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Cap 39 [RESUMO] - Abordagem em saúde mental pelo médico de família e comunidade

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SAÚDE MENTAL EM MFC 
JOANNA D’ARC BATISTA PEDROLONGO – FONTE: TRATADO MFC (2019) 
SAÚDE MENTAL: interação de fatores BIOLÓGICOS + 
PSICOLÓGICOS + FAMILIARES + SOCIAIS. “VIDA MENTAL” não 
é biológica, mas está inserida em um corpo biológico e 
influencia/sofre influências de eventos corporais. 
ABORDAGEM EMOCIONAL: descrição dos SENTIMENTOS 
associados aos fatos. 
• Percepção das EMOÇÕES envolvidas. 
• Reconhecimento da emoção como oportunidade de 
compreender a pessoa e estabelecer CONFIANÇA. 
• Escuta EMPÁTICA, legitimando os sentimentos. 
• AJUDAR a pessoa a encontrar as palavras e identificar 
suas emoções. 
• Explorar ESTRATÉGIAS resolutivas para o problema. 
Estabeleça em que MOMENTO EMOCIONAL a pessoa se 
encontra: ela PERCEBE O PROBLEMA? Tem alguma ideia sobre 
ele? 
• Se a pessoa NÃO SABE DEFINIR o problema e o que 
espera para resolvê-lo, é necessário EXPLORÁ-LO em 
outras consultas. 
• Se NEGA O PROBLEMA ou pensa que ele não existe, 
ORIENTE sobre o mesmo e suas consequências 
negativas. 
• Se ela RECONHECE o problema e suas consequências, 
compreenda a dimensão do problema, QUESTIONE as 
expectativas e as ansiedades referentes à abordagem. 
Aprofunde o MOTIVO DA BUSCA DO ATENDIMENTO – 
em geral, fator desencadeante ligado a uma SITUAÇÃO DE 
CONFLITO OU PERDA (real ou imaginária). Às vezes, a ausência 
de fatores desencadeantes para algumas situações de 
ansiedade ou depressão ocorre não devido inexistência dos 
mesmos, mas por PROCURA OU COMPREENSÃO INADEQUADA. 
Investigue COMO A PESSOA ERA/ESTAVA ANTES DA 
CRISE: 
• Grau de ajuste prévio. 
• Defesas e recursos mentais que empregava para 
manter seu equilíbrio. 
• Relacionamento com as pessoas (houve alguma 
ruptura?). 
EXAME DO ESTADO MENTAL 
Áreas analisadas: ASMOCPLIAC (Atenção, Sensopercepção, 
Memória, Orientação, Consciência, Pensamento, Linguagem, 
Inteligência, Afetividade, Conduta). 
ATENÇÃO 
Alterada em quase todos os transtornos mentais. Ex. de 
alterações: 
• APROSEXIA: ausência total de atenção. 
• DISTRAÇÃO: dificuldade de fixar atenção. 
• HIPOPROSEXIA: enfraquecimento acentuado da 
atenção (ex.: depressão). 
• HIPERPROSEXIA: aumento quantitativo da atenção 
(ex.: paranoia). 
SENSOPERCEPÇÃO 
Sensação e percepção. 
SENSAÇÃO: efeitos dos ESTÍMULOS sobre os órgãos dos 
sentidos. Estímulos são EXTERNOS (ex.: luz e som) ou INTERNOS 
(ex.: sensibilidade visceral, dor em órgão). ALTERAÇÕES: 
• HIPERESTESIA: aumento. 
• HIPOESTESIA: diminuição. 
• ANESTESIA: supressão. 
• ANALGESIA: redução específica quanto à dor. 
PERCEPÇÃO: conhecimento consciente de OBJETOS do meio 
exterior. Alterações se manifestam por ILUSÕES e ABERRAÇÕES 
PERCEPTIVAS SENSORIAIS (ex.: cores mais vibrantes). 
REPRESENTAÇÕES 
São ALUCINAÇÕES OU PSEUDOALUCINAÇÕES - 
percepção de ESTÍMULO SENSORIAL QUE NÃO FOI PRODUZIDO 
NO MEIO EXTERNO. Podem ser visuais, auditivas, táteis, 
olfativas, gustativas, cinestésicas (movimento e equilíbrio) e 
cenestésicas (sensações anormais em determinas partes do 
corpo, como formigas embaixo da pele). Indicam perturbação 
GRAVE das funções mentais. 
MEMÓRIA 
Alterações QUANTITATIVAS ou QUALITATIVAS. Quantitativas: 
HIPERMINÉSIA (acentuação), HIPOMNESIA e AMNESIA (graus 
diferentes de perda). 
AMNESIA pode ser: 
• ANTERÓGRADA: fatos RECENTES – dificuldade de 
fixação, geralmente após patologia. 
• RETÓGRADA: fatos PASSADOS, anteriores ao 
surgimento de um transtorno (ex.: AVE) ou trauma. 
Perda pode ser desde períodos pequenos e limitados 
à fatos de uma vida inteira. 
Amnésias também podem ser TRANSITÓRIAS ou LACUNARES. 
ORIENTAÇÃO 
Em relação ao TEMPO e ESPAÇO, SI PRÓPRIO, aos DEMAIS e ao 
AMBIENTE. DESORIENTAÇÃO pode ser: 
• AUTOPSÍQUICA: em relação a si próprio 
(desdobramento de personalidade, 
despersonalização, estranheza). 
• ALIPSÍQUICA: em relação aos demais e ao ambiente. 
CONSCIÊNCIA 
COORDENAÇÃO E SÍNTESE DA ATIVIDADE PSÍQUICA. 
Apresenta aspecto SUBJETIVO e OBJETIVO. ESTADOS: 
• LÚCIDA: normal. 
• OBNUBILADA: lentidão da compreensão, senso-
percepção dificultada). 
• COMATOSA. 
• CONFUSÃO com agitação psicomotora ou delírios 
oniroides (ex.: delírios febris). 
• ALTERAÇÃO DA CONSCIÊNCIA DO EU: êxtase, transe ou 
possessão. 
Alterações geralmente acompanhadas de manifestações 
neurológicas. 
PENSAMENTO (JUÍZO/RACIOCÍNIO) 
O pensamento pode ser ELEMENTAR (ideias vagas, casuais e 
irregulares, sem lógica – ex.: devaneios) ou SUPERIOR (ato 
reflexivo, sucessão lógica de ideias). ALTERAÇÕES: 
• INIBIÇÃO: associada à lentidão de todos os processos 
psíquicos, sentimento subjetivo de incapacidade, 
dificuldades na compreensão e lentidão na 
articulação das respostas. 
• FUGA DE IDEIAS: perturbação da expressão do 
pensamento, sem que se consiga chegar a uma 
conclusão do raciocínio. 
• PENSAMENTO VAGO: difícil conceituação - 
pensamento ambíguo, equívoco, obscuro. 
• INTERCEPTAÇÃO DO PENSAMENTO: compulsão/pressa 
de pensar - “pensamentos que se atropelam dentro 
da cabeça”. 
• CONCRETISMO DO PENSAMENTO: incapaz de produzir 
conteúdo simbólico, incapaz de subjetivação. 
• PENSAMENTO DERREÍSTA OU MÁGICO: o oposto do 
realista. 
• PENSAMENTO OBSESSIVO: insistente e repetitivo, 
percebido pela pessoa como um incômodo ou mesmo 
como irreal. 
• PERSEVERAÇÃO: repetição automática e frequente de 
representações verbais e motoras. 
• PENSAMENTO PROLIXO: excesso de conteúdos para 
uma ideia simples, que poderia ser expressa com bem 
menos termos sem prejuízo do significado. 
• PENSAMENTO OLIGOFRÊNICO: pensamento típico de 
quem apresenta dificuldades cognitivas (ex.: retardo 
mental (ver “Concretismo do pensamento”). 
• PENSAMENTO DEMENCIAL: desorganizado em maior 
ou menor grau, incoerente, concreto, pouco ou nada 
realista. 
• INCOERÊNCIA DO PENSAMENTO: o juízo estabelece 
relação lógica entre dois conceitos e quando alterado 
incapacita discernimento do real e não real (delírios, 
que podem ser de perseguição, grandeza etc). O 
delírio parte de uma premissa falsa, que origina um 
juízo falso e que não pode ser corrigido por meios 
racionais. 
LINGUAGEM 
EXPRESSÃO DO PENSAMENTO (perturbações do 
pensamento se expressam na linguagem). Alterações podem 
ser de natureza orgânica ou funcional. 
ALTERAÇÕES ORGÂNICAS: 
• DISARTRIA: dificuldade de articulação por questões 
musculares. 
• DISLALIA: orgânica ou funcional. 
• AFASIA: incapacidade de expressar pensamento por 
fala ou escrita. 
ALTERAÇÕES FUNCIONAIS: 
• LOGORREIA OU TAQUILALIA: incontinência verbal. 
Comum na agitação psicomotora e quadros maníacos. 
• BRADILALIA: diminuição da expressão. Lentidão de 
processos psíquicos. 
• MUTISMO: ausência de linguagem oral (orgânico ou 
funcional). 
INTELIGÊNCIA 
Mensurada por testes psicológicos específicos. Na clínica, 
avaliada por AQUISIÇÕES COGNITIVAS E 
INTELECTUAIS (nível de ESCOLARIDADE, 
dificuldade/facilidade para alcançar esse nível, HABILIDADES 
LABORAIS simples ou complexas etc). 
AFETIVIDADE 
Capacidade de EXPRESSAR SENTIMENTOS e emoções, 
estado de ânimo, humor e as paixões. ALTERAÇÕES: 
HIPERTIMIA, HIPOTIMIA, APATIA, INDIFERENÇA afetiva, 
sentimento de INSUFICIÊNCIA (ex.: depressão), IRRITABILIDADE 
patológica, INSTABILIDADE afetiva, INCONTINÊNCIA emocional, 
AMBIVALÊNCIA. 
Sentimentos podem ser adequados ou inadequados para 
determinada situação. 
ANGÚSTIA OU ANSIEDADE: temor sem objeto (deve ser 
diferenciado de temor a algum objeto). 
ATIVIDADE VOLUNTÁRIA (CONDUTA) 
Depende de uma série de processos psíquicos conscientes que 
determinarão a direção e intensidade da ação. 
ALTERAÇÕES: 
• EXCITAÇÃO motora. 
• HIPOBULIA: diminuição. 
• ABULIA: ausência, estupor de origem melancólica, 
catatônica, histérica etc. 
• NEGATIVISM0: resistência manifesta e imotivada às 
solicitações de movimento ou tentativas de 
mobilização vindas do exterior. 
RESUMO 
Ao ABORDAR o paciente: 
• Perceba a COMUNICAÇÃO VERBAL e NÃOVERBAL. 
• Perceba suas PRÓPRIAS REAÇÕES emocionais. 
• Aprofunde o MOTIVO DO ATENDIMENTO. 
• Verifique existência de CONFLITOS/PERDAS. 
• Questione/relacione PROBLEMAS ORGÂNICOS. 
• Avalie SITUAÇÃO ANTES DO CONFLITO. 
• Descreva os achados do EXAME DO ESTADO MENTAL. 
Feito isso, ORGANIZE OS DADOS COLETADOS e monte uma 
LISTA DE PROBLEMAS – a lista de problemas é melhor que 
hipótese diagnóstica, pois não impõe uma resposta pronta. 
CONSTRUINDO A HIPÓTESE DIAGNÓSTICA 
Se após uma BOA HISTÓRIA E COLETA DE DADOS ABRANGENTE 
E COMPREENSIVA, com a criação de uma LISTA DE PROBLEMAS 
COERENTE com os dados coletados, ainda não foi possível 
chegar a uma hipótese diagnóstica, faça um ESTUDO 
INICIAL: busque ajuda em LIVROS, troque ideias com 
COLEGAS – não ceda à tentação fácil do referenciamento. 
Instrumentos úteis: Classificação Internacional De Atenção 
Primária (CIAP-2) para CLASSIFICAÇÃO INICIAL e Classificação 
Internacional De Doenças (CID-10) para DETALHAMENTO. 
Inicialmente, faça um DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO 
(síndrome ansiosa, síndrome depressiva, síndrome psicótica 
etc), e aos poucos AMPLIE SUA COMPREENSÃO a respeito da 
pessoa em sofrimento. Essa compreensão é chamada 
PSICODINÂMICA – formas habituais ou principais do 
FUNCIONAMENTO DA PESSOA em várias áreas de sua vida, que 
inclui: 
• Grau de EVOLUÇÃO COGNITIVA E MENTAL alcançado. 
• Forma habitual de RELACIONAR-SE consigo e os 
demais. 
• DESEJOS E EXPECTATIVAS (fantasiosas ou realistas). 
• CONFLITOS gerados entre esses desejos e expectativas 
e a realidade. 
• DEFESAS que utiliza para lidar com as dificuldades e 
frustrações. 
• INVESTIMENTOS AFETIVOS que são capazes de fazer 
para alcançar determinados objetivos etc. 
Defina EXPECTATIVAS para a terapia e crie MOTIVAÇÃO. Decida 
se a terapia será individual, de grupo ou familiar, cognitivo 
comportamental ou de orientação psicanalítica. 
• Problemas surgem na época de transições familiares 
– considere papel da família. 
• Problemas envolvendo questões pessoais que o 
indivíduo tentou mudar, e o ambiente social parece 
estável – terapia individual pode ser útil. 
PLANO INICIAL DE ABORDAGEM 
Atitudes necessárias: 
• Construir LISTA DE PROBLEMAS. 
• Conhecer a HISTÓRIA DOS PROBLEMAS e o tratamento 
prévio e corrente. 
• CONCEITUALIZAR o caso, classificar as queixas e 
diagnosticar. 
• Estabelecer OBJETIVOS (curto e longo prazo). 
• Selecionar MODALIDADE DE TRATAMENTO, objetivos e 
intervenções. 
• Estimar TEMPO E FREQUÊNCIA DE TRATAMENTO. 
• Considerar necessidades de REFERENCIAMENTO e 
RECURSOS EXTERNOS disponíveis. 
PLANO DE ATUAÇÃO 
PLANO DIAGNÓSTICO: obter informações sobre a época e 
contexto pessoal e profissional da pessoa no INÍCIO DE SUA 
DEPRESSÃO. 
PLANO TERAPÊUTICO: psicoterapia breve voltada a 
COMPRESSÃO DOS FAVORES DESENCADEANTEs, sua relação 
com o desenvolvimento da depressão e com os sintomas 
atuais, prescrição de medicações. 
PLANO EDUCACIONAL: FORNECER À PESSOA E FAMILIARES 
COMPREENSÃO de que a depressão é uma doença 
potencialmente tratável e para a qual se espera evolução 
favorável com o tratamento. 
 
 
COMO SE DIRIGIR À PESSOA 
Por várias razões a pessoa pode se mostrar RELUTANTE a falar 
de seus problemas emocionais. Fique atento a respostas vagas 
e evasivas. 
• Faça mais PERGUNTAS ABERTAS que fechadas. 
• COMPREENDA e reconheça as respostas. 
• Seja SENSÍVEL às emoções. 
• Preste atenção à LINGUAGEM CORPORAL e ao TOM DE 
VOZ. 
• Permita LIVRE EXPRESSÃO DAS EMOÇÕES. 
• Garanta CONFIDENCIALIDADE das informações. 
• Evite PRECONCEITOS. 
• Se não souber o que dizer, aguarde em SILENCIO e 
escute ativamente. 
• PERGUNTE MAIS do que dê respostas ou explicações – 
pelo menos no inicio. 
• ESMIÚCE informações que pareçam relevantes. 
• Se quiser dizer algo e não tiver certeza, faça na forma 
de PERGUNTA. 
• Fale como quem OFERECE ALGO, e não como quem 
impõe. 
MÚLTIPLOS TRANSTORNOS 
Se múltiplos transtornos presentes: 
• Se um deles for ALCOOLISMO, este deve ser tratado 
primeiro. 
• Em nível de prioridade: DEPRESSÃO ➔ ANSIEDADE ➔ 
TRANSTORNOS SOMÁTICOS INEXPLICADOS. (Ex.: de 
depressão e ansiedade presente, priorize a 
depressão). 
OPÇÕES DE CONDUÇÃO 
O médico pode: 
• Manejar SOZINHO. 
• Atendimento continuado COM AUXÍLIO E APOIO DE 
PROFISSIONAL DE SAÚDE MENTAL. 
• Referenciar para PSIQUIATRIA PARA CONSULTA. 
• Referenciar para PSIQUIATRIA PARA SEGUIMENTO 
ambulatorial/hospitalar. 
Lembre-se: a pessoa que busca atendimento não está 
procurando um psiquiatra, está procurando alguém que alivie 
seus sofrimentos. Pode-se dizer que, sem saber, está 
procurando o terapeuta que deveria existir dentro do médico 
de família e comunidade.

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