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Apostila de Necessidades educativas especiais Docente: Miguel Reis 1 Breve Histórico da Educação Especial O começo da Educação Especial data do séc. XVIII, antes deste século, as crianças com impedimentos eram negligenciadas, rejeitadas, ignoradas. Fazia-se a prática de infanticídio ou exorcismo (morto). A partir do séc. XVIII surge a educação especial como quem diz. Nos finais do séc. XVII e no começo do séc. XVIII, estes eram conservados em orfanatos, manicomios, prisões e em outros tipos de instituições. Podiam viver, mas não tinham direito a educação. No princípio do séc. XIX começa o periodo da institucionalização especializada para as pessoas portadoras de deficiências. É nesta altura que surge a educação especial, com o cristianismo. Começa-se a proteger as crianças portadoras de deficiência. As primeiras escolas eram feitas fora das populações em lugares isolados porque ainda se tinha a concepção de estas crianças estavam carregadas de espiritos maleficos e como tal o portador de deficiência era um perigo para a sociedade. As primeiras escolas especiais que surgiram ao longo do séc.XIX eram para crianças cegas e surdas e mais tarde para as crianças com problemas de impedimentos mentais. E no séc. XX começa o início da obrigatoriedade e expansão da escolarização de educação básica. Antes as crianças eram ensinadas coisas muito simples. A partir desta fase começa a existir a pedagogia, organização dos programas de ensino para estas crianças. Esta pedagogia tinha que se enquadrar em níveis de capacidades intelectuais. São criados etiquetas e rótulos para destinguir as crianças com impedimentos de aprendizagem, a partir dai surgem as classes especiais. Os grupos considerados por alguns autores são crianças, sendo cegas, impedimentos mentais, paralisias cerebrais são a sua categorização. Apostila de Necessidades educativas especiais Docente: Miguel Reis 2 Outros autores preferem estabelecer três quadros de desenvolvimento. KIRK e GALLAGHER na sua obra desenharam quatro estádios de desenvolvimento das atitudes em relação as crianças excepcionais. História da Educação Especial Dividimos esta abordagem histórica em três épocas: uma primeira, que poderemos considerar como a pré-histórica da Educação Especial; uma segunda, aquela em que surge a Educação Especial entendida como o cuidado com a assistência, e por vezes também com a educação prestada a um certo número de pessoas e caracterizada por decorrer em situações e ambientes separados da educação regular; uma última etapa, muito recente em que nos encontramos actualmente, com tendências que nos levam a supor uma nova abordagem do conceito e da pratica da educação especial. 1º Era pré-cristã; esta época é caracterizada pela ignorãncia e rejeição do indivíduo deficiente. Nesta época era normal o infanticidio quando se observavam anormalidades nas crianças. 2º Era cristã; durante a idade média a igreja condenou o infanticidio, mas por outro lado, acalentou a ideia de atribuir causa sobrenaturais as anormalidades de que padeciam as pessoas. Considerou-as possuidas pelo demónio e outros espiritos maléficos e submetia-as a práticas de exorcismo. No séc. XVII e XVIII os deficientes mentais eram internados em orfanatos, manicómios, prisões e outros tipos de instituições estatais. Ali ficavam junto dos delequentes, velhos, pobres... indiscriminadamente. 3º Era das instituições; finais do séc. XVIII e princípios do séc.XIX surge a educação especial propriamente dita, caracteriza-se em cuidados e assistência as pessoas portadoras de deficiência, elas passaram a ter o direito a educação regular, esta época era também caracterizada pela institucionalização especializada das pessoas portadoras de deficiência Apostila de Necessidades educativas especiais Docente: Miguel Reis 3 A primeira escola pública para surdas foi criada pelo Abade Charles Michel (1712-1789) em 1755 tendo-se rapidamente convertido no Instituto Nacional de surdomudos. Em 1784, Valentin Hauy criou em Paris um Instituto para crianças cegas. Entre os seus alunos encontrava-se Louis Braille (1806-1852), que viria, mas tarde a criar o famoso sistema de leitura e escrita conhecido precisamente por sistema Braille. A sociedade toma consciência da necessidade de prestar apoio a este tipo de pessoas embora esse apoio se revestisse, a princípio de um carácter mais assistencial do que educativo. Impera a ideia de que era preciso proteger a pessoa normal do não normal ou seja, esta última era considerada como um perigo para a sociedade. Nesta era também se separa o deficiente, segrega- se, descrimina-se. Abrem escolas fora das povoações, argumentava-se que o campo lhes proporcionaria uma vida saudável e alegre. Educação Especial Termo restrito carregado de multiplas conotações pejorativas; Afasta-se dos alunos/as consideradas normais; Tem implicações educativas de carácter marginal, segregador; Pressupõe uma etiologia estreitamente pessoal das dificuldades de aprendizagem e / ou desenvolvimento. Faz referência aos PEI partindo de um esquema curricular especial Necessidades Educativas Especiais Termo mais amplo, geral e propicio para a integração escolar. Não é nada pejorativo para o aluno; Apostila de Necessidades educativas especiais Docente: Miguel Reis 4 As NEE referem-se às necessidades educativas do aluno/a e, portanto, englobam o termo E.E. Admite como origem das dificuldades de aprendizagem e/ou desenvolvimento, uma causa pessoal, escolar ou social; As suas implicações educativas têm um carácter marcadamente positivo; Referem-se ao curriculo normal e as adaptações curriculares individualizadas que partem do esquema curricular normal. Estádio de desenvolvimento das atitudes em relação as crianças excepcionais 1º Estádio Estes consideraram o primeiro estádio de desenvolvimento a pré-cristã. Nesta era as crianças eram negligenciadas ou maltradas. 2º Estádio Começa na época de difusão do cristianismo onde eles diziam que todo ser humano tem direito a vida. 3º Estádio Corresponde ao séc. XVIII e XIX quando surgem as primeiras instituições para fornecer uma educação separada das outras crianças. 4º Estádio Corresponde a última metade do séc. XX, a era de uma maior abertura no processo de aprendizagem ou direito a uma educação para melhor integração a sociedade. Apostila de Necessidades educativas especiais Docente: Miguel Reis 5 A Constituição da República de Moçambique (1990), concede as pessoas portadoras de deficiências, um gozo pleno e igual dos direitos e deveres em relação a todos os cidadãos. Diz a lei fundamental que é garantido (a) a todo cidadão: A igualdade perante a lei e o gozo dos mesmos direitos e deveres, independentemente da côr, raça, sexo, origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau de instrução, posição social, estado civil dos pais ou profissão (Art.66); A igualdade entre o homem e a mulher perante a lei e em todos os dominios da vida política, económica, social e cultural (Art.67); O gozo pleno dos direitos e deveres consignados, para as pessoas portadoras de deficiências com excepção daquelas cujo exercicio ou cumprimento para os quais estejam incapacitados (Art.68); O direito e o dever ao tarbalho, à educação fisica e ao desporto e a assistência médica e sanitária (Art.88, 93, e 94). A Lei nº. 6/92, de 06 de Maio, sobre o Sistema Nacional de Educação (SNE), através do Ensino Especial, cujo objectivo é “... Proporcionar uma formação em todos graus de ensino e a capacitação vocacional que permita a integração destas crianças e jovens em escolas regulares, na sociedade e na vida laboral...” (Boletim da República, 104-11:1992), assegura a escolarização de crianças e jovens com necessidades educativas especiais. A Resolução