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ÉTICA AD VERUMAD VERUMAD VERUM PDF Olá, alunos! Sabemos que vocês estão em um momento desafiador: a preparação para o Exame de Ordem, prova pela qual os bacharéis em Direito precisam passar ao concluir a graduação. O estudo para OAB por vezes traz alguns obstáculos específicos: encontrar tempo entre estágio, trabalho e afazeres de casa, conciliar com as provas finais da faculdade, com a elaboração do TCC, com os preparativos para formatura. É muita coisa! Então é necessário estudar de forma otimizada e escolher o material com sabedoria. Pensando nisso, a Ad Verum, empresa do Grupo CERS ONLINE, trouxe para você o PDF Ad Verum – OAB, que tem por premissa “atacar” os pontos nucleares de cada disciplina. Vamos te deixar preparado, de forma objetiva, para os assuntos com maior probabilidade de cair em sua prova. Racionalizar o estudo dos nossos alunos é mais que um objetivo para Ad Verum, trata-se de uma obsessão. Faça bom uso do seu PDF Ad Verum! Bons estudos Vamos iniciar os estudos de Ética para o certame ao qual você irá se submeter: A PRIMEIRA FASE DA OAB! Para essa disciplina, que conta 8 questões na prova. Sumário 1. Atividade de Advocacia .................................................................................................... 4 1.1 Consultoria, Assessoria e Direção Jurídicas ..................................................... 4 1.2 Características Essenciais da Advocacia ............................................................. 5 1.3 Natureza da Advocacia ............................................................................................. 5 1.4 Advocacia Pública........................................................................................................ 6 1.5 Atuação de Estagiário ................................................................................................ 6 1.6 Nulidade dos Atos de Advocacia Praticados Ilegalmente ........................ 7 1.7 Mandato .......................................................................................................................... 8 2. Direitos do Advogado..................................................................................................... 11 2.1 Independência do Advogado ante o Juiz e os Agentes Públicos ....... 11 2.2 Liberdade do Exercício Profissional ................................................................... 11 2.3 Sigilo Profissional ...................................................................................................... 11 2.4 Inviolabilidade do Local e dos Meios de Exercício Profissional ............ 12 2.5 Comunicação com Cliente Preso ........................................................................ 13 2.6 Prisão em Flagrante do Advogado .................................................................... 13 2.7 Prisão em Sala de Estado Maior ......................................................................... 14 2.8 Direito de Ingresso em Órgãos Judiciários e Locais Públicos ............... 14 2.9 Relação com Magistrados ..................................................................................... 15 2.10 Sustentação Oral nos Tribunais ...................................................................... 15 2.11 Uso da Palavra Oral ............................................................................................. 16 2.12 Direito a Exame e Vistas de Processos e Documentos ........................ 16 2.13 Desagravo Público ................................................................................................ 18 2.14 Retirada do Recinto ............................................................................................. 18 3. Inscrição na OAB ............................................................................................................... 20 3.1 Inscrição como Advogado ..................................................................................... 20 3.2 Inscrição como Estagiário ...................................................................................... 23 3.3 Inscrição Principal e Suplementar ...................................................................... 23 3.4 Cancelamento da Inscrição ................................................................................... 24 3.5 Licenciamento do Advogado ............................................................................... 25 4. Sociedade de Advogados ............................................................................................. 26 5. Advogado Empregado .................................................................................................... 30 6. Honorários Advocatícios ................................................................................................ 33 7. Incompatibilidades e Impedimentos ........................................................................ 36 7.1 Incompatibilidades com a Advocacia ............................................................... 36 7.2 Impedimentos ............................................................................................................. 38 8. Ética do Advogado ........................................................................................................... 40 8.1 Responsabilidade Profissional do Advogado ................................................ 40 8.2 Deveres do Advogado no CED ........................................................................... 43 8.3 Dever de Urbanidade .............................................................................................. 44 8.4 Publicidade Profissional .......................................................................................... 44 9. Infrações e Sanções Disciplinares .............................................................................. 45 9.1 Infrações Disciplinares Puníveis com Censura .............................................. 45 9.2 Infrações Disciplinares Puníveis com Suspensão ......................................... 46 9.3 Infrações Disciplinares Puníveis com Exclusão ............................................. 46 9.4 Atenuantes e Agravantes ....................................................................................... 47 9.5 Reabilitação .................................................................................................................. 47 9.6 Prescrição da Pretensão Punitiva ....................................................................... 48 10. Ordem dos Advogados do Brasil .......................................................................... 49 10.1 Fins e Organização ............................................................................................... 49 10.2 Conselho Federal da OAB ................................................................................. 49 10.3 Conselho Seccional da OAB ............................................................................. 52 10.4 Caixa de Assistência dos Advogados ........................................................... 53 10.5 Eleições e Mandatos ............................................................................................ 54 11. Processo Disciplinar ..................................................................................................... 56 11.1 Tribunal de Ética e Disciplina ........................................................................... 56 12. Disposições Gerais e Transitórias .......................................................................... 59 12.1 Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB ................... 59 QUESTÕES ..................................................................................................................................... 60 GABARITO COMENTADO .......................................................................................................76 LEGISLAÇÃO COMPILADA ...................................................................................................... 85 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 86 4 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Ética 1. Atividade de Advocacia O advogado é indispensável à administração da justiça. Em seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce função social. As atividades da advocacia são os atos que somente podem ser praticados por advogados devidamente inscritos nos quadros da OAB, e podem ser atos judiciais e extrajudiciais. 1.1 Consultoria, Assessoria e Direção Jurídicas A consultoria, assessoria e direção jurídicas são atividades extrajudiciais que apenas podem ser exercidas por advogado regularmente inscrito na OAB. Atente para o fato de que assessoria e consultoria são atividades distintas: na assessoria jurídica se auxilia quem deva tomar decisões, realizam-se atos ou se participa de situações com efeitos jurídicos, ou se reúnem dados e informações de natureza jurídica; porquanto os serviços de consultoria constituem normalmente na atividade profissional de diagnóstico e formulação de soluções acerca de um assunto ou especialidade. A atividade de direção jurídica também é privativa de advogado. Os departamentos jurídicos de empresas só podem ter como diretores-jurídicos profissionais regularmente inscritos no quadro de advogados. Veja o art. 7° do Regulamento Geral: “A função de diretoria e gerência jurídicas em qualquer empresa pública, privada ou paraestatal, inclusive em 5 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br instituições financeiras, é privativa de advogado, não podendo ser exercida por quem não se encontre inscrito regularmente na OAB”. 1.2 Características Essenciais da Advocacia O Estatuto define as características essenciais da advocacia, que são: • Indispensabilidade: não se trata de nenhum tipo de favor coorporativo a classe ou para reserva de mercado, e sim devido à importância do advogado para ordem pública e relevante interesse social, como instrumento de garantia da efetivação da cidadania, conforme prescrito no art. 133 da CF/88. • Inviolabilidade: o advogado se torna inatacável e incensurável por seus atos e palavras quando do exercício de sua profissão, nos limites definidos no Estatuto da Advocacia. • Função social: realizada pelo advogado quando concretiza a aplicação do direito e obtém as prestações jurisdicionais, participando desta forma, da construção da justiça social. 1.3 Natureza da Advocacia Majoritariamente, se diz que a advocacia é uma atividade privada, exercida por profissionais liberais, ligando-se aos clientes pelo vínculo contratual do mandato, combinado com locação de serviço. Modernamente, formou-se corrente doutrinária, para qual a advocacia tem caráter público e as relações, entre patrono e cliente, são reguladas por contrato de direito público. Contudo, diante das regras multifárias das relações do advogado com o cliente e com o Estado jurisdicional, o mais correto parece conciliar as duas 6 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br correntes doutrinárias, mormente em face do que prescreve o art. 2º do atual EOAB, considerando-se a advocacia, ao mesmo tempo, como ministério privado de função pública e social. 1.4 Advocacia Pública A advocacia pública foi prevista no capítulo das Funções Essenciais à Justiça (art. 131 da CF), para representar os entes políticos, judicial e extrajudicialmente, bem como desempenhar as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. Essa qualificação da advocacia como função essencial à Justiça é inteiramente justificável na medida em que os conflitos de interesses têm que ser levados ao Judiciário, necessariamente, por meio de advogado, a ele cabendo a tarefa de lutar pela correta aplicação do Direito. Seja agindo como profissional liberal, seja agindo como empregado da empresa privada, seja como advogado público, ele atua como intermediário entre a parte e o juiz. Por ser o advogado o intermediário obrigatório entre as partes e o juiz, por ser quem fundamenta os pedidos e instrui o processo, é que sua função é considerada como serviço público, pelo Estatuto da OAB, e indispensável à administração da Justiça, pela própria Constituição. 1.5 Atuação de Estagiário Os estagiários que estiverem regularmente inscritos na OAB podem praticar os atos mencionados no art. 1° do Estatuto da Advocacia e da OAB, na forma do Regulamento Geral, em conjunto com o advogado ou defensor público e sob a responsabilidade deste. 7 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Sem a presença ou assinatura do advogado, mas ainda sob a responsabilidade deste, os estagiários podem praticar isoladamente os seguintes atos (art. 29, §§ 1° e 2°, do Regulamento Geral): retirar e devolver autos em cartório, assinando a respectiva carga; obter junto a escrivães e chefes de secretarias certidões de peças ou autos de processos em curso ou findos; assinar petições de juntada de documentos a processos judiciais ou administrativos; praticar os atos extrajudiciais, quando receber autorização ou substabelecimento do advogado. 1.6 Nulidade dos Atos de Advocacia Praticados Ilegalmente O Estatuto traz cinco grupos de pessoas que, caso venham a praticar quaisquer dos atos privativos de advogado, tais atos serão nulos - nulidade absoluta -, no art. 4º e parágrafo único do Estatuto da Advocacia e da OAB: • Pessoas não inscritas na OAB: Somente a pessoa regularmente inscrita no quadro de advogados da OAB pode exercer os atos privativos da advocacia; nem mesmo os estagiários podem praticá-los isoladamente. O Estatuto, no art. 4°, caput, traz as sanções daí decorrentes, seja pelo prejuízo causado a terceiros, seja pelo exercício ilegal de profissão. O estagiário pode ser punido pela prática de ato excedente de sua habilitação, nos termos do art. 34, XXIX, EAOAB. • Advogado impedido: Conforme o EAOAB, o advogado pode continuar exercendo a profissão, menos contra ou a favor das pessoas determinadas no art. 30; caso isto ocorra, os atos praticados serão nulos. Perceba que a nulidade somente alcança as hipóteses em que ele está impedido de advogar. 8 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br • Advogado suspenso: A suspensão é um instituto no qual o advogado se afasta por um tempo por requerimento com motivo justificado, doença mental curável ou exercício de atividade incompatível em caráter temporário (art. 12 EAOAB). Durante o prazo da suspensão, que varia de 30 dias a 12 meses, qualquer ato privativo de advogado praticado pelo profissional será nulo. • Advogado licenciado: A licença é uma punição aplicada pela OAB, e, no prazo da licença, nenhum ato de advocacia pode ser exercido pelo advogado, sob pena de nulidade. • Advogado que passar a exercer atividade incompatível com a advocacia: Aqueles advogados que passam a exercer atividade incompatível com advocacia, e não comunicam à OAB ou não tomam as medidas adequadas (licença ou cancelamento) e continuam advogando, da mesma forma que nos demais itens, seus atos serão nulos. 1.7 Mandato Mandado judicial é quando alguém (advogado) recebe de outrem (outorgante) poderes para atuar perante o Poder Judiciário em seu nome. Para o EAOAB, o advogado postula em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato. Em caso de urgência, o advogado pode atuar sem procuração, estando obrigado a apresentá-la dentro do prazo de 15 dias, prorrogáveis por igual período. Ficam consignados na procuração os poderes outorgados pelo constituinte outorgante ao outorgado, sendo permitido pela legislação pátria, que a constituição de advogadopossa ocorrer verbalmente apenas se o acusado o 9 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br indicar por ocasião do interrogatório (art. 266 do CPP) e nos juizados especiais, salvo quanto aos poderes especiais (outorga apud acta: conforme está na ata). Em se tratando de sociedades de advogados, o mandato judicial ou extrajudicial deve ser outorgado individualmente aos advogados com a indicação da sociedade de que façam parte, não podendo ser fornecidos poderes para a pessoa jurídica ou muito menos de forma coletiva. A procuração pode outorgar poderes gerais (para o foro em geral - poderes básicos que o advogado precisa para poder atuar desde a distribuição de uma ação até os recursos nos tribunais) e poderes especiais (devem constar quando exigidos por lei). Os poderes que o advogado recebeu do cliente podem ser transferidos por meio do substabelecimento. O substabelecimento pode ser feito com reservas de poderes, isto é, quando o primeiro advogado constituído permanece na causa, ou sem reserva, onde o advogado sucede o antigo, assumindo o patrocínio da causa e o antigo perde seus poderes. O advogado que renunciar, não precisa justificar o motivo, mas deve permanecer pelos 10 dias seguintes à notificação a representar o mandante, salvo se for substituído antes do término desse prazo ou desde que necessário para evitar prejuízo, sob pena de cometer infração disciplinar e de responsabilização civil. O art. 17 do CED diz que a revogação do mandato judicial por vontade do cliente não o desobriga do pagamento das verbas honorárias contratadas e não retira do advogado o direito de receber o quanto lhe seja devida em eventual verba honorária de sucumbência, calculada, proporcionalmente, em razão do serviço efetivamente prestado. O cliente que revogar o mandato 10 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br outorgado ao advogado, no mesmo ato, deverá constituir outro profissional que assuma o patrocínio da causa, nos termos do art. 76 e §§ 1° e 2° do NCPC. 11 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 2. Direitos do Advogado 2.1 Independência do Advogado ante o Juiz e os Agentes Públicos O EAOAB disciplina os direitos e prerrogativas dos advogados ao longo de toda a lei, especialmente nos arts. 6° e 7°. A priori, o art. 6° logo determina que não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos, impondo-se às autoridades, aos servidores públicos e aos serventuários da justiça o dever de tratar os advogados, no exercício da profissão, de forma compatível com a dignidade da advocacia, inclusive com condições adequadas ao seu desempenho. 2.2 Liberdade do Exercício Profissional O advogado devidamente inscrito em um Conselho Seccional da OAB pode exercer a profissão em todo o país, advogando, ilimitadamente, no respectivo Conselho ou eventualmente, em outro estado. Se vier a atuar em mais de cinco causas em outro estado, deverá providenciar sua inscrição suplementar. 2.3 Sigilo Profissional Além de constituir um direito fundamental do cidadão, a manutenção de sigilo profissional é também um dever de lealdade que se impõe ao advogado para assegurar a plenitude de defesa de seu cliente, que é questão de ordem pública, sob pena de ofender o direito ao contraditório e a ampla defesa. A confiança própria do vínculo entre defensor e defendido requer a reserva de tudo o quanto o advogado tenha conhecido em ocasião de seu ofício, 12 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br abarcando um conceito amplo de segredo, já que a liberdade de expressão e comunicação do cliente devem governar a relação com o seu defensor. Ademais, a lei expressamente determina que o advogado deverá se recusar a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou venha a funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou tenha sido advogado, ainda que autorizado ou solicitado por seu constituinte, nos termos do artigo 26 do Código de Ética e Disciplina da OAB. Assim, ainda que autorizado pelo cliente, o advogado não poderá revelar as informações confidenciadas a ele por meio de testemunho, uma vez que a assistência jurídica não pode ser colocada em risco. 2.4 Inviolabilidade do Local e dos Meios de Exercício Profissional A inviolabilidade do escritório ou local de trabalho do advogado, bem como de seus instrumentos de trabalho, não é absoluta. Uma vez que estejam presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime pelo advogado, a autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra da inviolabilidade de que trata este direito, em decisão motivada, expedindo o devido mandado de busca e apreensão de forma especifica e pormenorizada, a ser cumprido na presença de representante da OAB. ATENÇÃO! Em qualquer hipótese é proibida a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos que pertencem aos clientes do advogado averiguado, assim como dos demais instrumentos de trabalho que tenham informações acerca de clientes, a não ser que o cliente do advogado averiguado esteja sendo formalmente 13 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br investigado como partícipe ou coautor do mesmo crime que deu origem à quebra da inviolabilidade. 2.5 Comunicação com Cliente Preso A CF/88 garante a todo preso a assistência de advogado (art. 5°. LXIII). Por sua vez, o EAOAB confere ao advogado o direito de comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis. Desta forma, a incomunicabilidade não alcança o advogado. 2.6 Prisão em Flagrante do Advogado O advogado tem direito de ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para a lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB. OBSERVAÇÃO! Se a OAB não remeter um representante em tempo hábil, não haverá de se falar em invalidade da prisão em flagrante, conforme destacou o STF. Além disso, o parágrafo 3° do art. 7° do Estatuto garante ao advogado o direito de somente ser preso em flagrante em caso de crime inafiançável, desde que por motivo ligado ao exercício da profissão e, mesmo assim, com as observações indicadas no inciso IV. 14 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 2.7 Prisão em Sala de Estado Maior O advogado também tem garantido o direito de não ser recolhido preso, antes da sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão domiciliar. A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) insurgiu-se, por meio de ADIN contra a Lei n° 8.906/94 em relação à expressão "assim reconhecidas pela OAB", do inciso V, art. 7º do EAOAB, e o STF, confirmando a liminar antes concedida, julgou, nesta parte, procedente a ação, ou seja, declarou a inconstitucionalidade desta expressão. O STF também entendeu que a prerrogativa de prisão domiciliar, na ausência de sala de Estado Maior, continua valendo. 2.8 Direito de Ingresso em Órgãos Judiciários e Locais Públicos O EAOAB garante ao advogado o direito de ingressar livremente nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a parte reservada aos magistrados; nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de registro e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e independentemente da presença de seus titulares; em qualquer edifícioou recinto em que funcione repartição judicial ou outro serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado; em qualquer assembleia ou reunião de que participe ou 15 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br possa participar o seu cliente, ou perante a qual este deva comparecer, desde que munido de poderes especiais. Com essas prerrogativas, o Estatuto garante ao advogado o pleno exercício de sua atuação, para que possa assim representar os interesses de seus clientes de maneira eficaz. Qualquer impedimento a essas garantias deve ser entendido corno ilegal e, nos casos de violações às alíneas a, b e c do art. 7º, inciso VI do EAOAB, como crime de abuso de autoridade, previsto no art. 3°, f; da Lei n°4.898/95. 2.9 Relação com Magistrados O advogado tem também o direito de dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de horário previamente marcado ou outra condição, observando-se a ordem de chegada. Justamente por não haver hierarquia nem subordinação entre advogados e magistrados, uma vez sendo o advogado um dos elementos essenciais à justiça, é assegurado o seu livre acesso aos magistrados. Neste sentido, mostra-se razoável que, em razão de um ato processual estar sendo realizado, a autoridade judiciária solicite ao advogado que aguarde o término do aludido ato, não sendo admitida restrição para atendê-lo somente em alguns dias ou horários previamente estipulados. 2.10 Sustentação Oral nos Tribunais O EAOAB previu que o advogado teria a prerrogativa de sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de julgamento, após o voto do relator, em instância judicial ou administrativa, pelo prazo de 15 minutos, salvo se prazo maior for concedido. No entanto, o STF declarou 16 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br inconstitucional todo o conteúdo do inciso IX do art. 7º, por ADIN proposta pela Associação dos Magistrados Brasileiros. Com a declaração de inconstitucionalidade, o advogado deve preparar uma sustentação oral mais completa, e sintetizada, possível, quase que prevendo o que o relator poderá alegar em seguida. 2.11 Uso da Palavra Oral O advogado tem o direito de usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção sumária, para esclarecer equivoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou afirmações que influam no julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que lhe forem feitas. A utilização da expressão "pela ordem" é importante quando se verificar a necessidade de esclarecer algum equívoco ou uma dúvida relevante que possa influir no julgamento ou, ainda, como forma de defesa contra acusações ou censura que lhe forem feitas. 2.12 Direito a Exame e Vistas de Processos e Documentos Os advogados podem examinar em qualquer órgão dos Poder Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em Geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada a obtenção de fotocópias; ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou retirá-los pelos prazos legais; requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo; e, retirar os autos do cartório ou secretaria, sempre que lhe competir falar nos autos. 17 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Não há necessidade de haver procuração nos autos, a não ser que o processo esteja sujeito a sigilo, única exceção prevista em lei. Ademais, os magistrados são considerados órgãos do Poder Judiciário do Estado, e, assim sendo, se os feitos com eles estiverem conclusos, não há empecilho legal para o exame dos autos pelos advogados, a menos que haja motivo devidamente justificado para tanto. Inexiste, portanto, qualquer impedimento legal a que advogado possa examinar feitos que estejam conclusos. ATENÇÃO! A Lei n.º 13.793/2019, que alterou as Leis nº 8.906/1994, 11.419/2006, e 13.105/2015 (Código de Processo Civil), prevê, expressamente, o direito dos advogados de exame e obtenção de cópias de atos e documentos de processos e de procedimentos eletrônicos, ainda que não estejam funcionando nos autos (art. 7º, § 13, do EOAB). PARA FIXAR! Exceções: processos sujeitos a sigilo ou segredo de justiça somente podem ser acessados por advogado com procuração constante dos autos (art. 7º, § 10, do EOAB); delimitação, por autoridade competente, do acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências (art. 7º, § 11, do EOAB). 18 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 2.13 Desagravo Público O desagravo público é um procedimento formal utilizado pela OAB para mostrar o repúdio e prestar urna solidariedade às ofensas sofridas pelo advogado no exercício da sua profissão ou de cargo ou função, sem prejuízo das sanções penais em que incorrer o ofensor. Não é incomum que os advogados sejam ofendidos por juízes, promotores de justiça, delegados de polícia, no desempenho de seu trabalho, devendo o desagravo ser promovido pelo Conselho competente, de oficio ou a requerimento do próprio advogado ou de qualquer outra pessoa. O desagravo público não depende de concordância do ofendido, que não pode dispensá-lo, sendo, portanto, um critério do próprio Conselho. Assim, uma vez ocorrendo a ofensa no espaço territorial da Subseção a que se vincule o inscrito, a sessão de desagravo pode ser promovida pela Diretoria ou Conselho da Subseção, com representação do Conselho Seccional. Se o advogado foi ofendido num município distante da sede do Conselho Seccional o desagravo deverá ser num local mais próximo de onde ocorreu a ofensa. Por outro lado, competirá ao Conselho Federal promover o desagravo público nos casos de ofensa a Conselheiro Federal ou a Presidente de Conselho Seccional, quando ofendidos no exercício das atribuições de seus cargos e, ainda, quando a ofensa a advogado se revestir de relevância e grave violação às prerrogativas profissionais com repercussão nacional. 2.14 Retirada do Recinto Para evitar abusos, lamentavelmente cometidos, o EAOAB garantiu ao advogado o direito de se retirar do recinto onde está aguardando para a 19 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br realização do ato judicial, após passados 30 (trinta) minutos do horário marcado e sem que a respectiva autoridade tenha chegado. Este direito não se aplica quando o magistrado já se encontra no local. Vale salientar que a CLT traz um prazo menor. Assim, para os advogados que atuarem perante a Justiça Trabalhista, o tempo de espera é de apenas 15 (quinze) minutos a partir do horário designado (art. 815, CLT). Em qualquer caso, obviamente, exige-se a comunicação protocolizada em juízo. 20 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 3. Inscrição na OAB A OAB possui dois quadros de inscritos: o quadro de advogados e o quadro de estagiários. 3.1 Inscrição como Advogado Os requisitos necessários para inscrição no quadro de advogados estão no art. 8° do Estatuto. São eles: • Capacidade civil Trata-se de capacidade civil plena adquirida aos dezoito anos completos (art. 5° do Código Civil). Essa capacidade pode ser comprovada com a apresentação da carteira de identidade, com a simples prova da maioridade. Vale lembrar que o menor pode ser emancipado, cessando sua incapacidade, seja através da colação de grau em curso de nívelsuperior (art. 50, p.u., IV, CC/02), ou outra circunstância prevista em lei. • Diploma ou certidão de graduação em Direito obtida em instituição de ensino oficialmente autorizada e credenciada Como em determinadas situações o diploma demora a ser expedido e isso impossibilitaria a inscrição daquele que já colou grau em Direito, o EAOAB possibilitou a apresentação de certidão de graduação em Direito, na falta do diploma. Ademais, o art. 23 do Regulamento Geral condicionou o suprimento da falta do diploma à apresentação da certidão de graduação em Direito desde que acompanhada da cópia autenticada do histórico escolar. Assim, deve o candidato 21 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br apresentar o diploma ou, se não o tiver, a certidão de graduação em Direito mais o histórico escolar devidamente autenticado. • Título de eleitor e quitação de serviço militar, se brasileiro Para inscrição como advogado é necessário apresentar o título de eleitor e provar a quitação do serviço militar, se brasileiro. Se tratar-se de brasileira, somente deve ser apresentado o título de eleitor e, se estrangeiro, nem título de eleitor, nem quitação do serviço militar. • Aprovação no Exame da Ordem O Exame da Ordem pode ser prestado por bacharéis em Direito, inclusive os que exercem atividades incompatíveis com a advocacia, ficando, entretanto, impossibilitados de exercer a atividade de advocacia enquanto estiverem incompatibilizados. A aprovação no Exame na Ordem tem validade por prazo indeterminado, podendo estes obter a inscrição no quadro de advogado após a desincompatibilização. • Não exercer atividade incompatível com a advocacia Quando falamos de atividade incompatível, estamos relacionando a atividade profissional que a pessoa exerce. O art. 28 do EAOAB traz, num rol taxativo, as atividades incompatíveis. Uma pessoa que exerce atividade incompatível com a advocacia pode prestar o Exame da Ordem, mas, caso venha a ser aprovada, não poderá se inscrever no quadro de advogados enquanto estiver incompatibilizada. 22 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br • Idoneidade moral O EAOAB exige, porém não define o que vem a ser idoneidade moral. Ela traz apenas uma hipótese expressa de inidoneidade moral: prática de crime infamante, salvo se já tenha sido reabilitado judicialmente. Alguns autores se referem à condição do indivíduo honesto, probo ou escrupuloso. Assim, caso o advogado venha futuramente ser considerado inidôneo moralmente, será penalizado com a exclusão dos quadros da OAB, e só poderá retornar após o deferimento do pedido de reabilitação (art. 41 e p.u.). A inidoneidade moral pode ser suscitada por qualquer pessoa, antes ou depois da inscrição, sendo declarada mediante decisão que alcance, no mínimo, 2/3 dos votos de todos os membros do Conselho competente, em procedimento que segue os trâmites do processo disciplinar. • Prestar compromisso perante o Conselho O compromisso é o juramento que dever ser feito pelo indivíduo por ocasião do recebimento da carteira e do cartão de advogado. É um requisito solene e personalíssimo, logo, não se pode prestar o compromisso por procuração, devendo o requerente comparecer pessoalmente. Além dos requisitos arrolados no art. 8° do Estatuto, o art. 20, § 2°, do Regulamento Geral exige que não se pratique conduta incompatível com a advocacia. Tal conduta refere-se à vida pessoal (social) do indivíduo, como por exemplo, a embriaguez e a toxicomania habituais e a prática reiterada de jogo de azar não autorizado por lei (art. 34, p.ú., EAOAB). 23 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 3.2 Inscrição como Estagiário A inscrição do estagiário deve ser realizada no Conselho Seccional do estado onde se localiza o curso jurídico, e não naquele que tenha seu domicílio civil, caso sejam diferentes. Podem inscrever-se o aluno de Direito ou o bacharel em Direito que assim desejar e preencher os requisitos do art. 9° do Estatuto. O art. 9° exige que o requerente preencha alguns dos requisitos do art. 8° do EAOAB: capacidade civil; título de eleitor e quitação de serviço militar, se brasileiro; não exercer atividade incompatível com a advocacia; idoneidade moral; prestar compromisso perante o Conselho. Além desses requisitos, o candidato deve ter sido admitido em estágio profissional de advocacia. 3.3 Inscrição Principal e Suplementar Após a aprovação no Exame de Ordem, a inscrição principal deve ser feita no Conselho Seccional em cujo estado pretende estabelecer seu domicílio profissional, caso a pessoa não exerça atividade incompatível com a advocacia (art. 28, EAOAB). Segundo o EAOAB, domicílio profissional é a sede principal da atividade de advocacia, e, em caso de dúvida, deve prevalecer o domicílio da pessoa física do advogado (domicílio civil). Com a inscrição principal, como dito anteriormente, o advogado pode exercer livremente (ilimitadamente) a profissão no Estado onde fez sua inscrição principal e, eventualmente (limitadamente), em qualquer outro Estado do país. Passando a exercer a advocacia com habitualidade na área de outro Conselho Seccional, será obrigado a fazer uma outra inscrição (inscrição suplementar). A inscrição suplementar deve ser feita pelo advogado quando passa a atuar fora de seu Estado-membro com habitualidade. Habitualidade é 24 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br considerada a intervenção judicial que exceder de cinco causas por ano (art. 10, § 2°, EAOAB). 3.4 Cancelamento da Inscrição O cancelamento da inscrição do advogado enseja a saída deste dos quadros da OAB, ou seja, ele passa a não mais ser advogado. Caso o advogado faça um novo pedido de inscrição deve fazer prova da capacidade civil; não exercer atividade incompatível com a advocacia; possuir idoneidade moral e prestar compromisso perante o Conselho, não precisando prestar novo Exame. O número antigo não pode ser restaurado, servindo apenas para dados históricos da OAB. A inscrição será cancelada se o advogado: • Requerer: não há necessidade de ser apresentado um motivo justificado. • Sofrer penalidade de exclusão: é a sanção disciplinar mais grave aplicada pela OAB. Com a exclusão, ocorrerá, automaticamente, o cancelamento da inscrição. Um novo pedido de inscrição deve vir acompanhado de provas de reabilitação (art. 41 e parágrafo único do EAOAB). • Falecer: o cancelamento é promovido ex officio pelo Conselho competente ou por meio de comunicação por qualquer pessoa. • Passar a exercer atividade incompatível com a advocacia em caráter definitivo (art. 28, EAOAB). • Perder qualquer um dos requisitos necessários para a inscrição: art. 8° do EAOAB. Se o interessado precisa preenchê-los para fazer a inscrição, urna vez perdido qualquer deles, haverá o cancelamento. 25 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 3.5 Licenciamento do Advogado A licença significa o afastamento do advogado do exercício profissional, quando ocorrer uma das hipóteses do art. 12 do Estatuto. Durante o prazo do licenciamento, caso o advogado pratique qualquer ato de advocacia, este será nulo (art. 4° e parágrafo único, EAOAB). Não será cobrada anuidade e o profissional não precisará votar (nem justificar porque não votou), caso haja eleição na OAB no período correspondente. O número de inscrição, neste caso, será mantido quando do seu retorno à atividade. Será licenciado o advogado que: • Requerer, por motivo justificado: o requerimento deve vir acompanhado de um motivo justificado, que será analisado pela OAB. Caso não haja comprovação de justo motivo, a inscrição poderá ser cancelada por simples solicitação do advogado. • Passar a exercer atividade incompatível com a advocacia em caráter temporário: as atividades incompatíveis estão arroladas no art. 28do Estatuto. • Sofrer doença mental considerada curável: não há no Estatuto um rol de quais as doenças mentais se enquadram nessa hipótese, devendo a expressão ser remetida à área médica. Enquanto durar a enfermidade mental curável, o advogado ficará licenciado. 26 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 4. Sociedade de Advogados Não é raro que um advogado comece a assumir uma quantidade maior de causas e, assim, surja a necessidade de se unir a outro ou a outros advogados, divisão de tarefas e até mesmo de despesas, e, ao final, ratearem os ganhos obtidos. Os advogados, então, constituem uma sociedade de advogados. O EAOAB disciplina este tema nos arts. 15 ao 17 (alterados pela Lei 13.247/16), nos arts. 37 ao 43 do Regulamento Geral e no Provimento n° 112/06 do Conselho Federal da OAB. De acordo com o Código Civil de 2002, as sociedades são classificadas em sociedades simples e sociedades empresárias, razão pela qual, atualmente, a natureza jurídica da sociedade de advogados é de sociedade simples. Ademais, apenas com o advento da Lei 13.247/16 é que estes podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de advocacia. A partir da alteração da Lei 8.906/94, os advogados também podem constituir uma sociedade unipessoal de advocacia, como se percebe: “Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no regulamento geral.” Vejamos algumas peculiaridades que torna as sociedades de advogados diferentes das demais sociedades simples: • Personalidade jurídica Qualquer sociedade só adquire personalidade jurídica se houver de ser feito o registro de seus atos constitutivos em um órgão competente. No que diz respeito à sociedade de advogados, tal personalidade jurídica é adquirida com 27 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB, em cuja base territorial tiver sede, seja esta uma sociedade simples ou uma sociedade unipessoal de advocacia. É proibido o registro nos cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas juntas comerciais. Não são admitidas a registro, e nem podem funcionar, as sociedades simples de advogados ou sociedades unipessoais de advocacia que apresentem formas ou características mercantis, que adotem denominação fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam sócios não inscritos no quadro de advogados da OAB ou que estejam totalmente proibidos de advogar, conforme o EAOAB. • Denominação No contrato social registrado no Conselho Seccional da OAB, deve constar razão social/denominação da sociedade. Ocorre que, existem regras a serem seguidas para que o registro seja aprovado. Não se admite o uso do nome fantasia, como também não se permite a utilização do nome de algum advogado renomado já falecido. Em se tratando de uma sociedade simples de advocacia, a denominação adequada deve trazer o nome de, pelo menos, um advogado responsável pela sociedade, acompanhado de uma expressão que indique a finalidade do escritório, não importando se a expressão indicadora da finalidade vem antes ou depois do nome do advogado. O Regulamento Geral permite ainda o uso do nome abreviado, o que não significa que serão utilizadas siglas com as iniciais de cada parte do nome completo. Pode ser utilizado o símbolo "&" na denominação da sociedade de advogados. Já em caso de falecimento de um dos sócios cujo nome é utilizado 28 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br na denominação da sociedade de advogados, o Estatuto determina que a permanência do nome é condicionada a tal previsão no contrato social. Se um sócio for licenciado para o exercício de atividade incompatível com a advocacia em caráter temporário, isto deve ser averbado no registro da sociedade, não alterando sua constituição. Por sua vez, caso o advogado passe a exercer atividade incompatível em caráter definitivo, haverá o cancelamento da inscrição e obrigatória a alteração contratual para que seja retirado o nome daquele sócio. Quando se tratar de sociedade unipessoal de advocacia, a denominação deve ser obrigatoriamente formada pelo nome do seu titular com a expressão "Sociedade Individual de Advocacia". Os mandamentos do CED são aplicados às sociedades simples de advogados ou às sociedades unipessoais de advocacia, no que couber. A sociedade unipessoal de advocacia pode resultar da concentração por um advogado das quotas de uma sociedade de advogados, independentemente das razões que motivaram tal concentração. Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, constituir mais de uma sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar, simultaneamente, uma sociedade de advogados e uma sociedade unipessoal de advocacia, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo Conselho Seccional. Já na hipótese de constituição de filial em outro estado, o ato de constituição deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado no Conselho Seccional onde se fixar, ficando os sócios obrigados à inscrição suplementar. 29 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Os sócios de uma mesma sociedade simples de advogados não podem representar em juízo clientes com interesses opostos, e, as procurações passadas aos advogados devem ser outorgadas individualmente aos profissionais, mencionando a sociedade de que façam parte. As atividades de advocacia são exercidas pelos próprios advogados, ainda que os honorários se revertam à sociedade. Por fim, no que diz respeito à responsabilidade civil, os advogados sócios, o titular da sociedade individual de advocacia e os advogados associados respondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados diretamente ao cliente, por dolo ou culpa, por ação ou omissão, no exercício da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar e penal em que possam incorrer. 30 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 5. Advogado Empregado Advogado empregado é aquele que preenche todos os requisitos caracterizadores do vínculo de emprego, a saber: habitualidade, onerosidade, pessoalidade e subordinação, e, portanto, mantém um vínculo empregatício com uma empresa ou com uma sociedade de advogados, prestando seus serviços de advocacia. O Estatuto da Advocacia e da OAB trata deste tema nos arts. 18 ao 21 e o Regulamento Geral também, nos arts. 11 ao 14. ATENÇÃO! A relação de emprego não retira do advogado a isenção técnica e nem reduz a independência profissional inerentes à profissão. Ademais, o advogado empregado não está obrigado a prestar serviços profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora da relação empregatícia. Alguns aspectos precisam ser destacados: • O salário mínimo do advogado empregado deve ser fixado por sentença normativa, exceto quando ajustado mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. • A jornada de trabalho do advogado empregado não pode ultrapassar a duração diária de 4 (quatro) horas contínuas e a de 20 (vinte) horas semanais, exceto se houver acordo ou convenção coletiva de trabalho ou, ainda, em caso de dedicação exclusiva (regime de trabalho previsto expressamente em contrato individual de trabalho - 8 horas diárias). 31 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br • As horas extras são remuneradas com um adicional não inferior a 100 por cento sobre o valor da hora normal e nos casos de dedicação exclusiva, são remuneradas como extras as horas trabalhadas que passarem da jornada de 8 horas diárias. Considera-se como período de trabalho todo o tempo em que o advogado estiver à disposição do empregador,aguardando ou executando ordens, no escritório ou em atividades externas, devendo ser reembolsados os gastos efetuados com transporte, hospedagem e alimentação. • Nas causas em que o empregador (ou seu representante) for parte, os honorários de sucumbência são devidos aos advogados empregados. Já se o advogado for empregado de sociedade de advogados, os honorários de sucumbência são divididos entre a sociedade e ele, conforme o acordo. Tais honorários não integram o salário ou a remuneração do advogado empregado, não podendo, ser considerados para efeitos trabalhistas. • O advogado associado não é sócio, porque não figura no contrato social da sociedade de advogados como tal, mas também não é empregado, porque não mantém vínculo empregatício; é um tipo intermediário entre o advogado sócio e o advogado empregado. Assim, uma sociedade de advogados pode associar-se com advogados para participação nos resultados, sem vínculo de emprego (art. 39 do Regulamento Geral). O contrato decorrente dessa relação deve ser averbado no registro da sociedade. Da mesma maneira que os advogados sócios os advogados associados respondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados diretamente ao cliente, em caso de dolo ou culpa, por ação ou omissão, no exercício dos atos privativos da advocacia. 32 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br O EAOAB determina em seu art. 3°, § 1° que exercem atividade de advocacia os integrantes da Advocacia Geral da União, da Procuradoria da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas entidades de administração direta ou indireta, sujeitando-se, todos esses, ao regime da Lei n°8.906/94 (EAOAB), além do regime próprio a que se subordinem. A questão da advocacia particular pelos advogados públicos varia de acordo com a respectiva lei. Os advogados públicos também estão sujeitos às infrações e sanções disciplinares aplicadas pela OAB. 33 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 6. Honorários Advocatícios Em razão da atividade profissional desenvolvida pelo advogado, que não decorra de relação de emprego, este recebe uma contraprestação, denominada honorários advocatícios. A Lei 8.906/94 (EAOAB) traz uma hipótese em que o advogado trabalhará gratuitamente. Isso ocorrerá quando o advogado defender outro colega em processo originário de ação ou omissão no exercício da profissão. O Novo Código de Ética e disciplina (CED) trata da advocacia pro bono, onde há prestação gratuita, eventual e voluntária de serviços jurídicos em favor de instituições sociais sem fins econômicos e aos seus assistidos, sempre que os beneficiários não dispuserem de recursos para a contratação de profissional (art. 30). Há três tipos de honorários advocatícios: convencionados, arbitrados judicialmente e sucumbenciais (art. 22). Nos convencionados o advogado e o cliente combinam um valor fixo (principal característica), de forma verbal ou por escrito. Não ocorrendo a combinação entre advogado e cliente sobre o valor dos honorários, os mesmos serão arbitrados pelo juiz, com remuneração compatível com o trabalho e o valor econômico da questão. Advirta-se que, mesmo nesse caso, o valor dos honorários não pode ser inferior ao estabelecido na tabela de honorários criada por cada Conselho Seccional da OAB. Conforme dispõe o art. 22, § 10, do EAOAB, quando o advogado for indicado para atuar em causa de pessoa juridicamente necessitada, tem direito a receber honorários fixados pelo juiz e pagos pelo Estado. 34 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Os honorários sucumbenciais são pagos pela parte vencida ao advogado da parte vencedora. Se o advogado falecer ou vier a se tomar incapaz civilmente, os honorários de sucumbência são devidos aos seus sucessores ou representantes legais. Além dos honorários de sucumbência, o advogado pode receber por sua participação no resultado ou ganho obtido na causa, o chamado Pacto quota litis. O Código de Ética e Disciplina trouxe tal possibilidade, desde que estejam presentes as condições do art. 50 e seus parágrafos. Entretanto, apesar da permissão do CED, o advogado deve manter todo zelo para que não cometa infração disciplinar. Caso o constituinte falte com a obrigação de pagar os honorários ao advogado, deve-se procurar ao máximo resolver a situação amigavelmente, e, não havendo mais solução por este meio, a via judicial pode ser suscitada. Para isso, o advogado tem que renunciar ao patrocínio da causa e constituir outro advogado para fazer a cobrança (art. 54, EAOAB). O contrato de honorários advocatícios feito por escrito constitui título executivo (art. 24, EAOAB). Desse modo, o advogado não precisará propor ação de conhecimento, sendo a cobrança feita através da execução por quantia certa. De outro modo, quando o advogado contrata de forma verbal enseja-se assim, uma ação de cobrança. Se o advogado juntar aos autos o contrato de honorários advocatícios antes da expedição do mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que sejam pagos diretamente, deduzindo o valor respectivo da quantia a ser recebida pelo constituinte, a não ser que este comprove que já o pagou. Os honorários incluídos na condenação pertencem ao advogado, e este 35 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br tem direito autônomo de exigir o cumprimento da sentença, e ainda pode solicitar ao juiz que o precatório seja expedido em seu nome. OBSERVAÇÃO! Quando o advogado receber um substabelecimento com reserva de poderes, não poderá cobrar os honorários respectivos sem a intervenção daquele que lhe substabeleceu (art. 26, EAOAB). Deve-se destacar que a ação de cobrança de honorários advocatícios prescreve em 5 (cinco) anos, que serão contados a partir do vencimento do contrato, quando houver; do trânsito em julgado da decisão que os fixar ou arbitrar; da finalização do serviço extrajudicial (assessoria, consultoria e direção jurídicas; acompanhamento de inquérito policial); da desistência ou transação; e da renúncia ou revogação de mandato. 36 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 7. Incompatibilidades e Impedimentos Os impedimentos e incompatibilidades foram criados para evitar que alguns advogados levassem vantagens ou desvantagens em relação aos demais que não exerçam tais atividades, e até mesmo por implicações éticas. As vantagens podem ser em relação à captação de clientela, ao poder de influência nas decisões, etc. 7.1 Incompatibilidades com a Advocacia Para o EAOAB, a incompatibilidade é a proibição total do exercício da advocacia, e assim, este não pode advogar em hipótese alguma, nem mesmo em causa própria. Essa proibição total pode ensejar apenas uma licença, quando a atividade incompatível tiver natureza temporária (art. 12, II, EAOAB), ou pode gerar o cancelamento da inscrição, no caso de atividade incompatível em caráter definitivo: juiz, promotor de justiça, analista judiciário, delegado de polícia, entre outras. O art. 28 do Estatuto traz todos os casos de atividades incompatíveis e o legislador não definiu quais delas têm natureza temporária e quais têm caráter definitivo devendo cada uma das situações ser analisadas em conjunto com a Constituição e demais leis. São incompatíveis: • Chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus substitutos legais: conforme art. 28, I do EAOAB, não podem exercer a advocacia os Prefeitos, os Governadores, o Presidente da República e seus substitutos legais (Chefes do Poder Executivo), como também os membros da Mesa do Poder Legislativo (que são 37 Estude inteligente, Estude Ad Verum!www.adverum.com.br impedidos, mas podem exercer a advocacia, menos contra ou a favor de determinadas pessoas), ao passo que os membros da Mesa não podem advogar em hipótese alguma. • Membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas, bem como todos os que exerçam função de julgamento em órgãos de deliberação coletiva da administração pública direta ou indireta: Os magistrados, os membros do Ministério Público, os promotores de justiça, procuradores de justiça, procuradores da República, procuradores regionais da República são impedidos. É mister salientar que o STF, por ocasião do julgamento da ADIN 1.127-8, ratificou a liminar concedida e decidiu que não se incluem nessa regra os juízes eleitorais e seus suplentes. • Ocupantes de cargos ou funções de direção em órgãos da Administração Pública direta ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de serviço público: não se incluem nessa hipótese os que não detenham poder de decisão relevante sobre interesses de terceiros, e, também não se incluem no inciso III aqueles que desempenham a administração acadêmica diretamente relacionada ao magistério jurídico. • Ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer órgão do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais e de registro: Fazem parte desta incompatibilidade os técnicos de atividade judiciária, os analistas judiciários, os contadores judiciais, os assessores dos desembargadores ligados direta ou indiretamente ao Poder Judiciário. Encontram-se nessa situação incompatível os que exercem serviços notariais e de registro (tabeliães, notários, registradores e escreventes de cartório extrajudicial). 38 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br • Ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente à atividade policial de qualquer natureza: O Estatuto fez menção a vínculo de natureza direta ou indireta, especialmente em relação à atividade policial. São também incompatíveis os integrantes do Corpo de Bombeiro Militar e os guardas municipais (processo n°252/99, DJ 19.10.99). O Provimento n° 62/1988, ainda indica a incompatibilidade dos cargos de perito criminal, papiloscopista e seus auxiliares e médico-legista. • Militares de qualquer natureza, na ativa: São os militares das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), seja qual for a patente e desde que estejam na ativa. • Ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais: Fiscais e de outros servidores que tenham competência de lançamento, arrecadação ou fiscalização de tributos ou contribuições parafiscais. • Ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras, inclusive privadas. 7.2 Impedimentos Para o EAOAB, impedimento é a proibição parcial do exercício da advocacia, ou seja, o advogado pode continuar exercendo a profissão, menos contra ou a favor de determinadas pessoas (mencionadas no art. 30, I e II). São impedidos: • Servidores da administração pública direta, indireta e fundacional: neste caso, eles podem advogar, menos contra a Fazenda Pública que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade empregadora. 39 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Exceção: advogados que sejam docentes de cursos jurídicos (art. 30, parágrafo único), que, apesar de serem servidores públicos, podem advogar livremente. • Membros do Poder Legislativo: o impedimento se estende contra ou a favor de qualquer órgão da administração pública direta ou indireta e não só contra quem ou remunera. É o caso dos membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis (senador, deputado federal, deputado estadual, deputado distrital e vereador), que podem advogar, menos contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público. • Impedimentos especiais (ou impedimentos sui generis): Contudo, existem algumas hipóteses diferentes, nas quais a pessoa pode advogar, mas somente no âmbito do cargo público que ocupam ou, então, podem advogar menos no setor onde trabalham. ATENÇÃO! Os Procuradores Gerais, os Advogados Gerais, Defensores Gerais e dirigentes de órgãos jurídicos da Administração Pública direta, indireta e fundacional, são exclusivamente legitimados para o exercício da advocacia vinculada à função que exerçam, durante o período da investidura. Outras leis ainda podem trazer outras hipóteses de impedimentos especiais. 40 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 8. Ética do Advogado 8.1 Responsabilidade Profissional do Advogado A responsabilidade profissional ou funcional se divide em três tipos independentes: responsabilidade civil, responsabilidade penal e responsabilidade disciplinar. • Responsabilidade civil O Estatuto da Advocacia e da OAB, no art. 32, expôs uma regra semelhante à do art. 186 do Código Civil, porém, direcionada ao profissional da advocacia: "O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional, praticar com dolo ou culpa". Deve-se lembrar que a responsabilidade civil do advogado é subjetiva, ou seja, exige a verificação da culpa. Lide temerária A lide temerária ocorre quando o advogado e cliente, em conluio, alteram a verdade dos fatos com o objetivo de prejudicar outra pessoa. O EAOAB não deixou passar despercebido o tema e dispôs no parágrafo único do art. 32 que "em caso de lide temerária, o advogado será solidariamente responsável com seu cliente, desde que coligado com este para lesar a parte contrária, o que será apurado em ação própria." O CED ainda proíbe o advogado expor os fatos em juízo falseando deliberadamente a verdade ou estribando-se na má-fé (art. 6°). • Responsabilidade Penal 41 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br São crimes próprios do advogado: Violação de segredo profissional (art. 154, CP) A escolha do advogado pelo cliente e a relação profissional entre os dois são calcadas na confiança. Assim, as informações que o advogado obtiver no exercício da profissão têm de ser resguardadas e utilizadas apenas nos limites da defesa ou da acusação, principalmente quando se trata de processo sob segredo de justiça. Além disso, há fatos revelados ao advogado que não precisam ser utilizados no processo, e o advogado deve guardar o segredo. Crime de violação de segredo profissional é o comportamento do agente que, sem justa causa, revela a alguém segredo que teve ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, revelação essa capaz de produzir dano a outrem. Dessa forma, quando a confiança é violada sem que haja um justo motivo, deve haver a responsabilização daquele que descumpriu o dever de manter sigilo. Para que seja configurado o crime em questão, existir um segredo, o segredo ter sido obtido pelo agente em razão de sua atividade e revelado a outrem sem justa causa e com potencialidade de causar dano a alguém. O art. 37 do Código de Ética e Disciplina traz algumas informações importantes: "O sigilo profissional cederá em face de circunstâncias excepcionais que configurem justa causa, como nos casos de grave ameaça ao direito à vida e à honra ou que envolvam defesa própria." Após esta leitura, fica claro que a defesa da vida e da honra, bem como a defesa contra a afronta advinda do próprio cliente, devem prevalecer no confronto com o direito ao sigilo, e por isso se admite a violação. 42 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Sonegação de autos O advogadotem o direito de obter vista dos autos por um prazo que pode variar em função de determinação legal ou judicial. Ultrapassado o prazo, o advogado deverá devolvê-los ao respectivo cartório ou secretaria, e, não havendo a devolução dentro do prazo, o juiz determinará que o oficial de justiça o intime, a fim de que sejam entregues em 24 horas. Se ainda assim não forem devolvidos poderá ocorrer busca e apreensão dos autos, perda de vista daqueles autos fora do cartório, responsabilização criminal (art. 356, CP), sanção disciplinar de suspensão (art. 34, XII, c/c art. 37, I, todos do EAOAB), responsabilidade civil em caso de prejuízo (art. 32, EAOAB). Patrocínio infiel O crime de patrocínio infiel ocorre quando o advogado ou o procurador judicial trai o dever profissional, causando prejuízo a quem lhe confiou o patrocínio de uma causa (art. 355, caput, CPB). O sujeito ativo é o advogado. Tergiversação e patrocínio simultâneo O Código Penal pune a conduta do advogado que patrocina os interesses de partes opostas na mesma causa (art. 355, parágrafo único, CPB). Assim, ele tipifica duas condutas (tergiversação e patrimônio simultâneo). A tergiversação consiste no advogado ou o procurador judicial mudar de lado, ou seja, após a sua renúncia ou a revogação pelo cliente, passar a atuar para a parte contrária. Já o patrocínio infiel, acontece quando o profissional defende os interesses de partes antagônicas, ao mesmo tempo, na mesma causa. Exercício de atividade com infração de decisão administrativa 43 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br Quando alguém exerce atividade de que está impedido por decisão administrativa, o crime se consuma. Para o advogado, é a hipótese de haver decisão da OAB para suspensão ou exclusão de seus quadros. Na pendência de recurso com efeito suspensivo ou sem trânsito em julgado, não há se falar neste ilícito penal. Trata-se de crime habitual. • Responsabilidade disciplinar Sua regulação encontra-se prevista nos arts. 34 ao 41 do EAOAB e será melhor apresentada no próximo tópico. 8.2 Deveres do Advogado no CED O Código de Ética exige do advogado conduta compatível com os seus preceitos, bem como com os do Estatuto da Advocacia e da OAB, do Regulamento Geral, dos provimentos e dos demais princípios da moral individual, social e profissional. De forma explícita, o parágrafo único do art. 2°, do Código de Ética e Disciplina é quem disciplina quais são deveres do advogado. O advogado deve ter consciência de que o Direito é um meio de mitigar as desigualdades para o encontro de soluções justas e que a lei é um instrumento para garantir a igualdade de todos, e, portanto, ele deve zelar pela sua liberdade e independência. É importante salientar que o exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de mercantilização e que é vedado o oferecimento de serviços profissionais que implique, direta ou indiretamente, angariar ou captar clientela. Os arts. 9° ao 26 do CED anunciam os deveres dos advogados em suas relações com os clientes em uma linguagem bem clara e autoexplicativa. 44 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 8.3 Dever de Urbanidade Devido à importância que tem o modo como o advogado irá tratar o público, os colegas, as autoridades e os funcionários do juízo, o Novo CED passou a tratar o assunto com mais riqueza de detalhes no capítulo intitulado "Das relações com os colegas, agentes políticos, autoridades, servidores públicos e terceiros" (arts. 27 ao 29). Assim, estabeleceu que o advogado observará, nas suas relações com os colegas de profissão, agentes políticos, autoridades, servidores públicos e terceiros em geral, o dever de urbanidade, tratando a todos com respeito e consideração, ao mesmo tempo em que preservará seus direitos e prerrogativas, devendo exigir igual tratamento de todos com quem se relacione. 8.4 Publicidade Profissional Os arts. 39 ao 47 do Novo Código de Ética e Disciplina mantiveram a permissão da publicidade, mas com algumas restrições. Não se admite, em nosso país, o uso de expressões que possam captar clientes, nem a divulgação da advocacia em conjunto com outra atividade. Veda-se, ainda, a veiculação pelo rádio e pela televisão e a denominação de nome fantasia. 45 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 9. Infrações e Sanções Disciplinares O advogado, ou o estagiário, que infringir as normas contidas no Estatuto da Advocacia, no Regulamento Geral e no Código de Ética e Disciplina será processado e punido pela OAB. As sanções e infrações disciplinares estão disciplinadas nos arts. 34 ao 41 do EAOAB. Podem ser aplicadas pela OAB: censura, suspensão, exclusão e multa. 9.1 Infrações Disciplinares Puníveis com Censura A censura é urna das sanções mais leves aplicadas, punindo a prática das infrações mais leves cometidas pelos advogados, aquelas arroladas no art. 36 do Estatuto. Ao receber essa punição, o advogado pode continuar exercendo a sua profissão, porém, tem tal reprimenda registrada em seus assentamentos, deixando o mesmo de ser primário. Com isso, a prática de outra infração será considerada como reincidência, ensejando a aplicação de uma sanção mais grave, nos termos do art. 37, II EAOAB (suspensão de 30 dias a 12 meses). A censura é aplicável nos casos de infrações definidas nos incisos I a XVI e XXIX do art. 34, violação a preceito do Código de Ética e Disciplina e violação a preceito do CED, quando para a infração não se tenha estabelecido sanção mais grave. A referida sanção poderá ser convertida em uma simples advertência (oficio reservado e encaminhado ao advogado), e, estando presente circunstância atenuante, sem registro nos assentamentos (art. 40, EAOAB). 46 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 9.2 Infrações Disciplinares Puníveis com Suspensão A suspensão é uma sanção mais grave do que a censura, uma vez que, sendo aplicada, impossibilita o advogado de exercer sua atividade profissional por um prazo que pode variar, de 30 dias a 12 meses, e é aplicada nas infrações definidas nos incisos XVII e XXV do art. 34 e em caso de reincidência (art. 37 do EAOAB). Se o advogado recusar-se injustificadamente a prestar contas ao cliente de quantias recebidas dele ou de terceiros por conta dele, deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à OAB, depois de regularmente notificado a fazê-lo e incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional (art. 37, §§ 2° e 3º), o prazo da suspensão pode ainda se estender por prazo indeterminado. Nesses casos específicos, a suspensão dura até que o advogado satisfaça integralmente a dívida, inclusive com correção monetária ou até que preste novas provas de habilitação. 9.3 Infrações Disciplinares Puníveis com Exclusão A exclusão é a sanção mais grave aplicada pela OAB e tem suas hipóteses mencionadas no art. 38 do Estatuto da Advocacia, quais sejam aplicação, por três vezes, de suspensão ou nas infrações definidas nos incisos XXVI a XXVIII do art. 34. Aquele advogado que for excluído terá sua inscrição cancelada (art. 11, EAOAB) e, consequentemente, não poderá advogar até seja reabilitado. Para a aplicação da exclusão é preciso que ocorra a manifestação favorável de 2/3 dos membros do Conselho Seccional competente. 47 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 9.4 Atenuantes e Agravantes O Estatuto, em seu art. 40, estabelece determinadas circunstâncias atenuantes: falta cometida em defesa de prerrogativa constitucional; ausência de punição disciplinar anterior; exercício assíduo e proficiente de cargo na OAB; prestação de serviços relevantes à advocacia ou à causa pública. Deste modo, percebe-se que o Estatuto quer proteger aquele que presta relevantes serviços à sua classe,à sua entidade e à sua comunidade, enfim, aquele profissional que se investe na verdadeira defesa dos ideais de cidadania. Na aplicação dessas circunstâncias atenuantes, serão levadas em consideração a redução da sanção disciplinar mais grave para a imediatamente menos grave; redução do montante do tempo de suspensão, exclusão da multa; e conversão da sanção de censura para a de advertência. Quanto às agravantes, o Estatuto prevê a reincidência e a gravidade da culpa. A circunstância agravante anula a atenuante e traz efeitos: aplicação da sanção imediatamente mais grave, sendo que para exclusão exige-se dupla reincidência; aplicação cumulativa de multa com outra sanção; gradação do valor da multa, dentro dos limites legais; gradação do tempo de suspensão, neste caso, variando do tempo médio ao máximo. 9.5 Reabilitação O ordenamento jurídico pátrio não admite efeitos perpétuos de nenhuma punição. Assim, é permitido ao advogado que tenha sofrido qualquer sanção disciplinar requerer a reabilitação, um ano após seu cumprimento, diante de provas efetivas de bom comportamento. No entanto, quando a sanção 48 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br disciplinar resultar da prática de crime, o pedido de reabilitação na OAB dependerá também da correspondente reabilitação criminal (art. 94 do CPB). 9.6 Prescrição da Pretensão Punitiva A aplicação da punibilidade às infrações disciplinares prescreve em 5 anos, contados da data da constatação oficial do fato. 49 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 10. Ordem dos Advogados do Brasil 10.1 Fins e Organização A Ordem dos Advogados do Brasil é um serviço público, dotada de personalidade jurídica e tem forma federativa. Suas finalidades são: • Sefender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas; • Promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil. É mister salientar que a OAB não mantém com órgãos da Administração Pública qualquer vínculo funcional ou hierárquico e o uso da sigla OAB é privativo da Ordem dos Advogados do Brasil. Se divide em 4 órgãos: • Conselho federal; • Conselho seccional; • Subseção; • Caixa de assistência dos advogados. 10.2 Conselho Federal da OAB É o órgão supremo da OAB, com sede no Distrito Federal. Tem personalidade jurídica própria e é o último grau recursal na OAB. Conforme o art. 54 do EAOAB, são competências do Conselho Federal: 50 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br • Dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB; • Representar, em juízo ou fora dele, os interesses coletivos ou individuais dos advogados; • Velar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização da advocacia; • Representar, com exclusividade, os advogados brasileiros nos órgãos e eventos internacionais da advocacia; • Editar e alterar o Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina, e os Provimentos que julgar necessários; • Adotar medidas para assegurar o regular funcionamento dos Conselhos Seccionais; • Intervir nos Conselhos Seccionais, onde e quando constatar grave violação desta lei ou do regulamento geral; • Cassar ou modificar, de ofício ou mediante representação, qualquer ato, de órgão ou autoridade da OAB, contrário a esta lei, ao regulamento geral, ao Código de Ética e Disciplina, e aos Provimentos, ouvida a autoridade ou o órgão em causa; • Julgar, em grau de recurso, as questões decididas pelos Conselhos Seccionais, nos casos previstos neste estatuto e no regulamento geral; • Dispor sobre a identificação dos inscritos na OAB e sobre os respectivos símbolos privativos; • Apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as contas de sua diretoria; • Homologar ou mandar suprir relatório anual, o balanço e as contas dos Conselhos Seccionais; • Elaborar as listas constitucionalmente previstas, para o preenchimento dos cargos nos tribunais judiciários de âmbito nacional ou interestadual, com advogados que estejam em pleno exercício da 51 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br profissão, vedada a inclusão de nome de membro do próprio Conselho ou de outro órgão da OAB; • Ajuizar ação direta de inconstitucionalidade de normas legais e atos normativos, ação civil pública, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e demais ações cuja legitimação lhe seja outorgada por lei; • Colaborar com o aperfeiçoamento dos cursos jurídicos, e opinar, previamente, nos pedidos apresentados aos órgãos competentes para criação, reconhecimento ou credenciamento desses cursos; • Autorizar, pela maioria absoluta das delegações, a oneração ou alienação de seus bens imóveis; • Participar de concursos públicos, nos casos previstos na Constituição e na lei, em todas as suas fases, quando tiverem abrangência nacional ou interestadual; • Resolver os casos omissos no estatuto. A diretoria do Conselho Federal é composta de um Presidente, de um Vice-Presidente, de um Secretário-Geral, de um Secretário-Geral Adjunto e de um Tesoureiro. O Presidente exerce a representação nacional e internacional da OAB, competindo-lhe convocar o Conselho Federal, presidi-lo, representá-lo ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, promover-lhe a administração patrimonial e dar execução às suas decisões. Nas deliberações do Conselho Federal, os membros da diretoria votam como membros de suas delegações, cabendo ao Presidente, apenas, o voto de qualidade e o direito de embargar a decisão, se esta não for unânime. 52 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br 10.3 Conselho Seccional da OAB O Conselho Seccional tem jurisdição sobre os respectivos territórios dos Estados-membros, do Distrito Federal e dos Territórios. A composição desses conselhos é diferente do Conselho Federal. Nos Conselhos Seccionais, a composição é proporcional ao número de advogados inscritos (art. 106 do Regulamento Geral do EAOAB). Integram, ainda, os Conselhos Seccionais os seus ex-presidentes, na qualidade de membros honorários vitalícios, e, continuam com direito de voz e voto apenas os que tenham assumido originariamente o cargo de Presidente até a data da publicação da Lei n° 8.906/94. Os demais, de acordo com esta lei, possuem apenas o direito de voz. O Presidente do Instituto dos Advogados local é membro honorário do Conselho Seccional, tendo direito a voz em suas sessões sendo que a Diretoria do Conselho Seccional tem composição idêntica e atribuições equivalentes às do Conselho Federal: Presidente, Vice-Presidente, Secretário Geral, Secretário Geral Adjunto e Tesoureiro. O art. 58 do Estatuto da Advocacia diz competir privativamente ao Conselho Seccional a edição de seu Regimento Interno e Resoluções bem como a criação das Subseções e da Caixa de Assistência dos Advogados. Conforme o mesmo artigo, dentre algumas de suas muitas competências: • Criar e intervir (quórum 2/3) as Subseções e a Caixa de Assistência dos Advogados; • Julgar em recurso as decisões do seu Presidente, do TED, da sua diretoria, das Subseções, da Caixa de Assistência dos Advogados; • Fixar a tabela mínima de honorários advocatícios; 53 Estude inteligente, Estude Ad Verum! www.adverum.com.br • Definir o traje dos advogados. 10.4 Caixa de Assistência dos Advogados Como o próprio nome já diz, a Caixa de Assistência dos Advogados tem a finalidade de prestar assistência aos advogados e aos estagiários vinculados ao respectivo Conselho Seccional. É criada pelo Conselho Seccional quando estes contar com mais de 1.500
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