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AD1_História_Antropologia

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Caro (a) aluno (a):
Essa é a sua primeira avaliação à distância. Você deverá responder 4 (quatro) questões a partir da leitura do texto clássico do antropólogo Claude Lévi-Strauss intitulado Raça e História. Leia o texto com atenção e procure elaborar suas respostas com clareza, tomando sempre como referência os argumentos desenvolvidos pelo autor.
Bom trabalho!
Questões
1) Qual a importância histórica e antropológica da distinção entre as noções de “raça” e “cultura”? (2,5)
Para Lévi-Strauss, a importância da distinção desses conceitos está em compreendê-los para que se evite a visão distorcida e preconceituosa e também para que seja exaltada a importância da diversidade. Isso é claro em seu texto quando o autor pondera que a ciência nega que uma raça seja intelectualmente superior à outra e qualquer tentativa de associar as raças humanas às contribuições à humanidade tem cunho racista.
Em seu texto, o autor cita Arthur de Gobineau, conhecido pelas teorias racistas e que defendia a desigualdade qualitativa das raças e que defendia a desigualdade qualitativa das raças. Para Gobineau, as raças originárias (branca, amarela e negra) possuíam aptidões particulares e a miscigenação condenaria a humanidade. Lévi-Strauss diz que este, ao misturar conceitos de biologia, sociologia e psicologia, incorreu em erro intelectual. A diversidade das contribuições está ligada a questões geográficas, históricas e sociológicas, não biológicas (há mais culturas humanas do que raças humanas).
Para Strauss, é importante questionar o que é essa diversidade e porque há sociedades mais e menos desenvolvidas e para isso tem que ser levado em conta a diversidade das raças e também das culturas.
2) De que modo a diversidade das culturas foi originalmente concebida e qual a relação desta concepção com o etnocentrismo? (2,5)
Para Lévi-Strauss, compreender as diferentes culturas humanas e entender no que se diferenciam é preciso entender que existem sociedades que se sobrepõe geograficamente e ainda, sociedades que só se conhece indiretamente, havendo uma diversidade muito maior que a conhecida. A noção de diversidade de culturas não pode ser estática, porque há forças opostas que atuam na sociedade, de um lado querendo manter os costumes e, de outro, se aproximando do que lhe gera afinidade (um exemplo clássico disso são os estrangeirismos incorporados ao idioma).
A diversidade de culturas, que deveria ser vista como um fenômeno natural, na verdade, era vista pelas sociedades antigas com repúdio em razão do etnocentrismo, classificando como “bárbaros” todos os costumes que lhes eram estranhos. Desta visão decorria a necessidade de expulsar os “selvagens” ou “bárbaros” (os que estranhos àquela sociedade e que eram muitas vezes taxados de pessoas eram perversas e más). A humanidade acabava nas fronteiras da tribo ou do idioma. 
Para o Lévi-Strauss, o fenômeno da universalização ocidental é difícil de ser avaliado, por ser praticamente único na história da humanidade. Todas as civilizações reconhecem a superioridade da civilização ocidental e extraem dela as técnicas e o estilo de vida. Essa adesão ao mundo ocidental nem sempre é espontânea e se deve mais a uma ausência de escolha do que uma decisão livre, já que a civilização ocidental atua direta ou indiretamente sobre os povos.
3) Qual a reflexão feita por Lévi-Strauss sobre a diferença entre “história estacionaria” e “história cumulativa”? (2,5)
Segundo Lévi-Strauss, a ideia de etapas de desenvolvimento é falha porque as culturas não são estáticas, não existem povos sem história e sim povos que não conhecemos o passado. O progresso da humanidade é inegável, mas não é simples colocá-lo numa ordem contínua e linear. Hoje já se acredita que etapas antes bem determinadas, na verdade, coexistiram, como o polir e o lascar. E o que vale para as culturas, vale também para as raças, onde não se deve excluir a hipótese de terem coexistido no tempo e talvez também no espaço. Desta forma, o progresso não viria em saltos evolutivos, ao contrário do éramos levados a imaginar, mas, na verdade, ele acontece de forma necessária e contínua.
Diz ainda Lévi-Strauss que classificamos uma cultura como cumulativa quando esta tem significação para nós, mas quando a linha de desenvolvimento de uma cultura nada significa para nós, a classificamos de estacionária. Esta atitude leva a apreendermos a historicidade de uma cultura não de acordo com suas propriedades intrínsecas, mas sim de acordo com o número e a diversidade de nossos interesses que estão engajados nelas, e ao se classificar uma cultura como estacionária é preciso ponderar se esse aparente imobilismo não é causado pela nossa ignorância sobre seus verdadeiros objetivos. 
O autor defende que deve ser revista a distinção entre história estacionária e cumulativa, porque não é nítida, principalmente se levarmos em conta que todos os povos transformam, melhoram ou esquecem técnicas para dominar o meio, ou então já teriam desaparecido.
4) Para Lévi-Strauss, qual a importância da colaboração entre as culturas e de que modo ela influenciou a própria noção de civilização? (2,5)
Lévi-Strauss diz que é absurdo considerar uma cultura superior a outra, pois aparecem sempre coligadas a outras culturas e atribuir o mérito de uma invenção a uma única cultura não é certo. As contribuições culturais podem ser isoladas, cuja importância é fácil de avaliar, ou sistêmicas, que é a maneira que cada sociedade escolheu para se exprimir. Não se pode fazer uma lista das invenções particulares, porque a verdadeira contribuição das culturas está no afastamento diferencial que elas apresentam entre si. 
Para ele, civilização implica na coexistência de culturas que ofereçam entre si o máximo de diversidade, já que para que o progresso ocorra é necessária a associação de diferentes culturas. Em contrapartida, há que se ter o cuidado de preservar a diversidade das culturas num mundo ameaçado pela monotonia e uniformidade. A diversidade das culturas humanas está presente em qualquer época, temos que reivindicar que ela se realize de modo que cada forma seja uma contribuição para a maior generosidade das outras.
Lévi-Strauss afirma que o conceito de humanidade e a proclamação de igualdade natural entre os homens são enganosos, porque ignoram a diversidade de fato e a tentação de condenar experiências que chocam ou ignorar as que não entendem levaram o homem ao que Lévi-Strauss chama de “falso evolucionismo”, que é fingir conhecer a cultura, suprimindo as diversidades e pregando que os diferentes estados das sociedades humanas são etapas para chegar a um mesmo fim, levando a humanidade a se tornar una.
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