Buscar

A face oculta da mente - Padre Quevedo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 206 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 206 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 206 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

26 A FACE OCULTA DA MENTE 
terbury, Edward White BENSON, funda a "Cambridge 
Ghost Society". A Sociedade logo fracassa ... 
Em 1860 MYERS e SIDGWICK pretcndem examinar 
diversos mediuns, mas logo ficam dcsanimados ante tanta 
fraude. As, pacientes .investiga~oes nao ofcrccem quaisquer 
garantias, ncm para eles mesmos. Seus metodos de inves-
tigac.ao ncstcs dificilimos temas logo lhcs parcccm defi-
cicntes. 
Na Quimica, na Fisica, a materia nao engana. 0 incons-
eicntc do homcm, objeto de investiga~ao para se poder cs-
i udar estes fcnamenos, frauda inurn eras vezes com uma pre-
cisao assombrosa, com urn talento que supera todo o ima-
ginavcl. Os maiores e mais experimentados sabios podem 
scr cnganados com habilidade suma. A pessoa mais honesta 
no consciente, pode ser a maior trapace.ira em qualquer ma-
J1ifcstagao do seu inconsciente. 
0 inconsciente engana, nao s6 aos observado11es, mas 
tambem ao proprio conscicnte. Sao fraudes involuntarias, 
inconscicntcs e incocrcivcis. 
Em 1819, depo.is de ter constatado a necessidade de se 
cstudar scriamcntc OS fenamCllOS chamados espiritas, 0 
'·Dialectial Society" de Londrcs nfto chega a publicar os 
trabalhos do ComiiC. 
Por fim, depois de 1870, urn s{1bio bern conhecido no 
campo da Quimica, William CROOKES, comunica as obser-
vac.ocs que, durante var.ios anos, fez sabre OS prodigios rea-
lizados por uma das irmas FOX, Catharina, e pelo mais 
famoso dos mediuns varoes, Daniel Dung las HOME 16• Es-
tas sao a'S primciras observagoes serias e sistematicas, 
com intengao cientifica, sabre os fenamenos do espir.itismo 
16 - CROOKES, William: "Experimental investigation on psy-
c·hic force", Londres, Gillman, 1811. Traduc;ao francesa: "Nouvelles 
experiences sur la force psychique", 2.a ed., Paris, Librairie des Scien-
ces Psychiques, 1878. Tradugao espanhola: "La fuerza psiquica", Bar-
celona, Mancri, s. d. Do mesmo au tor: "Researches on the phenomene 
of Spiritualism", Londres, 1874. Tradugao francesa: "Recherches sur 
les phenomenes du spiritualisme", Paris, Leymarie, 1878. 
( 
JNVESTIGA<;AO 27 
moderno, embora com muitissimas falhas. Nao em vao eram 
as primeiras investigagoes num campo dificilimo. 
"Society For' Psycbi1cal RetSiearcb" 
Dcvcriam passar ainda mais treze anos, 62 desde o nas-
cimcnto do espiritismo, para que surgisse a primeira socie-
dadc de investigac.ao. Foi em 1882 17 • Os mais destacados 
investigadorcs colaboraram com a Sociedade. As duas pu-
bl.icac.ocs pcri6dicas da Socicdadc, "Proceeding" e "Journal'', 
recolhcm milharcs de casos constituindo o acervo mais im-
portantc c cri l:crioso dos fcnamcnos "misteriosos". 
I~ogo funda-sc uma filial da ''Society for Psychical Re-
. search" nos Estados Unidos, a "American Society for Psy-
ehical Research", c no decorrcr dos anos, em varios paiscs, 
apar('ccm socicdadcs scmelhantcs 1H. 
Celebraram-sc j;'t alguns Congressos Intcrnacionais 1'>. 
N as na<.:ocs mais cultas, os mais dcstacados cicntistas tem-sc 
17 - A inidativa parl.iu de William BARRET, de Dublin, c de 
J. HOMANES, fnmln.ndo-se em Lonclrcs a "Society for Psychical Re-
searc,h". Seu primeiro presiclente foi Henri SIDGWTCK, seg-ninclo-o na 
'presiclc~ndn. s1wessivamcntc Balfolllr STEVVAHT, William CROOKI!~S. 
Willi:lm .JAMES, A . .T. BALFOUR ... 
18 -- "Parapsycholog-y Foundation", de New York; o "Barapsy-
dwlqg-y Laboratori", da Universichtde Duke, de Durham, na Carolina 
do Norte, famoso pclos atuais trabalhos de RHINE; "L'Institut Meta-
psichique International", de Baris, do que foram presidentes os famo-
sos RICHET e OSTY, fumlado pelo nao menm.; famoso Dr. GELEY 
em 1919 com a ajuda econumica de .Jean MEYER e reconhecido como 
de utilidade publica; a "Associazione Raliana Scicntifica di Metapsi-
ehica", de Como; 1a "Soeieta Italiana de Parapsicologia", de Roma, re-
conhecida pelo Estaclo; "II Centro di Studi Par.apsicologici", de Bolo-
nha; o "Comite Belgue pour !'Investigation Scientifique des Pheno-
Jnenes Reputes Paranourmaux", etc. 
19- Congressos Internacionais de Conaghem, em 1921; Vars6via, 
em 1923; Paris, em 1927; Atenas, em 1930; Oslo, em 1935; Utrecht, em 
1953; Saint .Paul de Vence, em 1954, Oambridge, em 1955; Abadia de 
Royaumont em 1956 ... 
Marcelo
Highlight
Marcelo
Sticky Note
O inconsciente
I 
II 
II 
l
i! 
II 
30 A FACE OCULTA DA MENT.E 
Outros names menos freqlientes sao "Psicologia Supra-· 
normal", "Psicologia Transcendente", "Estudo do Mediunis-
mo", ''Psicologia Desconhecida", etc. 
Hoje, sem que se tenha logrado perfeita uniformidade, 
prevalcce o nome de "Parapsicologia" para designar a cien-
cia contempor3:nca, desde 1934 especialmente, com a nova 
oricntac;ao rcocbida ap6s a publica<;ao do primeiro livro de 
RHINE~\ rc.scrvando-se o nome de "Mctapsiquica" ~ts in-
vestigac;ocs ma.is antigas. Foi o mesmo RHINE o inccnti-
va.dor dcsta tendcncia ao definir a Parapsicologia como uma 
"Ml'tapsfquica experimental e cientifica". 
Ap6s arduos trabalhos, a ciencia parapsicol6gica cneon-
trou por fim seu caminho e e reconhecida e respeitada como 
cicncia de vanguarrla. 0 reconhecimento "oficial" como 
cicncia data de 1953, do Congresso Internacional de Parapsi-
cologia, de Utrecht. Nessa mesma data e Universidade sur-
gia a prime.ira catedra de Parapsicologia, regentada pelo 
Dr. W. H. C. TENHAEFF. Posteriormente foram multipli-
cando-se as cadeiras universitarias de Parapsicologia nos: 
paises mais adiantados. 
A investigaqiio dos fenomenos amisteriosos'' 
do homem sempre interessou a certos grupos e 
destacados sabios. Mas a -investigaqiio sistemati-
ca e com intenqiio cientifica so comer;ou em 1882 
com a chamada Metapsiquica. 
Em 1934, reformando-se e aperfeiqoando-se 
OS metodos nasce a Parapsicologia. 
A partir de 1953 as conclusoes da Parapsi-
cologia siio oficialmente reconhecidas como cien-
tificas. 
25 - RHINE, J. B.: "extra-sensory perception", Boston, Bruce 
Humphries, 1934, e Boston, B. S. P. R., 1934. 
( 
.. 
II 
I 
I 
I 
Definic;::ao 3 
UMA CIENCIA NOVA 
Nem de mais nem de menos.- A cien-
cw do mistc~rio. - Tcntativa de defini<;iio. 
H A dcfinic;ocs tfto ~mpla_s que parccem qucrer incluir dcntro r1a Paraps1cologm todo o saber humano. Esbts 
dcfinic;ocs :rdutam-se por si mcsmas. 
"A Parapsicologia estuda as func;ocs psiquicas ainda nao 
incorporadas def.initivamentc ao sistema da Psicologia." Se-
gundo csta dcfinic;ao, bastante difundida. a Parapsicologia 
nao seria mais do que a f6rc;a de choque da Psicologia, uma 
avancada na invcstigac;ii.o de fcn6menos hoje mais ou me-
nos obscuros. No mom0nto em que todos estes fenomenos 
f6ssem entendidos pcla Ps.icologia ou, em ultimo termo, pela 
Psiquiatria, etc., a Parapsicologia ja nao teria mais razao 
de ser . 
Esta definic;ao e parte da verdade. IH1 fen6menos que 
podem. durante algum tempo, ser considera:dos, como pa-
rapsicol6gicos, extraordinarios, obscuros. e passar depo.is a 
ser pouco menos do que de dominio p{1blico. E o que acon-
teceu com 0 hipnotismo, considerado em epocas antigas 
como fenomeno "oculti<l.ta"' transc devido a possessao de urn 
espirito ou demonio, e hoje tido por todo o mundo como urn 
Marcelo
Highlight
Marcelo
Highlight
32 A FACE OGULTA DA MENTE 
fen6meno natural e ate vulgar. Mas ha fen6mcno.s, como a 
telepatia, que, mcsmo quando cientificamcnV::! comprovada, 
continuara scmprc scndo fcnomcno pnrapsicologico pelo seu 
caratcr csscncial de fenomeno a margcm da Psicologia nor-
mal ou patologica. 
Outras dPfiniGocs sao bern mais amplas, mas tambem 
parciais, limitadas: "A Parapsicolog.ia cstnda todos os fatos 
nos quais a vida c o pensamento se manifcst:Fscm por fcn6-
mcnos aparcntement'c inexplicaveis" (BOII{,AC), ou "e 11m 
ramo da Psicologia que trata de fen6menos mentais e scu 
comportamento nos casos que parecem exigir princip.ios ain-
da nao aceito.s" (RHINE). 
Em a'-i'ini«O.es como estas, ah~m das expressocs: inex-
1Jlicav'el, ain.la niio aceitos, do que falamos antes, inclui-
se o elemento: mental, pens a menta, vida. En tao qualquer 
fen6meno do espiritismo,da demonologia, dos milagres, 
qualquer fenomeno, enfim, capaz de apresentar uma contro-
versia sobre seu carater extraterreno. seda por este mesmo 
fato excluido do estudo da Parapsicologia, por nao oferec8r 
certeza, a primeira vista, de seu carater mental, da vida 
humana, do poder do pensamento. Em definitivo, s6 os 
naturalistas dcclarados poderiam ser parapsic6Iogos em mu.i.-
tos casas, para nao dizcr em todos. Os fenomenos parapsi-
colbg-icos, porem, sempre estiveram envolvidos em interpre-
t:u~oes das mais contradit6rias e mistcriosas, mas geralmen-
te de car£ttcr "mis.tico". 
Ser.ia o caso, porventura, de sc cstudar primeiro se tais 
fenomenos eram ou nao mentais, vitais, do pensamento? 
Entao tcriamos o parapsic61ogo estudando uma materia que 
nao sabe ainda sc lhc pcrtence ... 
Dcver-se-ia espcrar que outras c1encias determinassem 
o car:J.i,cr mental ou vital de dcterminados fenomenos, para 
so mtiio cstudit-los o parapsic6logo? Afirmar isto seria o 
mesmo que ignorar a origem desta ciencia, que nasceu preci-
samente para investigar se estes fenomenos "misteriosos" 
existiam de fato, e, em caso positivo, se superavam na reali-
dade as for«as da natureza, ou ainda quais os fenomenos 
que superavam e qua.is os que nao superavam estas forgas. 
Os fenomenos mentais e vitais, por com:eguinte, nao 
sao a unica materia de estudo paraps.icol6gico. 
----"'""''"'-""'"'-''"'"'"'-iii'HM lllrl!l!i'I!PII~~I[:I, 
I 
DBFlNl(,'AO 33 
Omitimos outras definigocs de maior ou menor difusao 
entre os parapsic6logos, mas tambem incompletas. 
0 campo c ma.io!l" 
Robert AMADOU, represcntando o sentir mais geral dos 
metapsiquicos c parapsicologos, da em diversos lugarcs da 
magnifica obra "La Parapsycholog.ic" defini«6es bern mais 
a...'Tiplas. Por excmplo: "0 fim da Parapsicologia e a constata-
«ao e a cxplica<~ao de fatos dcsconccrtantes, estranhos, miste-
riosos, cnj<m earactl~rcs dcfwricntador<'s podcm agnipar-sc na 
vasta categoria, profundamentc hcter6clita, do oculto pcrccp-
tivcl, das expcl'iuncias m{tgieas, do maravilhoso empir.ico. 
Sobre (~:::tcs fatos, a Paraprdeologia qucr pronuuciar o vere-
dicto da ciCneia. Sua ambic;rio nio c mcnos ncm mais mo-
desta". 0 lema dos cstudos que, sob a dirc«ao de Robert 
AMADOU, lcvarn-sc a cabo na "'l'our Saint Jacques", podc-sc 
considcrar como outra dl'f.ini<;fto de Parapsicologia: • 'Ricn de 
ce qui est Ctraugc nc nom; e:~t Ctrangcr". 
Como sc ve, ua.o no:; limitamm;, como fazcm alguns au-
tores, aos fenf>ml•nos chama<los l'm-GAMMA c PSI-I<:APPA. 
Nosso conecito de Parapsicologia 6 bern mais amplo, de acor-
do com dcstacados mctap:>iquicm; t~ parapsic6logos c suposta 
a historia c finalidade dcsla invest.igagao. Segundo a exprcs-
sao de Robed AMADOU: "nada daquilo que 6 cstranho e 
estrangciro para nos"' sc, possivclmcnte, e rcsultado de fa-
culdade:s humanas. 
Jia muito que investigar 
0 campo em que a Parapsicologia trabalha e imenso. As 
vezes tratar-sc-[t de aparcntes incorpora«oes: urn suposto en-
demoninhado, urn ''desencarnado" que parece falar por boca 
de urn "medium"... Outras vezes sera preciso estudar, ao 
menos como investiga«ao previa, urn suposto milagre, ou 
os poderes extraordinarios que se atribuem a urn feiticeiro, 
a urn faquir, a urn bruxo. Nao raro a cicncia "tradicional" 
fica surpresa perante o anunc.iar de fatos que hao de suceder 
depois de 20, 30, 100 anos, quando era "impassive!" preve-los 
por vias normais, e ve que os fatos comprovaram os prog-
uosticos; ou perante adivinhagoes de fatos sucedidos a mi-
~Ill,·----------------------------~~~~ 
Marcelo
Highlight
. ·~I ,, 
• 36 A Ji'AU]I) UUUL1'il lJA M]I)N1'J;) 
N ossa defini!.:ao 
Propomos uma defin!gao a titulo de orienta<;ao . 
A Pampsicologia e a cwncia qne tern por 
objeto a eonstatat;;iio e analise dos fenumenos lt 
primeira vista inexplicaveis, mas possivclmente 
n~snltatlo de facnldades httmanas. 
Alguns e2darecimentos: usamos o nome "ciencia" <' 
H~io o U~rmo "disciplina" ou algum equivalente. A Parapsi-
cologia e cicncia em qualquer sentido em que tomemm; a pa-
l:tvra. Assim, e e""!lerimental em muitos aspectos, e ncsse 
scntido se equipara a, Fisica ou a Biologia. E rigorosa <~m 
suas argumentagoes, e nesse sentido co.incide com a Fila-
sofia. 
Mas alguns afirmam que s6 seria ciencia se em todos 
os fenomenos estudados fosse experimental e todas suas ex-
pcricncias pudessem ser repetidas com cxito igual em iguais 
circunstfmc.ias. S<> sc tom[tssemos o conceito de ciencia ncs-
te scntido tao rcstrito c incxato a que a Parapsicologia nao 
sc'ria cicneia ... 
"A prinwira vista inc:rplicdvel": esta inexplicabilidade 
apan'nic dos fc~n6mcnos podc scr dcvida a sua estranheza, 
que OS faz distar do UOHSO C;omum julgam<~nto, OU a SUa apa-
n•ntl~ cont:ntdic.;iio aos JH'<•ssupostos dcntifieos fundamenta-
dol::l ou comuml'ntl' aceilol::l. 
"POi>SZVClmcntc TCSUltado": nao afirmamos que, de fato, 
s<~mprc dcrivem das faeuldades humanas, nem qw~ seja obri-
gat{>ria a eonstata<;iio previa de que derivam delas. 
"Faculdades lwmanas": em todos esscs fenomenos ha 
urn homcm, mesmo que scja considcrado bruxo, fe.iticeiro, 
medium, endemoninhado ou santo. . . Ou, ao menos, ha uma 
tcstcmunha, como, por cxcmplo, uma adolescente numa "casa 
assombrada". Sempre intervem o homem quando menos para 
comprovar ou testemunhar. Ha, pois, a possibilidade (como 
notamos no item anterior) fi,c que o fcnomcno se dcva ao 
homem, a forgas "ocultas" l talvez de atua~ao a dis tan cia) 
do homem. 
• ""'"''" "· "'"" " """"'' """ 1 ~·n'i' , n·mnr·r. ·r :rrrr·n ,. 11 ·r rm1'l , i1 'l·ll·ntl:r: 
~I 
DEFIHI('hO 37 
Niio ignoramos que a Parapsicologia tambem estuda e 
tern fe.ito experiencias com animais e com plantas. Mas, ao 
menos por cnqnanto, a maioria dos estudos que se fizeram 
com animais e plantas foram para fazer luz sobre fenome-
nos do homem. Robrrt AMADOU, dcpois de ter incorporado 
implici1a mentr• na sua definiGfta a "Parapsicologia animal", 
acresecnta nnma nota: "Nosso cstudo, nao obstante, scrft 
consagrado exelusivamcnte i1. "ParapH.icoloo-ia humana" ~. E 
sintomfttico. o 
Contudo, sr qnisrrmos induir os animaiH e plantas nas 
smts manif<'st:H:ocs "misteriosas" como objcto da Par::lpsi-
colog-ia, no fim da nossa defin.ic;ao podcmos substituir o tcrmo 
'•humanas" pPla <'Xpr<'Sf;i'i.o "dos SCTCS 1JiVOS destc m.Undo". 
811 hlin hamos a exprrsHfto "d6slc mundo", que na. nossa 
dcfink;i'i.o c·sUt implicita no ti'~rmo "humanas". A este rcspei-
to cHc:r<'V<' com mnito aci'~rto AMADOU: A cxpressao "oeste 
mulHln", "repcmsa por i ntC'iro nnma hipl>teHc~ que bern se 
pode dwmar a tr~oria g<'ral da Parapsicolog.ia. Parcc<~ fora 
de d{Ivida Ql!P a hipl>tcsl' <k base da Parapsicologia e de que 
estas E>n;as <'sUi.o <'m rel:u;i'io com o <'Spirito humano (di'~ste 
mundo. nil.o dos '•cksl'IH:arnaclos"!). Sc algum estagio pos-
terior da investigac;il.o rPqnPrcsse ontro invcstigador, o mc-
tafisico, a aprN:ia<;i'i.o cla conclusa.O d(~stc lllt.imo na.o SC'ria 
do cmnpo do parapsid)logo c:omo tal""'. 0 parcntese e nosso. 
Cicneias limitrofPs 
Como S<' v(~, a Parapsicologia tern muitos pontos de con-
tato com outras ci(mcias. Como aut<"~ntica cicncia, na.o s6 ni'io 
contrad.iz outros ramos do saber, mas os prcssupoe, dClcs se 
serve e com elcs colabora. 
Concrci izarci nnm sl> excmplo: suponhamos uma cura 
extraordin<1r.ia, ilwxplidwcl ao mcnos i't primeira vista. Va-
rios ramos da ciCncia, nao apcnas a Parapsicologia, cstao in-
teressados no assunto. DPve o medico, em primeiro lugar, 
2 --- AMADOU, Hobert: "La Parapsychologie", Paris, Dcnoel, 
19fH, pag. 45. H[t tradu<;iio cspanhola: "La Parapsicologia", Buenos 
1\ i1·•·s, Pai<l6s, 19;>7. 
:~ A1viADOU, Robe1t: o. c., pUg. :~l. 
Marcelo
Highlight
Hiperestesia direta 5 
ACUIDADE DOS NOSSOS SENTIDOS 
" 
Assornbrosa acnidade qne podem al-
cnn(ar as rwssns sen.'w.<;oes. - Espernnr;n 
pant as pessoas qne perclc~rant a.lgum ()rgfio 
dos sentidos. -- Os cegos podem ver sem 
olhos. 
E INI<~GAVIj~L que alguns ra<liestPsistas,cartomantes, 
adivinhos, m<:~diuns, <>1<~., e mesmo p<'ssoas comuns, oh-
tem cxito no conh<~cinwnto de "coisas oeultas". Pomofl de 
parte agora os lrtH{lH's, a.c; easualidadcs, sugcst6es ... ; Rb 
tra.tamos das ''adivinha<~oes" autcnticas. 
Todos estes prodigios de "aparcneia paranormal'' che-
gam, de fato, a ser paranormais, extra-scnsoriais, devido a 
uma faculdade capaz de conhecer sem o auxilio dos sentidos? 
A 1percep~ao hip~restcsi<'.a 
Hiperestesia (de hi per c.c s6b11e; cstesia = sensac;ao) 
significa exaltac;ao da sensac;ao. Hiperestesico e quem capta 
e pode manifestar estimulos minimos. As pessoas que mani-
festam com alguma freqliencia este fenomeno e por extensao 
outros fenomenos extraordinario-normais, sao chamados 
"sensitivos" (reservando-se o nome de "metagnomos" para 
os que manifestam fen6menos paranorma.is). 
',II I. 
It 
il 
I 
I 
I 
Marcelo
Highlight
li,l i ,l,liil!ll 
I 
58 A FACE OCULTA DA MENTE 
melhos. A importancia da captac:<ao de raios luminicos sa-
bre outros possiveis cstimulos (calor ... ) foi comprovada 
com filtros, superposiGao de papeis transparentes amarelos 
c azuis com os quais se capta cor verde como na visao reti-
niana. 
Mas .isto nao e novidade: na mesma Russia, o Dr. 
CHOWRIN, <'m 1891, comprovara o influxo das cores com-
plcmcntares nas cxpcrifmcias que estudaremos no capitulo 8. 
A visii.o ''dermo-optica" observada em alguns sensitivo-s 
r_. t.ao pcrfcita c a tanta distancia como a visao Detiniana. 
Os invcstigadorcs russos calculam que ha no homem 10 ''foto-
reccptores" para cada 6 cm2 de pele. Sem precisar a por-
ecntagcm, ja em 1920 F ARIGOULE afirmava que tinhamos 
•;·o]hinhos" por todo o corpo 17 his. 
A capta<;ao nao retiniana dos raios luminicos e, pais, 
urn tipo importante, mas nao Un.ico, da hiperestesia humana. 
PETETIN, BOffiAC, etc., contam casas <.ie leitura pelo 
cstomago. 
P:mT:IilTIN deslizava urr."l. a uma cartas de baralho escon-
didas na palma da mao por ~ebaixo das cobertas da ca.ma 
onde repousava uma doente. A senhora podia ler pelo epi-
gastria as cartas. S6 ap6s a "leitura" feita pela senhora, a 
carta em questao era mostrada as testemunhas lB. 
E a prop6sito deste caso de leitura pelo epigastria, per-
mita-se-me uma digressao. A importancia do epigastria 
deve ser destacada em Parapsicologia. A hiperestesia e es-
pccialmcnte freqiicnte nesta regHio do corpo. Tanto que ja 
chamou, em epocas passadas, a atengao dos fil6sofos, mais 
do que outros tipos de hiperestesia. KANT e HEGEL, por 
exemplo, falam da "leitura pelo estomago". Sabe-se quantos 
pseudo-possessos acreditam ouvir vozes ou sentir o "demo-
nio" ou o "espirito", etc., no estomago. Tem-se constatado 
freqiientemente a existencia de lesoes ou traumatismos me-
17 bis - F ARIGOULE, L.: "La vision extraretinienne et le sens 
paroptique", Paris, Nouvelle Revue, 1920. SObre as observa~;5es e 
eotperiencias de hoje sobre a visao "para-6ptica" ou "dermo-6ptica"' 
no "Life International" de junho de 1964 se fez uma resenha muito 
satisfat6ria. 
18 - Pliti"ltTIN, J. H. D.: "L'Electricite animale", Lyon, 1.803. 
HIPERESTICSIA DIRETA 59 
dulares, .antigos ou recentes nos sensitivos ( ou metagno-
mos) o que pode ser significativo se Ievarmos em conta a 
especial rela<;ao epigastrio-medula espinhal. Os "magneti-
zadores" deram especial importancia a esta reglao. Alguns 
misticos sentiram enorme calor no epigastria durante ou 
ap6s OS extases. Os hindus em geral, e OS yoguis em parti-
cular, considcram de capital importancia o plexo solar 
("chakra umbilical" ou "manipura chakra") como sede do 
"prana"' i. e, a vitalidade ou faculdades normais, extraordi-
na!I'io-normais ou paranormais, usando nossa nomenclatura. 
Os pscudo-possessos do espiritismo, da demonologia, da bru-
xomania, freqiientemente afirmam, como vim~s, qu; _sentem 
o "intruso" na boca do estOmago e os que se creem VIbmas de 
feitic:<o, freqiientemcnte acrescentam que tern urn "embrulho" 
no estomago. Par isso, tornou-se classico que as pessoas que 
pretendiam fa:.>:;cr urn pacto com o demonio ou com os espi-
ritos, cngolissem o papcl do "contra to". As faculdades para-
psicol6gicas "tern sua sede no epigi'1strio c no plexo solar" 
chegou a concluir GoRRES em 1837 19. 
Olnrt;r'o~ tipos1 <ll~ hiiJleres:I.Jesht 
0 que succdc com o senti do da v1sao ( voltando :ao 
tema), sucede com os outros sentidos, constituindo o para-
ouvido, o para-olfato ... 
pf;T.JI:TIN, por excmplo, descrcvc uma. sonftrnbukt hip-
n(>tica que reconhceia pclas ponta.s dos dcdos o sabor de 
v{trias substii.ncias: biseoitos, carnciro a.ssado, carne de va.ca. 
cozida, pii.o de leitc. . . Estudou e dcscrcve casos de pcssoas 
que nii.o ouviam pclo onvido mas ftaziam-no quando sc Illes 
Russurrava palavra.s nas pontas <los dedos ou no ep.igastrio. 
Ma9 basta o que dissemos a respe.ito da visao, nao preci-
:samos nos deter na hiperestesia de outros sentidos. 
Os fenomenos de hiperestesia durante o sonambulismo 
hipn6tico poder-nos-iam explicar certos casos de sonambu-
lismo durante o sono natural. Regra geral, quando urn 
19- GoRRES: "Die Christliche Mystik", Regensburg, 1837. N6s 
dtamos da ed. francesa, trad. por ST. FOI, Charles: "La mystique 
:livine, naturelle et diaboliqu.e", Paris, 1854-1862, tomo III, pag. 347. 
I I lllllllll!!il"l'llllllll'l11'1'111":111111 ',:'1'11111' lll~llil . il. 'IIi I II, I' 1 ................................... .. 
Marcelo
Highlight
il.l,li·i ,,,:jl,, i li,l ;;l,lli ,,;,,, i.lli·l, i'iili 1: I liil,l,l:l: l·l:i: I j:, ,i' l·i ll.•i I I' 
60 A FACE OCULTA DA MENTE 
sonambulo caminha com os olhos fechados por lugares co-
nhecidos, e porque a memoria inconsciente guarda com todo 
o detalhe as distancias, obstaculos, etc. Mas em certos casas, 
os sonambulos caminham com os olhos fechados por lugares 
desconhecidos e obscuros ou por lugares conhecidos mas 
evitando obstaculos novas. A explica<;ao nestcs casas nao 
pode ser a memoria, mas a hiperestesia da escassissima re-
flcxao luminosa, do reflexo sonoro, da reflexao do ar ... 
Muitos conhccimcntos "extraordinarios", "inspirac;oes", 
"pressentimentos", etc., tern origem na hiperestesia. 
Uma cspera1nc;a para os cegos 
Em Bangkok (Tailandia) uma equipe de cientistas sob :1. 
dircc;ao do dr. Rhun Vichit SUKHAKARN esta tratando dr 
controlar a chamada "visao para-optica" para que os pri-
vados da vista possam ver sem empregar os olhos. Tra ta-s•' 
na realidade de aproveitar a hiperestesia. 
0 unico avan<;o poderia ser 0 intento de sistematizar 
o ex:ercicio. 0 hipnotismo aumenta a concentrac;ao e a con-
fianc;a, a fim de conseguir a m<.'nifesta<;ao da hiperestcsia 
mais rapidamente. 
As experiencias come<;aram quando um viajante expos 
a um medico de Bangkok as teorias s6bre a hiperestesia 
que ouvira de um velho mange budista tailandes. 
Em Bangkok procuram que sc manifeste a DOP nas 
mac;as do rosto, com o que se dara a imprcssao de que de 
fato os ccgos "vccm", porquc voltam a cabcc;a para o objeto. 
Mas, por cnquanto. por propria confiss:-w do Dr. SUKHA-
KARN "nossas experiencias so conseguiram exito com 
sujeitos muito jovens e aptos para a hipnose". 
Somos capazes de perceber, por meio• dos 
nossos sentidos ( ao menos inconscientemente), 
estimulos minimos e inclusive de u exagera-los". 
Esta extraordinaria capacidade de sensa<;;iio cha-
ma-se, tecnicamente, "hiperestesia". 
Emissao hiperestesica 
EXPRESSAO MiMICA INCONSCIENTE 
DO PENSAMENTO 
6 
0 corpo publica os segredos da alma. 
Pensamos ate com os pes. - Possivel 
fnndamento sensorial de muitas adivinha-
(6es do pensamento. 
U MA pcrgunt~ se impoc pclo scu interesse pratico. Ser[t 
que os scnt1dos podcm captar o pensamento de outra 
pessoa? Diretamcntc, e clara que nao, porquc u pcnsamento 
em si e algo imatcrial, que cscapa aos sentidos. Mas 
indiretamcnte, nao podera ser captado 0 pcnsamento? 
Esta pergunta, de enorme transccndencia, pode substituir-
se por esta outra: o pensamento humano se traduz em al-
gum sinal fisiologico, externo, em boraminima? Se assim 
for, logo aparcce a possibilidade de que por hiperestesia 
~c:;e possa indiretamente captar o pensamento humano. . . Se-
ria o que chamamos "hipercstesia indircta do pensamcnto". 
Ha no homem sinais externos, fisiol6gicos, correspon-
dendo ou acompanhando aos atos psiquicos? (Pais tomamos 
a palavra "pensamento" em representa~ao de todos os atos 
psiquicos). 
i )s primeiros passos da investig~ao 
A descoberta cientifica dos movimentos involuntarios e 
inconscientes correspondentes as ideias foi acolhida na cien-
1. · 'i::l:ri::'ii!!!:li:ll':lll!l~lllllll·llli!n~lill!lllllll:llllllllillllllll.•••••••••••••••••••••• .. 
Marcelo
Highlight
1
•
1 ''I I · 1 ·1 ·., ~~~Ill I '" .,,., '1, I 11,1 i I II, iiI. 
f - I i ,,, ! I :I iii, i i!il I i jl 
68 A Ji' ACE OCUI.'l A DA MENTE 
ato psiquico, consciente ou inconsciente, normal, extraordi-
narlo-normal ou paranormal, tern seu reflexo inclusive epi-
dermico, espccialmente em determinadas zonas particulares 
pr6prias para tal ato psiquico, zonas que ele chamou "pia-
cas" ou "campos". As experiencias sao numerosissimas. 
:mste fato viria a confirmar, inclusive elevando-o a alta 
potcncia, o que ja antes afirmava o Dr. KLAUDER, de Fi-
ladelfia: "Esta fora de toda duvida que a pele e urn impor-
tante 6rgao de expressao, comparavel aos olhos na expres-
sao das emo~ocs" 13. 
Outros tipos de "emissoes" fo,ram tambem observadas 
e demonstradas 14• Mas basta o ja dito. E provavelmcnte ha 
"emissoes" que ainda desconhecemos ... 
A Psicologia moderna e a Parapsicologia 
formulam a existencia e extensiio dos movimen-
tos involuntarios e inconscientes que acompa-
nham toda ideia ou imagem, seaundo a Lei de 
BAIN: ((Todo fato psiquico determ~·t•.l um refle-
xo fisiol6gico e esse reflexo se irradia por todo 
o corpo e cada uma de suas partes". 
E m,{tltiplo o reflexo fisiol6gico externo dos 
atos psiquicos. 
Podemos, pois, dizer qne pensamos, qne sen-
timos, imaginamos, com todo o corpo, traindo 
nossas experiencias internas por mais secretas 
que as acreditemos. 
13 - KLAUDER: "Psychogenis aspects skin diseases", em 
"Journal of nervous and mental disease", vol. 84, setembro, 1936. 
1,1 -- Veja-se por exemplo o excelente artigo de LERNER, 
Marcelo: "Sugesti6n e Hipnose a' trav~s del concepto de psicoplasia", 
em "Acta Hipnol6gica Latinoamericana", man;o, 1960, pags. 38 ss. 
Cumberlandismo 7 
ADIVINHA<;AO POR CONTATO 
Animais que respondem ''inteligente-
mente". - Certas pessoas ((to-cam" o pen-
samento alheio. - Experiencias cientificas. 
V IMOS no capitulo anterior que todo ato psiquico tern a 
sua exprcssao caracteristica em sinais externos, embo-
ra minimos. Vimos que ecrtas pcssoas manifcstam assombro-
:-Ja hiperestesia, eapaz de captar, inclusive como que aumen-
1 ados, minimos e:;timulos. Parcce que todos. inconscicntc-
nwnte ao menos, seriamos hipcrestes.ieos. Todos incons-
ci<·ntemente podcriamos pcreeber o reflcxo fisiol6gico dos 
Jwnsamentos de outra pessoa. 0 0 
Dessas bases surge uma conclusiio 16gica: captando por 
hiperestesia os reflexos fisiologicos do pensamento de outra 
1 '' ·ssoa, pode-se captar, indiretamente, o mesmo pensamento 
pm· secreta que seja, contanto que o "pensante" esteja em 
Jll"<'!Wil<:;a do "adivinho'', OU peJo ffiCUOS naO a eXCCSSiVa dis-
1 ;1111:ia. Desta maneira nao precisaremos ~ecorrer ao paranor-
nr:rl, ao extra-sensorial, para explicar tais "adivinha<;oes". 
l•~m 1908, Ernest NAVILLE lan~ava a ideia: "Creio que 
I • "lo l"<momeno psiquico tern seu correspondente fisiol6gico, 
,. aclrnito. 0 0 que urn sabio ideal conhecedor de toda a psico-
J.,;:ra e Wda a fisiologia ... poderia ler como num livro aber-
~ 1!!!! 1!11l:l!!l!lli'liii!II!IIIM _____ BI!IIIII!IIIIIIil'llillll'lli'IHIIII------------------------.....ri. 
Marcelo
Highlight
. . I ' I '1:::,; ,., i 
I i! .. l!:i.!!!:i I • .li :' Uil .. lii,!,,i:. _l,l!i_!l!_, _11_1 i.._! li Jlli l.il Ul,!l: __ ~l,l 
~-~ .............. ,! 
82 
.. ~--
A FACE OCULTA DA MENTE 
paJavras como objeto da atividade tele;r:atica. Eu esco.Jhin 
dentre elas a que eu pensaria intensamente. 0 sujeito dc-
veria dizcr qual era a palavra cscolhida por mim. 
Noutras experienci•as apresentava ao sujcito vinte pa-
Iavras que ele lia uma s6 vez em voz alta. Ap6s a leitura 
escrevia iHe as palavras que tinha lido e retido na mem6ria, 
esforc:;ando-se mesmo paPa Iembrar. Dentre as palavras 
csquecidas cu escolhia ruma como objeto da transmissao". 
Nas ex;r:cricneias, ABRAMOWSKI segurava a milo do 
sujcito. Com a mesma tecnica realizou transmissoes cum-
bcrlandisticas de dcsenhos ou de movimento dos dcdos. 
Sabre 324 cxpcr.icncias obteve exito em 156, qua.se 50 r;;,, 
inexplicavcl pelo simples acaso. 
Nem e preciso scmprc que o operador fa<;a csfor<;o ou 
sc tcnha cxercitado em captar os sinais inconscicntcs. Po-
dem-se tambem captar inconscientcmcntc, o que nos intercs-
sa especialmente do ponto de v.ista da "adivinha<;ao''. 0 
operador pode inclusive executar a<;oes inconsciente e auto-
maticamente. Diversos tipos de experieneias tem-se feito. 
Talvez uma das mais faceis de repetir seja a de fazer que 
uma pessoa, boa sensitiva, completamente distraida, falando 
de outras coisas que a absorvem, fa<;a alguma a<;ao que por 
cumberlandismo se lhe sugira. 0 "sujeito" da experimenta-
gao, tendo operado como urn automata, nao sabera dizer, ao 
ser perguntado, nada do que realizou. Hipnotizado, porem, 
its vezes lembrara tudo o que se lhe fez realizar automatica 
c inconscientemente 15. 
Embora nos capitulos 22 e 23 falaremos da "adivinha-
<;ao" do pcnsamento inconsciente, devemos aludir aqui a um 
tipo especial de cumberlandismo. Em quase todos os feno-
menm; parapsicologicos de conhecimento encontramos o que 
poderiamos chamar mecanismo indireto ou "em L" ou "a 
tres" ou "por procura<;ao": o "adivinho" capta no consulente 
o que o proprio consul•ente sabe, de ordinaria so inconscien-
temente, de outra pessoa ou de urn objeto externo. 
15 - GRAS SET, J.: "L'ocultisme bier et aujourd'hui. Le Mer-
veilheux prescientifique", 2.a ed., Montpellier, Coulet, 1908 (l.a ed., 
Paris, Masson, 1907) pag. 123. 
• 
CUMBERLANDISMO 83 
Osip FELDMAN, por excmplo, chegou a tal perfei<;ao 
no curnberlandismo consciente, que podia, inclm;ive em ex-
periencias piiblicas de Ilusionismo (scm truque), captar o 
pensamento de um expcctaclor atraves de vari:as pessoas ig-
norantes do que se devc1·ia "adivinhar". Tudas essas pcs-
soas estavam unidas pelas maos. 
Experiencias dcste tipo de cumberlandismo "em L" nao 
sao excessivamcnte raras entre os profissionais do palco. 
Deveriam, porem, ser mais rcpetidas em laboratorio. Se_ o 
fato -se confirmasse, a explicaGao parecc que ser1a a segum-
te: as pessoas interpostas captariam s6 inconscientement_{! 
as ideias do "pensante" (inconscientcmcnte todos somos hr-
perestesicos) e transmitiriam os s.inais inconscientementf• 
captados. Osip FELDMAN, no fim da "corrente", os ~n­
terpretaria c os faria conscientcs. FELDMAN tern mmta 
fama no mundo dos ilusionistas. 
Outro tipo de cumberlandismo "em L" ou "a trcs", que 
tambem prccisaria de mais expericncias de laboratorio para 
•Ser confirmado, e 0 experimcntado, entre outros, pelo Dr. 
BOIRAC. 
Urna llisth·ica "lia", SP-g'Hran!]O nrn•a mrto de BOJRA(', 
urn Iivr·o s(Jbrc o qual BOIRAC ;r:as~ava as pontas do~ 
dcdos rr;. 
Seria hiperestesia direta (visao para-optica, "dermo-
optical perception") em BOIRAC e a histerica interpretaria 
o que captava em BOIRAC por cumbcrlandismo sobre o pen-
samento inconsciente. A "adivinhac;ao" do pensamento 
inconsciente excitado por outros tipos de hiperestcsia direta 
tern sido amplamente comprovada, como veremos no capi-
tulo 23. 
Digrcssoes praticas 
0 cumberlandismo, como se ve, pode dar preciosas indi-
cagoes aos mediuns espiritas, na hipersensibilidade do transe. 
A corrente ou cadeia que os espectadores formam em algu-
mas sessoes, seria o veiculo pelo qual o interessado cstaria 
16 - BOIRAC, Emile: "La Psichologie inconnue",Paris, Alc•an, 
1 !I 12 ( l.a ed., 1908), pags. 252, 264, 271. 
0')111 •.••. - --------------
1, 
Marcelo
Highlight
;,: , ' I. 
84 A FACE OCULTA DA MENTE 
manifestando ao inconsciente do medium as ideias a comu-
nicar. 
Muitas revelaGoes, das feitas por urn hipnotizado, por 
exemplo, podcm •cxplicar-se perfeitamente por cumberlandis-
mo. scm neccssidadc de recorrer a conhecimentos naranor-
mais. . . Urn dos primciros passos que se costuma dar, para 
dcscnvolv•cr a ''lucidc7." nos hipnotizados, e precisamente 
puro cumberlandismo. 0 hipnotizado, para diagnosticar uma 
doenGa, por exemplo, poe as maos sabre a fronte do consu-
lcnte ou. rwg-ando C'ntrc as suas uma mi'\.o do paciente per-
corl'e lentamentc os mcmbros com possibilidade de cstarcm 
·docntcs. 
Por cumbPrlnndismo node urn "adivinho" fa7.cr obscrva-
q:oPs sohrf' 0 f'Stado fisiolflg-ico, caraJer, tendcncias, passaoo 
dinico imPdhto P inclusive futuro iminf'nte, isto C, aquClc 
cujas causas j{t cstiio ag.inrlo no org-anismo. 
Pclas cammq antes indicaclas, os manmlis de hipnosc 
previnem o hinn6log-o princiniantf' a nii.o finr-sc mnito na-
qui1o que o hipnoti7.ado rPvPlc sohrP a ontra n<'ssoa com a 
qual esta em contato. Freaiientemcntc nao rlir{t ma.lH do Qnc 
aquilo que esta mesma pessoa pensa de si propria, talvez 
erradamente 17. 
Os reflexos fisiol6gicos externos do pensa-
mento de uma pessoa podem ser sentidos por 
outra, havendo contato corporal. Por este meio 
pode-se conhecer o pensamento mesmo de outra 
pessoa. Isto, porem, niio quer dizer que todos 
os sinais sejam transmitidos precisamente poT 
contato. 
Este fenomeno da u adivinhat;;iio por contato.'' 
chama-se tecnicamente cumberlandismo. 
17 - Veja-se, por exemplo, JAGOT, Paul Clement: "Magnetis-
mo, Hipnotismo, Sugestao", Sao Paulo, Mestre Jou, s. d., pag. 167. 
) 
;: 
I 
,• 
Hiperestesia i ndireta 8 
LEITURA SENSORIAL DO PENSAMENTO 
As pessoas que aveem" o pensament:o. 
Crianras prodigiosas que sabem tudo 
sem estudar. - Famosas experi.encias cla 
Russia. 
INTERESSA-NOS cspccialmcntc a ''adivinha«ao" scm contato. Pode-:"(\ a certa diHtfmcia, captar a linguagem 
fisiologica minima, i. C, OS rcflcxos extcrnos da .ideia, de 
modo que se poHSa, indiretamcntc, como que "ver" o pr~n­
samento de outra pcssoa? 
.E possi:vcl. Ate mcHmo para aprcscntaG6cs no palco. 
Seria isso urn "cumbcrlandi·~·mo sem contato". E pod e-sc 
ehegar a extremos maravilhosos, como o ilu:oinnista MA-
RION, por excmplo. 
MARION encontrava os objctos escond.idos pelos especta-
d.ores mcsmo quando a testemunhrt que inconscientemente o 
dirigia sc escondia dcntro de uma c.aixa, s6 aparecendo 
os pes. 
MARION observava nestes casos as minimas modifica-
!;6es inconscientes na marcha do espectador que se tinh•a 
prestado a experiencia. 
0 Dr. SOAL (urn dos melhores investigadores da r.1o-
dPma Parapsicologia) estudou detidamente as provas rea-
lizad::~s por MARION. SOAL chegou a conclusao de que, 
niio obstante as maravilhosas provas, MARION nao possuia 
Marcelo
Highlight
Marcelo
Highlight
Marcelo
Highlight
Marcelo
Highlight
t I 
I ''k 
98 A FACE OCULTA DA MENTE 
Com certas tecnicas pode-sc aumentar essa repercussao 
fisiologica. 
Essa ressonancia ou repercussao seria em definitivo o 
que nos chamamos hipcrcstesia, peroep<;ao inconsc1ente dos 
sinais. Scria uma hipcrcstes.ia cutanea, que sc viria a acres-
ccntar a hipcrcstesia visual, aud.itiva. . . Por muitos cami-
nhos o reflexo fisiol6gico das ideias de outra pessoa passaria 
a nos ou as pcssoas presentes. 
E como tais reflcxos se identificam com a ictc.ia, como 
ideia e rcflcxo sao apenas dois aspectos difercntes de urn s{J 
fenomeno, comprecnder-se-a que, se inconscicntcmente sao 
rcproduzidos em nos esses reflexos fisiol6gicos de outra pcs-
soa, tambem teremos captado a ideia inconscicntcmcntc. 
Sc, com tecnicas especiais, ou pelo treino cspontftnco 
ou provocacto, ou em circunstancias especia.is esta rcsson:m-
cia c aumentada em ccrtas pcssoas, compreender-sc-:1 por-
que, nessas pessoas, o que so era "adivinha«ao" inconscicntc 
podc fazcr-sc conscientc. Nos scnsitivos, este exagcro, esta 
p;umagem do inconscientc ao consciente, e mais freqi.icnte, ou 
ate regular. 
AplicaQ5e!'> pr{tti:eas 
Em primeiro Ingar d.eve-se destacar a importancia da 
hipcrestesia indireta do pensamento. Ela e muito mais fre-
qliente que a tclcpatia ou qualquer outro fenomeno paranor-
mal, extra-sensorial. Ja PUYSEGUR, urn dos primeiros in-
vestigadores do hipnotismo, advertia os hipnotiza:dores con-
tra 0 crro de considcrar como telepatia muitos atos que nao 
o sao, tanto que chcgou PUYSEGUR a afirmar exprcssa-
mente que ''era crro pensar que, por meio de urn sonambulo 
(hipnotizado) clarividente, se pudesse adivinhar o pcnsa-
mento de uma pessoa ausente, pois o unico que se obtinha 
em tais ocas.ioes era inspirado inconscientemente pclo pro-
prio observador" 21. 
PUYS:EGUR exagera e erra ao nao admitir a possibi-
lidade da telepatia, mas esta certo, e so para isso tinham 
21 - Citado por SILVA MELLO, A. da: "Misterios e realidades 
dllste e do outro mundo", Rio de Janeiro, J. OUmpio, 1949, pag. 232. 
I
! ; 
'I '1,1~:1 
l 
HIPERESTESIA INDffiETA 
fundamento as suas observa«6es, quando afirma que o que 
na ~ealidade sucede na quase totalidade dos casos e que 
0 sonambulo capta, indiretamente, 0 pensamento consc.iente 
ou inconsciente do obscrvador presente. 
Uma experiencia facil, inspirada no livro de JULIO 
MARIA 22 , tem comprova.do in1imcras vezes que a hiperes-
tesia indireta do pcnsamcnto e ma.is facil e freqliente que 
a telepatia. Os lcitorcs podcm repctir a experiencia com fa-
cilidade. 
Sc •a mu adivinho, medimn, radicstesisla, etc., se aprcsen-
ta uma scri<' de pergunlas eseritas e guanlndas num envelope, 
o "adivinho", com algnrna frcqiieneia, sera eapaz de dizer o 
eontelulo do envelope. l\fas se nfw fomos n6s mesmos que es-
crevenws as fra~a's dos envelopes, 1nas urn amigo que no-las 
envion por correio ( •~ is!.o c mai8 seguro do que n enb·ega pes-
soul pnra >W evitar l<}da a hipcrcsteHia. inconscicnte em n6s), 
comprovarcmos que st") raJ"lH:c;imanwnte, e :-;6 nmito bons "adi-
vinhos" scrfw capa;,cs de di:.mr-nos o eouteltdo do envelope. 
Esta experi(~ncia, ou semelhantes, provam perfcitamente 
que no primeiro easo, .i. c., quando a consulta e feita pela 
propria pessoa que csercvcu, e mais Htcil ae,ertar, por tratar-
se de hiperestesia indir.cta do pcnsamcnto. Mas no segundo 
caso onde nao pode haver sin;;tis inconsc.icntes, os acertos 
sao mais dificcis c raros por tratar-sc de telepatia ou co-
nhecimento extra-sensorial. 
Muitas vczes e o espcctador que se trai a si mesmo, 
ao consultar a urn "adivinho" ou nas sess6es medilmicas. 
0 medium ou "adivinho" nao sabe mais do que aquila que 
o consulente lhe diz na linguagem dos sinais inconscientes 
e involuntar.ios. 0 estado de transe do medium, ou de de-
lirio, narcotismo, histeria em que entram natural ou ar-
tificialmente muitos "adivinhos", ajuda :evidentemente a 
hiperestesia. Por outra parte, a corrente de certa.s sess6es 
espiritas favorece a hiperestesia do pensamento de tipo cum-
berlandismo. Cumberlandismo e HIP em geral, combinadas, 
podem, e claro, chegar a limites insuspeitados em pessoas 
especialmente "dotadas" e especialmente treinadas. 
22 - JULIO MARIA: "Os segredos do espiritismo", 4." ed., 
Petr6polis, Vozes, 1950, pag. 186. 
Marcelo
Highlight
_, '* MiNr:i' !' '!1'''''1"''· Mal. ,.f ir1!'!1J!!!I!!IIMII' .lfiiil,.._lllllilollllll-llllll!llll'lillt •tlillhllllll ......... ----~ ----
102 A FACE OGULTA DA MENTE 
nao 0 sabia, mas ai esta o medico hipnotizador que o sabe e 
que deseja que o hipnotizado confirme suas teorias de re-
gressao da idade ate aqueles estados iniciais da vida. 
As conseqliencias praticas que poderiamos tirar do que 
chamamos "hipercstesia indireta do pensamento" sao nume-
rosissimas. 
Os reflexos fisiol6gico•s ou sinais corrcspon-
dentes a todos nossos atos psfquicos siio sentidos 
pelas pessoas qne sc encontrampresentes. 
Provavelmente todas as pesso•as presentes 
captam e interpretam, ao menns ineonscicntc-
mente, esses sinais externos O'U reflexos, e a par-
tir deles se interpreta ou capta o pensamento que 
os motivou. 
A este fenomeno de a adivinha~iio" sensorial 
chamamos "hiperestesia indireta do pensamen-
to" (HIP). 
Uma grande maioria das (( adivinha<:;O'es" 
niio siio paranormais, mas simplesmente HIP. 
i il.: I i II I 1.1 I ,11111, 1 
Pantomnesia 9 
0 INCONSCIENTE SE LEMBRA DE TUDO 
Lembrou-se do que mra quando bebe. 
Um analfabeto aprende abras literarias 
ScJ de onvi-las uma vez. - Gra~as a memo-
ria do inconsciente recupera-se uma fortuna. 
- 0 nosso inconsciente niio esquece nada. 
0 FIL6SOFO DF:LBOEUF f1onhon que no patio da casa encontrara dnas Iagartixas enterradas na neve e rigidas 
pelo frio. Tomou-as, aqueceu-as nas maos e colocou-as numa 
greta do muro. Dcpois colocou ao !ado delas umas ervas que 
Ia cresclam. Ainda em sonho pronunciou o nome da planta: 
"Asplenium ruta muralis" (sic). 0 nome se lhe apresentou 
como algo familiar. DELBOEUF nao se Iembrava de quase 
nenhum dos nomes tecnicos das plantas apreendidos na epoca 
de estudante. Como, pois, era possivel aquele conhecimento 
tecnico? Ap6s 16 anos encontrou casualmente a explica<;ao: 
em casa de urn amigo encontrou urn pequeno album de f!Ores 
secas, no qual estava escrito, por sen pr6prio punho: "Asple-
nium ruta muraria". 0 mesmo DELBOEUF o escrevel"'a muito 
tempo antes, depois de consultar urn botAnico. DELBOEUF 
3lG A. FACE OCf.Jl,TA. /lA MENTE 
deflapnrccc, a mcnina, <'m Iugar de voltar para ctl.i'Hl., corre 
em procura de urn medico. 
A mcnina ni\o podo dar multos dctalhcs ao medico, por-
quo a mae, na rcnlidade, esta.va em pcr·feito estnrlo de sat1dc 
e nnqucle momenlo, deveria estar aw;cnlc de cmm. Mas 
!he conta a visilo e o convcnce a ir c~om ela ate n easa. 0 
medico vai, mnis p:u·a tn1nqililizar a menina do que por on-
tnt coisu. 
Chcgn.m C~tliTOIHio c Pnc·.onlr·n.m o pai na porta, muito 
tranqiiiJo. () pili c•sl!':lllhll a dH•g:ula do medico, l1o apres-
sacJn, e pcl'gunta o que se pas:;n. "F: a rnamrl.e", responde a 
1ncnina c eoncln?. J>ni c mc'dieo ao qun.t'l.o ahunclonrulo. I ,ii, 
cxatnmentc como tinhn vislo c dcscTit o a nwninn., en eon-
tram. a mfte, clPiladrt no chfw, o Jc~nc;o de r<'ncla pc~rto. A 
pobre senhcwa tiulm sofriclo lllll :Lt.n.quc~ c·anliac•o. 0 m6cllco 
cleclarn. que, sc nfto t.ivesse C'hPgado imecliatamcnt.c', o descn-
lac~c teria. si!lo fatal. 
~ _Supomos que o ca!'lo tenha sido h<'m ob~wrvado. Seria au-
tenbco conhecimento psig-:l.mico. Foi clarividl'mcia ou te-
lepatia.? 
Clarividt~rwi:t {· o c:onlwcinwnto psig·;'unieo ck co.isas 
o~je~ivas, fisic.;as: no easo, a men ina ter:ia "visto", ;L dis-
tan em, ~ reahdade m0sma do quarto abandonado, a mae 
u:sf~lectda~ ? !cn~o de r<'nda no chao. . . Em contraposi-
~ao a clarividcncta csta a t:clepatia. A telepatia consiste 
em ~onhccer nao diretamcnte a rcalidadc fisica, mas o 
~onte_udo _de um ~to psiquico, subjetivo: os pensamcntos, 
Imagtnaqoes, scntimentos ou desc•jos duma pessoa. A me-
nina tcria conhccido o pensam0nto ( consciente ou incon-
cicntc) que a mae tinha do seu cstado, lugar em que cs-
tav~, . et~e. Conhecimento dirPtam0nt0 do ato psiquico, 
e so mdirctamcntc da realidade fisica objeto dcste pensa-
mento. 
A clarividcncia (~ dcsignada hoj0, a proposta do Dr. 
RHINE, .com a sigla PC (pura clarividcncia), e a telcpatia 
co~ ·3; stgla PT (pu;a telcpatia). Am bas as siglas foram 
ofictahzadas no "Coloquio Intcrnacional de Utrecht". 
E muito freqiientc ver confundidas a clarividencia e a 
telepatia nos livros dos nao especialistas. Outros autores, 
ao contrario, scmpre fazcm questao de disting-uir, 
llll]l,]]jjj]]l]][jjjj;]]l]]jjjjjjjjj]]i]]ll]]]j]llllllilllllll!liilllll!ll'ii'IIIIIIIJIJII!IIIIIIIIIi]lilllllllllfillllilllilllllllllllill!]l]j]i]]]]]l]]]j]];'lllilllillllilll 1lilllll•lillilllllllllll!lil•llillll1lllliilllllllllil•l'lll!llllllllllillllllllllllllllilllllli I 
\ ' 
TELEPATIA E CLARIVIDll:NCJA 317 
0 primeiro a usar a palavra "telepatia" foi, ao que pa-
rece, o Dr. W. H. MYERS em 1883, quando observava os 
casos de conhecimento de aparencia paranormal recolhi-
dos pela S.P.R. de Londres e publicados no livro citado. 
Telepatia significa, a rigor, etimologicamente, "sofri-
mento a distancia": MYERS comprovou que era por oca-
siao de acontecimentos tristes que, com mais freqiiencia 
sucedia o conhecimento de aparencia pa:ranormal. Mas logo 
a palavra "telepatia" se tomou no sentido mais geral de 
"sensa<;:ao a distancia, percep<;:ao a distancia". 
Prevalecera, quase que inconscientemente, o conceito 
de que a telepatia era a percep~ao a distancia do pensa-
mento de outra pessoa. 0 Dr. MYERS a definia assim: "a 
t:r:ansmissao de impressocs de qualquer genera entre urn 
cerebra t' outro, indl'pendc>nt:<>mcntc de toda a via sensorial 
rceonheeida". 
J{t alguns autores da epoca da Metapsiquica chegaram 
exprcssamcnte ao conceito de telcpatia como conhecimento 
do pensamento; por excmplo, o Dr. Chrurles RICHET 2, o 
mais famoso metapsiquico. 
Mas claro esta que a expressao de RICHET, assim 
como as de outros muitos autores mais ou menos especia-
listas, d'C que a telcpatia fazia so referencia ao pensamento 
nao e cxata. Seria reduzir dcmais o ambito da telepatia. 
Seria telcpatia qualquer conte{rdo dos utos do espirito de 
uma pessoa, diretamente conhecido por via paranormal, como 
pcnsamentos, imagens, sofrimentos, lembran<;:as, estado de 
espirito, etc. E por isso que pouco antes definiamos a te-
lepatia como "a percep~ao paranormal do conteudo de urn 
a to psiquico". A transm'issao do pens amen to ou a adivinha-
c;ao do pensamento e s6 urn aspecto da telepatia, nao abran-
gendo todos os tipos de telepatia. 
A telepatia e o vulgo 
Em todos os tempos existiu crenga de que o homem, 
ou certos homens, tinham o poder de conhecer os mais pro-
fundos segredos dos seus semelhantes, de conhecer os atos 
2 - RICHET, Chal'ies: "Traite de Metapsychique", 2.a ed., Pa-
ris, Alcan, 1923, pag. 791. 
II 
I 
I 
I, 
' 
Marcelo
Highlight
Marcelo
Highlight
Marcelo
Highlight
Marcelo
Highlight
Marcelo
Highlight
Marcelo
Highlight

Continue navegando