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Hormônios da Tireoide - sistese, distribuição, ação, fisiopato do hipotireoidismo

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Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
1 
 
Hormônios Metabólicos da Tireoide 
− A tireoide é uma das maiores glândulas endócrinas do corpo 
− Pesa de 15-20 gramas no adulto 
− Tem função de secretar dois hormônios principais: 
• 93% de tiroxina (T4) 
• 7% de tri-iodotironina (T3) 
• Quase toda a tiroxina é convertida em tri-iodotironina 
nos tecidos 
• A função de ambos são iguais, só difere na quantidade, 
velocidade e intensidade de ação 
• A T3 é 4x mais potente que T4, mas esta presente no 
sangue me menor quantidade e persiste por um tempo 
curto 
− Ambos tem função de acelerar o metabolismo, de forma que 
se ambos param de ser secretados, o metabolismo basal 
cairia 40-50% 
• Se ambos fossem aumentados, o metabolismo basal 
aumentaria 60-100% 
− A secreção de ambos é controlada pelo hormônio 
tireoestimulante TSH secretado pela hipófise anterior 
− Os hormônios da tireoide são essenciais para o 
desenvolvimento normal, crescimento e metabolismo 
corporal 
− Regulada pelo eixo hipotálamo-hipófise-tireoide 
ANATOMIA 
− Se localiza abaixo da laringe e está na parte lateral e anterior 
da traqueia 
− Tem coloração marrom avermelhado 
− A parte direita e esquerda é unida por um istmo, que fica logo 
abaixo da cartilagem cricoide 
− A fáscia pré-traqueal reveste a glândula e a liga à traqueia e 
laringe 
− É altamente vascularizado e possui milhares de folículos 
− Folículo é igual a um saco de células epiteliais que estão em 
torno de um lumen contendo coloide 
− A tireoide é composta por muitos folículos fechados que 
estão cheios de uma substância secretora chamada coloide e 
são revestidos por células epiteliais cuboides que secretam 
seus produtos para o interior dos folículos 
− O coloide é constituído pela glicoproteína tireoglobulina, a 
qual contém os hormônios tireoidianos 
− Quando a secreção chega aos folículos, deve ser reabsorvida 
através do epitélio folicular para o sangue, a fim de poder 
realizar sua função no corpo 
− A tireoide contém células C que secretam calcitonina, a qual 
regula a concentração plasmática de íons cálcio 
− Embriologicamente, a tireoide é derivada do chão da 
cavidade faríngea e migra a partir da base da língua para a 
posição final no pescoço 
 
 
PAPEL DO IODO 
− Para formar a tiroxina, é necessário ingerir cerca de 50 mg de 
iodo na forma de iodeto a cada ano, ou 1mg/semana 
− Para prevenir a deficiência de iodo, o sal comum de cozinha é 
suplementado com cerca de uma parte de iodeto de sódio 
para cada 100.000 partes de NaCl 
− O iodo ingerido é absorvido pelo TGI para o sangue e a maior 
parte é excretada pelos rins 
− Cerca de 1/5 é seletivamente removido do sangue pelas 
células tireoide e usado para síntese dos hormônios 
CAPTAÇÃO DE IODO 
− O primeiro passo é o transporte de iodeto do sangue para as 
células e folículos glandulares da tireoide 
− A membrana basal das células tireoidianas tem a capacidade 
de bombear iodeto para o interior da célula 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
2 
 
− Esse bombeamento é realizado através do simporte de 
sódio/iodeto, o qual leva para a célula um íon iodeto e 2 íons 
sódio e esse processo ocorre na membrana basolateral → 
esse processo chama captação de iodeto 
− A energia para o transporte vem da bomba de sódio-potássio 
adenosina trifosfatase (ATPase) que bombeia Na+ para fora, 
diminuindo a concentração de Na dentro da célula, 
facilitando o transporte de sódio/iodeto 
− Na glândula, a concentração de iodeto é 30x maior que no 
sangue 
• Quando a atividade da tireoide atinge seu máximo, a 
concentração pode se elevar para 250x 
− Influência na captação de iodo 
• O TSH estimula a atividade da bomba de iodeto nas 
células tireoidianas, enquanto a hipofisectomia a reduz 
de forma considerável 
− O iodeto é transportado para fora das células da tireoide pela 
membrana apical, através da pendrina que é um 
transportador não específico de ânions ou molécula 
contratransportadora de íons cloreto-iodeto, seguindo 
então para o lumen do folículo 
TIREOGLOBULINA E A BIOQUÍMICA DA FORMAÇÃO DE 
TIROXINA E TRI-IODOTIRONINA 
FORMAÇÃO E SECREÇÃO DE TIREOGLOBULINA PELAS CÉLULAS 
DA TIREOIDE 
− As células da tireoide são típicas células glandulares 
secretoras de proteínas 
− O reticulo endoplasmático e o aparelho de golgi sintetizam e 
secretam para os folículos uma grande glicoproteína 
chamada tireoglobulina, que constitui o coloide 
• Cada molécula de tireoglobulina contém 70 
aminoácidos de tirosina, os quais se combinam com o 
iodo para formar os hormônios da tireoide 
− Assim eles se formam no interior da molécula de 
tireoglobulina 
− Isto é, os hormônios tiroxina e tri-iodotironina são formados 
a partir dos aminoácidos tirosina e formam parte da molécula 
de tireoglobulina 
 
 
 
OXIDAÇÃO DO ÍON IODETO 
− O primeiro passo para formar os hormônios da tireoide é a 
conversão dos íons iodeto para a forma oxidada 
− A forma oxidada é a que se combina com a tirosina 
(aminoácido) 
− Quem promove a oxidação é a enzima peroxidase junto com 
o peróxido de hidrogênio 
− O peróxido de hidrogênio é produzido por enzimas com 
atividade dupla de oxidase como DOUX1 e DOUX2 
− A peroxidase está na membrana apical da célula ou ligada a 
ela, produzindo o iodo oxidado no ponto da célula em que a 
molécula de tireoglubulina surge. Ela está vindo do aparelho 
de golgi através da membrana celular, sendo armazenada no 
coloide da tireoide 
− Quando o sistema da peroxidase é bloqueado ou quando está 
ausente das células, a formação de hormônios tireoidianos é 
zero 
IODIZAÇÃO DA TIROSINA E FORMAÇÃO DOS HORMÔNIOS 
TIREOIDIANOS – ORGANIFICAÇÃO DA TIREOGLOBULINA 
− A ligação do iodo com a molécula de tireoglobulina é 
chamado organificação 
− O iodo se liga diretamente e de forma lenta a tirosina, de 
forma covalente e essa ligação é catalisada pela peroxidase 
− Nas células da tireoide, o iodo oxidase está associado a 
enzima peroxidase, a qual reduz a duração desse processo 
para segundos ou minutos 
− Assim o iodo se liga a 1/6 das tirosinas durante o intervalo em 
que a tireoglobulina é liberada do aparelho de golgi ou é 
secretada pela membrana apical 
− Ao final desse processo, são formados os 2 hormônios T3 e T4 
− A tirosina é, inicialmente, iodada para monoiodotirosina 
(MIT) e, então, para di-iodotirosina (DIT). Então, nos minutos, 
horas, ou mesmo dias seguintes, cada vez mais resíduos de 
iodotirosina se acoplam uns aos outros 
− Quando duas moléculas de MIT se juntam, forma-se o T4 (4 
moléculas de iodo) 
• Essa ligação também é catalisada pela peroxidase 
− Quando se juntam 1 MIT + 1 DIT forma-se T3 (3 
moléculas de iodo) representando ~1/5 do total de 
hormônios produzidos 
IMPORTÂNCIA DO IODO 
− A deficiência do iodo ainda é um grande problema de 
saúde pública no mundo 
− A ingestão recomendada para adultos é 150 
microgramas e pode chegar a 250 microgramas para 
gestantes e aquelas que amamentam 
− O iodo é obtido a partir da ingestão de frutos do mar, 
algas marinhas, laticínios, vegetais (soja, batatas) e sal 
iodado 
− A alta ingestão de iodo pode induzir hipotireoidismo, 
bocitos e hipertireoidismo 
• Uma grande quantidade de iodo administrado em um 
curto período inibe a secreção de hormônios da tireoide 
• Inibe a ativação da adenilato ciclase em resposta ao TSH 
• Inibe a organificação da tireoglobulina 
• Após alguns dias da alta ingestão de iodo, a captação 
dele pela tireoide diminui, assim como sua 
concentração dentro dos folículos e ainda, a sintese de 
tireoglobulina recomeça 
− Se a alta ingestão de iodo permanece, pode haver 
tireotoxicose, causando bócio 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
3 
 
ARMAZENAMENTO DA TIREOGLOBULINA 
− A tireoide consegue armazenar grandes quantidades de 
hormônios 
− Depois da síntese, cada molécula de tireoglobulina tem ~30 
moléculas de tiroxina e algumas de T3 
− Assim os hormônios são armazenados nos folículos em 
quantidades que suprem anecessidade do organismo por 2-
3 meses caso a síntese seja interrompida 
LIBERAÇÃO DA T3 E T4 
− A tireoglobulina não é normalmente liberada na circulação, 
sendo assim, é preciso quebrá-la em partes menores para que 
consiga chegar à circulação 
− Para isso, o ápice das células da tireoide emite pseudópodes 
que englobam parte do coloide, formando vesículas 
pinocíticas 
− Depois os lisossomos se fundem com essas vesículas e 
formam vesículas digestivas que contêm enzimas 
− Entre as enzimas tem proteases que quebram a molécula de 
tireoglobulina e liberam a tiroxina e tri-iodotironina em sua 
forma livre 
− Então o T3 e T4 se difundem pela base da célula para os 
capilares adjacentes e chegam à circulação 
− Parte da tireoglobulina também entra na célula folicular por 
endocitose, depois de se ligar à megalina, uma proteína 
localizada na membrana do lúmen das células 
• Então, o complexo megalina-tireoglobulina é 
transportado através da célula por transcitose até a 
membrana basolateral, onde uma parte da megalina 
permanece unida à tireoglobulina e é liberada no 
sangue capilar 
− Cerca de 3/4 da tireoglobulina iodada não se torna hormônio, 
permanecendo nos folículos 
− Quando parte da tireoglobulina é reciclada na celula, a 
molécula precisa ser quebrada, mas mesmo assim, os T3 e T4 
ainda não vai para corrente sanguínea, mas sim, são clivados 
pela enzima deiodinase. Essa enzima disponibiliza quase todo 
o iodo para reciclagem na glândula 
− É possível que pessoas com deficiência na enzima 
deidodinase tenham deficiência na quantidade de iodo, 
devido a falha na reciclagem 
 
TAXA DIÁRIA DA SECREÇÃO DE TIROXINA E TRI-
IODOTIRONINA 
− Após poucos dias depois da liberação do T3 e T4, cerca da 
metade da tiroxina (T4) é lentamente desiodada, formando 
mais tri-iodotironina. Portanto, o hormônio finalmente 
transportado e utilizado pelos tecidos consiste, em sua maior 
parte, em tri-iodotironina, perfazendo o total de 35 
microgramas diários desse hormônio 
TRANSPORTE DE TIROXINA E TRI-IODOTIRONINA PARA OS 
TECIDOS 
− T3 e T4 precisam estar ligadas à proteínas plasmáticas para 
serem transportados 
− Os transportadores são sintetizados pelo fígado e são 
principalmente: 
• Globulina ligadora de tiroxina – TBG → principal 
• Albumina 
• Pré-albumina ligadora de tireoxina (TBPA) 
− Há 0,02% de T4 e 0,2% de T3 livres no plasma – não ligados a 
proteínas 
• Mesmo que a concentração molar de T4 seja cerca de 
50x a de T3, quando livre, é de apenas 3x 
✓ Meia vida de T4 é 5-7 dias 
✓ Meia vida de T3 é 1-2 dias 
− Hipótese dos hormônios livres 
• Uma pequena fração dos hormônios tireoidianos não é 
capaz de atravessar a membrana plasmática e entrar no 
núcleo 
− A função da tireoide é mais bem relacionada a porção livre 
dos hormônios e não as que estão ligados a proteínas. 
Contudo a parte livre é mais difícil de medir 
laboratorialmente 
LIBERAÇÃO PARA OS TECIDOS 
− Devido à alta afinidade de ligação dos hormônios com as 
proteínas transportadoras, eles são liberados de forma muito 
lenta para as células teciduais 
− A cada 6 dias, metade do T4 é liberado 
− A T3 (tri-iodotironina) tem menor afinidade que o T4 pelos 
transportadores, de forma que metade do T3 é liberado aos 
tecidos em 1 dia 
− Ao penetrar nas células, se ligam a proteínas intracelulares e 
são armazenadas na própria célula alvo para serem usadas 
lentamente ao longo de dias e semanas 
− Transportadores na membrana 
− OATPs (polipeptídeos de transporte de ânions orgânicos) 
transportam T4 e T3 reverso nos capilares do cérebro, sendo 
importante para atravessar a barreira hematoencefálica 
− MCT8 (transportador humano monocarboxilato 8) esta 
presente em e vários tecidos, e é especifico para T3 e ajuda 
no transporte dele para o cérebro, onde é captado pelos 
neurônios 
AÇÃO DE INÍCIO LENTO E LONGA DURAÇÃO 
− Ao ser injetado altas doses de tiroxina, só se observa 
alterações no metabolismo depois de 2-3 dias, mostrando o 
quão lento é sua utilização 
− Depois de iniciado, há um pico de atividade de 10-12 dias e 
depois a ação declina 
− Parte da atividade ainda persiste de 6 semanas a 2 meses 
− A T3 tem ação mais rápida que a T4, iniciando as atividades 
após 6-12 horas de administração, com pico ocorrendo de 2-
3 dias 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
4 
 
 
 
FUNÇÕES DOS HORMÔNIO S TIREOIDIANOS 
A MAIOR PARTE DA TIROXINA SECRETADA PELA TIREOIDE É 
CONVERTIDA EM TRI-IODOTIRONINA 
− Um átomo de iodo é removido de quase todas as moléculas 
de tiroxina, formando tri-iodotironina (T3) 
− Os receptores intracelulares têm afinidade mais alta com a 
tri-iodotironina 
• Assim mais de 90% das moléculas de hormônio 
tireoidiano que se ligam aos receptores são T3 
− Apenas 20% de todo o T3 é produzido diretamente na tireoide 
− 80% é produzido a partir da 5-deiodinação de T4, o que 
ocorre na região extratireoidiana pela ação das isoenzimas da 
iodotironina deiodinase D1 e D2 e D3 
− Assim T4 pode ser chamado de pré-hormônio já que é o T3 o 
grande responsável pelas ações dos hormônios da tireoide no 
organismo 
− A maioria das células tem as enzimas D1/D2/D3 dentro delas, 
de forma a ter uma “fonte” própria de T3 a partir de T4 
− As deiodinases são selenoenzimas, ou seja, precisam de 
selênio para serem expressas 
− D1 
• Catalisa a reação da 5’-deiodinação produzindo T3 
• Catalisa também a 5-deiodinaçaõ formando rT3 
− D2 
• Forma T3 para o cérebro, hipófise e tecido adiposo 
marrom 
− D3 
• Catalisa a conversão de T3 em rT3 
• Ajuda a regular a interação entre o T3 e seus receptores, 
principalmente durante o desenvolvimento fetal 
 
AUMENTAM A TRANSCRIÇ ÃO DE MUITOS GENES 
− Nas células do organismo sob ação dos hormônios 
tireoidianos, é transcrito muitos genes de enzimas, proteínas 
estruturais, de transporte e outras substâncias 
− O resultado é o aumento generalizado da atividade funcional 
de todo o organismo 
 
 
 
 
 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
5 
 
OS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS ATIVAM RECEPTORES 
NUCLEARES 
− Os receptores nucleares de hormônios da tireoide são uma 
família de fatores de transcrição controlados por ligantes e 
estão associados à cromatina (ou próximos a ela) 
− O receptor do hormônio tireoidiano forma heterodímeros 
com o receptor de retinoide X (RXR) nos elementos específicos 
de resposta ao hormônio tireoidiano no DNA 
− O complexo do receptor + hormônio (H.T. + RXR) se liga a 
regiões promotoras de genes alvos, depois recruta 
coativadores e inicia a transcrição do gene alvo em RNAm 
− Após formado o RNAm, ele é traduzidos nos ribossomos 
− Há proteínas que aumentam pouco sua transcrição, enquanto 
há outras que chegam a aumentar 6x a quantidade 
− AÇÕES NÃO GENÔMICAS: Há ainda ações dos hormônios 
não relacionadas à transcrição, pois há algumas alterações 
celulares que ocorrem rápido demais para ter havido alguma 
transcrição 
• Essas ações foram vistas no coração, hipófise, tecido 
adiposo e outros locais 
• Essas ações podem ser na membrana plasmática, no 
citoplasma ou em organelas 
• Podem ajudar na regulação de canais iônicos, na 
fosforilação oxidativa, ativação de segundos 
mensageiros (como AMPc) ou acionar cascatas de 
sinalização 
AUMENTAM A ATIVIDADE METABÓLICA CELULAR 
− O metabolismo basal pode aumentar de 60-100% acima do 
normal, quando é secretada grande quantidade de 
hormônios 
− Embora a velocidade da síntese proteica seja aumentada, a 
velocidade do seu catabolismo também se eleva, 
simultaneamente 
− A velocidade de crescimento de pessoas jovens também tem 
grande aumento 
− Os processos mentais são estimulados, bem como a atividade 
da maior parte das demais glândulas endócrinas. 
AUMENTAM O NÚMERO E A ATIVIDADE DAS MITOCÔNDRIAS 
− As mitocôndrias aumentam de tamanho ou em número 
− Isso ajuda a aumentar a formação de ATP necessário para 
processos celulares como síntese proteica 
AUMENTAM O TRANSPORT E ATIVO DE ÍONS ATRAVÉS DAS 
MEMBRANAS CELULARES− A bomba de sódio-potássio aumenta muito sua ação 
− Isso potencializa o transporte de íons sódio e potássio pelas 
membranas 
− Como esse processo usa energia, aumenta-se a liberação de 
calor, aumentando assim o metabolismo basal 
EFEITO DO HORMÔNIO T IREOIDIANO NO CRESCIMENTO 
− É essencial para a transformação de girinos em sapos 
− Nos humanos se manifesta principalmente em crianças 
• Nas que apresentam hipotireoidismo, o crescimento 
torna-se muito retardado 
• Já nas com hipertireoidismo, frequentemente ocorre 
crescimento esquelético excessivo, tornando a criança 
consideravelmente alta em idade precoce 
• Os ossos também maturam com mais velocidade, e as 
epífises se fecham precocemente, de modo que a 
duração do crescimento e a altura final do adulto podem 
ser reduzidas 
− Promove crescimento e desenvolvimento do cérebro durante 
a vida fetal e nos primeiros anos de vida pós-natal 
Efeitos do Hormônio Tireoidiano nas 
Funções Corporais Específicas 
METABOLISMO DE CARBOIDRATOS 
− Estimula quase todos os processos relacionados ao 
metabolismo de carboidratos, incluindo: 
• Captação rápida de glicose 
• Aumento da glicólise 
• Aumento da glicogenogênese 
• Aumento da absorção de glicose pelo TGI 
• Aumento da secreção de insulina 
− Geralmente esses efeitos resultam do aumento geral da 
transcrição de enzimas 
METABOLISMO DAS GORDURAS 
− Todos os processos também são estimulados 
− Os lipídios são rapidamente metabolizados, reduzindo 
acúmulo de gorduras 
• A quebra de lipídios aumenta a concentração de ácidos 
graxos livres no plasma 
• Acelera também a oxidação de ácidos graxos pelas 
células 
EFEITO NAS GORDURAS PLASMÁTICAS E HEPÁTICAS 
− O aumento do hormônio tireoidiano reduz as concentrações 
de: 
• Colesterol, fosfolipídios e triglicerídeos no plasma 
• Contudo aumenta a de ácidos graxos livres 
− A redução da secreção de hormônios tireoidianos causa o 
efeito contrário, causando acúmulo de lipídios no fígado 
− Os hormônios tireoidianos reduzem a concentração de 
colesterol por vários mecanismos, como: 
• Aumento da secreção de colesterol na bile, levando à 
sua eliminação nas fezes 
• A maior secreção de colesterol ocorre porque as células 
hepáticas têm maior número de receptores de 
lipoproteínas de baixa densidade levando a uma rápida 
remoção das lipoproteínas do plasma, secretando-as na 
bile 
NECESSIDADE AUMENTADA DE VITAMINAS 
− A necessidade de vitaminas aumenta com a ação dos 
hormônios tireoidianos, pois eles aumentam a transcrição de 
muitas enzimas e as vitaminas são cofatores de muitas das 
enzimas transcritas 
− Assim, consequentemente, aumentando o número de 
enzimas, aumenta-se a necessidade de vitaminas 
AUMENTO DA TAXA DE METABOLISMO BASAL 
− Pode aumentar o metabolismo basal de 60% a 100% 
− Quando sua produção cessa, o metabolismo basal quase cai à 
metade do normal 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
6 
 
 
REDUÇÃO DO PESO CORPORAL 
− Uma quantidade muito elevada de hormônio tireoidiano, 
quase sempre, reduz o peso corporal, e a quantidade muito 
reduzida, quase sempre, aumenta o peso 
− Por isso pessoas com hipertireoidismo costumam ter menos 
massa corporal e aqueles com hipotiroidismo costumam ter 
mais massa 
− O hormônio tireoidiano também aumenta o apetite 
AUMENTO DO FLUXO SANGUÍNEO E DO DÉBITO C ARDÍACO 
− O aumento do metabolismo necessita de mais O2 para os 
tecidos 
− Isso gera vasodilatação nos tecidos, elevando o fluxo 
sanguíneo 
− Na pele também há vasodilatação devido a maior 
necessidade de eliminação de calor 
− Assim o DC também se eleva, aumentando mais de 60% 
− O DC cai para 50% do normal no hipotireoidismo grave 
AUMENTO DA FREQUÊNCIA CARDÍACA 
− Apresenta efeito direto na excitabilidade do coração, 
elevando a FC 
− É um dos sinais usados para determinar excesso ou redução 
da produção de hormônios tireoidianos 
AUMENTO DA FORÇA CARDÍACA 
− O aumento da atividade enzimática já provoca aumento da 
força de contração 
− Se a secreção de hormônios for muito acentuada, haverá 
diminuição da força de contração devido ao excesso de 
catabolismo de proteínas 
PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA NORMAL 
− Como há maior fluxo sanguíneo nos tecidos e os batimentos 
cardíacos e o pulso aumentam, a PAS aumenta e a PAD 
diminui na mesma intensidade, fazendo com que a média das 
pressões se mantenha estável 
AUMENTO DA RESPIRAÇÃO 
− Um maior metabolismo aumenta a utilização de oxigênio e a 
formação de dióxido de carbono 
− Esses efeitos ativam todos os mecanismos que elevam a 
frequência e a profundidade da respiração 
AUMENTO DA MOTILIDADE GASTROINTESTINAL 
− Além do apetite maior e da ingestão alimentar, o hormônio 
tireoidiano aumenta tanto a produção de secreções 
digestivas como a motilidade do TGI 
− O hipertireoidismo, portanto, frequentemente resulta em 
diarreia, enquanto a falta de hormônio tireoidiano pode 
causar constipação 
EFEITOS EXCITATÓRIOS NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
− Em geral, o hormônio tireoidiano aumenta a velocidade da 
atividade cerebral, embora os processos do pensamento 
possam estar dissociados 
− Por outro lado, sua falta reduz a velocidade da atividade 
cerebral 
− Um indivíduo com hipertireoidismo, frequentemente, 
apresenta muito nervosismo e tem tendências 
psiconeuróticas, tais como complexos de ansiedade, 
preocupação excessiva e paranoia 
EFEITO NA FUNÇÃO DOS MÚSCULOS 
− Um leve aumento do hormônio tireoidiano faz com que os 
músculos reajam com vigor, mas, quando a quantidade de 
hormônio fica excessiva, os músculos são enfraquecidos, 
devido ao excesso do catabolismo proteico 
− Ao contrário, a falta de hormônio tireoidiano torna os 
músculos vagarosos, relaxando-se lentamente, após uma 
contração 
TREMOR MUSCULAR 
− Um dos sinais mais característicos do hipertireoidismo é o 
tremor muscular leve 
− Esse sintoma é diferente do tremor brusco da doença de 
Parkinson ou dos calafrios porque sua frequência é maior, 
atingindo 10 a 15 vezes por segundo 
− O tremor pode ser observado, facilmente, pela colocação de 
folha de papel sobre os dedos estendidos do paciente e 
notando-se o grau de vibração do papel 
− Acredita-se que seja causado pela atividade aumentada das 
sinapses neuronais nas áreas da medula espinal que 
controlam o tônus muscular 
− O tremor é forma importante de se avaliar o grau de efeito do 
hormônio tireoidiano no sistema nervoso central. 
EFEITO O SONO 
− Devido ao efeito exaustivo do hormônio tireoidiano na 
musculatura e no sistema nervoso central, a pessoa com 
hipertireoidismo frequentemente se queixa de cansaço 
constante 
− entretanto, devido aos efeitos excitatórios dos hormônios 
tireoidianos nas sinapses, o sono é dificultado 
− Ao contrário, a sonolência extrema é característica do 
hipotireoidismo, e o sono chega a durar de 12 a 14 horas por 
dia, em alguns casos. 
EFEITO EM OUTRAS GLÂNDULAS ENDÓCRINAS 
− A elevação do hormônio tireoidiano aumenta a secreção de 
várias outras glândulas endócrinas 
• Por exemplo, o aumento do metabolismo da glicose 
provoca elevação da necessidade de secreção de 
insulina pelo pâncreas 
• Aumenta muitas atividades metabólicas relacionadas 
com a formação óssea e, como consequência, a 
necessidade de paratormônio 
• Aumenta a inativação de glicocorticoides adrenais pelo 
fígado 
✓ Esse aumento da velocidade de inativação leva à 
elevação, por feedback, da produção de hormônio 
adrenocorticotrópico pela hipófise anterior e ao 
aumento da secreção de glicocorticoides pelas 
adrenais 
 
 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
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EFEITO DO HORMÔNIO TIREOIDIANO NA FUNÇÃO SEXUAL 
− Em homens, a falta desse hormônio, frequentemente, causa 
a perda da libido; entretanto, um grande excesso pode causar 
impotência 
− Em algumas mulheres, a falta de hormônio tireoidiano, 
frequentemente, causa menorragia (sangramento menstrual 
excessivo) e polimenorreia (sangramento menstrual 
frequente) 
− Contudo, a ausência da tireoide pode causar ciclos menstruaisirregulares e, ocasionalmente, até mesmo amenorreia 
(ausência de sangramento menstrual). 
− A ação sobre as gônadas acaba resultando de uma 
combinação de fatores, sendo assim, não é possível 
determinar com exatidão a ação dos hormônios tireoidianos 
sobre elas 
REGULAÇÃO DA SECREÇÃO DO HORMÔNIO TIREOIDIANO 
− O hipotálamo e hipófise anterior ajudam a regular a secreção 
de hormônios 
O TSH (DA GLÂNDULA HIPÓFISE ANTERIOR) AUMENTA A 
SECREÇÃO TIREOIDIANA 
− O TSH – Tireotropina – é liberado pela hipófise anterior 
− É um hormonio peptídico dimérico com uma subunidade alfa 
e outra beta 
− Sua secreção obedece a um ciclo circadiano, tendo seu pico 
plasmático entre meia noite e 4 da manha e menor atividade 
por volta do meio dia 
− É uma glicoproteína que aumenta a secreção de T3 e T4 pela 
tireoide 
− Seus efeitos sobre ela são: 
• Aumento da proteólise da tireoglobulina 
✓ Isso resulta no aumento da liberação de T3 e T4 
para o sangue 
• Aumento da atividade da bomba de iodeto 
✓ Isso aumenta a captação de iodeto pelas células 
glandulares 
• Aumento da iodização da tirosina presente na 
tireoglobulina 
• Aumento do tamanho e atividade secretora das células 
tireoidianas 
• Aumento do número de células tireoidianas, além de 
transformação de células cuboides em colunares 
O MONOFOSFATO CÍCLICO DE ADENOSINA MEDEI A O 
EFEITO ESTIMULADOR DO TSH 
− A ação do TSH sobre as células tireoidinanas resulta da 
ativação do sistema celular de segundos mensageiros do 
AMPc 
− O TSH se liga a receptores específicos nas células foliculares 
da tireoide 
− Esse receptor é acoplado a uma proteína G estimulatória, a 
qual é ativada e em seguida ativa a adenilato ciclase na 
membrana da célula, a qual converte ATP em AMPc 
− O AMPc ativa proteinaquinase A (PKA), a qual fosforila fatores 
de transcrição para estimular a produção de proteínas 
− Nesse caso a proteina produzida será a tireoglobulina 
− Ela será traduzida nos ribossomos e modificada no RE e no 
complexo de golgi, o qual exporta a tireoglobulina para o 
interior dos folículos 
 
 
A SECREÇÃO DE TSH PEL A HIPÓFISE ANTERIOR É REGULADA 
PELO HORMÔNIO LIBERADOR DE TIREOTROPINA DO 
HIPOTÁLAMO 
− A secreção de TSH pela hipófise anterior é controlada pelo 
hormônio liberador de tireotropina (TRH), secretado por 
terminações nervosas na eminência mediana do hipotálamo 
− Afeta diretamente as células da hipófise anterior, pois se liga 
a receptores presentes nessas células, elevando sua secreção 
de TSH 
− Ao se ligar no receptor, ativa o sistema de segundo 
mensageiro da fosfolipase no seu interior, produzindo grande 
quantidade de fosfolipase C, o que é seguido por cascata de 
outros segundos mensageiros, incluindo íons cálcio e 
diacilglicerol, que, finalmente, provocam a liberação de TSH 
EFEITOS DO FRIO E OUTROS ESTÍMULOS NEURO GÊNICOS NA 
SECREÇÃO DE TRH E TSH 
− A exposição ao frio excita as partes do hipotálamo que 
controlam a temperatura 
− A exposição de ratos ao frio prolongado aumentou em mais 
de 100% a liberação de hormônios tireoidianos 
− Sabe-se que pessoas que se mudam para regiões árticas 
desenvolvem metabolismos basais 15% a 20% acima do 
normal 
− Agitação e ansiedade reduzem a secreção de TSH 
EFEITO DE FEEDBACK DO HORMÔNIO TIREOIDIANO PARA 
REDUZIR A SECREÇÃO DE TSH PELA HIPÓFISE ANTERIOR 
− A elevação do hormônio tireoidiano nos líquidos corporais 
reduz a secreção de TSH pela hipófise anterior 
− Quando a secreção do hormônio tireoidiano eleva-se para 
1,75 do normal, a secreção de TSH cai praticamente para zero 
− É provável que essa inibição ocorra, principalmente, por 
efeito direto do hormônio tireoidiano na própria hipófise 
anterior 
• T3 e T4 inibem a transcrição dos genes de subunidades 
do TSH e diminuem sua glicolisação, impedindo sua ação 
− O feedback objetiva manter uma concentração constante de 
hormônios tireoidianos nos líquidos corporais circulantes 
 
 
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Avaliação Laboratorial da Função da 
Tireoide 
DIAGNÓSTICO CLÍNICO 
− Há disfunções na glândula em si e efeitos sistêmicos 
decorrentes da alteração na quantidade dos hormônios 
− A presença de doenças específicas facilita o diagnóstico 
− Testes laboratoriais posteriores podem ser apenas 
confirmatórios ou essenciais 
− Dependendo da doença, a tireoide pode se apresentar 
endurecida ou macia à palpação 
 
TESTES IN VITRO 
− Os testes usados para investigar a disfunção da tireoide 
podem ser agrupados em: 
• Testes para estabelecer se existe disfunção da tireoide, 
p. ex. avaliação da concentração de TSH, T3 e T4 no soro 
• Testes para elucidar a causa da disfunção da tireoide, p. 
ex. presença de autoanticorpos antitireoidianos e 
avaliação dos níveis de tireoglobulina no soro, atividade 
das enzimas tireoidianas, biópsia da tireoide, ultrassom e 
varredura isotópica da tireoide. 
• Ensaios para analisar as concentrações de 
tireoglubulina, a qual é usada para monitorar o 
tratamento e detectar doença recorrente em pacientes 
com carcinoma papilar ou folicular. 
− As medidas do TSH e dos hormônios tireoidianos devem ser 
realizadas para determinar o estado da tireoide do paciente 
antes de testes adicionais serem requisitados com o objetivo 
de determinar a causa da disfunção. 
AVALIAÇÃO DO TSH 
− A medição do TSH em uma amostra de soro por um ensaio 
imunométrico fornece o resultado mais sensível, específico e 
confiável dos testes funcionais da tireoide tanto em 
desordens evidentes como nas subclínicas primárias. 
− No hipotireoidismo primário, o TSH está aumentando, 
enquanto no hipertireoidismo é geralmente menor que 
0.02mU/L. 
− No entanto, somente a medida do TSH não é confiável para 
determinar uma disfunção tireoidiana causada por 
deficiências no eixo hipotálamopituitária 
− O TSH é agora avaliado por ensaios imunométricos (IMAs) que 
utilizam anticorpos marcados não competitivos com não 
isótopos marcados. Estes ensaios usam anticorpos 
monoclonais altamente específicos que reconhecem as 
subunidades α e β da molécula de TSH e um anticorpo 
secundário que reconhece o primeiro, em uma configuração 
de sanduíche. 
− A “sensibilidade funcional” do teste de TSH define a 
concentração mínima do hormônio que pode ser quantificada 
rotineiramente. 
 
MEDIDAS DE T3 E T4 L IVRES 
CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS 
− A concentração plasmática dos hormônios tireoidianos livres 
é extremamente baixa e sua quantificação na presença de 
grandes quantidades de hormônios ligados é um desafio. 
− A concentração de hormônios livres resulta do equilíbrio 
entre os hormônios ligados e livres. 
 BP - T4 → BP + T4 
− A proporção de T4 que se liga a proteína ligadora é 
determinada pela lei de ação das massas pela afinidade da 
proteína ligadora (Keq) multiplicada pela sua concentração. 
Isto é conhecido como “capacidade relativa de ligação”. 
− Portanto, se a afinidade ou concentração das proteínas 
ligadoras diminui, a proporção de T4 ligado também 
decrescerá a de hormônios livres aumentará. 
− Em humanos, a fração livre de T4 é principalmente afetada 
por modificações da afinidade e concentração do TBG, já 
alterações na albumina e transtirretina têm pequeno papel 
modificador. 
− Para coletar a fração que contém os hormônios livres realiza-
se a separação física usando-se uma membrana 
semipermeável (diálise de equilíbrio ou ultrafiltração) ou, 
alternativamente, adiciona-se um anticorpo que irá 
“capturar” os hormônios livres da solução. 
− A remoção dos hormônios livres do equilíbrio original 
resultará em dissociação dos hormônios e proteínas ligadoras 
para que um novo equilíbrio seja alcançado. 
− Uma característica essencial dos métodos que avaliam 
hormônios livres, é que haja o mínimo de perturbação no 
equilíbrio original, o que pode ser feito diluindo-se ao mínimo 
a amostra. 
− O pH e a composição iônica dos tampões também devem ser 
controlados. 
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DIFICULDADES DA DIÁLISE DE EQUILÍBRIO E 
ULTRAFILTRAÇÃO 
− São o método de referência, mas nenhum deles é 100% 
garantido 
− O período de diálise é de longo (de 12-18 horas) e pode causar 
produção de ácidos graxos não esterificando (AGNEs)a partir 
de triglicerídeos, deslocando o T4 ligado e aumentando a 
concentração de T4 livre, alterando, assim, os resultados do 
teste 
− O aumento da porção livre de T4 também ocorre se a amostra 
ficar por muito tempo no freezer antes da análise 
VALIDADE DOS MÉTODOS COMERCIAIS 
− Aos ensaios de rotina são dados inúmeros nomes, o que 
dependente da metodologia usada, mas todos geralmente 
envolvem: 
• Adição de anticorpos para diluir o soro e “capturar” os 
hormônios T4 livres 
• Estimativa dos sítios de ligação para T4 desocupados no 
anticorpo pela adição de T4 marcado. 
− Primeiro, o anticorpo utilizado irá desfazer o equilíbrio 
original, um efeito que é dependente da capacidade de 
ligação da tireoxina da amostra e da afinidade e concentração 
do anticorpo. 
− Segundo, a capacidade de interação do antígeno presente na 
amostra do paciente pode ser um pouco diferente da usada 
durante a calibração. 
− O efeito global é que as amostras que possuem baixa 
capacidade de ligação (DNT, baixo TBG etc.) tendem a 
apresentar uma inclinação negativa. 
− Muitos ensaios comerciais incluem albumina, adicionada com 
o objetivo de reduzir interações não específicas e anular os 
efeitos dos AGNEs nas concentrações de T4 livre. 
− Infelizmente, a albumina se liga ao T4 e, se estiver em 
concentrações suficientes, causará prejuízo significativo ao 
equilíbrio. 
− De novo, amostras de soro com baixa capacidade de ligação 
serão mais propensas a este efeito do que amostras com 
capacidades normais ou maiores. 
− Estas variações nos efeitos explicam por que os testes para T4 
livre em amostras de pacientes com DNT produzem 
resultados com concentrações de T4 baixas, normais ou altas. 
− Testes que mostram uma redução significativa do T4 livre 
nestas diluições podem produzir resultados negativos em 
amostras de soro de pacientes com capacidade de ligação 
diminuída. 
T3 E T4 TOTAIS 
− A concentração plasmática de T4 e T3 totais são medidas por 
imunoensaios usando diluentes que incorporam agentes 
químicos que liberam hormônios tireoidianos a partir das 
proteínas ligadoras destes hormônios. 
− Na prática clínica, a maioria dos problemas associados a essas 
medidas acontece em pacientes que apresentam a 
capacidade das proteínas ligadoras de hormônios 
modificadas que, por sua vez, pode aumentar ou diminuir a 
concentração de hormônios totais. 
− A gravidez ou a administração de estrógeno leva ao aumento 
da concentração de TBG e, consequentemente, da elevação 
de T3 e T4 totais. 
 
− Muitos fármacos também diminuem a capacidade de ligação 
dos hormônios as proteínas 
− Alguns pacientes produzem autoanticorpos contra 
hormônios tireoidianos e podem causar interferência nos 
testes que usam reagentes marcados 
− O uso de técnicas que avaliam a concentração total de 
hormônios se tornou menos popular devido a introdução de 
métodos mais confiáveis. Mas esses testes ainda podem ser 
usados hoje em dia 
USO DOS TESTES NA PRÁTICA 
− Pode-se avaliar aleatoriamente as concentrações de TSH 
como um teste funcional inicial 
− Ele pode detectar tanto desordens evidentes, como 
subclínicas 
− Uma concentração normal de TSH exclui uma desordem 
primária da tireoide 
− Se um resultado anormal é obtido, são feitos ouros testes 
para avaliar os níveis de T4 e T3 e confirmar a desordem e sua 
gravidade 
− Assim, medir inicialmente os níveis de TSH e T4 fornecem um 
método mais satisfatório de avaliação do estado da tireoide, 
mesmo que haja alguns falsos negativos 
CAUSAS DE CONCENTRAÇÕES PLASMÁTICAS ANORMAIS DE 
TBG 
TBG alto 
− Genética (TBG hereditário, com exceção do dominante ligado 
ao X) 
− Fisiológica (gravidez, período neonatal) 
− Estrógenos, incluindo contraceptivos orais contendo 
estrógeno, tamoxifeno 
− Outros medicamentos, p. ex. fenotiazinas, opiáceos, 
clofibrato 
− Hepatite 
TBG baixo 
− Genética, Andrógenos 
− Estados onde se perde proteínas, p. ex. síndrome nefrótica 
− Malnutrição, Má absorção 
− Doença severa, Acromegalia, Doença hepática (crônica) 
− Doença de Cushing, Terapia com corticoides (altas doses) 
 
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INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TESTES DE FUNÇÃO 
TIREOIDIANA 
SITUAÇÕES NAS QUAIS O TSH USUALMENTE FORNECE A 
ESTIMATIVA CORRETA DO ESTADO DA TIREOIDE 
HIPERTIREOIDISMO PRIMÁRIO EVIDENTE. 
− O TSH é quase sempre <0.1mU/L e frequentemente 
<0.02mU/L, devido ao mecanismo de retroalimentação 
negativa na pituitária. 
− As concentrações de T4 e T3 livres e totais estão quase 
sempre elevados, mas em uma porcentagem bem pequena 
de pacientes com hipertireoidismo, tanto o T4 livre como o 
total estão normais, se ambos T3 livre e total estiverem 
elevados: esta condição é conhecida como hipertireoidismo 
T3 ou tireotoxicose. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HIPOTIREOIDISMO PRIM ÁRIO EVIDENTE. 
− O TSH está invariavelmente aumentado, frequentemente 
maior que 20mU/L, já que o mecanismo de retroalimentação 
negativo na pituitária está minimizado, e as concentrações de 
T4 livre e total estão baixas. 
− As medidas de T3 livre e total não são de nenhum valor, pois 
repetidamente observa-se que suas concentrações estão 
normais devido ao aumento da deiodinação de T4 para T3. 
DOENÇA DA TIREOIDE SUBCLÍNICA. 
− A doença da tireoide apresenta um espectro de 
características clínicas e bioquímicas de variada severidade. 
− A única anormalidade bioquímica encontrada é a 
concentração de TSH. 
− Antes do diagnóstico de doença da tireoide subclínica ser 
realizado, as causas dos níveis aumentados de TSH devem ser 
investigadas e incluem: gravidez, DNTs, medicações e 
interferência do método. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTERVALO DOS VALORES DE REFERÊNCIA E ALTERAÇÕES 
SIGNIFICATIVAS 
− Em neonatos, bebês e crianças, valores de intervalo de 
referência de acordo com a idade são recomendados. 
− Para a gravidez devem ser determinados de acordo com o 
trimestre. 
TSH 0,8 um/L 
T4 total 15 nmol/L 
T4 livre 6 pmol/L 
T3 total 0,6nmol/L 
T3 livre 1,5 pmol/L 
AUTOANTICORPOS A ANT ÍGENOS TIREOIDIANOS 
ANTICORPO CONTRA A T IREOPEROXIDASE (TPOAC) 
− Originalmente conhecidos como anticorpos microssomais 
tireoidianos, estes anticorpos são encontrados na quase 
maioria dos pacientes com hipertireoidismo autoimune 
secundário e tireoidite de Hashimoto já no início da doença, 
e em alguns pacientes com outras doenças tireoidianas 
autoimune. 
− Estes anticorpos são frequentemente encontrados em 
indivíduos com hipotireoidismo subclínico bem como em 2-
5% de mulheres que apresentam eutireoidismo bioquímico 
− A prevalência destes anticorpos é baixa em homens, mas 
também aumenta com a idade, estando presente em 2,5% da 
população masculina acima de 75 anos. 
− A presença de altos títulos de TPOAc concomitante com o 
bócio do hipotireoidismo é característica da doença de 
Hashimoto; eles também podem estar em associação ao 
hipertireoidismo inicial e transiente. 
− Durante a gravidez, a presença de anticorpos anti-TPO é um 
fator de risco independente para abortos, hipotireoidismo 
maternal e o desenvolvimento futuro de tireoidite pós-parto 
com prejuízo da função da tireoide. 
− Em pacientes com hipotireoidismo subclínico, a presença de 
anticorpos anti-TPO é um indicador considerável de 
recomendação de reposição de T4, já que esses pacientes 
estão sob o risco de desenvolver hipotireoidismo evidente no 
futuro (50% desenvolverá hipotireoidismo identificado 
bioquimicamente nos próximos 20 anos). 
ANTICORPOS PARA TIREOGLOBULINA (TGAC) 
− Anticorpos para tireoglobulina também são encontrados em 
pacientes com tireoidite autoimune, mas em frequências 
mais baixasque os anticorpos anti-TPO. 
− A única razão para avaliar estes anticorpos é em pacientes em 
tratamento para carcinoma papilar ou folicular. 
ANTICORPOS PARA O RECEPTOR DO HORMÔNIO 
ESTIMULADOR TIREOIDIANO 
− O hipertireoidismo da Doença de Graves é mediado pela ação 
de autoanticorpos da Classe da IgG que se ligam ao receptor 
do TSH e ativam a via de sinalização de AMPc. 
− A concentração sérica destes anticorpos pode estar 
relacionada com hiperfunção da glândula tireoide. 
− Dois tipos de sistemas metodológicos estão em uso: 
− Medir a capacidade de autoanticorpos de inibir a ligação do 
TSH marcado ao seu receptor em extratos proteicos 
enriquecidos em membrana de tecido da tireoide (Inibição da 
interação entre TSH e imunoglobulina ou TBII) 
− Aumento das concentrações de AMPc em extratos proteicos 
após a estimulação com as IgGs do paciente (anticorpo 
estimulador tireoidiano ou TsAb). 
EXAMES DE IMAGEM DA TIREOIDE 
− A radiografia padrão fornece informação limitada no caso de 
aumento do tamanho da tireoide e não é rotineiramente 
utilizado. 
− O raio-X do tórax pode mostrar uma massa mediastinal 
superior em pacientes com extensão retroesternal do bócio, 
e a presença de desvio da traqueia com ou sem estreitamento 
do lúmen pode também ser notado. 
− O ultrassom pode demonstrar o tipo de hipertrofia (difusa ou 
localizada) e a natureza (sólida ou cística, singular ou múltipla) 
dos nódulos tireoidianos. 
• No entanto, não é possível excluir definitivamente o 
câncer usando esta técnica de imagem e a biópsia do 
nódulo é necessária. 
− O exame de Doppler colorido tem sido mais utilizado para 
distinguir entre a tireotoxicose induzida por amiodarona tipo 
1 (aumento da captação) e a tipo 2 (diminuição/ausência da 
captação); 
− A habilidade da tireoide de concentrar radioisótopos de iodo 
e outras moléculas tem sido empregada por muitos anos para 
identificar áreas dentro da glândula que são ou não 
funcionalmente ativas. → Cintilografia 
 
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Hipotireoidismo 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
 COMUNS NÃO COMUNS 
 
 
 
SINTOMAS 
Letargia; Pele seca e 
grossa; Discurso e 
atividade mental lenta; 
Inchaço facial (edema); 
Intolerância ao frio; 
Palidez; Voz rouca; 
Constipação; Ganho de 
peso; Cabelo seco e 
queda; Fraqueza/rigidez 
Falta de ar 
Anorexia 
Irritabilidade 
Menorragia 
Angina 
Surdez 
Falta de 
coordenação 
 
 
 
SINAIS 
Edema periorbital/facial 
Palidez, pele seca; Bócio; 
Prostração; Frio 
periférico; Alopecia 
difusa; Bradicardia; 
Compressa do nervo 
mediano; Atraso na fase 
de relaxamento dos 
reflexos 
Psicose 
Derrames 
plerual/pericardi
al 
Ascite 
Ataxia cerebelar 
Galactorreia 
Hidrocele 
(machos) 
 
CAUSAS DO HIPOTIREOI DISMO 
− A avaliação da concentração plasmática de TSH é o principal 
teste bioquímico para determinar o hipotireoidismo. 
− À medida que a concentração dos hormônios tireoidianos 
diminui, a secreção de TSH aumenta e é usada para monitorar 
o estado da tireoide. 
− A secreção de T3 é preferencialmente mantida na presença 
de altas concentrações de TSH que acompanham a 
diminuição da atividade da tireoide. 
− A razão T3/T4, no entanto, aumenta e a concentração 
plasmática de T4 está melhor correlacionada com a atividade 
da tireoide do que os níveis de T3. 
− A terapia de reposição do hipotireoidismo primário pode ser 
monitorada avaliando-se a concentração plasmática do TSH. 
 DESORDEM PATOGÊNESE 
 
 
 
PRIMÁRIA 
(devido à 
desordem da 
glândula tireoide) 
 
Tireoidite; 
Hashimoto; pós-
parto; 
Mixoedema 
primário; 
Fármacos; 
Deficiência de 
Iodo; Excesso 
agudo de iodo 
Destruição autoimune da 
glândula; Dano 
inflamatório prolongado; 
Fibrose da glândula; 
Atrofia da glândula; 
Tratamento posterior ao 
radioiodo ou cirurgia; 
Tecido anormal ou 
ausente; Síntese anormal 
dos hormônios; 
Diminuição do iodo 
glandular 
 
SECUNDÁRIA 
(devido à 
desordem 
extratireoidiana) 
Deficiencia 
anterior da 
pituitária; 
Tumores; 
Disfunção 
hipotalâmica 
Perda da estimulação pelo 
TSH 
Diminuição da 
estimulação da pituitária 
anterior pelo TRH 
 
 
TRATAMENTO DO HIPOTIREOIDISMO 
COMA MIXOEDEMA 
− O hipotireoidismo profundo pode produzir um estado 
chamado de coma mixoedema. 
− Esta é uma emergência endócrina relativamente incomum 
que pode ser desencadeada por fatores como infecção, 
exposição ao frio, uso de sedativos ou não adesão ao 
tratamento. 
− A apresentação clássica é o hipotireoidismo descompensado 
com sensorial alterado, bradicardia acentuada, hipotermia e 
colapso circulatório. 
− Os pacientes devem ser admitidos em uma unidade de 
terapia intensiva, sempre que possível. 
− A terapia suporte é com reposição dos hormônios 
tireoidianos, sendo o T4 administrado por via nasogástrica e 
o T3 por via parenteral. 
− Doses de reposição de glicocorticoides devem ser dadas até 
se excluir a ocorrência coincidente de insuficiência adrenal, as 
infecções devem ser tratadas agressivamente e a perda de 
calor prevenida para permitir o reaquecimento. 
TERAPIA DE REPOSIÇÃO DE HORMÔNIOS TIREOIDIANOS 
− O tratamento do hipotireoidismo primário ou secundário é 
por administração oral de levotireoxina. 
− A dose de reposição usual é 1.6μg/kg por dia, o que equivale 
a 100-125 μg diariamente. 
− Aos pacientes é avisado que a levotireoxina deve ser tomada 
de 30-60 minutos antes do café da manhã, já que tanto a 
comida quanto a cafeína podem interferir na absorção. 
− A administração do fármaco ao deitar também é efetiva e 
pode ser utilizada em pacientes que tomam outras 
medicações. 
− O tratamento pode ser iniciado por doses de reposição 
completas, exceto em indivíduos idosos e em pacientes com 
problemas cardíacos que necessitam que as doses sejam 
administradas com mais cautela. 
− TSH e T4 séricos devem ser checados entre 6 e 8 semanas 
após o início do tratamento, momento em que qualquer 
ajuste de dose é necessário para restaurar os níveis de TSH. 
− Em pacientes com hipopituitarismo, com falência secundária 
da adrenal ou da tireoide, é importante que a terapia com 
levotireoxina não seja iniciada antes da reposição com 
hidrocortisona, já que isto pode precipitar a crise da adrenal 
por aumentar o metabolismo em pacientes incapazes de 
secretar cortisol. 
• Anormalidades estruturais 
o Glândula ausente 
o Sítio ectópico 
• Defeitos enzimáticos (des-hormonogênese) 
o Transporte de iodo 
o Incorporação do iodo 
o Iodotirosinase de-halogenase 
• Defeitos na secreção de iodoproteína 
• Mutação no gene MCT8 (transportador de T3) 
• Anticorpos maternais (transiente) 
CAUSAS DE HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO 
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13 
 
− O objetivo do tratamento consiste em alcançar o bem-estar 
clínico e restaurar o eutireoidismo bioquímico, ou seja, o TSH 
sérico dentro do intervalo de referência de laboratório. 
− Os pacientes que permanecem sintomáticos, apesar de doses 
de substituição total, poderão se beneficiar de aumentos de 
dose adicionais para manter a concentração de TSH na 
metade inferior do intervalo de referência. 
− Abaixar o TSH para níveis inferiores ao intervalo de referência 
não é aconselhável, já que há evidência de que tais indivíduos 
com hipertireoidismo exógeno têm risco aumentado de 
fibrilação atrial e osteoporose. 
− A resposta ao tratamento em pacientes com hipotireoidismo 
secundário deve basear-se nas avaliações de FT4 uma vez que 
a secreção de TSH é deficiente em doença da hipófise. 
− O objetivo terapêutico em tais casos seria o FT4 no terço 
superior do intervalo de referência. 
− Apesar de a reposição de hormônio tireoidiano com 
levotireoxina sintética ser eficaz na maioria dos casos, uma 
proporção significativa dos pacientes relata que permanecem 
sintomáticos. 
• A administração destes pacientes pode ser um desafio e 
fatores que predispõe a substituição do hormônio 
tireoidiano inadequada incluem a baixa adesão do 
paciente, inadequadaposologia e administração, uso 
concomitante de medicamentos que interferem com a 
disponibilidade da levotireoxina e a presença de 
comorbidades que prejudicam a absorção de 
levotireoxina. 
− A combinação de T4 e TSH sérico elevado é sugestiva de baixa 
adesão, e o paciente é mais zeloso nos poucos dias antes do 
teste da função da tiroide em uma tentativa de compensar a 
falta de tratamento. 
− Alguns indivíduos podem permanecer sintomáticos, mesmo 
após normalização da função da tireoide. 
− Embora alguns pacientes possam se beneficiar de titulações 
de dose para níveis normais de TSH, é importante considerar 
causas alternativas dos sintomas persistentes, tais como 
diabetes, obesidade, anemia... 
− O uso de T3 na reposição é muito mais difícil de titular e 
monitor, não é recomendado por profissionais e não deve ser 
conduzido fora de centros especializados com programas de 
acompanhamento a longo prazo. 
− Delimitações recentes das variações genéticas comuns no 
gene da deiodinase e em genes de proteínas de transporte 
dos hormônios tireoidianos sugerem que tais polimorfismos 
podem explicar a variabilidade na resposta ao tratamento 
com os hormônios tireoidianos. 
HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO 
− Este é o termo usado para descrever pacientes com 
eutireoidismo clínico que apresentam níveis séricos normais 
de T4, mas concentração elevada de TSH 
− Podem ser sintomas leves não específicos, como cansaço, 
ganho de peso e depressão. 
− A prática comum é o tratamento com tireoixina, se anticorpos 
forem positivos e/ou a concentração sérica de TSH for maior 
que 10mU/L com o objetivo de “cortar o mal pela raiz” antes 
da progressão evidente da falência tireoidiana 
− A recuperação de uma doença não tireoidiana deve ser 
excluída antes do diagnóstico de hipotireoidismo subclínico, 
enfatizando que todos os testes de função da tireoide devem 
ser repetidos e confirmados antes do início da terapia. 
− Indicações para o tratamento de pacientes com 
hipotireoidismo subclínico incluem: 
• Aumento da concentração do anticorpo anti-TPO 
• TSH>10mU/L 
• Bócio 
• Gravidez 
• Infertilidade 
• Sintomas de hipotireoidismo 
• Diabetes melito 
• Doença cardíaca 
• Dislipidemia 
 
 
− O hormônio tireoidiano constitui terapia bem estabelecida e 
segura para tratamento a longo prazo de hipotireoidismo. 
− A terapia tem por objetivo repor a falta de hormônio 
tireoidiano endógeno com administração regular de 
hormônio tireoidiano exógeno. 
− Este é produzido por síntese química e é estruturalmente 
idêntico ao hormônio tireoidiano endógeno (geralmente T4). 
− Ter um grande reservatório de “profármaco” tireoidiano (T4) 
no plasma pode ser importante, talvez como tampão efetivo 
para normalizar taxas metabólicas em ampla variedade de 
condições. 
− Em segundo lugar, a meia-vida de T4 é de 6 dias, em 
comparação com a meia-vida de 1 dia de T3. 
− A meia-vida prolongada de T4 possibilita ao paciente tomar 
apenas uma pílula ao dia para reposição de hormônio 
tireoidiano. 
− Por essas razões, levotiroxina, L-isômero de T4, constitui o 
tratamento de escolha para o hipotireoidismo. 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
14 
 
− Uma possível exceção é o coma mixedematoso, em que o 
início de ação mais rápido de T3 pode possibilitar maior 
recuperação do hipotireoidismo potencialmente fatal 
− A eficácia da reposição de hormônio tireoidiano é monitorada 
por dosagens dos níveis plasmáticos de TSH e hormônio 
tireoidiano. 
− TSH é um acurado marcador da atividade do hormônio 
tireoidiano, visto que a liberação de TSH pela adeno-hipófise 
é extremamente sensível ao controle de retroalimentação 
pelo hormônio tireoidiano no sangue. 
− Uma vez que o paciente esteja tomando uma dose estável de 
levotiroxina, o monitoramento dos níveis de TSH geralmente 
poderá ser efetuado a cada 6 meses ou 1 ano. 
− Súbitas alterações nos níveis de TSH, apesar do uso constante 
de levotiroxina, podem ser devidas a interações 
medicamentosas que afetam absorção e metabolismo. 
− Acidez gástrica adequada também é necessária para a 
absorção de levotiroxina exógena; portanto, a dose dessa 
substância precisa ser aumentada quando os pacientes 
tornam-se infectados por Helicobacter pylori ou começam a 
ingerir inibidor da bomba de prótons. 
− Os fármacos que aumentam a atividade de certas enzimas 
P450 hepáticas, incluindo rifampicina e fenitoína, aumentam 
a excreção hepática de T4. Nesses casos, pode ser necessário 
elevar a dose de T4 para manter um estado eutireóideo.

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