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A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES COM A COLABORAÇÃO DO GESTOR ESCOLAR

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A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES COM A COLABORAÇÃO DO GESTOR ESCOLAR.
KARINA FAUSTINO DE GODOY PAIM
BARÃOEAD – RIBEIRÃO PRETO
RESUMO: A formação continuada de professores é uma necessidade e deve ser acompanhada de perto pelos gestores escolares, que devem colaborar para que esta formação seja uma constante, evidenciando a necessidade da mesma para todos os profissionais da escola. Seguindo a análise de referências bibliográficas, o presente artigo colabora com a opinião de vários autores sobre o referido tema, evidenciando a formação continuada como características de representatividade pelo gestor escolar, mas também colocando seus colaboradores como agentes construtores da aprendizagem. Ao gestor escolar cabe administrar a instituição escolar, mas nunca deixando a atividade educativa à margem. Esta é prioridade para o mesmo. 
PALAVRAS-CHAVE: formação continuada, gestor escolar, professores.
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1 – INTRODUÇÃO 
A escola é uma organização que precisa mostrar resultados – o aprendizado dos alunos. Porém nem sempre os resultados são positivos. Para evitar desperdício de esforços e fazer com que os objetivos sejam atingidos ano após ano, sabe-se que é necessária a presença de gestores que atuam como líderes e promovem ações que articulam a formação continuada dos professores, funcionários e todos envolvidos na educação (MACHADO, 1999). 
Os professores devem estar em constante aprimoramento para melhoria de suas ações docentes, e para tanto o gestor deve contribuir com promoções de cursos, capacitações e incentivos para que todos continuem estudando. Sabe-se que onde isso ocorre nasce um ambiente favorável ao trabalho educacional, valorizando os diferentes talentos e faz com que todos compreendam seu papel na organização e assumam novas responsabilidades (FÉLIX, 1985). 
As escolas não existem no vazio; nunca existiram e jamais existirão. Há duas ou três décadas, a administração escolar tendia a chamar para si a missão das escolas e da educação das crianças, mantendo-a dentro dos limites das escolas, onde os administradores, conselheiros e professores cuidavam de quase tudo (DOURADO, 2000). 
A partir da década de 80, e nitidamente neste novo milênio, a tarefa de educar passou a atrair a atenção dos pais, empresas e líderes comunitários, sem falar nos líderes políticos e de quase toda organização de interesse especial representada por essa comunidade (ARANHA, 1996).
Esse parece um fato positivo – desde que todos os grupos tenham uma visão compartilhada com funções claramente definidas, combinem seus recursos, contribuam com seus esforços para solucionar determinadas questões e não produzam barreiras que impedem a consecução desse fim. Portanto, a formação continuada deve estar presente em todos os seguimentos escolares, sejam professores, funcionários, família e gestores. 
Um trabalho pedagógico que não conduza a uma organização mais efetiva da sociedade civil, em especial das classes subalternas, já comprometeu boa parte de seu sentido educativo e eficácia. A criação e o fortalecimento da escola depende de como os gestores articulam a valorização do profissional e sua formação continuada. Aliás, a educação que se processa no enfrentamento, na luta, tem um sentido e uma eficácia geralmente bem maior do que a que se processa na escola propriamente dita (BARROSO, 2000). 
Com a formação continuada e a valorização dos profissionais todos adquirem uma compreensão mais lúcida e profunda dos processos históricos, das possibilidades e limites de sua prática, do sentido de sua atividade, enfim, o saber realmente transformador porque brotado na prática coletiva (ABU-DUHOU, 2002).
Diante da afirmação faz-se necessário a reflexão do referido tema para que saibamos como está a formação continuada dos professores com a colaboração do gestor escolar. 
1. A GESTÃO DEMOCRÁTICA ESCOLAR 
Segundo Paro (2004, p. 7), 
Entendida a educação como apropriação da cultura humana produzida historicamente e a escola como instituição que provê a educação sistematizada, sobressai a importância das medidas visando à realização eficiente dos objetivos da instituição escolar, em especial da escola pública básica, voltada ao atendimento das camadas trabalhadoras. [...] administrar uma escola pública não se reduz à aplicação de uns tantos métodos e técnicas, importados, muitas vezes, de empresas que nada tem a ver com objetivos educacionais. 
Deve-se compreender que a administração escolar tem uma especificidade muito diferente da administração capitalista, pois esta visa somente o lucro, mesmo em prejuízo da realização humana implícita no ato educativo. Então, se administrar é utilizar racionalmente os recursos para realização de fins determinados, administrar a escola exige a permanente impregnação de seus fins pedagógicos na forma de alcançá-los (PARO, 2004).
Já que a escola foi idealizada para realização de determinados fins, e esses fins são pedagógicos, cabe então aceitarmos que a escola é uma organização social complexa, que exige de seus gestores a responsabilidade por todas as atividades na escola, e essas atividades implicam diretamente no trabalho escolar. 
 É a sua liderança que dá o tom das atividades escolares, que cria o clima para a aprendizagem, o nível de profissionalismo e a atitude dos professores e dos alunos, bem como a credibilidade junto à comunidade, por ser o principal elo entre esses elementos. Sua atuação determina, em grande parte, as características de uma gestão democrática ou individualista e autoritária (CURY, 2000).
Portanto, o gestor deve ser um profissional com consciência crítica do trabalho que está desenvolvendo, realizando planejamentos através de ações participativas e coletivas, em que a avaliação dos resultados envolva todos que participam do processo ensino-aprendizagem. 
Aceitando-se que a gestão democrática deve implicar necessariamente a participação da comunidade, parece faltar ainda uma maior precisão do conceito de participação. 
A esse respeito, quando uso esse termo, estou preocupado, no limite, com a participação nas decisões. Isto não elimina, obviamente, a participação na execução; mas também não a tem como fim e sim como meio, quando necessário, para a participação propriamente dita, que é a partilha do poder, a participação na tomada de decisões. É importante ter sempre presente este aspecto para que não se tome a participação na execução como fim em si mesmo, quer como sucedâneo da participação nas decisões, quer como maneira de escamotear a ausência desta última no processo. (PARO, 2004, p. 16).
A participação de todos os envolvidos na educação gera obstáculos para firmar-se, pois quando muitos opinam as dificuldades em desenvolver um trabalho dinâmico tornam-se mais viáveis. Porém, como se refere, Paro 2004, deve-se dispor a promover a participação geral, sendo que assim estará convencido da relevância e da necessidade da participação, não deixando que desistam quando surgirem às dificuldades. 
Segundo Libâneo, 2005, a escola é o lugar de ensino e difusão do conhecimento, é instrumento para o acesso das camadas populares ao saber elaborado; e também o meio educativo de socialização do aluno no mundo social do adulto. Para o autor, além dessas qualificações, a escola deve contribuir para a democratização, e esta está no cumprimento da função que lhe é própria: a transmissão/assimilação ativa do saber elaborado. 
Assume-se, assim, a importância da difusão da escolarização para todos e do desenvolvimento do ser humano total, cujo ponto de partida está em colocar à disposição das camadas populares os conteúdos culturais mais representativos do que de melhor se acumulou, historicamente, do saber universal, requisito necessário para tomarem partido no projeto histórico-social de sua emancipação humana. (LIBÂNEO, 2005, p. 75).
Sendo a escola o lugar em que se difunde o conhecimento, o saber elaborado, cabe ao gestor escolar propiciar esse desenvolvimento, com auxílio de todos, tornando sua gestão uma gestão participativa e democrática. 
Para que essa gestãodemocrática se efetive, é necessário que o gestor seja um líder pedagógico, principalmente levando o professor a desenvolver-se profissionalmente. O professor precisa de uma teoria que explicite a direção pretendida para a tarefa educativa. Precisa desenvolver um método de pensamento e reflexão que o auxilie a avaliar cada situação concreta. Para que isso ocorra, o líder, o gestor escolar, deve estar atualizado em relação aos novos programas e metodologias existentes (LIBÂNEO, 2005, P. 79). 
2. A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA
De acordo com Libâneo, 2001, a construção e o fortalecimento da identidade profissional precisam fazer parte do currículo e das práticas de formação inicial e continuada. Nos últimos anos, os estudiosos da formação de professores vêm insistindo na importância do desenvolvimento pessoal e profissional no contexto de trabalho, mediante a educação ou formação continuada. O autor afirma que é na formação continuada que a identidade do professor se concretiza, uma vez que ela pode desenvolver-se no próprio trabalho.
A formação continuada é uma maneira diferente de ver a capacitação profissional de professores. Ela visa ao desenvolvimento pessoal e profissional mediante práticas de envolvimento dos professores na organização da escola, na organização e articulação do currículo, nas atividades de assistência pedagógico-didática junto com a coordenação pedagógica, nas reuniões pedagógicas, nos conselhos de classe etc. O professor deixa de estar apenas cumprindo a rotina e executando tarefas, sem tempo de refletir e avaliar o que faz. (LIBÂNEO, 2001, p. 79)
Na nova concepção de formação do professor como intelectual crítico, como profissional reflexivo e pesquisador e elaborador de conhecimentos, como participante qualificado na organização e gestão da escola - o professor prepara-se teoricamente nos assuntos pedagógicos e nos conteúdos para poder realizar a reflexão sobre sua prática; atua como intelectual crítico na contextualização sociocultural de suas aulas e na transformação social mais ampla; torna-se investigador analisando suas práticas docentes, revendo as rotinas, inventando novas soluções; desenvolve habilidades de participação grupal e de tomada de decisões seja na elaboração do projeto pedagógico e da proposta curricular seja nas várias atividades da escola como execução de ações, análise de problemas, discussão de pontos de vista, avaliação de situações etc. Esse é o sentido mais ampliado que assume a formação continuada. (LIBÂNEO, 2001, p. 84). 
A Educação Continuada se faz necessária pela própria natureza do saber e do fazer humanos como práticas que se transformam constantemente. A realidade muda e o saber que construímos sobre ela precisa ser revisto e ampliado sempre. Dessa forma, um programa de educação continuada se faz necessário para atualizarmos nossos conhecimentos, principalmente para analisarmos as mudanças que ocorrem em nossa prática, bem como para atribuirmos direções esperadas a essas mudanças. (Christov, 1998, p. 9)
Porém isso não quer dizer que o professor não necessita da teoria, do conhecimento científico. Significa que o professor analisa sua prática ao fulgor da teoria, revê sua prática, experimenta novas formas de trabalho, cria novas estratégias, inventa novos procedimentos. 
O alargamento da consciência se dá pela refiexão que o professor realiza na ação. Em suas atividades cotidianas, o professor toma decisões diante das situações concretas com as quais depara, com base nas quais constrói saberes na ação. [...] Mas a sua reflexão na ação precisa ultrapassar a situação imediata. Para isso, é necessário mobilizar a refiexão sobre a refiexão na ação. Ou seja, uma reflexão que se eleve da situação imediata, possibilitando uma elaboração teórica de seus saberes. (Pimenta, 1998, p. 158)
A função do docente e os processos de sua formação e desenvolvimento profissional devem ser considerados em relação aos diferentes modos de conceber a prática educativa. Levando em consideração as diferentes propostas e enfoques alternativos que se desenvolveram na teoria ou na prática, cabe ao gestor escolar colaborar com a formação continuada dos professores, colocando a disposição dos professores cursos de aperfeiçoamento, bem como semanas pedagógicas, leitura de textos educativos (SEED-PR, 2009). 
Haja vista que o gestor escolar deve também levar em consideração analisar as peculiaridades que definem o docente como profissional interessado e capacitado para provocar a reconstrução do conhecimento experiencial que os alunos adquirem em sua vida prévia e paralela à escola, mediante a utilização do conhecimento público como ferramenta conceitual de análise e contraste. (SACRISTÁN, 1998, p.354).
 A escola e a educação são elementos cruciais no processo de realização de uma sociedade mais justa. Para isso, a escola deve se propor como objetivo prioritário a formação continuada de professores, para melhor atender aos estudantes, fazendo com que possam pensar criticamente sobre a ordem social (SEED-PR, 2009). 
A gestão escolar contribui para a formação continuada fazendo com que o professor torne-se ao mesmo tempo um educador e um formador de opiniões, no sentido de intervir abertamente na análise e no debate de assuntos públicos, bem como por pretensão de provocar nos alunos o interesse e compromisso crítico com os problemas coletivos (LÜCK, 2000, p. 158).
Como afirma Zeichner (1990, p. 32): 
Preparar professores que tenham perspectivas críticas sobre as relações entre a escola e as desigualdades sociais e um compromisso moral para contribuir para a correção de tais desigualdades mediante as atividades cotidianas na aula e na escola. 
Falando em formação continuada, compete ao gestor escolar verificar o compromisso do professor e qual sua identidade profissional. O enfoque da formação continuada é o trabalho pedagógico, que é compreendido como ato educativo intencional, pois desenvolve as competências e habilidades, considerando o desenvolvimento da criatividade (LIBÂNEO, 2001, p. 59). Como afirma Nóvoa (1991, p.23):
 A formação não se constrói por acumulação (de cursos, conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexividade críticas sobre as práticas e de (re) construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir a pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência. Sem aspas (eu retirei), pois em uma citação direta não precisa colocar.
Sabe-se também que além do gestor escolar estar comprometido com a formação continuada, cabe ao professor familiarizar-se desta formação. Para tanto, o professor deve sempre buscar uma formação contínua, para que a evolução aconteça em sua escola (LIBÂNEO, 2001, p. 65). 
Segundo o estudioso Philippe Perrenoud (2001, 74), a formação profissional contínua se organiza em determinadas áreas prioritárias. Dentre elas estão às competências básicas que cabem ao educador. Refere - se como áreas de competências, devido cada uma delas abordar várias competências. O autor (p. 74) cita dez grandes áreas de competências, sendo elas: competências de referências; gerir a progressão das aprendizagens; conceber e fazer evoluir dispositivos de diferenciação; implicar os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho; trabalhar em equipe; participar da gestão da escola; informar e implicar os pais; utilizar tecnologias novas; enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão; gerir sua própria formação contínua. 
Sugere-se que cada educador tenha consciência do nível de competências em que se encontra, realizando uma auto-avaliação, o que irá resultar em uma grande evolução na sua função como educador. 
A gestão escolar deve ser aliada ao processo de formação continuada de professores e demais atores que participam da educação, visto que as relações pedagógicas estabelecidas, nos processos de formação escolar, possuem profunda responsabilidade sobre a trajetória de vida dos alunos. Holly (apud NÓVOA,1992, p. 82) diz que: 
Há muitos factores que influenciam o modo de pensar,de sentir e de actuar dos professores, ao longo do processo de ensino: o que são como pessoas, os seus diferentes contextos biológicos e experienciais, isto é, as suas histórias de vida e os contextos sociais em que crescem, aprendem e ensinam.
Partindo desse princípio, o gestor escolar deve viabilizar formas de formação continuada, através de semanas pedagógicas, cursos de atualização, reflexões, envolvendo todos os participantes da formação do aluno. 
Uma ação de formação pode ser instituidora de modelos onde princípios, valores - científicos, éticos e morais - colaboram para a (re) construção de significados em relação à profissão e atuação docente. Os elementos que compõem esta ação de formação fazem parte de duas dimensões que deveriam ser combinadas: "a formação acadêmica (científica, literária, artística, etc.) com a formação pedagógica" (GARCÍA, 1999, p.22-23).
O quesito mínimo para que ocorra uma ação de formação está na pré-disposição tanto do formando quanto do formador para a efetivação da formação, ou seja, do cumprimento das diferentes tarefas propostas bem como o enfrentamento dos desafios que surgem ao longo do percurso.
2.1 – O PROFESSOR E A DIREÇÃO DA ESCOLA
A educação é claramente um trabalho de equipe, de que participam não só professores, mas também o diretor e demais funcionários da escola. É um trabalho conjunto, que se torna tanto mais produtivo quanto mais a equipe for capaz de trabalhar entrosadamente (ACÚRCIO, 2003, p. 24).
O entrosamento do trabalho (coordenação) é basicamente uma questão administrativa, mas não é necessariamente um problema apenas do administrador, todos podem e devem participar do esforço de coordenação. Nenhum professor pode pretender realizar bem sua tarefa ignorando o que fazem os outros professores. (MENEZES, 1998, p. 269)
O ensino de uma disciplina não tem sentido isoladamente, mas sim na medida em que contribui, em harmonia com as demais disciplinas, para a formação que o aluno recebe. Portanto, participar da coordenação do trabalho é uma responsabilidade irrecusável de todo professor (SEED – PR, 2009).
Ainda hoje, a crítica à política de esvaziamento dos conteúdos disciplinares sofre constrangimentos em consequência dos embates ocorridos entre as diferentes tendências pedagógicas no século XX (SEED – PR, 2008).
Tais embates trouxeram para “[...] o discurso pedagógico moderno um certo complexo de culpa ao tratar o tema dos conteúdos” (SACRISTÁN, 2000, p. 120). A discussão sobre conteúdos curriculares passou a ser vista, por alguns, como uma defesa da escola como agência reprodutora da cultura dominante. Contudo,
Sem conteúdo não há ensino, qualquer projeto educativo acaba se concretizando na aspiração de conseguir alguns efeitos nos sujeitos que se educam. Referindo-se estas afirmações ao tratamento científico do ensino, pode-se dizer que sem formalizar os problemas relativos aos conteúdos não existe discurso rigoroso nem científico sobre o ensino, porque estaríamos falando de uma atividade vazia ou com significado à margem do para que serve. (SACRISTÁN, 2000, p. 120)
É preciso, também, ultrapassar a idéia e a prática da divisão do objeto didático pelas quais os conteúdos disciplinares são decididos e selecionados fora da escola, por outros agentes sociais. Quanto aos envolvidos no ambiente escolar, sobretudo aos professores, caberia apenas refletir e decidir sobre as técnicas de ensino.
[...] A reflexão sobre a justificativa dos conteúdos é para os professores um motivo exemplar para entender o papel que a escolaridade em geral cumpre num determinado momento e, mais especificamente, a função do nível ou especialidade escolar na qual trabalham. O que se ensina, sugere-se ou se obriga a aprender expressa valores e funções que a escola difunde num contexto social e histórico concreto. (SACRISTÁN, 2000, p. 150).
Nessa práxis, os professores participam ativamente da constante construção curricular e se fundamentam para organizar o trabalho pedagógico a partir dos conteúdos de sua disciplina.
3 – A EQUIPE PEDAGÓGICA CONTRIBUINDO NO PROCESSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA: CARACTERÍSTICAS DE UMA GESTÃO PARTICIPATIVA
Considerando o caráter de instituição, a escola possui uma organização que diferencia um conjunto de funções hierarquizadas, desempenhadas por diferentes pessoas que, através de objetivos específicos concorrem para a realização do objetivo central que é a razão de ser da instituição. O diretor apresenta-se como o responsável máximo no âmbito da unidade escolar e seu papel é o de garantir o bom funcionamento da escola (SAVIANI, 1991, p. 189). 
Ora, só se compreende o significado da expressão “bom funcionamento” de uma instituição quando se compreende a natureza dessa instituição. Assim, por exemplo, é próprio de uma empresa automobilística produzir automóveis; neste caso, a direção da empresa estará cumprindo o seu papel de garantir o “bom funcionamento” da empresa, quando garante as condições que viabilizem em toda a sua plenitude o cumprimento do objetivo central que é a razão de ser da empresa: produzir automóveis. (SAVIANI, 1991, p. 190).
Considerando a analogia que o autor faz, percebe-se que a escola é uma instituição de natureza educativa. Ao diretor cabe o papel de garantir o cumprimento da função educativa que é a razão de ser da escola. 
Então, qual a contribuição da equipe pedagógica no desenvolvimento das ações de formação continuada, auxiliando na gestão democrática? 
Segundo Rangel, 1979, a Supervisão é como um trabalho de assistência ao professor; em forma de planejamento, acompanhamento, coordenação, controle, avaliação e atualização do desenvolvimento do processo ensino – aprendizagem, tendo como atribuições planejamento, acompanhamento, avaliação e controle; assistência técnica – pedagógica; comunicação. Sobre os princípios do Supervisor, Rangel (1979), diz que ninguém consegue nada sem se posicionar diante de valores, ser antes de agir, porque o ser é o que norteia e molda o agir. Porém esses princípios são embasados em origens, como a filosofia, sendo ela uma filosofia da educação, a filosofia da educação brasileira e a filosofia da escola, primordial para o desenvolvimento do trabalho do supervisor. Ele deve também nortear-se na maneira de sentir o mundo, com valores de uma ação democrática, e seus princípios pedagógicos devem sempre ter a educação centrada no aluno. 
Objetiva a melhoria do processo de ensino – aprendizagem, orientando, assistindo e acompanhando o professor em elaboração de objetivos, currículos e programas, plano de ensino, estratégias, avaliação, recuperação e atualização. Ele também tem como objetivo o engajamento real dos professores em tudo aquilo em que se propõe (RANGEL, 1979). 
A ação do Orientador Educacional passa do discursso progressista à prática conservadora, passando por duas funções básicas em seu trabalho: assessoria e monitoria. Passa então a ser uma ação fragmentada. Repensar a Orientação Educacional é questionar também o papel dos demais especialistas, pois desde sua criação serviu ao Sistema. É necessário que o orientador educacional participe da construção coletiva de uma qualidade nova, pois é ele que define o seu papel político pedagógico na escola, a partir da compreensão crítica da relação da escola com a sociedade. Os alunos só vão acreditar que são capazes se se acreditar neles. E para isso o Orientador Educacional deve vivenciar a realidade do aluno, partindo do seu conhecimento e confrontá-lo com o conhecimento que o professor tem para construção de novos conhecimentos. O Orientador Educacional é o profissional ponte escola-família-comunidade. (MAIA. GARCIA, 1984).
 Portanto, há grande contribuição do corpo técnico na disseminação da gestão escolar participativa, democrática. Todo administrador precisa ter o conhecimento da atividade técnica realizada pelo grupo sob seu comando, sem que isso signifique que ele tenha que desempenhá-las pessoalmente. Na escola, em que a atividade técnica (ensino) implica necessariamente em algo mais abrangente, que é a educação,a situação é outra. O diretor de uma escola é antes de tudo, um educador, pois ele também participa das atividades-fim de seu estabelecimento de ensino (DIAS, 1998, p. 259).
A administração não é um processo desligado da atividade educacional, mas, ao contrário, está envolvido nela, de tal forma que o diretor precisa estar sempre atento às consequências educativas de suas decisões e atos. Quando desempenha sua função, ou decide alguma coisa, o diretor é antes de tudo um educador, preocupado com o bem-estar dos alunos, e não apenas um administrador em busca de eficiência (DIAS, 1998, p. 260). 
Considera-se, portanto, que a equipe pedagógica e a gestão escolar caminham juntas, um necessita do outro para melhorar seu trabalho educativo. É papel da coordenação pedagógica tecer comentários e sugerir aos professores como melhorar a prática docente. Já o diretor, como articulador do trabalho pedagógico, precisa dar todo o suporte necessário aos professores e à coordenação pedagógica.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O gestor escolar precisa ser capaz de tolerar ambigüidades, ou seja, professores com vontade de melhorar a prática docente ou professores que não tem tempo para a formação continuada, ser capaz de trabalhar sob sua própria responsabilidade; deve inspirar confiança; deve ser pessoalmente comprometido, auto-disciplinado, sensível a si mesmo e aos outros, maduro e consciente, além de ser capaz de guardar informações confidenciais. 
Todos esses elementos interagem para configurar as práticas de formação do gestor escolar. Diante do relato bibliográfico, pode-se observar que o gestor escolar é líder por natureza, mas esta liderança exige um tratamento mais refinado que o que pode ser observado em outros ambientes de trabalho, ele é eleito por votos diretos, desenvolveu a profissão como professor, sabe da dificuldade da sala de aula, e deve estimular a formação continuada dos professores. 
A gestão escolar deve ser mais participativa, personalizada, democrática, integrada e humanizada; administrando articulação de professores para formação continuada, e a profissionalização do diretor requer muito mais do que orientações acadêmicas; requer uma política de formação mútua, sob os diversos aspectos de aprendizagem contínua para a aplicabilidade dos conhecimentos à prática do exercício profissional. 
A referida pesquisa envolveu um levantamento de informações necessárias à exploração do tema. Concentrou-se em obras bibliográficas a partir de referenciais onde foram abordados os conceitos que envolvem a formação continuada dos professores com o auxílio da gestão escolar, através de meio eletrônico, verificando artigos científicos em sítios da área que exploram o assunto; periódicos, verificando em revistas da área os assuntos que dizem respeito ao conteúdo explorado. 
A gestão participativa proporciona mudanças significativas no âmbito escolar, uma vez que permite confrontos de idéias, argumentos baseados em diferentes pontos de vista, exposição de novas percepções e alternativas, interferindo pedagogicamente no funcionamento da escola e na melhoria do processo de ensino-aprendizagem. Porém, é necessário confiança na gestão escolar e na capacidade de resolver os problemas. 
Enquanto gestores escolares e educadores somos agentes transformadores da realidade e entendemos que a gestão escolar deve ser participativa, centrada no trabalho coletivo e na dinâmica das relações entre a comunidade escolar e local.
Para que o assunto em questão fosse abordado de forma fidedigna, foram realizados pesquisas e levantamento de dados em sites oficiais, como também postagens no portfólio periodicamente com o tutor eletrônico orientador onde foram feitas as apresentações do desenvolvimento do trabalho para o direcionamento e correção do mesmo.
Houve prioridade em buscar um olhar crítico de construção, no desenvolvimento das ideias, tomando cautela para que o trabalho não vire meramente uma cópia de textos. Portanto, a referida pesquisa abordou uma técnica de aprofundamento teórico em busca de soluções para problemas da formação continuada com a colaboração do gestor escolar. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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� Especialização em PED/Gestão Escolar: Orientação e Supervisão pelo Centro de Ensino a Distância – BARÃOEAD. Ribeirão Preto - SP, Brasil. E-mail do autor: � HYPERLINK "mailto:Karina_godoy_@hotmail.com" �Karina_godoy_@hotmail.com� Orientador: Rosimary Conceição dos Santos.

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