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FONTES DO DIREITO IED I Professora Renata A. Carpi Paiva Fontes do Direito Material e Formal Fonte = origem, local de onde brota, surge algo Lugar de onde surge o direito, de onde podemos extraí-lo ou obtê-lo Local de onde extraímos normas jurídicas que reconhecem os poderes a que denominamos poderes subjetivos Local onde encontramos inspiração/justificativas para criar as normas jurídicas TIPO DE SOCIEDADE Religiosa Sacerdotes revelam direitos Direito deriva dos Deuses Tradicional Marcadas pela Repetição dos comportamentos Direito deriva dos costumes Moderna Marcadas pela constante transformação Direito deriva da vontade social Fontes do Direito Materiais Relações sociais Valores Morais Formais Primária ou Imediata Lei Jurisprudência Secundária ou Mediata Doutrina Analogia Costumes FONTES MATERIAIS DO DIREITO Revelam a origem cultural da norma jurídica, sua “causa” Fatores históricos, sociológicos, econômicos e políticos que explicam a norma Autoridades, grupos e situações que influenciam na positivação do direito Maior importância no processo de criação das normas legais. exemplificando Se questionarmos qual a fonte material de uma norma jurídica que eleva a alíquota de um imposto, precisamos encontrar dados econômicos que justifiquem a elevação dessa alíquota, bem como razões históricas que marcam essa decisão na economia. FONTES FORMAIS DO DIREITO Diretamente ligada à aplicabilidade do direito Meios ou instrumentos pelos quais as normas jurídicas são comunicadas à sociedade Devem permitir aos juristas descobrir as normas jurídicas de modo rápido, com certeza e segurança Instrumento fundamental para o dia a dia dos operadores do direito Lei Fonte Formal Imediata do direito Principal fonte do direito Decorrem do Poder Legislativo Regras que permitem permissões, proibições e obrigações São positivadas – Forma de artigos Instrumento de comunicação para a sociedade Etimologia Lex – Legere = Aquilo que foi lido em voz alta Ligare = Ligar Eligere = Escolher, eleger Sentido jurídico amplo: fonte do direito derivada do processo legislativo Sentido jurídico estrito: Lei ordinária ou Lei complementar A principal diferença entre a lei e as demais fontes é o seu aspecto formal, isto é, elaborada por órgãos competentes, e segundo critérios de validade e eficácia. Curiosidade – A imprecisão da origem revela seu conteúdo A lei é uma norma pública, “lida em voz alta” (lex), ela liga uma consequência a uma hipótese (ligare), tornando-a permitida, obrigatória ou proibida; por fim, essa consequência é fruto de uma escolha de uma autoridade que a impõe à sociedade (eligere) Leis = norma jurídica Normas Normas Estatais positivadas, procedimento pré-determinado, para organizar o Estado e controlar a sociedade Constituição Lei ordinária e Complementar Fontes legislativas Derivadas do Processo Legislativo (Artigo 59 CR/88) Emendas Artigo 60 CR/88 Leis Complementares Artigo 61 e 69 CR/88 Leis Ordinárias Artigo 61 CR/88 Leis Delegadas Artigo 68 CR/88 Medidas Provisórias Artigo 62 da CR/88 Decretos Legislativos Art. 49 CR/88 Resoluções 68 §2º, 52,X 155§1º, IV e§2º V CR/88 Por Equiparação Decreto regulamentar Hierarquia das fontes legislativas POSITIVISMO NEOCONSTITUCIONALISMO CF LEIS LEIS LEIS LEIS CF Emendas Leis em Sentido Estrito Decretos Regulamentares Costumes Fonte Formal Mediata do direito É um comportamento que se repete no tempo Torna-se uma fonte do direito quando podemos extrair, do comportamento, uma norma que seja considerada válida pelo ordenamento jurídico As pessoas adquirem um hábito comportamental duradouro, praticando espontaneamente a conduta Conduta do indivíduo em sociedade que passa a ser praticada de forma obrigatória, sob pena de reprovação social É uma fonte de direito informal, porém com eficácia obrigatória, inclusive considerada pela leis formais (Ex: Art.187 CC, Art. 1.638 do CC) ATENÇÃO! O costume é um comportamento! Dele podemos extrair normas jurídicas ou não. Se a norma que extraímos é aceita pelo ordenamento jurídico será jurídica, do contrário, antijurídica. Portanto, não é uma fonte positiva do direito! Ninguém decide criar uma norma costumeira, ela simplesmente deriva dos comportamentos repetidos Costumes: requisitos Objetivo Duração do hábito. Por quanto tempo? Subjetivo Consciência da Obrigatoriedade Moralidade As pessoas devem perceber como errado desobedecer aos costumes Longa Duração Uniformidade Se as norma legislativas derivam de uma autoridade que possui o poder legislativo, da onde deriva o caráter obrigatório das normas costumeiras? Deriva da Autoridade social Deriva da Tradição Sociedades imutáveis valorizam a tradição e os costumes. Sociedades Modernas, valorizam o Estado. Na Sociedade Brasileira, a autoridade legislativa é superior às tradições. Os costumes, apenas excepcionalmente são utilizados como fontes do direito Formas de costumes Secundum Legem Praeter Legem Contra Legem Expressamente indicado pela Lei Lei determina que seja feito conforme os costumes Exemplos: Artigo 569, II do CC Artigo 596 e 597 do CC Artigo 615 do CC Comportamento não previsto em lei Pode ser fonte (Artigo 4º da LINDB) Comportamento que contraria expressamente a Lei Não deve ser fonte do direito Jurisprudência Fonte Formal mediata do direito Costume de os Juízes decidirem casos semelhantes de modo semelhantes Revelação do Direito através do exercício da jurisdição. Não se transforma em norma obrigatória para juízes Autoridade com poder jurisdicional – Artigo 16 CPC Poder jurisdicional Caracteres Normas individuais e concretas Depende de aprovação de uma das partes (Art. 2º CPC) Efeitos para o caso em concreto (Art 503 e 506 CPC) Autoridades Membros do Poder Judiciário Ex. Juízes, Desembargadores e Ministros Normas Jurisdicionais Decidem conflitos ou estabelecem o significado e a validade de outras normas jurídicas Veiculadas em sentenças, acórdãos e súmulas importante Autoridade Jurisdicional cria nova norma (individual e concreta), partindo da interpretação das normas legislativas O Julgador toma uma decisão, positivando uma nova norma jurídica (individual e concreta), por meio de um instrumento próprio (sentença, acórdão ou súmula), que passa a compor o ordenamento como fonte do direito. Essa é a demonstração efetiva do papel ativo do Julgador! O Legislador reconhece esse papel. (Art. 4º LINDB e Art. 140 do CPC) Ao interpretarem a norma jurídica, os juízes adaptam seus dizeres ao tempo contemporâneo e atualizam seu conteúdo. Uniformização da jurisprudência Poder Jurisdicional pressupõe a liberdade interpretativa Insegurança? Para forçar as autoridades a produzir normas jurídicas semelhantes, em situações também semelhantes, surge a figura da uniformização da jurisprudência. FORMAS DE UNIFORMIZAÇÃO Recurso Especial – Artigo 105, III da CR/88 Pedido de uniformizar interpretação Lei Federal Resultado é norma jurisdicional indicando a interpretação superior Súmula Breve texto, que consagra o entendimento do tribunal sobre determinado tema Veicula a jurisprudência dominante da Corte Artigo 926 do CPC Súmula Vinculante Obriga as autoridades judiciárias e administrativas, sob pena de nulidade do ato (Artigo 103 –A CR/88) Ementa Breve resumo da decisão tomada pela autoridade jurisdicional (Artigo 943 do CPC) Indica padrão de julgamento, serve de diretriz para os profissionais de direito DOUTRINA Fonte formal mediata do direito Entendimento formado por Juristas renomados É a aplicação científica dos entendimentos formados por operadores do direto, reconhecidos por conhecimento elevado e ampla experiência Existe grande influência da doutrina nas decisões judiciais. É o meio aonde se buscam enunciados para facilitar a compreensão dos conceitos jurídicos. Analogia Fonte formal mediata do direito Para integrar a lacuna, o juiz recorre primeiro à analogia, que consiste em aplicar, a um caso não contemplado de modo direto ou específico por umanorma jurídica, uma norma prevista para uma hipótese distinta, mas semelhante ao caso não contemplado. É a analogia um procedimento quase lógico, que envolve duas fases: “a constatação (empírica), por comparação, de que há uma semelhança entre fatos-tipos diferentes e um juízo de valor que mostra a relevância das semelhanças sobre as diferenças, tendo em vista uma decisão jurídica procurada”. A analogia é tão-somente um processo revelador de normas implícitas. Princípios gerais do direito e equidade Fonte formal mediata (indireta/supletiva) do direito Se a analogia e o costume falharem no preenchimento da lacuna, o magistrado deverá suprir a deficiência da ordem jurídica, adotando princípios gerais do direito, que são princípios que não foram ditados, explicitamente, pelo elaborador da norma, mas que estão contidos de forma imanente no ordenamento jurídico. Porém, quando o juiz não puder contar com a analogia, com o costume, nem como os princípios gerais de direito, lhe é permitido socorrer-se da eqüidade. A eqüidade é o elemento de adaptação da norma ao caso concreto, apresentando-se como a capacidade que a norma tem de atenuar o seu rigor, adaptando-se ao caso sub judice. O do art. 5º da LICC permite corrigir a inadequação da norma ao caso concreto. Assim, a eqüidade seria uma válvula de segurança que possibilita aliviar a tensão e a antinomia entre a norma e a realidade, a revolta dos fatos contra os códigos.