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Estágio Supervisionado de Prática Jurídica Tributária- IV AÇÃO DECLARATÓRIA 1) Cabimento A ação declaratória objetiva reconhecer judicialmente a existência, inexistência ou modo de ser de determinado vínculo obrigacional tributário, ou ainda, para obter a declaração sobre autenticidade ou falsidade de documento, a fim de superar o estado de incerteza, de insegurança. O fundamento da ação declaratória está no artigo 19, do CPC (eleger inciso de acordo com o caso concreto). 2) Momento de ajuizamento O momento de ajuizamento da ação declaratória é anterior ao lançamento (não há crédito constituído). O ajuizamento da ação declaratória, antes mesmo de ter ocorrido o lançamento, visa evitar a cobrança do tributo de forma equivocada pela autoridade administrativa. Serve como uma espécie de precaução por parte do contribuinte que sabe ser indevido o tributo e, por essa razão, se antecipa para se preservar de futura tributação indevida. 3) Rito Comum/ ordinário Sentença meramente declaratória 4) Ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária (artigo 19, I, do CPC) O contribuinte busca a declaração de que não tem vínculo com o fisco que o obrigue ao pagamento de determinado tributo, em razão de inconstitucionalidade, ilegalidade, ou ainda em casos de imunidade. Exemplos de declaratória de inexistência: - Não há o fato gerador - Faz jus à imunidade/isenção tributária - Inconstitucionalidade - Ilegalidade 5) Ação declaratória de existência de relação jurídico-tributária (artigo 19, I, do CPC) O objetivo é declarar a existência de relação jurídica sobre a qual exista incerteza. É bastante utilizada para legalizar a conduta do contribuinte em práticas contábeis. Exemplos de declaratória de existência: - Do direito de compensar créditos - Lançamento de créditos e correção monetária em sua escrita fiscal - Regularidade fiscal 6) Ação declaratória de modo de ser de relação jurídico-tributária (artigo 19, I, do CPC) Tem o objetivo de declarar como deve ser a relação jurídica entre contribuinte e fisco. 2 Material de apoio 2020/1 Muitas vezes o tributo é devido, mas não está sendo exigido pela autoridade administartiva da maneira adequada. Exemplos de declaratória de modo de ser: - ICMS energia elétrica: estavam cobrando ICMS sobre o valor da energia contratada e não sobre a potência efetivamente consumida (súmula 391 STJ). - Modo cobrado não está adequado, o contribuinte deve, mas não daquela forma. 7) Causas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário em ação declaratória – tutela de urgência e depósito. O fato de o contribuinte ajuizar ação declaratória não obsta à Fazenda Pública de considerar existente a relação jurídica e propor ação executiva. Para a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, o contribuinte deverá pleitear a concessão da tutela antecipada, se os requisitos para tal estiverem presentes (art.300, do CPC e art.151, V, do CTN), ou deverá realizar o depósito do montante integral tributário (CTN, art. 151, II). O depósito é um direito do contribuinte e não pode ser negado pelo juiz. Com o trânsito em julgado da sentença que julgar procedente a ação declaratória, o juiz autoriza o levantamento do depósito pelo contribuinte (CTN, art. 156, X), ou, se a ação for julgada improcedente, o depósito se converte em renda do ente público respectivo (CTN, art. 156, VI). 8) Cumulação da ação Declaratória com repetição de indébito. Há possibilidade de cumulação de ambas as ações. Geralmente, a cumulação ocorre em tributos cujo o pagamento é contínuo, periódico. A ação declaratória é cabível para a defesa de eventos futuros, em que se busca a declaração do judiciário para evitar cobranças ulteriores e a repetição de indébito é cabível para a restituição dos valores pagos indevidamente no passado. Como exemplo, podemos citar um partido político que recolheu indevidamente IPTU, referente ao imóvel de sua sede, durante dois anos seguidos e não pretende pagar o referido imposto nos próximos anos. O partido pode ajuizar uma ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária cumulada com repetição de indébito para ter a declaração da ausência do vínculo referente o período futuro e receber o que pagou indevidamente no passado. 3 Material de apoio 2020/1 ESTRUTURA DA PEÇA Endereçamento (regras de competência) Terminologia: Requerente/requerido, autor/réu (qualificar as partes) Verbo: Ajuizar/ propor Fundamento: Artigo 19, (eleger inciso) CPC e artigo 300 do CPC, art.319 CPC. Nome da peça: Ação Declaratória de Inexistência (existência/modo de ser) de Relação Jurídico-tributária com Pedido de Tutela Provisória de Urgência antecipada. 1) DOS FATOS Paráfrase do caso concreto. 2) DO CABIMENTO Artigo 19, I, do CPC. 3) DO DIREITO Tese Subsunção do fato à norma Conclusão 4) DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA 1) requisitos do art.300 CPC 2) suspensão do crédito tributário: art.151, V, do CTN. 5) DO PEDIDO a) Garantido o acesso ao judiciário ante o recolhimento das custas iniciais OU concedido os benefícios da justiça gratuita (adequar de acordo com o caso concreto) b) A concessão da tutela provisória de urgência antecipada, nos termos do art.300 do CPC, para suspender a exigibilidade do Crédito tributário, conforme art.151, V, do CTN; c) A citação do réu, na pessoa de seu representante legal, para apresentar resposta no prazo legal sob pena de confissão e revelia, conforme artigo 335 do CPC; d) Protesta pela realização ou não realização de audiência de conciliação e mediação, nos termos do art. 319, VII, do CPC OU Dispensa da audiência de conciliação e mediação em razão do não cabimento, nos termos do Art. 334 § 4º, inciso II do CPC/15; e) Seja julgado procedente o pedido, para declarar a existência/inexistência/ modo de ser da relação jurídico tributária... (adequar de acordo com o caso concreto); f) Condenação do réu ao ressarcimento das custas processuais e ao pagamento dos honorários advocatícios nos termos do Art. 85,§ 3º, do CPC; g) A produção de provas por todos os meios em direito admitidos, nos termos do art. 319, VI, do CPC. Valor da causa. Encerramento. 4 Material de apoio 2020/1 PEÇA PRATICA-PROFISSIONAL (CASO HIPOTÉTICO) LEIA COM ATENÇÃO AS INSTRUÇÕES ABAIXO. 1) A peça deverá ser manuscrita, em letra legível, com caneta esferográfica de tinta azul ou preta, não sendo permitida a interferência e/ou a participação de outras pessoas. 2) No caso de erro, risque, com um traço simples, a palavra, a frase, o trecho ou o sinal gráfico e escreva o respectivo substituto. Não utilize corretivo, sob pena de perda de pontuação. 3) Caso a peça profissional exija identificação, utilize apenas a palavra ADVOGADO, anotando seu nome tão somente no cabeçalho da folha de respostas. 4) Na elaboração da peça profissional inclua todos os dados que se façam necessários, sem, contudo, produzir qualquer identificação além daquelas fornecidas no enunciado da questão. Para tanto utilize o nome do dado seguido de reticências ou “xxx”, conforme o seguinte exemplo: “Município... ou Cidade xxx”, “Data... ou Data xxx”. Não omita nenhum dado legalmente exigido, utilizando sempre o modelo exemplificado. 5) Não acrescente/invente qualquer dado/fato não incluído no enunciado para o desenvolvimento da tese pretendida. 6) Será permitida somente a utilização da legislação “seca”, não sendo permitido o uso de modelo de internet quando da confecção da peça. 7) A mera transcrição de artigo não confere pontuação. Necessário se faz concatenar as ideias de modo a realizar a subsunção do fato a norma, ou seja, fundamentar correlacionando o caso hipotético com o artigo pretendido. 8) Sob nenhuma hipótese, a peça prático-profissional deverá ultrapassar as 150 linhas. O texto que supera-las será desconsiderado para fins decorreção. Peça prático-profissional Visando melhorar a infraestrutura de tráfego na cidade, o Distrito Federal, resolveu realizar obra pública, no ano de 2019. Para tanto, projetou a construção de alguns viadutos que desafogariam o trânsito na cidade. Em 2020, antes mesmo de concluir as obras, editou lei instituindo contribuição de melhoria, a qual seria cobrada de certos proprietários de imóveis, que, segundo o Secretário de Fazenda do DF, ficam situados em três cidades satélites, todos eles compreendidos como satélites que se beneficiaram com a realização da obra, valorizando-se, portanto, os imóveis dessa localidade. Paulo Santos Vieira, proprietário de uma casa em uma das referidas cidades satélites, ficou sabendo da aprovação da lei instituidora da contribuição de melhoria, tomando ciência de que em breve ocorrerá o lançamento da cobrança para os proprietários de imóveis da região, dentre os quais se encontra. Indignado, entende que a cobrança não deve ser feita, alegando que em nada foram valorizados os imóveis, sustentando que, além de a obra não estar conclusa, ela piorou o tráfego na região, causando congestionamentos, o que tem desvalorizado inclusive o mercado imobiliário local. Além disso, a instituição da referida contribuição não observou os requisitos da lei, como por exemplo, a publicação de editais. Como medida 5 Material de apoio 2020/1 preventiva, contrata um advogado e pede a ele que ajuíze ação para fins de defender seu interesse de não se sujeitar ao dever de pagar a contribuição de melhoria, caso seja realmente lançada. Como patrono da causa, ajuíze a ação pertinente e defenda os interesses de seu novo cliente em juízo.
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