mas o rei amorreu se recusou a deixar os israelitas passarem e foi derrotado por eles. Como resultado, os israelitas ocuparam grande parte da terra entre os rios Arnon e Jaboque. Líder dos israelitas, Moisés não entrou na Terra Prometida. Josué foi seu sucessor e comandante do exército. Para entrar no oeste de Canaã, o povo teve de atravessar o rio Jordão. Os israelitas atacaram Jericó, que guardava os vales que levavam a Canaã central. Os israelitas subiram, então, um vale e, no cume central, atacaram Ai. Desse momento em diante, ocorreram os seguintes acontecimentos: As cidades no centro e no sul de Canaã foram tomadas. Realizou-se uma campanha militar na Galileia. Após as batalhas derradeiras de conquista, os representantes das tribos foram reunidos na cidade central de Siquém. A terra foi dividida entre 12 tribos : Rubem, Gade e parte da tribo de Manassés já haviam se estabelecido no leste do Jordão. No oeste de Canaã, Simeão estava localizado no extremo sul. Mais ao norte dessa região estavam as porções de: Judá Issacar 6 file:///C:/Users/luis.salgueiro/Desktop/2018.2/introducao_ao_antigo_testamento__GON949/aula4.html Dã Zebulom Benjamim Asser Efraim Naftali Parte de Manassés Para os levitas (sacerdotes auxiliares), foram atribuídas as cidades do oeste e leste do Jordão. Aos sacerdotes (descendentes de Arão) foram dadas cidades em Simeão, Judá e Benjamim. Essa atribuição de território ilustra a organização tribal dos israelitas. As doze tribos de Israel (Fonte: https://goo.gl/2BkNyQ <https://goo.gl/2BkNyQ> ) Na última parte do século XIII, os israelitas estavam instalados em muitas partes de Canaã. A estela do faraó Marnepta (cerca de 1230 a.C.) lista Israel entre as nações que venceu em Canaã. Essa é a primeira referência extrabíblica de que se tem notícia em relação a Israel como nação. As listas de cidades capturadas pelos israelitas mostram que aquelas importantes – especialmente nas planícies e nas terras baixas – ainda estavam sob controle cananeu. No oeste de Canaã, Israel ficou limitado às montanhas centrais. Período dos Juízes (cerca de 1200-1020 a.C.) Os Juízesde Israel não atuavam em processos judiciais: eles eram líderes especiais que salvaram seu povo em tempos de conflito com nações vizinhas. Os Juízes eram de tribos diferentes e ativos em distintas áreas. https://goo.gl/2BkNyQ As ameaças que motivaram a atuação dos Juízes são várias. Os cananeus do norte sob Jabin de Hazor e seu general Sísera tentaram subjugar os israelitas. A juíza e profetisa Débora convocou as tribos israelitas para que enviassem soldados no afã de se livrar do jugo cananeu. Seis das tribos do norte responderam, e as forças israelitas foram lideradas por Baraque. Sísera aumentou o número de seus carros de ferro (900 no total) na planície de Esdrelon. Uma chuva torrencial fez o rio Quisom transbordar, e os carros cananeus ficaram atolados. Os israelitas, que não tinham carros, desceram do Monte Tabor e derrotaram os cananeus. Essa vitória foi celebrada na canção de Débora (Juízes 5). Débora – profetiza e juíza - Estátua em Aix-en- Provence (França) (Fonte: https://goo.gl/LqTMs8 <https://goo.gl/LqTMs8> ) O perigo mais persistente para a independência israelita no período dos Juízes veio dos filisteus. Como os israelitas, eles eram invasores recentes. Logo depois que os israelitas vieram do deserto ao sudoeste, os filisteus vieram pelo mar do noroeste, particularmente de Creta. https://goo.gl/LqTMs8 Os egípcios os chamavam de Povos do Mar, visto que atacaram as margens do Egito ao mesmo tempo em que enfrentaram Israel, e foram retratados nas paredes do templo de Ramsés III (cerca de 1175-1144 a.C.) em Madinat Habu, no oeste de Tebas. Os filisteus se estabeleceram em cidades perto da costa de Canaã, particularmente em: Gaza Gate Asquelom Gerar Ecron Dorb Os filisteus trouxeram a fundição, o que lhes deu uma superioridade sobre os israelitas, que tinham armas e ferramentas de cobre e bronze. Os filisteus forçaram a tribo de Dã a se deslocar de sua localização original, entre Judá e Efraim, para o norte, na Galileia, perto de uma das fontes do Jordão. O período dos Juízes foi marcado pela instabilidade religiosa, pelo domínio periódico dos israelitas por nações vizinhas e pela desunião tribal, como fica evidenciado na guerra entre Benjamim e o restante das tribos. Havia necessidade de um governo forte e centralizado em Israel. Abimeleque – filho de Gibeão – tentou estabelecer uma monarquia, mas a falta de apoio profético e popular fez com que essa tentativa perecesse após sua morte. Monarquia de Israel-Judá Monarquia unida (cerca de 1090-922 a.C.) – Saul e os princípios da monarquia Quando Samuel envelheceu, os anciãos de Israel pediram que nomeasse um rei para trazer unidade política e constituir uma liderança militar contra seus inimigos. Samuel escolheu, então, Saul, da tribo de Benjamim. Assim, foi estabelecida uma constituição que afirmava quais eram os direitos e os deveres do rei. Saul demostrou sua habilidade militar nas vitórias sobre os amonitas, filisteus e amalequitas. Seus últimos anos foram marcados por desentendimentos com Samuel e outros sacerdotes. Por fim, os conflitos contra os filisteus foram determinantes para a crise e término do reinado de Saul. Davi, rei de Judá (cerca de 1000-994 a.C.) e de todos os israelitas (994-961 a.C.) Davi completou o trabalho que Saul tinha começado: uniu os israelitas e derrotou seus inimigos. Ele fundou um pequeno império que controlava as nações vizinhas. Após a derrota e a morte de Saul, seu filho Isbosete foi feito rei em Gileade. Davi foi reconhecido como rei em Judá, fazendo sua capital em Hebrom. Depois do assassinato de Isbosete, os anciãos do norte de Israel convidaram Davi para se tornar o rei de todas as tribos, como Saul tinha sido. A primeira ação de Davi como rei de todo o Israel foi a captura de Jerusalém dos jebuseus. Ele tornou Jerusalém sua capital. Essa ação ajudou a dissipar os ciúmes tribais e seccionais, porque Jerusalém não pertencia a nenhuma tribo israelita, e estava na fronteira entre Judá e o norte. Além disso, Davi tinha transportado a arca para Jerusalém – movimento que também tornou a cidade um centro religioso. No período de Davi, os filisteus foram forçados a voltar para suas cidades originais e se tornaram vassalos de Israel. Moabe, Amom, os reinos arameus e Edom também foram subjugados e incluídos no império de Davi. Entretanto, em Israel, Davi teve de lidar com várias rebeliões. Uma delas foi liderada por um de seus próprios filhos, Absalão. As atividades culturais de Davi incluíram a construção de um palácio em Jerusalém. Ele compôs Salmos, organizou cantores e músicos litúrgicos. O ferro se tornou abundante nas cidades israelitas, e o aparato burocrático do Estado começou a ser instituído. A estela de Tel-Dan Inscrição triunfal em aramaico que menciona Omri como a “casa de Davi” (Fonte: https://goo.gl/DscEYN <https://goo.gl/DscEYN> ) Salomão (961-922) Salomão – filho de Bete-Seba – foi o sucessor de Davi, embora fosse o filho mais novo. Após sua coroação, Salomão matou seu irmão mais velho, Adonias, que aspirava à coroa. Ele também matou ou exilou os adeptos de Adonias. https://goo.gl/DscEYN Apesar desse início sangrento, o reinado de Salomão foi digno de nota, não em termos militares, mas em relação ao desenvolvimento cultural e econômico de Israel. As atividades de Salomão trouxeram magnificência, mas o fato de serem promovidas por meio de pesados tributos despertou grande descontentamento. Líderes de Edom e da Síria se revoltaram. Além disso, os próprios israelitas, particularmente no norte, ressentiam- se dos impostos pesados, dos trabalhos forçados e dos privilégios de Judá. Os profetas se opuseram à introdução de cultos a deuses estrangeiros que foram introduzidos em Jerusalém com as esposas estrangeiras de Salomão. Salomão tinha a reputação de ser sábio, de ter composto muitos provérbios, mas suas políticas não foram sábias, pois prejudicaram seu povo, sua religião e sua dinastia. A Tel Megiddo Sítio arqueológico onde foram exploradas as edificações do tempo de Salomão (Fonte: https://goo.gl/C9bXGR <https://goo.gl/C9bXGR> ) Divisão dos reinos de Israel: reino do norte e reino do sul (Judá) (cerca de 922-722 a.C.) Tentando continuar as políticas opressivas de seu pai, Roboão – filho e herdeiro de Salomão – precipitou a sucessão do norte de Israel. https://goo.gl/C9bXGR Jeroboão – porta-voz das tribos do norte – tinha sido superintendente de trabalhadores sob Salomão, liderou uma revolta das tribos do norte e fugiu para o Egito com medo de Salomão. Quando Roboão se recusou, de forma arrogante, a mitigar os impostos e o trabalho forçado, os israelitas do norte se separaram e escolheram Jeroboão como seu rei. Após esse intervalo (c. 922 a.C.), os dois reinos continuaram existindo separadamente por 200 anos até a queda de Samaria em 722 a.C. O reino do norte – que incluía os territórios de Efraim, Manassés ocidental, Aser, Zebulom, Issacar, Dã, Naftali, Manassés e Gade – era maior do que o reino do sul – que incluía apenas Judá, Simeão e Benjamim. O reino do norte também era mais rico em termos de: Agricultura – devido a suas planícies; Comércio – devido às rotas comerciais internacionais que o atravessavam. O reino do sul era mais montanhoso e mais isolado. Pelas razões já mencionadas, o reino do norte estava mais aberto às influências culturais e religiosas estrangeiras, bem como à conquista de fora. O reino do sul era mais provinciano, mais fiel em manter a religião de Yahweh, e continuou uma existência independente por um século e meio depois da queda do reino do norte. Os fatores estabilizadores no sul foram: A dinastia davídica; A capital (Jerusalém); O templo – que abrigava a arca. No reino do norte, houve nove dinastias, que foram substituídas de forma violenta, além de três capitais diferentes e dois santuários: um em Betel, e outro em Dã. Ademais, os santuários careciam de conexão simbólica com as tradições religiosas de Israel. Queda de Samaria (cerca de 722 a.C.) O reino do norte teve fim por causa do domínioassírio. Samaria resistiu ao cerco assírio por três anos, mas a cidade finalmente caiu em 722 a.C., pouco antes da morte de Salmanesser. Sem dúvida, seu filho, Sargão, ajudou no cerco e reivindicou crédito pela captura da cidade. Sargão levou para o cativeiro 27.290 israelitas, e a Bíblia indica que eles foram conduzidos para o noroeste da Mesopotâmia e para a Média. Nomes hebraicos foram encontrados em registros em Nínive e Nimrud. A história de Tobias (livro presente nas Bíblias católicas) trata dos israelitas que se estabeleceram em Nínive e na Média. Em lugar dos israelitas deportados, os assírios introduziram em Samaria e arredores colonos da Babilônia e da Síria, que trouxeram seus ídolos com eles. Com o tempo, esses colonos pagãos foram assimilados aos outros israelitas e ao javismo. Assim, os samaritanos posteriores misturavam elementos israelitas e estrangeiros. Por isso, eles eram desprezados pelos judeus. Assírios colocam israelitas cativos em estacas - Painel do palácio de Nínive (Fonte: https://goo.gl/n7kgvw <https://goo.gl/n7kgvw> ) Reino de Judá e queda de Jerusalém (722-587 a.C.) https://goo.gl/n7kgvw Após serem preservados circunstancialmente do domínio assírio, o reino do sul se manteve 100 anos independente. O reequilíbrio das forças geopolíticas pendeu em favor da Babilônia, que passou a pressionar os assírios. Em 609 a.C., o faraó Neco passou pela Palestina rumo ao norte para ajudar os assírios. Josias viu nesse movimento um perigo para seu reino e se opôs ao exército de Neco em Megido, no norte de Israel. Ele foi derrotado e morto. Essa batalha atrasou Neco, e o último esforço assírio para repelir os babilônios foi vencido. Com a extinção do poder assírio, Neco assumiu o controle da Síria e da Palestina. Joacaz (609 a.C.), que sucedeu a Josias, tentou seguir uma política independente. Neco o depôs e o levou cativo ao Egito, colocando seu irmão Eliaquim no lugar, a quem deu o nome de Jeoaquim (609-598 a.C.). Depois que Nabucodonosor – rei da Babilônia – derrotou o faraó Neco em Carquemish, no norte da Síria, em 605 a.C., Jeoaquim tornou-se um vassalo de Nabucodonosor, e alguns da nobreza da Judeia, incluindo Daniel, foram levados para a Babilônia. Em 597 a.C., os babilônios finalmente levaram os moradores da cidade e os tesouros do palácio e do templo. Jeoaquim foi levado cativo para a Babilônia com milhares de líderes, soldados e artesãos judeus. Os registros descobertos na Babilônia mostram que ele e sua família receberam rações regulares do governo da Babilônia. Nabucodonosor colocou o tio de Jeoaquim, Matanias, no trono de Judá, dando-lhe o nome real de Zedequias (597-587 a.C.). Após alguns anos, Zedequias, desconsiderando as advertências de Jeremias, revoltou-se contra Babilônia, confiando no socorro dos egípcios. Mais uma vez – e de forma violenta –, Nabucodonosor invadiu Judá. Em julho de 587 a.C., os babilônios atravessaram as muralhas da cidade. Zedequias foi capturado, cegado e levado para Babilônia. Em agosto, os babilônios queimaram a cidade, incluindo o templo, e destruíram os muros. Alguns dos líderes judeus foram executados, e outros, levados para Babilônia. Apenas os pobres foram deixados. Embora se afirme que o exílio começou em 587 a.C., com a queda de Jerusalém, milhares do reino do norte foram para o exílio em 735 a.C. e em 722 a.C., e milhares de Judá (reino do sul) em 597 a.C. e em 582 a.C. Além disso, embora os exilados de Judá estivessem na Babilônia, havia, também, exilados de Israel no norte da Mesopotâmia e na Média, e exilados de Judá no Egito. Do retorno do exílio à ocupação romana Período Persa (538-333 a.C.) Na segunda parte de Isaías, Ciro, o persa (cerca de 559-530 a.C.), foi considerado um instrumento designado por Deus para devolver os exilados a sua terra. Em 539 a.C., o exército de Ciro invadiu a Babilônia e incorporou a cidade e seus domínios ao império persa. Ciro seguiu uma política mais tolerante em relação aos muitos povos dominados e a suas religiões. Ele favoreceu a autonomia cultural local e respeitou os deuses locais e seus templos. Os judeus também se beneficiaram dessa política, pois Ciro decretou que o templo de Yahweh – Deus dos céus – fosse reconstruído em Jerusalém. Além disso, ele autorizou o retorno dos judeus a Judá. Tumba de Ciro, o Grande (Fonte: https://goo.gl/6JQEyQ <https://goo.gl/6JQEyQ> ) Período Grego (333-167 a.C.) https://goo.gl/6JQEyQ Após mais de 150 anos de domínio e hegemonia persa, Alexandre, o Grande (336-323 a.C.) derrotou Dario III (336-331 a.C.) da Pérsia em Issos, perto da fronteira entre a Ásia Menor e a Síria. Em seguida, Alexandre passou a ter autoridade por meio da Síria, da Palestina. Enquanto Alexandre sitiava Tiro, enviou ao sumossacerdote, em Jerusalém, um pedido de tropas e provisões auxiliares. Mosaico de Alexandre, o Grande (Fonte: https://goo.gl/uwoife <https://goo.gl/uwoife> ) Após a morte de Alexandre, na divisão de seu império entre os generais, a Palestina foi designada para Ptolomeu I (323-283 a.C.) do Egito, embora Selêuco também a quisesse. Para estabelecer seu controle sobre a Palestina, Ptolomeu teve de realizar várias campanhas. Ele tomou o controle de Jerusalém em 320 a.C., fez muitos cativos entre os judeus e os estabeleceu em Alexandria, em Cirene e em várias cidades do Egito. Mas, ao perder a batalha contra Seleuco II da Síria, Ptolomeu III (246-221 a.C.) sofreu a rejeição do sumossacerdote Onias II, que favoreceu os selêucidas, retendo o pagamento do tributo a Ptolomeu. Ptolomeu ameaçou enviar soldados para despojar os judeus de suas terras. José, da família Tobias, assumiu a cobrança dos impostos e o pagamento do tributo para Judeia. https://goo.gl/uwoife Busto de Ptolemeu I Sóter, no Museu do Louvre, em Paris (Fonte: https://goo.gl/uQHS2v <https://goo.gl/uQHS2v> ) Octadrachm de ouro emitido por Ptolomeu IV (Fonte: https://goo.gl/mmjwMr <https://goo.gl/mmjwMr> ) https://goo.gl/uQHS2v https://goo.gl/mmjwMr Ptolomeu IV (221-203 a.C.) até conseguiu manter o controle da Palestina ao derrotar Antíoco III (223-187 a.C.). Após a batalha, Ptolomeu tentou entrar no templo em Jerusalém, mas o sumossacerdote Simão II o impediu (Eclesiástico 50.21). Contudo, em 198 a.C., na batalha de Paneas, Antíoco III derrotou o exército do jovem Ptolomeu V, e a Palestina tornou-se parte do império selêucida. O povo de Jerusalém acolheu Antíoco III, que prometeu: O retorno dos refugiados da guerra judaica a suas casas. A redução dos impostos. O direito de seguir suas leis religiosas. A ajuda no reparo do templo. As contribuições regulares para os gastos do culto ao templo. Todavia, os sucessores de Antíoco não seguiram sua política benevolente em relação à Judeia. As políticas de helenização promovidas por Antíoco IV (175- 162 a.C.) terminaram por motivar a rebelião em Jerusalém e na Judeia. Período Macabaico ou Asmoneu (167-163 a.C.) As políticas de Antíoco IV motivaram a revolta judaica. O sacerdote Matatias e seus cinco filhos – João, Simão, Judas, Eleazar e Jônatas –, chamados de asmoneus, atuaram contra o poder asmoneu. Matatias recusou-se a oferecer sacrifício a um deus pagão. Por isso, matou o oficial sírio que ordenou o sacrifício e um judeu que estava disposto a participar do ato. Então, Matatias e seus filhos fugiram para as colinas e foram acompanhados por alguns dos hassidim (judeus piedosos). Após a morte de Matatias, seu filho Judas (166-160 a.C.) assumiu a liderança da revolta. Devido a sua habilidade em liderar ataques de guerrilha, ele foi chamado de Macabeu. Enquanto Antíoco estava ausente, com o principal exército sírio lutando contra os partos, Judas derrotou vários destacamentos sírios. Finalmente, Lísias – regente de Antíoco – rescindiu as ordens que prescreviam práticas religiosas judaicas. Em Jerusalém, Judas removeu os elementos pagãos do templo, reconstruiu o altar a Yahweh e rededicou o templo em dezembro de 164 a.C. Esse evento é relembrado na festa judaica do Hanukká (= “Dedicação”). Moeda de AlexandreJaneu, rei da dinastia asmoneia (Fonte: https://goo.gl/NjNPLd <https://goo.gl/NjNPLd> ) Período Romano (63 a.C.-66 d.C.) A dinastia asmoneia teve uma crise derradeira, quando Alexandra (76-67 a.C.) – a viúva de Alexandre Janeu (um dos descendentes da família) – o sucedeu como governante civil. Ela nomeou seu filho, Hircano, sumossacerdote e seu outro filho, Aristóbulo, comandante do exército. Após a morte de Alexandra, o ambicioso Aristóbulo II tomou, com a ajuda dos saduceus, o trono (67-63 a.C.). Hircano concedeu o sumossacerdócio a seu irmão Aristóbulo. Antipater, um idumeu, persuadiu Hircano a buscar ajuda do rei nabateu Aretas III. Hircano e Aretas sitiaram Aristóbulo em Jerusalém. O general romano Scaurus, um tenente de Pompeu, forçou Aretas a se retirar de Jerusalém. Aristóbulo, Hircano e uma delegação de fariseus apelaram para Pompeu, que estava em processo de fazer da Síria uma província romana. https://goo.gl/NjNPLd Alexandra e seus filhos (Fonte: Wikipedia). Pompeu chegou em Jerusalém e capturou o templo após um cerco de três meses. A independência que os macabeus obtiveram durou apenas 80 anos. Oriente após as campanhas de Pompeu (Fonte: https://goo.gl/SScf3P <https://goo.gl/SScf3P> ). Saiba mais Para saber mais sobre o assunto, acesse a tabela com a Lista dos reis de Israel e Judá <galeria/aula4/anexo/a04_doc1.pdf> . https://goo.gl/SScf3P file:///C:/Users/luis.salgueiro/Desktop/2018.2/introducao_ao_antigo_testamento__GON949/galeria/aula4/anexo/a04_doc1.pdf Atividades 1. Analise o mapa a seguir: Jornada de Abraão em suas peregrinações (Fonte: https://goo.gl/s2H7wx <https://goo.gl/s2H7wx> ) Indique, a partir do mapa: a) O lugar de onde parte Abraão. digite a resposta b) O nome das regiões/nações que ele atravessou. digite a resposta c) Onde Abraão se instalou de forma derradeira. digite a resposta https://goo.gl/s2H7wx 2. Qual é a primeira referência historicamente discernível a Israel como nação fora das Escrituras? 3. Quais foram as ações de Davi para estabelecer-se como rei no norte e no sul com uma imagem de maior isenção e credibilidade? 4. Quais são os períodos, em sequência, da história de Israel? a) Real, Êxodo, Romano, Persa e Cristão. b) Romano, Egípcio, Grego, Babilônico e Persa. c) Monárquico, Desértico, Grego, Egípcio e Romano. d) Patriarcal, Êxodo, Juízes, Sumério, Exílio, Persa, Grego e Cristão. e) Patriarcal, Êxodo, Juízes, Monarquia, Exílio, Persa, Grego e Romano. Notas Patriarcas O mesmo que “pai-governador”. Nômades Grupos tribais errantes, organizados ao longo da clássica lógica tribal de acordo com o parentesco. No clã, existe uma rígida hierarquia. 1 2 Êxodo Saída do povo de Israel do Egito. Tabernáculo Santuário de tenda portátil. Arca Caixa sagrada semelhante ao paládio carregado pelas tribos árabes nos tempos antigos e modernos. 12 tribos Rubem; Gade; Manassés; Judá; Dã; Benjamim; Efraim; Issacar; Zebulom; Asser; Naftali; Levitas. Referências FRANCISCO, E. F. Manual da Bíblia Hebraica. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2005. GOTTWALD, N. K. Introdução socioliterária à Bíblia Hebraica. 2. ed. São Paulo: Paulus, 1997. HILL, A. E.; WALTON, J. H. Panorama do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Acadêmica, 2006. SCHMIDT, W. H. Introdução ao Antigo Testamento. 5. ed. São Leopoldo: Sinodal, 2013. 3 4 5 6 Próximos Passos • Redação da Torah – Pentateuco em Questão; • Temas e formas na Torah; • Panorama de cada livro – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Explore mais A fonte primária para a história do Antigo Israel é, obviamente, a Bíblia. Mas alguns historiógrafos gregos e romanos registraram eventos envolvendo israelitas. Entre eles, destacamos o general judeu e escritor Flávio Josefo, autor de Guerra Judaica (Bellum Judaicum) e Antiguidades Judaicas (Antiquitates Judaicae) – fontes importantes para a história de Israel, especialmente em relação aos últimos dois séculos do Antigo Israel. Para saber mais sobre o assunto, acesse: Em português – a obra Contra Apião <https://pt.wikisource.org/wiki/Contra_%C3%81pio> ; Em inglês – Todas as obras de Josefo <http://www.gutenberg.org/browse/authors/j#a1050> . https://pt.wikisource.org/wiki/Contra_%C3%81pio http://www.gutenberg.org/browse/authors/j#a1050
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