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Logistica - UFSC_2020

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÁO CARLOS-UFSCar 
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA-CCET 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL-DECiv 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LOGÍSTICA 
 
 
ARCHIMEDES AZEVEDO RAIA JUNIOR 
 
Notas de Aula 
 
SÃO CARLOS 
2007 
 
http://www2.ufscar.br/home/index.php
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
Conteúdo 
1 LOGÍSTICA: UMA FUNÇÃO ESSENCIAL .......................................................... 3 
1.1 ORIGENS ...................................................................................................... 3 
1.2 DEFINIÇÕES................................................................................................. 3 
1.3 RELAÇÃO LOGÍSTICA E COMPETITIVIDADE ............................................ 6 
1.4 APLICAÇÕES LOGÍSTICAS ......................................................................... 8 
1.5 ESTRATÉGIA LOGÍSTICA ............................................................................ 9 
2 RELAÇÕES ENTRE LOGÍSTICA E COMÉRCIO .............................................. 11 
2.1 FORMAS DE COMÉRCIO........................................................................... 11 
2.2 O PAPEL DA LOGÍSTICA ........................................................................... 15 
2.3 DEFINIÇÕES E CONCEITOS ..................................................................... 16 
3 GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS ..................................... 24 
3.1 A CADEIA DE SUPRIMENTOS E SUA GESTÃO ....................................... 28 
4 ARMAZENAGEM DE PRODUTOS EM DEPÓSITOS E ARMAZENS ............... 33 
4.1 FUNÇÕES DE DEPÓSITOS E ARMAZÉNS ............................................... 33 
4.1.1 Operação de Recebimento ................................................................... 35 
4.1.2 Operação de Carregamento e Descarregamento ................................. 35 
4.1.3 Movimentação ....................................................................................... 37 
4.1.4 Armazenagem ....................................................................................... 39 
4.1.5 Preparo de pedidos ............................................................................... 40 
4.1.6 Circulação externa e estacionamento ................................................... 41 
5 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO ............................................................................. 42 
5.1 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO ....................................................................... 43 
5.1.1 Características dos canais de distribuição ............................................ 44 
5.2 DEFINIÇÃO DOS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO .......................................... 45 
5.2.1 Etapa 1 – Definir os segmentos homogêneos de clientes .................... 45 
5.2.2 Etapa 2 – Identificar e priorizar funções ................................................ 45 
5.2.3 Etapa 3 – Realizar benchmarking preliminar ........................................ 46 
5.2.4 Etapa 4 - Revisar o projeto ................................................................... 47 
5.2.5 Etapa 5 – Analisar custos e benefícios ................................................. 47 
5.2.6 Etapa 6 – Integrar com atividades da organização ............................... 47 
6 DISTRIBUIÇÃO FÍSICA .................................................................................... 52 
6.1 COMPONENTES DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO FÍSICA ..................... 52 
6.2 TIPOS BÁSICOS DE DISTRIBUIÇÃO ........................................................ 53 
6.2.1 Sistema de distribuição UM PARA UM ..................................................... 53 
6.2.2 Sistema de distribuição UM PARA MUITOS .............................................. 56 
7 O TRANSPORTE NA DISTRIBUIÇÃO FÍSICA ................................................. 60 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
7.1 ROTEIRIZAÇÃO .......................................................................................... 60 
7.2 PROBLEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO ............................................................ 61 
7.2.1 Problemas de roteirização pura de veículos ......................................... 61 
7.2.2 Problemas de programação de veículos e tripulações ......................... 63 
7.2.3 Problemas combinados de roteirização e programação ....................... 64 
7.2.4 Tendências tecnológicas da roteirização .............................................. 65 
7.2.5 Roteirização no SIG TransCAD ............................................................ 66 
7.2.6 Encontrando um menor caminho .......................................................... 67 
7.3 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DE SIG EM LOGÍSTICA .............................. 67 
7.3.1 Menor caminho ou Caminho mais Rápido ............................................ 67 
7.3.2 Problema do Caixeiro Viajante .............................................................. 68 
7.3.3 Particionamento de rede ....................................................................... 70 
7.3.4 Resolvendo um problema de roteamento de veículo com Janela de 
Tempo .............................................................................................................. 71 
7.3.5 Resolvendo um problema de roteamento de arco ................................ 71 
7.3.6 Resolvendo um problema de localização duplamente ponderado ........ 72 
7.3.7 Resolvendo um problema de particionamento regional ........................ 73 
7.3.8 Resolvendo um problema de localização da facilidade ........................ 73 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 75 
 
 
 
 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
 
1 LOGÍSTICA: UMA FUNÇÃO ESSENCIAL 
Ouve-se, hoje em dia, muitas informações, conceitos, termos, denominações a 
respeito da logística. Atribui-se à logística a responsabilidade pelo sucesso ou 
fracasso das diversas empresas. Percebe-se, no entanto, que no mercado, pouco se 
sabe sobre as atividades logísticas e como as mesmas devem ser definidas nas 
empresas. Mas de onde vem o termo logística? 
1.1 ORIGENS 
Considerando o aspecto etimológico, a palavra logística é derivada do radical grego 
logos, que tem o significado de razão. Pode-se depreender disso que a logística 
significa "a arte de calcular" ou "a manipulação dos detalhes de uma operação". 
Inicialmente, a logística foi desenvolvida na área militar para designar atividades de 
suprimentos, estocagem, movimentação e transporte de bens tais como: remédios, 
equipamentos, armamentos, uniformes e tropas. A logística se desenvolveu muito 
após a Segunda Guerra Mundial, encontrando novas aplicações, expandindo seu 
escopo para a indústria, comércio e serviços em geral. 
A decisão de expansão das tropas segundo uma determinada estratégia militar, os 
comandantes militares necessitavam ter sob seu comando, um grupo de 
disponibilizasse o deslocamento, no momento certo, de armamentos e munições, 
alimentos, equipamentos e material de atendimento médico no campo de guerra. 
Como este era um serviço de apoio, sem o status da estratégia belicista e de 
resultados vitoriosos da batalhas, as equipes militares que eram responsáveis pelos 
aspectos logísticos ficavam sempre em um plano inferior, no momento do 
reconhecimento. Este fato se repetiu, posteriormente, nas empresas por um espaço 
de tempo considerável. Porém, a logística muito se desenvolveu nas últimas 
décadas, encontrando novas aplicações, expandindo seu escopo para a indústria, 
comércio e serviços, em geral. 
1.2 DEFINIÇÕES 
O termo logística tem feito muito sucesso, no momento, e virou moda. É preciso que 
se evite que situações de modismo acabem por influenciar o uso equivocadoda 
palavra, seu significado e, o que é mais grave, de suas técnicas e atividades. Qual a 
sua importância? Qual o seu significado? Qual é a definição de logística? 
Um aspecto básico do processo produtivo é a distância espacial existente entre: i) o 
sítio da indústria e os mercados consumidores; e ii) fábricas e os locais de origem de 
matérias-primas e componentes necessários para o fabrico de produtos. Estes, 
quando saem das fábricas já possuem valores intrínsecos agregados a eles. Para 
que os clientes finais possam realmente fazer uso destes produtos, é necessário que 
eles sejam colocados nos pontos desejados pelos clientes. Para que um conjunto de 
sala de visita tenha pleno valor para o cliente é preciso que ele esteja colocado na 
sua residência. Assim, um sistema logístico pode agregar valor de lugar ao 
conjunto de sala de visita. Este valor de lugar depende do transporte do produto 
desde a planta industrial ao depósito, deste à loja e, da loja à residência do cliente. 
Foi por este motivo, segundo Novaes (2001), que as atividades logísticas foram por 
muito tempo confundidas com as atividades de transportes e armazenagem. O 
conceito elementar de transporte, no entanto, é simplesmente deslocar materiais e 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
mercadorias de um ponto a outro no espaço. Com a evolução do sistema produtivo e 
do setor comercial, o elemento transporte, mesmo sendo de grande importância, 
passou a não satisfazer de maneira isolada às necessidades das organizações e 
clientes finais. 
Um outro elemento muito importante que passou a fazer parte da cadeia produtiva é 
o valor de tempo. Isto se torna significativo porque o valor monetário dos produtos 
vem se elevando gradativamente, produzindo custo financeiro igualmente alto, 
obrigando ao cumprimento de prazos estabelecidos de forma muito mais severa. 
Na hipótese que o produto seja disponibilizado adequadamente desde a origem até 
o destino, no prazo estabelecido, ainda assim as funções logísticas não estariam 
exercidas de forma plena. Faltaria ainda um outro aspecto, muito importante, que é o 
valor qualidade. 
Nos últimos anos, algumas empresas logísticas classe mundial vêm incorporando 
um fator adicional, ou seja, o valor informação. As informações permitem ao cliente 
rastrear a localização de uma determinada mercadoria, se já foi despachada, se está 
em trânsito, em que depósito ela se encontra, etc. Várias empresas, em nível 
nacional, têm incorporado o valor informação ao seu sistema logístico. Pode-se citar 
a Livraria Cultura, de São Paulo, que desde quando recebe o pedido de um livro via 
Internet, o cliente pode acompanhar se ele já foi faturado, se já foi despachado, etc. 
Outro exemplo é o serviço Sedex dos Correios. Os clientes podem acompanhar a 
posição espacial de sua encomenda desde a sua saída da agência de postagem até 
o destino. 
Pode-se, portanto, constatar que a tradicional logística empresarial passou por 
grande evolução, passando a incorporar estes novos valores (tempo, qualidade, 
informação) à cadeia produtiva. Paralelamente, a moderna logística procura eliminar, 
do processo produtivo, tudo que não agregue valor aos clientes. Surgem, então, os 
conceitos de ECR-Efficient Customer Response e QR-Quick Response, com o intuito 
de eliminar “gordurinhas” do processo logístico, com benefícios diretos aos clientes. 
Logística é definida como sendo a união de quatro atividades básicas, consideradas 
básicas: aquisição, movimentação, armazenagem e entrega de produtos. Para que 
essas atividades produzam o efeito desejado, é fundamental que as atividades de 
planejamento logístico, sejam elas de materiais ou de processos, estejam 
intimamente relacionadas com as funções de manufatura e marketing. 
O conceito de logística, em sua origem, estava associado a aspectos militares. O 
termo logística origina-se da língua francesa, significando como a parte da arte 
bélica que trata do planejamento e da realização de projeto e desenvolvimento, 
obtenção, armazenamento, transporte, distribuição, reparação, manutenção e 
evacuação de material, tanto para fins administrativos ou operacionais. 
Segundo o Council of Logistics Management, norte-americano, “logística é o 
processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a 
armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações associados, 
cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de 
atender aos requisitos do consumidor”. A figura 1.1 apresenta o quadro contendo os 
principais elementos da logística. 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
 
Figura 1.1 – Principais elementos da logística 
Muitos são os tipos de organização do setor público ou privado que fazem uso dos 
serviços logísticos. Pode-se citar como exemplos: empresas manufatureiras, de 
transporte de cargas, alimentícias, serviços postais, distribuição de petróleo e 
combustíveis, distribuição de bebidas transporte público, etc. 
Logística é a chave de muitos negócios por diversos motivos e dentre eles pode-se 
citar os elevados custos de operação das cadeias de abastecimento. Verifica-se que 
a tendência das organizações é o processo de horizontalidade. Neste processo, 
muitos produtos até então produzidos por determinada empresa do fim da cadeia de 
fornecimento passam a ser produzidos por outras empresas, ampliando o número de 
fontes de suprimento e dificultando a administração desse exército de fornecedores. 
Diante deste panorama, uma questão pode ser colocada: se os custos são tão altos, 
por que então horizontalizar e criar demandas para as atividades logísticas? A 
resposta para esta pergunta pode ser sintetizada em duas palavras, ou seja, a 
globalização do mercado. 
À medida que as organizações investem em novos parceiros comerciais, ampliam-se 
os gastos com o planejamento de toda a cadeia logística. Ao se analisar essa 
situação de forma holística, constata-se que há, na verdade, uma redução de custos. 
Mais significativa do que tal redução, a atividade logística passa a agregar valor aos 
produtos, melhorando os níveis de satisfação dos usuários. Um alerta precisa ser 
feito: se a mudança na atividade logística não for acompanhada pelas diversas 
organizações, poderá ocorrer falência daquelas que não se enquadrarem neste novo 
paradigma. 
Mas, ainda pode ficar uma questão a ser esclarecida: como se dá essa propalada 
diminuição nos custos? Essa redução, quando devidamente acompanhada de 
estudos logísticos, é explicada pela especialização das empresas fornecedoras, uma 
vez que elas acabam por investir em tecnologia de ponta para os desenvolvimentos 
dos materiais, até então produzidos pela empresa que está no fim da cadeia, e que 
agora passarão a ser produzidos pela mais nova empresa horizontalizada. A partir 
desse momento, a tendência é que exista uma redução de custos, proporcionada 
pelo ganho de escala na produção e pelo desenvolvimento tecnológico, focado 
agora em uma determinada linha de produto. 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
Pode-se perceber que essas atividades logísticas estão inseridas nos mais 
diferentes setores das organizações e suas corretas aplicações se fazem 
necessárias para que as atividades sejam desenvolvidas de forma adequada. 
1.3 RELAÇÃO LOGÍSTICA E COMPETITIVIDADE 
A competição entre as organizações é uma realidade que não se pode mais ser 
ignorada. Muitas organizações buscam um diferencial em relação aos seus 
concorrentes para conquistar e manter os clientes. O sucesso desta empreitada, no 
entanto, está se tornando cada vez mais difícil. 
A ampliação do cenário de competição, retratado pelas possibilidades de consumo e 
produção globalizadas, a necessidade de lançamentos mais freqüentes de novos 
produtos, os quais, em geral,terão ciclos de vida curtos, e a mudança no perfil dos 
clientes, cada vez mais bem informados e exigentes, forçam as organizações a 
serem criativas, ágeis e flexíveis. Além disso, elas precisam também aumentar a sua 
qualidade e confiabilidade. Sem dúvida, essas são tarefas que estão desafiando os 
executivos em todo o mundo e exigindo maiores esforços. 
Existem diversas teorias sobre a obtenção de vantagens competitivas. Para estas 
teorias, essas vantagens deveriam ser as mais duradouras possíveis e devem 
tornar-se bem perceptíveis aos olhos dos clientes, colocando a organização num 
patamar de supremacia diante de seus concorrentes. 
Existe, no entanto, algo em comum entre todas essas abordagens. Alguns aspectos 
são comuns a todas elas: produzir a um custo menor, agregar mais valor, e poder 
atender de maneira mais efetiva às necessidades de um determinado nicho de 
mercado. Numa situação ideal, o objetivo seria atingir esses alvos simultaneamente, 
o que pode soar conflitante. 
Recentes pesquisas mostram que os produtos, de modo geral, estão se tornando 
cada vez mais parecidos na percepção dos clientes. A atualização tecnológica, a 
aplicação de processos produtivos mais competentes e enxutos e o acesso a fontes 
de suprimento capazes de garantir matérias-primas de qualidade são realidades que 
estão permitindo o nivelamento dos fabricantes de um mesmo produto. Além disso, 
percebe-se que as marcas estão perdendo o seu poder de sedução e, 
conseqüentemente, os fabricantes estão caindo em uma vala comum, 
transformando os produtos em commodities1. 
Esses fatos têm evidenciado que a diferenciação pode ser obtida pela prestação de 
um maior e mais completo pacote de serviços. Isto representa um desafio, pois a 
oferta dessas commodities deve vir acompanhada da manutenção ou, até mesmo, 
da redução dos preços praticados. E, ao se criarem maiores expectativas para os 
clientes, também a qualidade das operações passa a ser um atributo-chave. Se as 
organizações não forem capazes suficientemente de cumprir as suas promessas, os 
clientes poderão ficar profundamente frustrados. 
Numa situação como essas, surge a implementação da logística para a obtenção de 
vantagem competitiva. As metas da logística são as de disponibilizar o produto certo, 
na quantidade certa, no local certo, no momento certo, nas condições adequadas 
para o cliente certo ao preço justo. Assim, fica evidente a intenção de se atingir, 
simultaneamente, a eficiência e a eficácia nesse processo. 
 
1
 O termo é muitas vezes utilizado para descrever coisas que podem ser graduadas, tais como o café, algodão, açúcar, etc. e 
que são compradas e vendidas numa Bolsa de Mercadorias, inclusive para entrega futura. 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
A almejada redução de custos ocorrerá pela suavização e correta execução do fluxo 
de materiais, que passará a ser feito de forma sincronizada com o fluxo de 
informações, possibilitando uma redução dos inventários, uma maior utilização dos 
ativos envolvidos, e eliminação dos desperdícios, além de otimização dos sistemas 
de transporte e armazenagem. Haverá, portanto, o emprego racional e a otimização 
de todos os fatores usados. Isto significa dizer que serão trocadas incertezas por 
informações que permitirão, através de um processo bem coordenado, minimizar os 
recursos necessários para a realização das atividades, sem perda de qualidade no 
atendimento ao cliente final. 
A agregação de valor poderá surgir da oferta de entregas mais confiáveis e 
freqüentes, em menores quantidades, da oferta de maior variedade de produtos, 
melhores serviços de pós-venda, maiores facilidades de se fazer negócio e sua 
singularização na organização. Todas essas facilidades poderão ser transformadas 
em um diferencial aos olhos do cliente, que pode estar disposto a pagar um valor 
mais alto por melhores serviços, que representem benefícios. Pode-se citar como 
exemplo, entregas mais rápidas, em menores quantidades, e confiáveis permitem 
que o cliente trabalhe com estoques menores, possibilitando diminuir os seus 
investimentos. 
A atividade logística está diretamente voltada para a resolução de uma questão 
crucial: como agregar mais valor e, ao mesmo tempo, reduzir os custos, garantindo o 
aumento da lucratividade? 
Ao adotar o conceito de Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento, a organização 
amplia sua visão e pode se tornar muito mais ágil e mais flexível do que seus 
concorrentes, o que seria extremamente desejável. O projeto e o desenvolvimento 
conjunto de produtos permitem que uma cadeia lance novos produtos, com mais 
rapidez, podendo ser dotados de melhor funcionalidade e ser produzidos a custos 
totais mais baixos. Como existe parceria, o planejamento estratégico será 
compartilhado e os riscos serão divididos. Conceitos mais modernos como 
Outsourcing e o Global Sourcing passam a ser utilizados, e dá-se uma mudança no 
foco do relacionamento, que passa a ser um esforço cooperativo na procura pelo 
aumento da lucratividade. Neste ambiente, novos arranjos produtivos podem ser 
desenvolvidos, empregando o conceito de co-localização. É o que se pode observar, 
por exemplo, nos condomínios industriais, ou no consórcio modular empregado na 
fábrica de caminhões da Volkswagen, em Resende (RJ), onde se percebe que as 
montadoras de automóveis, na recente instalação de suas modernas plantas 
produtivas no Brasil, lançaram mão de tais arranjos. 
Para que um sistema logístico seja corretamente implantado e atinja os objetivos 
planejados, alguns pontos precisam ser observados (Ferraes Neto & Kuehne Jr, 
2002): 
a) o sistema deve ser planejado para atender as necessidades dos clientes; 
b) o pessoal envolvido deve ser treinado e estar capacitado; 
c) devem ser definidos os níveis de serviços a serem oferecidos; 
d) a segmentação dos serviços deve dar-se de acordo com os requisitos de 
serviço dos clientes e com a lucratividade de cada segmento; 
e) faz-se necessária a utilização de tecnologia de informação para integrar as 
operações; 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
f) há que haver consistentes previsões de demanda e a percepção do seu 
comportamento; 
g) necessita-se da adoção de indicadores de desempenho que permitam 
garantir que os objetivos sejam alcançados. 
A logística poderá, portanto, ser o caminho para a diferenciação de uma empresa 
aos olhos de seus clientes, para a redução dos custos e para agregação de valor, o 
que irá ser refletido num aumento da lucratividade. Uma empresa mais lucrativa e 
com menores custos estará, sem dúvida, em uma posição de superioridade em 
relação aos seus concorrentes. Porém, a logística por si só não alcançará esses 
resultados, sendo necessário que esteja inserida no processo de planejamento de 
negócio da organização e alinhada com os demais esforços para atingir sucesso no 
seu segmento de atuação. 
Não está se propondo que a logística seja a “tábua de salvação” de um negócio mal 
organizado e mal gerenciado, mas sim, que ela seja vista como uma opção real que 
já foi adotada por muitas empresas e, até mesmo, países para o aumento de sua 
competitividade. 
1.4 APLICAÇÕES LOGÍSTICAS 
A função logística, para ser bem executada, deve responder a algumas questões 
básicas, diluídas ao longo da cadeia de suprimento, tema que já foi abordado no 
item 1.2. Para facilitar a explanação, será demonstrada esquematicamente uma 
cadeia de suprimentos, na figura 1.2. Analisando a cadeia da figura 2, pode-se 
dividi-la em 4 grandes grupos: fornecedor, manufatura, distribuição e consumidor. O 
primeiro, como sendo o grupo dos fornecedores; o segundo, o grupo de empresas 
manufatureiras, que transformam as diversas matérias-primas em produtos 
acabados; o terceiro grande grupo, são os centros de distribuição, responsáveis em 
receber, acondicionare entregar os produtos ao quarto grande grupo, que são os 
consumidores finais. 
 
Figura 1.2 – Cadeia de suprimentos 
As atividades logísticas deverão, em cada um dos quatro grandes grupos, encontrar 
respostas para algumas questões, quais sejam as aplicações em análise: 
a) Fornecedores - de quem se adquirem materiais e componentes. Aqui, pode-
se perceber a importância da atividade logística no desenvolvimento dos 
fornecedores, uma atividade de fundamental importância, a exemplo do que 
estão fazendo as montadoras de automóveis, colocando os seus principais 
fornecedores dentro do seu parque fabril. 
b) Manufatureiras - onde se vai produzir, ou seja, onde se vai instalar a fábrica; 
quanto e quando produzir determinado produto. Aqui fica clara a atividade de 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
planejamento de materiais, pois é a partir das decisões acima que poderá ser 
definida toda a política de estoques da organização em questão. 
c) Centros de distribuição - onde se devem armazenar produtos acabados? 
Onde se devem armazenar peças de reposição? Quanto se deve armazenar 
de peças e de produtos acabados? Aqui fica clara a preocupação com o nível 
de serviço a ser repassado ao consumidor. Muitos produtos em estoque, 
sejam peças de reposição ou produtos acabados, e diversos locais de 
armazenagem melhoram, sem sombra de dúvida, o nível de serviço para o 
consumidor, porém com uma conseqüente elevação dos custos, o que, em 
ultima análise, diminuirá as vendas devido ao incremento nos preços de 
venda. 
d) Consumidores - este quarto e último grande grupo dentro da cadeia de 
suprimentos é o ponto central onde desembocam todos os outros grupos. 
Entretanto, não se deve supor de antemão que a organização será perfeita e 
atenderá a todos os mercados com a mesma presteza. Nesse sentido, a 
atividade logística estará preocupada em definir para que mercado será 
fornecido o produto e com que nível de serviço. É sempre bom lembrar 
também que a definição do nível de serviço implica um incremento de custos: 
quanto maior o nível, tanto mais caro. 
Não fossem suficientes as respostas a todas as questões acima, não se pode 
esquecer ainda que essas definições logísticas envolvem algumas características 
fundamentais das organizações, em nível estratégico, como o impacto em múltiplas 
funções dentro das organizações, a troca ou tradeoffs entre objetivos conflitantes, 
como aumentar vendas, diminuindo custos e barateando os produtos, ou aumentar o 
nível de serviço, com um acréscimo, em curto prazo, nos custos. Some-se a tais 
dúvidas a dificuldade de se precisar o custo que sistemas logísticos irão gerar; 
nesse sentido, análises quantitativas são essenciais para a tomada de decisões 
inteligentes e científicas, não calcadas no “achismo” e em sensações estranhas. 
1.5 ESTRATÉGIA LOGÍSTICA 
Não se pode deixar de tratar, mesmo que sumariamente, da importância de se traçar 
uma correta estratégia e como ela pode ser efetivada. Uma definição estratégica 
inclui necessidades do negócio, decisões disponíveis e possíveis, tática e visão do 
desenho e da operação do sistema logístico, além dos critérios de avaliação de 
desempenho de todo o sistema, indispensáveis para a verificação do rumo que a 
organização está tomando e dos resultados que as mudanças estão trazendo. 
Historicamente, os produtos tinham de ser empurrados pela cadeia de suprimentos, 
sendo que as necessidades quantitativas desses produtos eram baseadas em 
planejamentos de compras ou planejamentos de demandas futuras, o que nem 
sempre ocorria. Como a chance de erro ainda é bastante grande, muitas empresas 
começaram a utilizar altos estoques para se resguardarem de eventuais quebras de 
estoque, seja de matéria-prima ou de produtos acabados. 
O que ocorre na situação descrita acima é que, com o objetivo de garantir a 
satisfação das solicitações dos clientes e não faltar material - o que levaria ao 
emperramento de toda a cadeia de suprimentos, deixando-a lenta e inflexível às 
rápidas mudanças exigidas pelo mercado -, o custo dos inventários acaba subindo 
demasiadamente. 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
Dessa maneira, a preocupação em manter altos níveis de estoque para elevar o 
nível de atendimento acaba, no médio prazo (e, em alguns casos, no curto prazo), 
por diminuir o nível de atendimento, com o atravancamento de todas as atividades 
logísticas. Mas o que fazer para melhorar esse cenário? 
Volta-se ao que foi exposto anteriormente, nas questões a serem respondidas para 
os quatro grandes grupos logísticos. Basicamente, as organizações têm de se 
preocupar com a constante redução dos níveis de inventário e a conseqüente 
redução nos custos de armazenagem desse material, comprando mais vezes e em 
quantidades menores. O que se está procurando demonstrar é a importância da 
aplicação da filosofia JIT (Just-in-time) nas redes logísticas. 
Poucos itens em estoque, compras freqüentes, qualidade assegurada com um bom 
desenvolvimento de fornecedores, dentre outras, são atividades que aprimorarão 
toda a cadeia de abastecimento e, melhor, com redução de custos. Para que isso se 
consolide, a integração dos diversos membros de toda a cadeia é essencial. Porém, 
não é suficiente a mera integração filosófica; é preciso que a informação flua livre e 
rapidamente por toda a rede de suprimentos. 
Fica claro que a integração de membros e o fluxo de informações são atividades 
inter-relacionadas em uma cadeia de suprimentos. A correta e rápida transmissão de 
informações é um diferencial estratégico que coloca as organizações que investem 
em tais recursos em vantagem competitiva junto às demais. 
Não se está defendendo a idéia de que isso é fácil de ser feito, mas sim de que é, ou 
será brevemente, necessário ser feito. Isso tudo explica o motivo do termo logística 
estar tão em moda ultimamente. Mas, é preciso cuidado na forma das 
implementações. Não existem pacotes fechados ou “receitas de bolo” para a 
implementação de plataformas logísticas. Somente com criteriosas análises é que as 
organizações sairão vencedoras nas implementações logísticas. 
 
 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
2 RELAÇÕES ENTRE LOGÍSTICA E COMÉRCIO 
O comércio, de modo geral, nada mais é do que uma operação de troca de 
mercadorias (ou serviços) por dinheiro. Há, no entanto, uma forma um pouco 
diferente de comércio. Algumas transações são realizadas sem o uso do dinheiro, ou 
seja, algumas mercadorias (ou serviços) são trocadas por alguma coisa que não 
seja dinheiro. Qualquer que seja o modo de comércio, ou seja, ao longo de toda a 
cadeia produtiva, o foco supremo e final é o cliente. 
De maneira mais comum, o cliente é abastecido pelo setor de varejo, que representa 
a operação final em um canal de comercialização de mercadorias. Este canal liga o 
setor manufatureiro e o setor de fornecedores, atacadistas e varejistas, e varejistas e 
clientes. 
As indústrias adquirem suas matérias-primas e componentes de um grupo de 
fornecedores, e os vende ao setor atacadista ou mesmo direto às lojas de varejo, 
conforme o caso. Caso haja a presença de atacadistas, estes vendem os produtos 
aos varejistas. Os varejistas, por sua vez, compram os produtos diretamente das 
indústrias ou de atacadistas, revendendo-os aos clientes finais. Na atualidade, com 
o forte desenvolvimento do chamado comércio eletrônico, estas relações têm se 
alterado substancialmente. 
2.1 FORMAS DE COMÉRCIO 
Na fase embrionária do desenvolvimento do comércio moderno, os produtos (ou 
serviços) eram comercializados em postos de realização de trocas, em um período 
onde as moedas dos países não tinham grandes credibilidades financeiras para que 
fossem aceitas em contexto mundial. Essa era a fase do escambo2, onde o ouro 
serviude moeda em muitas transações. Estas permutas, no entanto, ficavam mais 
restritas às regiões onde havia a presença do metal precioso. Esta história do 
comércio moderno pode ser resumida em algumas fases. Em seguida, serão 
apresentadas algumas das principais formas de comércio, bem como um histórico 
da sua evolução, e suas relações com a logística. 
 Fase dos Armazéns Gerais 
No período colonial americano, os pioneiros colonizadores que desbravavam a 
região oeste dos EUA precisavam de uma grande quantidade de mercadorias para 
concretizar a sua missão. Foi neste tempo que surgiram os chamados armazéns 
gerais3 que trabalhavam segundo determinadas condições, das quais Novaes 
(2001) aponta as principais: 
 O comércio era realizado com dinheiro, preferencialmente; 
 A oferta de produtos era muito diversificada (calçados, vestimentas, 
ferramentas, produtos alimentícios não-perecíveis, etc.) 
 O lojista fazia o pedido de produtos, hipoteticamente, interessantes aos seus 
clientes. Eles ficavam disponíveis nas prateleiras até a consumação de sua 
venda. Era praticamente impossível a devolução de mercadorias encalhadas 
aos fornecedores e não era comum a promoção de campanhas de liquidação 
de estoques. 
 
2
 Troca, permuta, câmbio. 
3
 Conhecidos como general stores, na língua inglesa. 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
 Havia pouca variedade de mercadorias, considerando os diversos níveis de 
qualidade, tamanho, marcas, etc. 
A localização destes armazéns gerais se dava em pontos estratégicos da malha de 
transportes, tais como terminais ferroviários, pontos por onde circulavam as 
principais caravanas. Com o passar do tempo, eles passaram a se localizar nos 
novos povoados que iam surgindo, posteriormente, nas cidades. 
Como se pode esperar, a logística da época era precária para essa fase 
considerada primitiva do setor de varejo. As encomendas dos comerciantes eram 
feitas aos representantes comerciais da época, os caixeiros-viajantes, que 
visitavam uma grande quantidade de clientes-varejistas, num período que podiam 
levar até semanas. Ato seguinte, esses caixeiros-viajantes, após a consolidação e 
organização dos pedidos, encaminhava-os aos fornecedores que, posteriormente, 
providenciavam as remessas aos comerciantes varejistas. 
Os pedidos eram acondicionados em caixas ou caixotes, que eram despachados 
pelo transporte ferroviário. Para uma situação onde prevalecia uma escassez de 
oferta de produtos, em termos de número de instalações, variedade e tipos de 
mercadorias, esse sistema logístico disponível na época até que podia ser 
considerado aceitável. 
Um cenário onde existia uma grande quantidade de mercadorias encalhadas, o 
excessivo intervalo de tempo entre duas passagens consecutivas do caixeiro-
viajante, o extenso ciclo do pedido, bem como a grande variabilidade entre os 
tempos de distribuição de mercadorias faziam com que houvesse elevação nos 
custos de comercialização. No entanto, o pioneirismo e a ausência de 
competitividade desse tempo permitiam que estes custos fossem absorvidos pelos 
clientes finais. 
 Fase da Comercialização por Catálogos e Remessa pelos Correios 
Com o tempo, o esquema de operação dos armazéns gerais, ainda que atendesse 
razoavelmente aos clientes rurais do oeste americano, teve seu modelo exaurido, 
pois os clientes aumentaram as suas exigências. Queriam, agora, maior variedade 
de produtos e estilos com mais sofisticação para mercadorias dos tipos: calçados, 
vestuários, decoração de casas, produtos de beleza, etc. 
Neste cenário, surge, então, através de novas tecnologias, o sistema postal 
americano que trouxe novos impulsos ao comércio. O correio tinha na época um 
atendimento que atendia às necessidades das regiões mais interiores e, aliado a 
isso, o governo criou incentivos especiais às zonas não-urbanas, através de tarifas 
subsidiadas, com o intuito de fixar o homem ao campo. Sob essas condições, surge 
uma nova forma de comercialização de mercadorias através de catálogos e 
encomendas via correio. 
As primeiras empresas que comercializavam produtos via catálogo foram a 
Montgomery Ward, em 1872, e a Richard Sears, em 1886. Isto representou um 
grande avanço em termos logísticos nas operações comerciais. Houve a 
centralização de estoques em alguns locais que trazia algumas vantagens (Novaes, 
2001): 
 Distribuição de mercadorias aos clientes finais com maior rapidez; 
 Disponibilização de maior variedade de marcas, tipos, tamanhos, cores, etc. 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
 Eliminação de intermediários na comercialização como os casos de caixeiros-
viajantes e lojistas; 
 Redução de preços, proporcionando a ampliação das fatias de mercado. 
 
 Fase da Especialização do Setor Varejista 
Apesar do sucesso na comercialização através de catálogos, os clientes ainda 
mantinham expectativas da compra feita na loja, pois podiam ver e tocar os produtos 
de interesse, e não simplesmente visualizar as mercadorias por meio de desenhos 
ou fotos, principalmente calçados e vestimentas. A Sears já tentava contornar este 
problema, na época, através da possibilidade do cliente devolver a mercadoria caso 
não ficasse satisfeito. O seu slogan era “satisfação garantida ou seu dinheiro de 
volta”. Para que esta estratégia desse certo, a Sears precisava de um sistema 
logístico confiável, pois se o cliente recebesse um produto quebrado, amassado ou 
com a embalagem violada, a empresa poderia perder o crédito com a população. 
Também, seria preciso estabelecer um canal de devolução que fosse confiável e 
prático, sem burocracia. Uma nova logística precisou ser implantada para o sucesso 
desse tipo de comércio. 
Surgindo paralelamente ao comércio via catálogo, como resposta ao crescimento e 
aumento da sofisticação da demanda, estão as lojas que passaram a atuar com uma 
linha particular de produtos, ou seja, as lojas especializadas4. São exemplos 
dessas lojas os açougues, as farmácias, de calçados, vestuário masculino ou 
feminino, etc., que passaram a ser comandas por profissionais afetos às respectivas 
áreas, portanto, com certa especialização no produto. 
Com a diversificação e o crescimento da demanda, de outra forma, surgiu a 
necessidade de soluções que contemplassem mais de um tipo de produto. Exemplo 
clássico são as drugstores, que incorporaram os trabalhos tradicionais dos 
farmacêuticos manipuladores, com produtos de beleza, maquiagem, filmes 
fotográficos, chocolates, etc., aproveitando os conhecimentos da área química que 
eles possuíam. 
Já, no início do século XX, surgiram com grande sucesso, no território americano, as 
lojas de departamentos5, reunindo em um único local, produtos como 
eletrodomésticos, brinquedos, vestuário, calçados, móveis, etc., distribuídos em 
departamentos especializados. A idéia para essas grandes lojas era aliar as 
vantagens da especialização, com os grandes volumes de negócios proporcionados 
por estes tipos de investimentos. Este modelo foi um grande sucesso, o que motivou 
a Sears, uma grande empresa de comercialização via catálogos, a optar por atuar 
também neste novo nicho de mercado. Mesmo oferecendo um rol diversificado de 
produtos, as primeiras lojas de departamento em nada poderiam ser comparadas 
com os armazéns rurais, pois seus produtos eram oferecidos aos clientes em ares 
fisicamente separadas, com boa organização. 
As diferenças também eram grandes quando se fala em termos logísticos. Uma vez 
que as lojas de departamentos operam com um grande número de produtos, o 
serviço de entrega das compras aos clientes precisou ser reestruturado, exigindo 
pessoal mais qualificado, depósitos especializados, veículos adequados, oferecendo 
 
4
 Conhecidos como limited line stores, na língua inglesa. 
5
 Conhecidoscomo departament stores, na língua inglesa. 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
um serviço de melhor qualidade ao cliente final. Com um volume de vendas elevado, 
essas empresas de departamentos passaram a dispor de um poder de compra muito 
maior, resultando em melhores condições na aquisição de mercadorias, nos prazos 
de pagamento e também em campanhas publicitárias. 
 Fase dos Supermercados 
Com o advento do surgimento e grande expansão da indústria automobilística, e o 
conseqüente aumento da taxa de motorização da população, aliado ao franco 
crescimento do uso de geladeiras e freezers nos ambientes domiciliares, condições 
estavam propiciadas para o surgimento dos supermercados. Este tipo de 
estabelecimento surgiu na década de 1930, nos Estados Unidos e na década de 
1950, no Brasil. 
O novo modelo de comércio que surge está embasado no conceito do auto-serviço, 
eliminando o trabalho anteriormente feito pelo varejista do armazém, que dialogava 
com o cliente e o ajudava na definição de marcas, modelos, tamanhos etc. Nos 
supermercados, o cliente sozinho faz a compra, escolhe dentre os produtos 
ofertados aqueles que lhe interessam e os paga na saída do estabelecimento. 
Este tipo de operação comercial teve um crescimento significativo, devido às 
vantagens logísticas oriundas desse modelo. Menores preços passaram atrair, 
inicialmente, uma grande quantidade de clientes, possibilitando condições mais 
favoráveis de suprimento ao comerciante, que passou a ter mais força na hora da 
compra junto aos fornecedores. De outra parte, ao invés de buscar margens mais 
significativas nos lucros, os supermercadistas reduziram suas margens, apostando 
ganhar no grande giro de estoque proporcionado. Outra vantagem estava na 
operação do estabelecimento com uma quantidade relativamente baixa de 
funcionários, permitindo aumentar a oferta de produtos sem o proporcional aumento 
de custo de mão-de-obra. 
O advento dos supermercados trouxe uma inovação nos conceitos comerciais e 
logísticos, passando a atrair outros empresários, e por conseguinte, uma maior 
competição no ramo. Com o decorrer do tempo, essas lojas aumentaram o leque de 
produtos ofertados, tais como: utensílios domésticos, comida pronta, padaria, 
lanchonetes, restaurantes, etc. Surgem, então, os hipermercados. 
Os primeiros supermercados surgiram nas áreas urbanas centrais; posteriormente, 
com a alta motorização, eles passaram a ter como sítio os bairros e as regiões 
periféricas das cidades. Com a expansão dos negócios, altamente lucrativos, em 
geral, ocorreram com a abertura de novas lojas na cidade sede ou mesmo em outras 
cidades do estado e fora dele. Surgem, portanto, as novas cadeias varejistas, não 
só de supermercados, como também de lojas de departamentos, perfumarias, 
drugstores, lanchonetes, etc. Uma nova modalidade de cadeias varejistas se 
consolida, na atualidade, através do conceito de franquias, onde o franqueador 
transfere ao franqueado todo o conhecimento do negócio. O franqueado paga uma 
certa quantia ao franqueador, porém mantém a propriedade do comércio, além de 
fazer os investimentos necessários. 
 Fase dos Shopping Centers 
Ainda, na fase de migração das lojas do centro comercial tradicional para bairros e 
periferias, surgem os shopping centers, que passam a oferecer lojas 
especializadas em vestuário, diversão, calçados, produtos fonográficos, de 
computação, alimentação, etc. para um público exigente. Diferentemente de lojas 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
especializadas localizadas no centro comercial, o shopping center oferece vagas de 
estacionamento, ambiente coberto e seguro, ar condicionado, além de poder-se 
evitar os irritantes congestionamentos das áreas centrais. Paralelamente, os 
shopping centers oferecem serviços adicionais, como: cinemas, supermercados, 
lanchonetes, academias, pet shops, etc. 
 Fase do varejo sem loja e varejo por máquinas 
Com o desenvolvimento dos sistemas de comunicação e Internet, houve um grande 
impulso no chamado varejo sem loja. Inicialmente, este modelo se resumia às 
vendas por catálogo, posteriormente via telefone e fax e, na atualidade, se 
transformou em vendas pela Internet. Esta modalidade de comércio necessita de 
uma estrutura logística diferenciada. No caso do varejo sem loja (correio, telefone, 
fax e Internet), uma dificuldade existente é a ausência de contato entre o cliente final 
e o produto a ser adquirido. 
A modalidade de vendas denominada de varejo por máquinas6, normalmente 
comercializa produtos tais como refrigerantes, jornais, cigarros, passagens de metrô 
e ônibus, etc. e é ainda pouco difundida no Brasil. Em outros países da Europa, e 
Japão e EUA, são muito utilizadas. Algumas vantagens: fácil de operar, não 
necessita de funcionários, pode operar com moedas e dinheiro em papel, permite a 
comercialização de número limitado de produtos, dificultando a competitividade; 
como desvantagens: requer nível alto de segurança, em países com moeda volátil, é 
difícil a operação, pois o dinheiro perde o valor rapidamente. 
2.2 O PAPEL DA LOGÍSTICA 
A logística cumpre um papel de relevância no comércio moderno de produtos e 
serviços, principalmente com a velocidade com que as mercadorias sofrem 
modificações com qualidade, tamanho, sabor, embalagem, etc. As principais serão 
brevemente descritas a seguir: 
 Informação – a logística tem atuação significante no processo de disseminação 
da informação, podendo ocorrer de forma positiva se bem implementada ou 
negativa, se realizada de maneira equivocada, prejudicando os esforços 
mercadológicos. Na organização, a logística é o setor que proporciona o 
embasamento para a execução das metas a serem cumpridas pelo setor de 
marketing. Com uma logística deficiente essas metas ficam extremamente 
comprometidas. 
 Produto – também aqui a logística tem uma função ímpar. Conforme o modelo 
varejista hoje prevalecente, o processo logístico em sua totalidade, que se inicia 
com a matéria-prima e termina com o cliente final, deve ser entendido de forma 
sistêmica, onde cada uma das partes depende das demais. O processo de 
fabricação e as funções logísticas da organização devem ser abraçadas de forma 
integrada e pensados conjuntamente. 
 Momento desejado – a logística tem a função de garantir que o produto esteja 
com o cliente final no momento desejado. O cliente, quando da compra, por ex., 
de produtos considerados duráveis, recebe do comerciante uma promessa de 
data de entrega. Se esta data não for cumprida, por qualquer motivo, seja ele 
resultante falha(s) no sistema de informação, ou falha na operação do depósito, 
 
6
 Conhecido como vending machines, na língua inglesa 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
ou mesmo do sistema de transporte, pode resultar em prejuízos na imagem da 
empresa. O Correio brasileiro aposta em sua eficiência logística ao garantir ao 
cliente que sua encomenda/correspondência será entregue até as 10 horas do 
dia seguinte, através do serviço Sedex 10. 
 Satisfação – a satisfação que o cliente sentirá no momento do consumo ou 
utilização de um determinado produto também está intimamente relacionada com 
a logística. Esta relação poderá ser mais forte ou mesmo subjacente. 
Deficiências do tipo prazo de validade vencido, para produtos de consumo 
rápido, ou bens duráveis entregues com especificação errada (cor, voltagem, 
modelo) ao adquirido, ou com componentes faltando, poderão arranhar 
substancialmente a imagem do comerciante. 
 Confiança mútua – a confiança mútua entre o comerciante e o cliente mesmo 
que seja de derivada de aspectos como atenção pessoal, honestidade e 
profissionalismo do vendedor, é fortemente dependente do desempenho logístico 
da cadeiade suprimentos em seu todo. Na medida que o cliente vai conhecendo 
melhor o comerciante, vai constando a veracidade de suas afirmações e 
promessas, vê suas reclamações e sugestões atendidas, sua confiança nele 
aumenta, que também se espalha por toda cadeia varejista. Quando o contrário 
ocorre, em qualquer elemento cadeia, a imagem negativa tende a se estender, 
também, para toda a cadeia. 
 Continuidade – este aspecto é considerado ainda como um grande problema 
para o setor de bens duráveis no Brasil. A continuidade na relação cliente-
comerciante na fase pós-venda é sempre difícil. Mesmo que problemas na 
relação comercial ocorram e sejam eles de responsabilidade do fabricante (falta 
de peças, problemas com assistência técnica, preços inadequados dos serviços), 
o varejista é o elemento da cadeia mais próximo do cliente. É ele que acaba 
recebendo as reclamações dos clientes. Para equacionais estes problemas, 
várias organizações criaram a figura do ombudsman, que passa a atender 
diretamente as reclamações dos clientes, sem precisar passar pelo varejista. 
2.3 DEFINIÇÕES E CONCEITOS 
Muitos são os tipos de organização do setor público ou privado que fazem uso dos 
serviços logísticos. Pode-se citar como exemplos: empresas manufatureiras, de 
transporte de cargas, alimentícias, serviços postais, distribuição de petróleo e 
combustíveis, distribuição de bebidas transporte público, etc. 
Logística é a chave de muitos negócios por diversos motivos e dentre eles pode-se 
citar os elevados custos de operação das cadeias de abastecimento. Verifica-se que 
a tendência das organizações é o processo de horizontalidade. Neste processo, 
muitos produtos até então produzidos por determinada empresa do fim da cadeia de 
fornecimento passam a ser produzidos por outras empresas, ampliando o número de 
fontes de suprimento e dificultando a administração desse exército de fornecedores. 
Diante deste panorama, uma questão pode ser colocada: se os custos são tão altos, 
por que então horizontalizar e criar demandas para as atividades logísticas? A 
resposta para esta pergunta pode ser sintetizada em duas palavras, ou seja, a 
globalização do mercado. 
À medida que as organizações investem em novos parceiros comerciais, ampliam-se 
os gastos com o planejamento de toda a cadeia logística. Ao se analisar essa 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
situação de forma holística, constata-se que há, na verdade, uma redução de custos. 
Mais significativa do que tal redução, a atividade logística passa a agregar valor aos 
produtos, melhorando os níveis de satisfação dos usuários. Um alerta precisa ser 
feito: se a mudança na atividade logística não for acompanhada pelas diversas 
organizações, poderá ocorrer falência daquelas que não se enquadrarem neste novo 
paradigma. 
Mas, ainda pode ficar uma questão a ser esclarecida: como se dá essa propalada 
diminuição nos custos? Essa redução, quando devidamente acompanhada de 
estudos logísticos, é explicada pela especialização das empresas fornecedoras, uma 
vez que elas acabam por investir em tecnologia de ponta para os desenvolvimentos 
dos materiais, até então produzidos pela empresa que está no fim da cadeia, e que 
agora passarão a ser produzidos pela mais nova empresa horizontalizada. A partir 
desse momento, a tendência é que exista uma redução de custos, proporcionada 
pelo ganho de escala na produção e pelo desenvolvimento tecnológico, focado 
agora em uma determinada linha de produto. 
Pode-se perceber que essas atividades logísticas estão inseridas nos mais 
diferentes setores das organizações e suas corretas aplicações se fazem 
necessárias para que as atividades sejam desenvolvidas de forma adequada. 
Mas, afinal, qual é a definição de logística? 
O conceito de logística, em sua origem, estava associado a aspectos militares. 
Diferentes autores atribuem diversas origens à palavra logística. Alguns afirmam que 
ela vem do verbo francês loger (acomodar, alojar); outros, dizem que ela é derivada 
da palavra grega logos (razão) e que significa a “arte de calcular” ou a “manipulação 
dos detalhes de uma operação” (Wood Jr. & Zuffo, 1998). De outro lado, o termo 
logística, para outros autores, origina-se da língua francesa, significando como a 
parte da arte bélica que trata do planejamento e da realização de projeto e 
desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte, distribuição, reparação, 
manutenção e evacuação de material, tanto para fins administrativos ou 
operacionais. 
Logística é definida como sendo a união de quatro atividades básicas, consideradas 
básicas: aquisição, movimentação, armazenagem e entrega de produtos. Para que 
essas atividades produzam o efeito desejado, é fundamental que as atividades de 
planejamento logístico, sejam elas de materiais ou de processos, estejam 
intimamente relacionadas com as funções de manufatura e marketing. 
Segundo o Council of Logistics Management, norte-americano, “logística é o 
processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a 
armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações associados, 
cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de 
atender aos requisitos do consumidor”. A figura 2.1 apresenta o quadro contendo os 
principais elementos da logística. 
A logística se inicia pelo estudo e o planejamento do projeto ou do processo a ser 
implementado. Após a fase de planejamento e a sua devida aprovação, segue as 
fases de implementação e operação. Diversas organizações entendem que o 
processo termina aqui. No entanto, defende Novaes (2001), que devido à grande 
complexidade dos problemas logísticos e às suas características de sua natureza 
dinâmica, todo o sistema logístico precisar ser periodicamente avaliado, monitorado 
e controlado. Defende, ainda, o autor que seja utilizado um certo tipo de 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
especialização, denominada auditoria logística, que realiza de maneira sistemática e 
periódica as atividades de avaliação, monitoramento e controle. 
 
 
Figura 2.1 – Principais elementos da logística 
Os fluxos relacionados com a logística e que envolvem a armazenagem de matéria-
prima, de materiais em processamento e de produtora acabados, percorrem todo o 
processo, começando pelos fornecedores, passando pela manufatura, depois a 
varejista e, finalmente, chegando ao cliente final. Este, deve ficar claro, é sempre o 
foco principal de toda a cadeia de suprimentos. Além do fluxo de materiais (insumos 
ou produtos), existe paralelamente, em sentido contrário, o fluxo financeiro (dinheiro) 
e, além deste, há o fluxo (nos dois sentidos) de informações que está presente em 
todo o processo (ver figura 2.2). 
 
Figura 2.2 – Fluxos logísticos 
 
F
O
R
N
E
C
E
D
O
R
 
F
A
B
R
IC
A
Ç
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V
A
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E
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O
 
C
L
IE
N
T
E
 F
IN
A
L
 
FLUXO FINANCEIRO 
FLUXO DE MATERIAIS 
FLUXO DE INFORMAÇÃO 
Processo de planejar, 
operar e controlar 
Fluxo e armazenagem 
Matéria prima 
Produtos em processo 
Produtos acabados 
Informações 
Recursos financeiros 
Atendendo aos 
requisitos e preferências 
dos clientes 
De maneira econômica, 
efetiva e eficiente 
A partir do ponto de 
origem 
Até o ponto de 
consumo 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
É de relevância observar que, ao mesmo tempo em que a função logística é 
enriquecida em atividades, ela igualmente deixa de ter uma característica puramente 
técnica e operacional, passando a ter também o enfoque estratégico. Esta afirmação 
pode ser constatada no Quadro 2.1, quando a função logística passou a englobar 
processos de negócios fundamentais para a competitividade organizacional. A 
estrutura integrada de logística passa, nesta fase, a articular todaa cadeia de 
suprimentos, desde a entrada de matérias-primas até a entrega do produto final. 
Porém, o conteúdo estratégico só fica marcante na terceira e quarta fases, nas quais 
a participação da função logística nas mais importantes decisões empresariais é 
ressaltada. É o caso das alianças estratégicas, das parcerias e dos consórcios 
logísticos. 
A definição apresentada pelo Council of Logistics Management pode ser 
considerada como uma boa declaração de intenções, uma vez que cita a integração 
de todas as funções, ressalta o foco no cliente e, de maneira subjacente, aponta a 
visão sistêmica. Além disso, a tendência histórica direciona para a valorização da 
função logística (Wood Jr. & Zuffo, 1998). 
A logística, segundo Wood Jr. & Zuffo (1998), possui dez funções essenciais, que 
devem ser integradas à estratégia empresarial e orientadas para o atendimento às 
necessidades do cliente. As atividades da função logística integrada podem ser 
decompostas em três grandes grupos, ou seja: 
 Atividades estratégicas – atividades relacionadas às decisões e à gestão 
estratégica da própria empresa. A função logística deve participar de decisões 
sobre serviços, produtos, mercados, alianças, investimentos, alocação de 
recursos, etc.; 
 Atividades táticas – relacionam-se com o desdobramento das metas 
estratégicas e ao planejamento do sistema logístico. Envolvem decisões 
sobre fornecedores, sistemas de controle da produção, rede de distribuição, 
terceirização de serviços, etc.; e 
 Atividades operacionais – relacionam-se à gestão do cotidiano da rede 
logística e envolvem a manutenção e melhoria do sistema, solução de 
problemas, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
Quadro 2.1 – Evolução do conceito de logística 
 
Fonte: Razzoni (2001) 
 
Por fim, pode-se dizer que a logística moderna procura incorporar, segundo Novaes 
(2001), os seguintes aspectos: 
 Prazos previamente combinados e cumpridos integralmente, no decorrer do 
toda a cadeia de suprimentos; 
 Integração efetiva e sistêmica entre todos os setores da organização; 
 Integração efetiva e estreita, ou seja parcerias, entre fornecedores e clientes; 
 Procura pela otimização total, considerando a racionalização dos processos e 
a redução de custos em toda a cadeia de suprimentos; 
 Satisfação total do cliente, mantendo o nível de serviço (NS) previamente 
estabelecido e adequado. 
 
 
 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
 
 
Figura 2.3 – Funções essenciais da logística 
Fonte: adaptado de Andersen Consulting (1997) 
 
ESTRATÉGIA DA 
ORGANIZAÇÃO 
Serviço Ao Cliente 
Projeto do canal Estratégia da rede 
Nível estratégico 
Projeto / operação de 
armazéns 
Gestão de 
transportes 
Gestão de 
materiais 
Nível estrutural 
Nível funcional 
Quais as necessidades de 
serviço para cada segmento? 
Qual o melhor sistema de 
distribuição? 
Existem oportunidades de 
otimização no sistema de 
transportes? 
Como atingir a integração do 
canal? 
A gestão de estoques é 
adequada à demanda de 
serviços? 
Quais as melhores 
tecnologias / metodologias? 
Sistema de 
informações 
Políticas e 
procedimentos 
Instalações e 
equipamentos 
Nível de implementação 
Gestão da organização 
e mudanças 
Como definir e implementar 
mudanças? 
 
Como definir e 
implementar mudanças? 
A distribuição de recursos 
está otimizada? 
Como melhorar o 
desempenho do sistema? 
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LOGÍSTICA NA SUBMARINO 
A Submarino é uma das maiores empresas brasileiras no ramo de comércio eletrônico (e-commerce), 
cujo negócio depende fundamentalmente da logística, e atua em todo o território nacional. Para 
permitir a operacionalização do seu processo logístico, a empresa fez uma parceria com o Grupo 
Intecom, que por sua vez tem o controle acionário dividido entre dois grandes grupos, o Grupo JP 
Morgan e o Grupo Martins, maior atacadista distribuidor da América Latina, com bastante capilaridade 
no território brasileiro. 
As principais características do processo logístico da Submarino são: 
 Usa um operador logístico – Intecom; 
 Usa intensivamente a tecnologia da informação: 
o Marbo Sat - posicionamento da carga e comunicação com o motorista; 
o Geo Marbo - rota geográfica em tempo real; 
o Trom - planejamento de rotas e cargas; 
o WIS-SIGMA – gestão de estoques e picking; 
o SCOF – gerenciamento da operação da frota. 
 Possibilita o cliente acompanhar, a qualquer momento, o posicionamento de sua encomenda 
no território (Tracking); 
 A Submarino realiza as operações de Picking e embalagem, sendo o restante do processo 
operacionalizado pela Intecom. 
A figura abaixo possibilita um melhor entendimento de todo o processo logístico da Submarino. 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
Processo Logístico da Submarino 
Fonte: Schimtt & Shionara (2001) apud Viana (2002) 
 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
3 GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS 
Nos dias atuais, as empresas são constantemente desafiadas a operar de maneira 
sempre mais eficiente e eficaz para garantir a continuidade de suas atividades, 
obrigando-as a desenvolver, permanentemente, vantagens em novas frentes de 
atuação. As demandas impostas pelo aumento da complexidade operacional e pelas 
exigências de níveis mais elevados de serviço e menores preços pelos clientes, 
servem de exemplo. Aqui parece surgir um paradoxo, ou seja, como agregar mais 
valor aos produtos e, simultaneamente, reduzir os custos, assegurando aumento da 
lucratividade? 
A logística se apresenta como uma das mais freqüentes formas utilizadas para 
superar esses desafios. A explanação mais significativa pode estar na sua 
capacidade de evolução para fazer frente às necessidades surgidas de mudanças 
profundas e constantes que as empresas se deparam. A maneira como a logística 
vem sendo implantada e desenvolvida, no meio empresarial e acadêmico, evidencia 
a evolução do seu conceito, a ampliação das atividades sob sua responsabilidade e, 
ultimamente, a assimilação de sua importância estratégica. 
Em seu estágio mais avançado, a logística vem sendo adotada para subsidiar o 
planejamento de processos de negócios que integram, por um lado, as áreas 
funcionais da empresa e, de outro, a coordenação e o alinhamento dos esforços das 
empresas no anseio de se obter menores custos e maiores valores agregados aos 
produtos visando o cliente final. A este processo se dá o nome de Gerenciamento da 
Cadeia de Suprimentos-GCS7. 
A logística foi aplicada de forma fragmentada, em sua fase inicial, quando se 
procurou a melhoria do desempenho de cada uma das atividades básicas de forma 
individual. Neste período, inexistia uma abordagem sistêmica. A ênfase era funcional 
e a execução dava-se por departamentos especializados. 
Em um segundo momento, vários fatores apontaram fortemente no sentido de que 
as atividades funcionais devessem ser executadas de forma integrada e 
harmoniosa, visando à obtenção de um melhor desempenho da organização. A 
facilitação dessa mudança de paradigma se deu pelo avanço na tecnologia da 
informação e pela adoção de um gerenciamento voltado para os processos. A essa 
nova fase deu-se o nome de logística integrada. 
Esta segunda fase denotou claramente que o processo logístico não se inicia e nem 
se extingue nos muros da própria organização, pois, o começo se dá na correta 
escolha e no estabelecimento de parcerias com fornecedores, exigindo que o canal 
de distribuição esteja preparado para atender de maneira satisfatória às 
necessidades e expectativasdo cliente final. Um exemplo pode ser dado quando se 
cita um fabricante de refrigerantes. Ele conseguirá a sua realização se o cliente final 
aprovar a qualidade de seu produto e do serviço ofertado no momento da compra. 
Este fato evidencia de forma cabal a idéia de que deva existir uma ligação forte entre 
esse fabricante e a empresa de varejo para que haja agregação de valor para o 
cliente final. Caso isto não ocorra, toda a cadeia terá falhado, podendo ser 
substituída por outra mais considerada mais vantajosa. 
 
7
 Conhecido como Supply Chain Management-SCM, na língua inglesa. 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
Esse fato evidencia que está havendo, na verdade, competitividade entre as 
diversas cadeias. Assim, várias organizações vêm desenvolvendo significativos 
esforços na organização de uma rede integrada e na realização de forma eficiente e 
ágil do fluxo de materiais. Este fluxo vai desde os fornecedores e atingindo os 
consumidores finais, garantindo a sua sincronização com o fluxo de informações, 
que deve ocorrer no sentido inverso. 
As empresas que optaram por implantar o Gerenciamento da Cadeia de 
Suprimentos estão obtendo como resultado: significativas reduções de estoque, 
otimização dos transportes e eliminação das perdas, principalmente aquelas que 
acontecem nas interfaces entre as organizações e que são representadas pelas 
duplicidades de esforços. 
Como agregação de valor, essas empresas têm conseguido confiabilidade e 
flexibilidade mais elevadas, melhorando o desempenho de seus produtos e obtendo 
êxito no lançamento de novos produtos em intervalos menores de tempo. 
O Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, de maneira resumida, consiste no 
estabelecimento de relações de parcerias, em prazos dilatados, entre os diversos 
integrantes de uma determinada cadeia produtiva que passarão a planejar 
estrategicamente suas atividades e partilhar informações de modo a desenvolverem 
as suas atividades logísticas de forma integrada, através e entre suas organizações. 
Estes procedimentos proporcionam melhorias no desempenho conjunto pela busca 
de novas oportunidades e redução de custos, visando agregar mais valor ao cliente 
final. 
Mesmo que resultados expressivos tenham sido atingidos, constata-se ainda a 
existência de muitas dificuldades na implementação do GCS. Esta implantação 
requer uma análise profunda na cultura das organizações que farão parte de uma 
determinada cadeia. A visão funcional deve ser abandonada, informações precisam 
ser compartilhadas, inclusive aquelas relacionadas com os custos. Os 
relacionamentos devem ser construídos com base em confiança mútua; o horizonte 
de tempo desloca-se do curto para o longo prazo e um dos elos, chamado de elo 
forte, será responsável pela coordenação do sistema e seu desempenho neste papel 
será fundamental para a obtenção dos objetivos estabelecidos. 
Um outro desafio é equacionar os diferentes tamanhos e objetivos dos 
componentes, e como isso exige uma mudança de cultura, o estabelecimento da 
cadeia requer tempo e esforço. Dada a complexidade desse novo arranjo, que passa 
a ter dimensão interorganizacional, a medição de desempenho necessita de 
indicadores que permitam o controle da performance da cadeia como um todo. 
Não se pode esquecer que deve existir compatibilidade entre os sistemas de 
informação dos elos, que muitas vezes utilizam plataformas diferentes. Por último, e 
muitas vezes esquecido, está o fato de que o elemento humano é de suma 
importância e, portanto, deverá ser treinado e estar preparado para esta nova 
realidade. Cabe registrar a escassez de profissionais nessa área, em especial, 
aqueles com visão sistêmica e conhecedores de todas as atividades logísticas. 
O conceito de Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos ainda está em fase de 
desenvolvimento, implicando na não existência de uma metodologia única para a 
sua implementação. A sua adoção, no entanto, poderá ser uma fonte potencial de 
obtenção de vantagem competitiva para as organizações, pois se mostra como um 
caminho a ser trilhado pelas demais organizações. 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
No Brasil, grande parte das organizações ainda está aplicando a logística de forma 
embrionária, o que as coloca em desvantagem diante de concorrentes do exterior. 
São restritos os segmentos considerados mais evoluídos neste assunto; pode-se 
citar como exemplo o caso da indústria automobilística e do setor de 
supermercados. Esforços para mudar este cenário já estão sendo empreendidos, o 
que aponta para um cenário mais otimista na aplicação da logística no 
aproveitamento de seus benefícios para o país, melhorando assim sua 
competitividade. 
 
EMPRESA XISPEX 
A Xispex (nome fictício) é uma importante empresa brasileira do setor de autopeças. Empresa 
familiar, fundada na década de 1940, cresceu vigorosamente durantes os anos 1960 e 1970, 
acompanhando o boom da indústria automobilística. Sustentada por uma sólida competência 
tecnológica e aproveitando as oportunidades emergentes, a Xispex passou a internacionalizar suas 
atividades a partir dos anos 1980. Os passos estratégicos seguiram o padrão usual: i) início das 
atividades de exportação. ii) abertura de escritórios de representação no exterior, iii) montagem de 
uma estrutura de assistência técnica e de distribuição junto aos principais clientes no exterior, e iv) 
compra ou construção de fábricas nos principais mercados-alvo. A empresa hoje exporta para 
América do Norte, Ásia, Oceania e Europa, a partir de bases industriais no Cone sul, Europa 
Ocidental e Europa Ocidental. 
Para acompanhar a estratégia de internacionalização e fazer frente a mudanças no contexto de 
concorrência interna, a Xispex implementou, a partir dos anos 1990, um amplo programa de 
mudança organizacional. Este programa inclui profissionalização da empresa, criação de unidades 
estratégicas de negócios e integração mundial das atividades técnicas e comerciais. Como parte do 
programa de mudanças foi implantado, em 1995, o conceito de logística integrada, cujo objetivo foi a 
implementação da gestão de toda a cadeia de valores a partir de uma visão sistêmica da empresa. 
Na prática, a criação de coordenadorias de logística para cada uma das unidades de negócios 
significou reunir, em cada uma destas áreas, todas as funções logísticas, desde a entrada de 
matérias primas e suprimentos, passando pelo planejamento e controle de produção, até o controle 
de distribuição de produtos acabados. Após a implantação da nova estrutura e do modelo de gestão, 
a etapa seguinte constou em rever os processos de trabalho. Foi dessa maneira que a Xispex 
chegou ao Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, uma metodologia embasada na visão 
sistêmica da organização e no conceito de cadeia de valores, que une a estas idéias o que há de 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
mais avançado em termos de ferramentas de racionalização e sincronização da produção. 
Quase dois anos após o início do projeto, os impactos já puderam ser observados: drástica redução 
de estoques, desativação de armazéns (que se tornaram desnecessários), mudanças na 
organização do trabalho no chão de fábrica, unificação de atividades de apoio (manutenção, 
ferramentaria, etc.) e melhor nível de atendimento ao cliente. Tudo isto resultou em maior eficiência, 
mais eficácia e custos menores. O passo seguinte foi a expansão dos conceitos para as atividades 
internacionais do Grupo Xispex e o maior envolvimento de fornecedores e clientes. 
Casos, como o da Xispex, deverão, no futuro, se transformar em padrão para as organizações 
brasileiras. “Após alguns anos cuidando da casa de máquinas, reparando velas e encerando o 
convés, muitosexecutivos finalmente se deram conta de que o barco estava apontado para a 
direção errada”. Faltava-lhes visão de conjunto e também um conjunto de conhecimentos que 
permiti-se otimizar o todo. O conceito de logística integrada e a metodologia de Gerenciamento da 
Cadeia de Suprimentos talvez possam dispor de respostas a estas questões. 
Fonte: Wood Jr. & Zuffo (1998) 
 
 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
3.1 A CADEIA DE SUPRIMENTOS E SUA GESTÃO 
Quando se adquire um determinado produto, o cliente não tem idéia da existência de 
um grande processo necessário para a conversão de matéria-prima, de recursos 
humanos e de recursos energéticos em um produto que seja útil ou saboroso, por 
exemplo. Exemplos de produtos complexos, como o automóvel, necessitam um 
grande número de matérias-primas, das mais diversas naturezas, tais como: metais, 
borracha, plástico, tecidos, papelão, tintas, etc. Outros, menos complexos, como 
uma bandeja de salgados, requer: a coxinha, por exemplo, mas também a bandeja 
de isopor, o filme de polietileno, a etiqueta adesiva contendo informações sobre o 
produto e código de barras. O caminho é longo e vai desde a obtenção da matéria-
prima, passando pela fábrica de componentes, a manufatura do produto, os 
distribuidores, o comércio varejista, chegando ao cliente final, e é chamado de 
cadeia de suprimentos. 
Um modelo de cadeia de suprimentos está apresentado na figura 3.1. Fornecedores 
de matéria-prima entregam insumos de natureza variada para a indústria/manufatura 
e também para os fabricantes de componentes, que participam da fabricação de um 
mesmo produto. A indústria fabrica o produto em referência, que é distribuído ao 
comércio varejista e, uma parte, ao comércio atacadista/distribuidores, uma vez que 
muitos varejistas não comercializam um volume suficiente do produto que lhes 
proporcione a compara direta, a partir do fabricante. As lojas varejistas, devidamente 
abastecidas diretamente pelo fabricante ou indiretamente pelo comércio 
atacadista/distribuidores, vendem o produto ao cliente final. Existem ainda outros 
aspectos que não foram considerados na figura 3.1, tais como a logística reversa 
(será estudada adiante) e as operações pós-venda. 
 
Figura 3.1 – Modelo de cadeia de suprimentos (Fonte: Handy, 1997) 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
Novaes (2001) enfatiza que, quando se trata de cadeia de suprimentos, pensa-se 
imediatamente em fluxo de materiais, que é composto por insumos, componentes e 
produtos acabados. Por esse motivo, que na figura 3.1 as setas são orientadas da 
esquerda para a direita (na parte superior da figura), porém este não é o tipo único 
de fluxo de cadeia de suprimentos. Exemplo disso é o fluxo da figura 2.2 (Capítulo 
2). 
Acontece que, há muitos anos, grandes organizações produziam grande parte dos 
componentes necessários à fabricação de seus produtos, pois eram capazes de 
produzi-los com baixos custos, e não gostavam de ter dependências em relação a 
fornecedores, por questões estratégicas e de poderio econômico. Era a chamada 
tendência de verticalização industrial. Na atualidade, os conceitos de vantagem 
competitiva e core competence8 estão presentes estão presentes no momento da 
definição do planejamento estratégico para as grandes organizações. Entende-se 
que seja mais adequada a concentração de atividades naquilo que a organização 
consegue realizar com competência, diferenciando-a de maneira positiva em relação 
aos concorrentes, além de adquirir externamente componentes e/ou serviços 
associados a tudo que não estiver dentro da sua competência central. 
Nessa maneira de gerenciar, não somente os componentes e matérias-primas são 
adquiridos em outras empresas, como também os serviços, os mais variados, tais 
como: distribuição, armazenagem e transportes de insumos e produtos, alimentação 
de empregados, estacionamento, segurança, manutenção, assessoria jurídica, etc. 
Esta realidade exige, evidentemente, um grau elevado de sintonia entre as 
organizações que participam dessa cadeia, com confiança mútua significativa. 
A figura 3.1 apresenta três novos conceitos: logística de suprimentos, logística da 
produção e logística de distribuição. Ao se considerar o setor de manufatura, ou 
seja, o setor de fabricação, como ponto referencial, pode-se identificar algumas 
especializações inerentes à logística. 
A estrutura a cadeia logística integrada é composta em três grandes grupos, 
segundo Ching (1999): 
 Logística de suprimentos - gerencia as relações entre a empresa e seus 
fornecedores. Seus principais objetivos são desenvolver produtos e garantir a 
qualidade das matérias-primas, componentes e embalagens que atendam 
aos requisitos de fabricação, de forma a obter o menor custo total possível 
dentro da cadeia logística. 
 Logística de produção - objetiva sincronizar a produção com as demandas. 
Cabe à logística de produção transformar os materiais em produtos finais ou 
acabados, dentro de prazos pré-definidos. 
 Logística de distribuição - gerencia a relação empresa/consumidor. 
Responsável pela distribuição física dos produtos acabados, a logística de 
distribuição deve maximizar o atendimento ao cliente, proporcionando o nível 
de serviço adequado, sem incorrer em custos desnecessários. 
Ao se considerar as relações com o ambiente, no que tange à matéria-prima, 
verifica-se que há um subsistema, na cadeia de suprimentos, denominado logística 
de suprimentos. Chama-se logística de suprimentos aquela que trabalha com os 
fluxos de materiais de fora para dentro da manufatura, incluindo-se, aí, a matéria-
 
8
 Competência central. 
LOGÍSTICA NOTAS DE AULA Prof. Archimedes Raia Jr. 
 
prima e outros insumos (peças, componentes, outros produtos acabados que vão 
integrar o processo produtivo). A logística de suprimentos é também chamada de 
logística de materiais ou logística de abastecimento; em empresas pequenas, é 
chamado de setor de compras (Novaes & Alvarenga, 2000). Seus componentes são: 
 Extração ou retirada da matéria-prima na sua origem e preparação da mesma 
para o transporte; 
 Transporte da matéria-prima desde a fonte de suprimentos até o local de 
manufatura; 
 Estocagem da matéria-prima na fábrica, até que os produtos sejam 
industrializados. 
A logística de produção, que cuida dos aspectos logísticos dentro da manufatora em 
si, e por isso inserida dentro da Programação e Controle da Produção (PCP), é 
considera geralmente com o auxilia de metodologia própria, específica. Existem 
algumas técnicas e procedimentos americanos e japoneses bastante eficazes, tais 
como: MRP II9, Kanban10, Just-in-Time (JIT)11, dentro outros (Novaes & Alvarenga, 
2000). 
A logística de distribuição física atua de dentro para fora da manufatura e envolve as 
transferências de produtos entre a fábrica e os armazéns próprios ou de terceiros, 
seus estoques, os subsistemas de entrega urbana e interurbana de mercadorias, os 
armazéns e depósitos do sistema (movimentação interna, embalagem, despacho, 
etc.) além de outros aspectos (Novaes & Alvarenga, 2000). 
O sucesso e a eficiência da cadeia logística e, mais especificamente, da cadeia de 
distribuição, dependem de um alto grau de cooperação entre as empresas 
participantes. O fluxo constante e confiável de informações é fator determinante no 
gerenciamento da cadeia de distribuição e essencial para que bons resultados de 
satisfação das exigências dos clientes finais sejam atingidos (Silva, 2006). 
Neste trabalho, vai ser dado um enfoque mais evidente na logística de distribuição, 
que será mais bem estudada nos próximos capítulos. Embora a logística incorpore 
uma diversidade de fatores que vai muito além do domínio estrito da logística de 
distribuição, abrangendo

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