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FARMACOLOGIA APLICADA Daikelly Iglesias Braghirolli Mecanismos de ação dos fármacos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Compreender os principais mecanismos de ação dos fármacos. � Identificar as principais classes de receptores farmacológicos e os tipos de interação entre fármacos e receptores. � Determinar os efeitos da interação fármaco-receptor sobre a resposta terapêutica. Introdução A maioria dos fármacos exerce seus efeitos terapêuticos no organismo a partir da sua interação com macromoléculas, chamadas de receptores farmacológicos. A ligação do fármaco ao seu receptor desencadeia mu- danças moleculares ou bioquímicas nas células, que culminam com a modulação de funções do organismo humano. A partir disso, podemos observar o efeito farmacológico e terapêutico de um fármaco. Neste capítulo, você vai identificar os principais mecanismos de intera- ção entre os fármacos e seus receptores. Além disso, você compreenderá os efeitos dessa interação sobre a resposta farmacológica. Mecanismos de ação dos fármacos A farmacodinâmica é a área da farmacologia que avalia e estuda os efeitos da ação dos fármacos sobre o organismo humano. Os fármacos podem apresentar ações específicas e inespecíficas sobre o organismo. Os efeitos terapêuticos, adversos ou até mesmo tóxicos da maioria dos fármacos ocorrem por meio da sua interação com macromoléculas do orga- nismo, as quais são chamadas de receptores. A interação do fármaco com essas macromoléculas leva à formação dos chamados complexos fármaco-receptor. Esses complexos ocasionam mudanças bioquímicas e/ou fisiológicas nas células e tecidos que causam a modulação dos sistemas e, por fim, culminam com os efeitos observados do fármaco. Os fármacos que atuam sobre receptores específicos são caracterizados como fármacos com ação específica. Por outro lado, os fármacos que exercem seus efeitos sem interagirem com receptores específicos são chamados de fármacos com ação inespecífica. A ação desses fármacos resulta de suas propriedades físico-químicas e ocorre em função do seu acúmulo em locais vitais das células. São exemplos de fármacos com ação inespecífica: os antissépticos, alguns antifúngicos tópicos e alguns inseticidas. Os receptores farmacológicos dos fármacos de ação específica são ma- cromoléculas endógenas, como proteínas, enzimas ou ácidos nucleicos. A maior parte dos receptores são proteínas transdutoras de sinais, as quais são representadas por canais iônicos sensíveis a ligantes; receptores acoplados à proteína G; receptores ligados a enzimas e os receptores intracelulares. Dessa forma, grande parte dos fármacos têm seu mecanismo de ação baseado na ativação ou inativação de enzimas, na supressão da função gênica ou na interação com a membrana celular, causando sua alteração ou interferindo nos seus sistemas de transporte. Agora vamos identificar os principais tipos de receptores farmacológicos (Figura 1): � Canais iônicos sensíveis a ligantes: os canais iônicos são poros, forma- dos por proteínas e imersos na membrana plasmática. Os canais iônicos exercem papel fundamental na transdução de sinal através da passagem seletiva de íons sinalizadores, como Na+, K+, Cl- e Ca2+. Esses canais exibem um local para a ligação de moléculas sinalizadoras (ligantes) e normalmente exibem dois estados conformacionais: aberto e fechado. Normalmente, a interação de um ligante ao canal faz com que ele se abra, permitindo a passagem do íon. Esses receptores são alvo para a modulação da neurotransmissão no sistema nervoso central, bem como a transmissão elétrica nos músculos esquelético e cardíaco. Mecanismos de ação dos fármacos2 � Receptores acoplados à proteína G: constituídos por proteínas transmembrana que atravessam a bicamada lipídica sete vezes. Essas proteínas estão ligadas a uma molécula transdutora de sinal, chamada proteína G, que é formada por três subunidades: α, β e γ. As proteínas G, através da subunidade α, se ligam aos nucleotídeos da guanosina, como o trifosfato de guanosina (GTP). A interação do receptor transmembrana com um ligante desencadeia uma mudança da sua conformação, ocasio- nando a separação do complexo αGTP do complexo βγ. Cada um desses complexos pode interagir com efetores celulares, que podem produzir mensageiros, desencadeando uma cascata de sinalização. A adenililci- clase e a fosfolipase C são exemplos de efetores, que quando ativados produzem mensageiros, o monofosfato de adenosina cíclico (AMPc) e trifosfato-1,4,5-inositos (IP3) e diacilglicerol (DAG), respectivamente. � Receptores ligados à enzima: consistem em uma proteína transmem- brana, que apresenta domínio extracelular para interação com ligante e domínio intracelular com atividade enzimática. Grande parte desses receptores apresenta atividade tirosinocinase. Quando ocorre a interação de ligantes com seu domínio extracelular, esses receptores sofrem uma mudança conformacional, o que ocasiona sua ativação. Os receptores ativados fosforilam resíduos de tirosina em sua própria estrutura, e/ ou outras proteínas-alvo, desencadeando uma cascata de sinalização intracelular. � Receptores intracelulares: são inteiramente intracelulares e atuam principalmente sobre a modulação de fatores de transcrição nucleares. Para que possam interagir com os receptores intracelulares, os ligantes devem apresentar a capacidade de se difundir pelas membranas celu- lares. Dessa forma, devem apresentar natureza lipofílica. A formação do complexo ligante-receptor leva à ativação do receptor intracelular e seu deslocamento até o núcleo da célula. No núcleo, esse complexo interage com fatores de transcrição que regulando a expressão gênica, ocasionam sua ativação ou inibição. Como modulam a transcrição do DNA em RNA e a tradução do RNA em proteínas, a resposta desses receptores é longa, podendo perdurar por horas ou, até mesmo, dias. 3Mecanismos de ação dos fármacos Figura 1. Principais tipos de receptores farmacológicos. Fonte: Whalen, Finkel e Panavelil (2016). Alterações no potencial de membrana ou na concentração iônica no interior da célula Fosforilação de proteínas Íons Fosforilação de proteínas e do receptor Fosforilação de proteínas e alteração da expressão gênica EFEITOS INTRACELULARES R R-PO4 Canais iônicos disparados por ligantes Exemplo: Receptores colinérgicos nicotínicos A B C DReceptores acopladosà proteína G Exemplo: Exemplo: Exemplo: Adrenoceptores α e β Receptores ligados a enzimas Receptores de insulina Receptores intracelulares Receptores esteroides γ β α Dessensibilização e supersensibilização de receptores: a maioria dos receptores fisiológicos está sujeita à regulação por retroalimentação por produtos de sua sinaliza- ção. A estimulação constante dos receptores por fármacos agonistas pode ocasionar alterações na sua responsividade, causando dessensibilização. A dessensibilização de um receptor resulta na redução do efeito do agonista, podendo ser causada pelo fenômeno denominado taquifilaxia ou por internalização dos receptores. A taquifilaxia consiste na alteração do receptor, por exemplo, por fosforilação, que o torna não responsivo ao ligante. Enquanto isso, na internalização, o receptor é sequestrado para o interior celular. Dessa forma, um menor número de receptores fica disponível para interação com ligantes. Esses fenômenos são bastante importantes do ponto de vista terapêutico e podem ocasionar a tolerância do organismo a determinados fármacos. Outro efeito que pode ocorrer mediante o bloqueio continuado de um receptor é sua supersensibilidade a fármacos agonistas. A exposição contínua a fármacos antagonistas, por exemplo, pode resultar no aumento de receptores na membrana. Dessa forma, um maior número de receptores fica disponível para interação com seus ligantes, tornando a célula mais sensível a agonistas e mais refratária a antagonistas. Mecanismos de ação dosfármacos4 Tipos de interação entre fármaco e receptor Os fármacos podem exibir diferentes ações sobre seus receptores. Basicamente, eles podem interagir como agonistas, agonistas inversos ou como antagonistas. Vamos entender melhor como ocorrem essas interações. � Agonistas: aqueles que mimetizam a ação de ligantes endógenos do seu receptor. A ligação do agonista ao receptor o estabiliza em determinada conformação, ocasionando sua ativação. De acordo com a resposta que geram sobre o receptor, esses fármacos podem ser classificados como agonistas totais e agonistas parciais. ■ Agonista total: apresenta grande eficácia em ativar seu receptor. Quando ligado ao receptor, esse fármaco ocasiona uma resposta biológica máxima, semelhante ao seu ligante endógeno, produzindo um efeito máximo. ■ Agonista parcial: apresenta eficácia menor que o agonista total, mesmo que ocupe todos os receptores disponíveis. Ele apresenta atividade intrínseca maior que zero, porém, inferior a um. � Agonistas inversos: alguns receptores fisiológicos apresentam uma atividade constitutiva, isto é, apresentam atividade mesmo na ausência de um ligante. Os fármacos agonistas inversos, ao se ligarem a esse tipo de receptor, o estabilizam em uma conformação inativa. Portanto, fármacos agonistas inversos têm ação oposta à dos fármacos agonistas, apresentando eficácia negativa. � Antagonistas: os fármacos antagonistas ligam-se aos receptores, porém, não exercem sua ativação ou inativação, isto é, não apresentam atividade intrínseca. Esses fármacos impedem a interação do receptor com seus ligantes endógenos ou outros fármacos agonistas. São classificados em antagonistas competitivos e não competitivos, podendo ser classificados ainda como alostéricos e irreversíveis. ■ Antagonista competitivo: é aquele que se liga por meio de ligações não covalentes, reversíveis, ao receptor, no mesmo sítio em que agonistas se ligam. Assim, o fármaco antagonista competitivo impede a ligação de agonistas ao receptor por “competir” pelo mesmo sítio de ligação. O aumento da concentração de moléculas agonistas em torno do receptor pode reverter a ligação dos antagonistas com seu sítio de ação. 5Mecanismos de ação dos fármacos ■ Antagonista alostérico: se liga ao receptor por ligações reversíveis, em domínios diferentes daqueles em que o agonista interage. A sua ligação com o receptor faz com que exiba alteração conformacional. Dessa forma, o agonista não reconhece o seu sítio de ação e, assim, não consegue se ligar. ■ Antagonista irreversível: interage com os receptores por ligações covalentes. O estabelecimento de ligações fortes entre o antagonista e o sítio de ação dos receptores impede que agonistas se liguem. Mesmo com o aumento da concentração de agonistas, ele permanece ligado ao receptor. Índice terapêutico: por meio do estudo da relação entre dose e resposta, o ín- dice terapêutico (IT), ou janela terapêutica, de um fármaco pode ser calculado. O IT compreende o intervalo entre a dose mínima eficaz e a dose máxima tóxica de um fármaco. Esse parâmetro é uma medida de segurança do fármaco, em que um valor elevado de IT reflete um intervalo maior de doses que podem ser utilizadas, entre a dose efetiva e a dose tóxica. Aspectos quantitativos da interação entre fármaco-receptor e a relação dose-resposta A relação entre a dose administrada de um fármaco e a resposta clínica observada é bastante complexa e depende de uma série de fatores. A dose administrada e as características farmacocinéticas do fármaco influenciam diretamente em sua resposta. Além disso, a resposta fisiológica proveniente da interação de um fármaco com o seu receptor depende de alguns parâmetros farmacodinâmicos, como eficácia, afinidade e potência. Mecanismos de ação dos fármacos6 A eficácia corresponde à capacidade de um fármaco se ligar ao receptor e ocasionar sua ativação. Ela depende da atividade intrínseca do fármaco e também do número de receptores ativados. A eficácia máxima de um fármaco (Emax) é obtida quando todos os receptores estão ocupados pelo fármaco e uma resposta maior não será obtida pelo aumento de sua concentração. De acordo com esse conceito, fármacos agonistas apresentam eficácias positivas, e fármacos agonistas inversos apresentam eficácia negativa. Enquanto isso, os fármacos antagonistas apresentam eficácia nula. A afinidade reflete a capacidade de um fármaco se ligar ao receptor. Fármacos com alta afinidade conseguem se ligar a um grande número de receptores, mesmo estando em baixa concentração no local de ação. Além disso, esses fármacos apresentam baixa constante de dissociação. Tanto os fármacos agonistas como os agonistas inversos e os antagonistas apresentam a capacidade de se ligarem aos seus receptores. Portanto, todos apresentam afinidade positiva. A potência de um fármaco refere-se à quantidade de moléculas necessárias para que um efeito em intensidade determinada seja produzido. Quanto menor a quantidade de moléculas necessárias do fármaco para que um efeito seja produzido, maior sua potência. Normalmente, a potência de um fármaco é analisada pelo parâmetro CE50 – concentração do fármaco que produz 50% do efeito máximo. O gráfico apresentado na Figura 2 demonstra a curva dose-resposta de três fármacos. Como pode ser visualizado, o fármaco A precisa de uma dose menor do que os fármacos B e C para atingir 50% de seu efeito máximo. Portanto, ele apresenta a maior potência entre os três. Enquanto isso, o fármaco C apresenta efeito biológico inferior aos fármacos A e B, e também precisa de maiores doses para que atinja a CE50. Dessa forma, o fármaco C apresenta a menor eficácia e a menor potência entre os três fármacos apresentados. 7Mecanismos de ação dos fármacos Figura 2. Curva dose-resposta (potência relativa e eficácia) de três fármacos ago- nistas A, B e C. Compare a concentração em que cada um deles atinge 50% de seu efeito máximo (CE50) e a intensidade de efeito que produzem. Fonte: Whalen, Finkeli e Panavelil (2016, p. 31). 100 50 0 Fármaco A Fármaco B Fármaco C Ef ei to b io ló gi co Log da concentração de fármaco CE50 do fármaco A CE50 do fármaco B CE50 do fármaco C Neste link, você poderá aprender sobre os efeitos da variabilidade genética, farmacodinâmica e também far- macocinética de medicamentos. https://goo.gl/MeSVzs Mecanismos de ação dos fármacos8 A warfarina é um fármaco anticoagulante que apresenta baixo índice terapêutico, isto é, a dose eficaz é bastante próxima à dose tóxica. Dessa forma, variações farmacocinéticas, como elevação de sua biodisponibilidade, podem resultar em aumento das doses plasmáticas de warfarina, o que pode gerar o quadro de hemorragia. Em função disso, pacientes sob o uso de medicação devem ser constantemente monitorados em relação aos seus efeitos. Isso pode ser realizado por exames de coagulação. 1. A interação entre os fármacos e receptores pode ocorrer de diferentes formas. Sobre esses mecanismos de interação, aponte a alternativa correta. a) Fármacos agonistas são aqueles que, ao se ligarem aos receptores, os estabilizam em conformação inativa. b) Fármacos agonistas são aqueles que apresentam afinidade pelos seus receptores, porém eficácia negativa. c) Fármacos antagonistas são aqueles que se ligam aos seus receptores com alta afinidade, porém, têm eficácia nula. d) Fármacos agonistas inversos são aqueles que se ligam aos seus receptores e aumentam sua atividade intrínseca. e) Fármacos agonistas inversos são aqueles que se ligam aos seus receptores e não alteram suas atividades. 2. Os fármacos antagonistas podem atuar de diferentes formas, podendo ser classificados em competitivos, não competitivos alostéricos e não competitivos irreversíveis. Marque a opção correta acerca do assunto. a) Os antagonistas competitivos ligam-se a diferentes domínios do receptor, ocasionando mudança de estrutura e, assim, impedindo sua interaçãocom agonistas. b) Os antagonistas irreversíveis ligam-se por ligações covalentes ao receptor e, em função disso, seu efeito não é revertido com o aumento da concentração de agonistas. c) Os antagonistas alostéricos ligam-se por ligações covalentes ao sítio de ação dos receptores. d) Os antagonistas competitivos interagem com o sítio de ligação dos agonistas aos receptores, 9Mecanismos de ação dos fármacos de maneira covalente. e) Os antagonistas alostéricos competem com os fármacos agonistas pelo sítio de ligação com o receptor farmacológico. 3. Os fármacos podem interagir com seus receptores com diferentes afinidades, resultando em potências também diferentes. A respeito dos conceitos de afinidade e potência, marque a alternativa correta. a) Fármacos com alta afinidade conseguem se ligar a um número suficiente de receptores, mesmo em baixas concentrações. b) Fármacos com alta potência precisam ocupar um grande número de receptores para que apresentem resposta terapêutica. c) Fármacos com baixa afinidade precisam estar presentes em altas concentrações no local de ação para que possam exercer seu efeito terapêutico. d) Fármacos agonistas inversos não apresentam afinidade pelos seus receptores, sendo considerada negativa para essas moléculas. e) Para que apresentem alta potência, os fármacos devem sempre ser administrados em altas concentrações. 4. O diazepam é um fármaco utilizado como sedativo e hipnótico, sendo indicado para os quadros de ansiedade e transtornos do sono. Esse fármaco provoca a ativação dos receptores gabaérgicos no sistema nervoso central, ocasionando abertura e entrada do íon cloreto (Cl-), de maneira similar ao seu ligante endógeno, o neurotransmissor GABA. Ao interagir com esses canais iônicos, como o diazepam atua? a) Agonista. b) Agonista inverso. c) Antagonista competitivo. d) Antagonista alostérico. e) Antagonista irreversível. 5. No gráfico a seguir, você pode verificar a relação dose-resposta de dois fármacos: X e Y. Sobre esses fármacos, aponte a opção correta. Log [Agonista] Fármaco X Fármaco Y EC50 EC50 % d o ef ei to m áx im o 100 80 60 40 20 0 a) O fármaco X apresenta uma maior eficácia que o fármaco Y. b) O fármaco Y apresenta uma maior eficácia que o fármaco X. c) O fármaco X apresenta uma maior potência que o fármaco Y. d) O fármaco Y apresenta uma maior potência que o fármaco Y. e) O fármaco Y apresenta uma maior afinidade que o fármaco X. Mecanismos de ação dos fármacos10 WHALEN, K.; FINKELI, R.; PANAVELIL, T. A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. Leituras recomendadas DANDAN, R. H.; BRUNTON, L. L. Manual de farmacologia e terapêutica de Goodman e Gilman. 2. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. KATZUNG, B. G.; TREVOR, A. J. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. SILVA, P. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. Referência 11Mecanismos de ação dos fármacos Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo:
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