Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS Tétano O tétano é uma doença infecciosa aguda, não é contagiosa, causada pela fixação no sistema nervoso de exotoxinas segregadas pela forma vegetativa do Clostridium tetani. Caracteriza-se por um estado de hiperexcitabilidade, que se manifesta clinicamente por hipertonia muscular mantida, lucidez mental e espasmos musculares espontâneos ou induzidos por estímulos externos. Apresenta alta letalidade, devido à insuficiência respiratória consequente à contração dos músculos respiratórios ou espasmo da glote, ou a complicações como pneumonia, acidose, desidratação, sepse, choque e outros. Clostridium Tetani é um bacilo gram-positivo, anaeróbica esporulado, produtor de várias exotoxinas, dentre elas a tetanospasmina, responsável pelas contraturas musculares. Apresenta esporos nas extremidades, quando os esporos ainda estão dentro das células. Difere um pouco dos outros Clostridium. O Clostridium Tetani é muito exigente, precisa da anaerobiose para poder desenvolver-se. Se ele não tem condições anaeróbicas para se desenvolver, ele vai continuar na condição de esporos. As toxinas só existem porque dentro da célula plasmídeo, que é o co-responsável por isso. Se por acaso ocorresse uma mutação na natureza onde todos os Clostridium Tetani perdessem os plasmídeos, não teria mais tétano. 2 DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS O bacilo tetânico é encontrado difusamente no meio ambiente, onde sobrevive sob a forma esporulada, já que é um anaeróbio estrito. O tétano apresenta ocorrência mundial, e prevalece em países com menor desenvolvimento socioeconômico, devido à menor vacinação da população; a maior exposição e menores cuidados higiênicos aos ferimentos; ao tratamento séptico do cordão umbilical de recém-nascidos; à prática de abortos; e a) e rituais sem a necessária higiene. Produz duas proteínas que são biologicamente ativas: teNT e a tetonospasmina (toxina que causa hemolisis). Quem causa o problema é a teNT. Quando essa proteína/toxina é liberada pela bactéria, ela faz uma ligação com os tecidos irreversível, não tem como desligar. E tem uma absorção muito rápida, por isso o diagnóstico basicamente é clínico. Quem permite que a toxina seja produzida é a presença do plasmídeo. O plasmídeo é um gene, que é codificado, e a toxina é liberada no nosso organismo. Não pode dar vacina em um paciente que precisa de atendimento de urgência. Por ex: paciente que sofreu acidente, e está todo machucado. Vacina é imunidade ativa, induz o organismo a produzir anticorpo contra aquilo, mas não há tempo para isso. Tem que aplicar o soro antitetânico que é o anticorpo pronto. Doença infecciosa causada pelo Clostridium Tetani que pode levar à morte. 3 DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS Não é contagiosa indivíduo- indivíduo. Para que ela ocorra, você precisa ter contato através de uma ferida aberta sua, ou uma ferida realizada em contato com os esporos que estão no ambiente. Os focos de infecção mais frequentes são: o coto umbilical e os traumatismos abertos inesperados (feridas puntiformes, contusas, laceradas e penetrantes), seguindo-se o útero, dentes, feridas cirúrgicas, úlceras de pele, local de aplicação de injeções e vacinas, otite média com perfuração do tímpano e outros. A doença resulta da penetração do esporo em soluções de continuidade da pele, e mucosas de hospedeiros não-imune; germinação e multiplicação da bactéria, desde que encontre uma porta de entrada (foco de infecção) com condição de anaerobiose; absorção e fixação das neurotoxinas, produzidas pelo germe. TÉTANO NEONATAL O tétano neonatal é consequente ao parto realizado em condições sépticas, em que foram utilizados para a ligadura do cordão objetos cortantes (facas, tesouras) e fios de sutura (barbante, linha de costura) contaminados pelo esporo tetânico, ou foram colocadas no coto umbilical substâncias como fumo, cinzas, óleos e pós de origem variada também contaminados, com finalidade hemostática e cicatrizante. Sinais e sintomas: choro excessivo; dificuldade para mamar e abrir a boca; irritabilidade; quando há presença de febre, ela é baixa; contraturas musculares ao manuseio ou espontâneas. Transmissão: Durante a secção do cordão umbilical, ou dos cuidados inadequados do coto umbilical e/ou quando se utilizam de substâncias e instrumentos contaminados com esporos e/ou a própria falta de higiene nos cuidados do recém- nascido. 4 DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS Período de incubação: Aproximadamente 7 dias, podendo ser ente os primeiros 2 a 28 dias. TÉTANO ACIDENTAL O tétano acidental resulta de feridas contusas, laceradas, puntiformes, perfurantes, muitas vezes produzidas por agentes mecânicos diversos (vidros, espinhos, pregos etc.), bem como as resultantes de politraumatismos, feridas por arma branca ou de fogo, fraturas expostas, e também as queimaduras e as feridas pela retirada de Tunga penetrans e por infecção com dermatófitos e Candida. Sinais e sintomas: disfagia, hipertonia mantida dos músculos masseter (trismo e riso sardônico), rigidez de nuca, contratura muscular da região dorsal, rigidez muscular progressiva atingindo o abdômen e diafragma, levando a insuficiência respiratória. Transmissão: ocorre pela introdução dos esporos em uma solução de continuidade (ferimento), contaminado com terra, poeira, fezes de animais ou humanas. Período de incubação: Varia de 3 a 21 dias, geralmente em torno de 10 dias, podendo chegar a mais de 30 dias. Quanto o menor o tempo de incubação, maior a gravidade e pior o prognóstico. O primeiro sinal é o trismo, que é contração dos músculos mandibulares, a pessoa não consegue literalmente abrir a boca, fica com a boca travada. Rigidez do pescoço, costas, da musculatura do abdômen; Risos sardônicos, sintoma clássico., parece que a pessoa está rindo, mas é um riso forçado. Nos casos benignos, o paciente permanece somente com o quadro de hipertonia muscular, sem manifestação de insuficiência respiratória ou disfagia grave. Nos casos graves, surgem os espasmos 5 DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS ou contraturas paroxísticas, com frequência desencadeados por estímulos externos, como: luminosidade, ruídos, aspiração de secreções e manipulação do doente, podendo ocorrer espontaneamente ou motivados por angústia do enfermo. Clínico-epidemiológico, não dependendo de confirmação laboratorial. Diagnóstico diferencial: Trismo e tetania por outras causas como raiva e histeria. O papel da enfermagem é fundamental para o êxito do tratamento, pois a ela cabe a prevenção de estímulos desencadeadores dos espasmos, a cautela na mobilização e medicação, o atendimento às emergências espásticas pela aplicação das medicações relaxantes, a vigilância sobre a evolução e o surgimento de complicações, o suporte psicológico ao enfermo. Neutralização da toxina tetânica ainda não fixada aos receptores nervosos; Combate ao C. tetani (desbridamento do foco suspeito); Hidratação e alimentação apropriadas; Aplicação de miorrelaxantes e sedativos; Controle da hiperatividade do simpático; Assistência ventilatória, podendo ser necessário traqueostomia; Vacinação. Quando vacinar o paciente? Podem ser vacinados com a vacina antitetânica todo e qualquer pessoa, desde a infância. A recomendação do Ministério da Saúde com relação ao esquema 6 DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS vacinal completo, é de 3 doses administradas no primeiro ano de vida com reforço aos 15 meses e 4 anos de idade. Sendo que, a partir dessa idade, deve-se vacinar a cada 10 anosapós a última dose administrada. Quando fazer o soro? Quando o paciente chega à unidade, precisando de uma ação imediata do anticorpo. Por ex: quando o paciente chega machucado. Ele vai precisar da imunidade passiva, que já vem pronta. A vacina é uma imunidade ativa, ou seja, o organismo vai aprender a criar anticorpo. Requer um tempo. Se a situação é emergencial, tem que ser soro antitetânico. Vacinação, 3 doses a cada 10 anos. (medida profilática mais importante e eficaz) Uso de calçados Assistência higiênica ao parto e no coto umbilical; Cuidados adequados à ferimentos; Orientar ao paciente e familiares sobre a doença e evolução clínica; Obter informações sobre o esquema vacinal do paciente; Realizar exame físico do paciente; Instituir acesso venoso para manutenção da hidratação adequada, e administração de medicamentos; Atentar para as necessidades de oxigenoterapia; Realizar curativo da porta de entrada após desbridamento cirúrgico realizado pelo cirurgião. Avaliar nível de consciência do paciente; Completar esquema vacinal; Não alimentar o paciente nas primeiras 24 horas de 7 DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS internamento para reduzir o risco de broncoaspiração; Instalar cateterismo vesical caso haja retenção urinária, e conforme a necessidade do paciente; Manter vigilância rigorosa para controle para frequência da contratura; Caso seja tétano neonatal, proteger o olho com gazes umedecidos com soro fisiológico para evitar lesões nas córneas; Realização da higiene corporal; Realizar mudança de decúbito; Realizar balanço hídrico; Referências: COURA, José Rodrigues. Dinâmicas das doenças infecciosas e parasitárias, 2º edição. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan. 2018. Ministério da Saúde. Tétano Neonatal: o que é, causa, sintomas, tratamentos, diagnóstico e prevenção. Disponível em: https://saude.gov.br/saude-de-a- z/tetano-neonatal. Acessado em Março de 2020. RAFAEL, Maria Eugênia Pires Pessoa Batista; et al. Tétano – uma proposta de cuidados interdisciplinares na unidade de terapia intensiva: revisão sistemática de literatura. Rev. Enferm. UFPE. 2010. https://saude.gov.br/saude-de-a-z/tetano-neonatal https://saude.gov.br/saude-de-a-z/tetano-neonatal
Compartilhar