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Atividade Direito Administrativo II - Pregão eletronico

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
Disciplina: Direito Administrativo II
Prof. Dr. Julio Cesar Marcellino
Atividade: O Pregão é uma modalidade licitatória não prevista na Lei 8.666/93. Trata-se de uma inovação jurídica decorrente da Lei 10.520 de 17/07/2002. Tendo por base a referida Lei 10.520, responda:
1) Conceitue a modalidade Pregão.
É modalidade de licitação utilizada para aquisição de bens e serviços comuns de qualquer valor cujos padrões de desempenho e qualidade sejam objetivamente definidos por edital, por meio de especificações de uso corrente no mercado, em que a disputa pelo fornecimento é feita em sessão pública, por meio de propostas e lances, para classificação e habilitação do licitante com a proposta de menor preço, podendo ser realizada de maneira presencial ou eletrônica. O que realmente se observa é a eficiência e, principalmente, a economia obtida com a realização do Pregão.
2) Explique o que são bens e serviços comuns.
Bens e serviços comuns são produtos cuja escolha pode ser feita tão somente com base nos preços ofertados, tendo em vista que os mesmo são comparáveis entre si e não necessitarem de avaliação minuciosa. O bem ou serviço será comum quando for possível estabelecer, para efeito de julgamento das propostas, mediante especificações utilizadas no mercado, padrões de qualidade e desempenho peculiares ao objeto. Em suma, bens e serviços comuns são aqueles que podem ser descritos no edital (seus padrões de qualidade e desempenho) e que tenham a possibilidade de serem substituídos uns por outros com o mesmo padrão de qualidade.
3) O Pregão poderá utilizar de recursos tecnológicos para ser procedida? Explique.
Sim de acordo com a lei 10.520/2002, poderá ser realizado o pregão por meio da utilização de recursos de tecnologia da informação, nos termos de regulamentação específica (DECRETO Nº 10.024, DE 20 DE SETEMBRO DE 2019). O pregão pode ser realizado tanto de maneira presencial (onde os licitantes se encontram e participam da disputa) ou na maneira eletrônica (onde os licitantes se encontram em sala virtual pela internet, usando sistemas de governo ou particulares). O procedimento do Pregão eletrônico segue as regras básicas do pregão comum, mas deixa de ocorrer a presença física do pregoeiro e dos participantes, tendo em vista que as comunicações são feitas por via eletrônica.
4) O que deve ser observado na fase preparatória do Pregão?
O pregão compreende uma fase preparatória, instituída pelo Art. 3º da Lei 10.520. observará o seguinte:
· a autoridade competente justificará a necessidade de contratação e definirá o objeto do certame, as exigências de habilitação, os critérios de aceitação das propostas, as sanções por inadimplemento e as cláusulas do contrato, inclusive com fixação dos prazos para fornecimento;
· a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem a competição;
· dos autos do procedimento constarão a justificativa das definições referidas no item 1 , e os indispensáveis elementos técnicos sobre os quais estiverem apoiados, bem como o orçamento, elaborado pelo órgão ou entidade promotora da licitação, dos bens ou serviços a serem licitados; e
· a autoridade competente designará, dentre os servidores do órgão ou entidade promotora da licitação, o pregoeiro e respectiva equipe de apoio, cuja atribuição inclui, dentre outras, o recebimento das propostas e lances, a análise de sua aceitabilidade e sua classificação, bem como a habilitação e a adjudicação do objeto do certame ao licitante vencedor.
A equipe de apoio deverá ser integrada em sua maioria por servidores ocupantes de cargo efetivo ou emprego da administração, preferencialmente pertencentes ao quadro permanente do órgão ou entidade promotora do evento.
No âmbito do Ministério da Defesa, as funções de pregoeiro e de membro da equipe de apoio poderão ser desempenhadas por militares
5) Quais regras a fase externa do Pregão deverá observar?
A fase externa do pregão segundo Art. 4º da lei 10.520/2002 observará as seguintes regras: 
1) convocação dos interessados será efetuada por meio de publicação de aviso em diário oficial do respectivo ente federado ou, não existindo, em jornal de circulação local, e facultativamente, por meios eletrônicos e conforme o vulto da licitação, em jornal de grande circulação.
2) do aviso constarão a definição do objeto da licitação, a indicação do local, dias e horários em que poderá ser lida ou obtida a íntegra do edital;
3) do edital constarão todos os elementos definidos na forma do inciso I do art. 3º 10.520/2002 (justificativa a necessidade de contratação, objeto do certame, critérios de aceitação das propostas, as sanções por inadimplemento ,etc) as normas que disciplinarem o procedimento e a minuta do contrato, quando for o caso;
4) cópias do edital e do respectivo aviso deverão ser colocadas à disposição de qualquer pessoa para consulta e divulgadas na forma da Lei no 9.755, de 16 de dezembro de 1998;
5) o prazo fixado para a apresentação das propostas, contado a partir da publicação do aviso, não será inferior a 8 (oito) dias úteis;
6) no dia, hora e local designados, será realizada sessão pública para recebimento das propostas, devendo o interessado, ou seu representante, identificar-se e, se for o caso, comprovar a existência dos necessários poderes para formulação de propostas e para a prática de todos os demais atos inerentes ao certame;
7) aberta a sessão, os interessados ou seus representantes, apresentarão declaração dando ciência de que cumprem plenamente os requisitos de habilitação e entregarão os envelopes contendo a indicação do objeto e do preço oferecidos, procedendo-se à sua imediata abertura e à verificação da conformidade das propostas com os requisitos estabelecidos no instrumento convocatório;
8) no curso da sessão, o autor da oferta de valor mais baixo e os das ofertas com preços até 10% (dez por cento) superiores àquela poderão fazer novos lances verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor;
9) não havendo pelo menos 3 (três) ofertas nas condições definidas no inciso anterior, poderão os autores das melhores propostas, até o máximo de 3 (três), oferecer novos lances verbais e sucessivos, quaisquer que sejam os preços oferecidos;
10) para julgamento e classificação das propostas, será adotado o critério de menor preço, observados os prazos máximos para fornecimento, as especificações técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e qualidade definidos no edital;
11) examinada a proposta classificada em primeiro lugar, quanto ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro decidir motivadamente a respeito da sua aceitabilidade;
12) encerrada a etapa competitiva e ordenadas as ofertas, o pregoeiro procederá à abertura do invólucro contendo os documentos de habilitação do licitante que apresentou a melhor proposta, para verificação do atendimento das condições fixadas no edital;
13) a habilitação far-se-á com a verificação de que o licitante está em situação regular perante a Fazenda Nacional, a Seguridade Social e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, e as Fazendas Estaduais e Municipais, quando for o caso, com a comprovação de que atende às exigências do edital quanto à habilitação jurídica e qualificações técnica e econômico-financeira;
14) os licitantes poderão deixar de apresentar os documentos de habilitação que já constem do Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores – Sicaf e sistemas semelhantes mantidos por Estados, Distrito Federal ou Municípios, assegurado aos demais licitantes o direito de acesso aos dados nele constantes;
15) verificado o atendimento das exigências fixadas no edital, o licitante será declarado vencedor;
16) se a oferta não for aceitável ou se o licitante desatender às exigências habilitatórias, o pregoeiro examinará as ofertas subseqüentes e a qualificação dos licitantes, na ordem de classificação, e assim sucessivamente, até a apuração de uma que atenda ao edital, sendo orespectivo licitante declarado vencedor;
17) nas situações previstas nos itens 11 e 16, o pregoeiro poderá negociar diretamente com o proponente para que seja obtido preço melhor;
18) declarado o vencedor, qualquer licitante poderá manifestar imediata e motivadamente a intenção de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias para apresentação das razões do recurso, ficando os demais licitantes desde logo intimados para apresentar contra-razões em igual número de dias, que começarão a correr do término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos;
19) o acolhimento de recurso importará a invalidação apenas dos atos insuscetíveis de aproveitamento;
20) a falta de manifestação imediata e motivada do licitante importará a decadência do direito de recurso e a adjudicação do objeto da licitação pelo pregoeiro ao vencedor;
21) decididos os recursos, a autoridade competente fará a adjudicação do objeto da licitação ao licitante vencedor;
22) homologada a licitação pela autoridade competente, o adjudicatário será convocado para assinar o contrato no prazo definido em edital; e
23) se o licitante vencedor, convocado dentro do prazo de validade da sua proposta, não celebrar o contrato, aplicar-se-á o disposto no item 16.
6) Qual deverá ser o prazo de validade das propostas apresentadas?
O prazo de validade das propostas será de 60 (sessenta) dias, se outro não estiver fixado no edital.
7) Qual a relação entre a modalidade Pregão e a Lei de Licitações 8666/93? Esta lei pode ser aplicada ao Pregão? Explique.
Considerando que o processo licitatório faz parte do procedimento administrativo, e o Pregão é uma dessas modalidades há, portanto uma relação com a Lei de Licitações 8666/93. Ainda que a modalidade Pregão não esteja prevista expressamente no art.22 desta lei, deve a modalidade Pregão obedecer 	a diversos princípios que se encontram estabelecido na Lei 8666/93.
A transparência e melhor apreciação da sociedade faz com que o pregão obrigatoriamente atenda o disposto no conceito de licitação pública, que está descrito no art 3º da Lei nº 8.666/93, caput:
"A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos."
Sendo assim, a Lei nº 8.666, estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos, portanto a modalidade pregão também deve obedecer a estas normas gerais ali previstas. 
A Lei nº 8.666/93 sobre as Licitações em seu artigo 3º estabelece suas finalidades finalidades : a) Selecionar proposta mais vantajosa, que não necessariamente será a de menor preço; e b) Respeito ao princípio da isonomia.
O art.3º da Lei 8.666/93, determina princípios básicos que também se aplicam a modalidade pregão.
As normas da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, podem ser aplicadas subsidiariamente, para a modalidade de pregão ressalta-se que os preceitos dispostos na Lei nº 8.666/93 que auxiliam na compreensão quanto a operacionalização das licitações se aplicam também a modalidade pregão naquilo em que a lei 10.520/2002 for omissa. 
Dentre algumas medidas podemos citar determinar quais as empresas habilitadas ou aptas a contratar com a Administração Pública e a polemica acerca da aplicabilidade das sanções da lei 8.666/93 à modalidade pregão questão essa tangenciada pela Corte de Contas (Acórdão 2530/2015-Plenário, TC 016.312/2015-5, relator Ministro Bruno Dantas, 14.10.2015 e InfoTCU nº263/2015) onde restou claro o posicionamento de que a Lei do Pregão teria criado sanção que pode ser integrada com as previstas na lei 8.666/93 .
A conclusão pela incidência coordenada dos dois normativos (Lei nº 10.520/02 e Lei 8666/93) pode ser alcançada a partir de modernas teorias interpretativistas já aceitas pelo Poder Judiciário, como a do “diálogo das fontes”, tal qual esquadrinhou a Câmara Permanente de Licitações e Contratos da Advocacia-Geral da União – AGU no Parecer nº 05/2015/CPLC, ou pelo entendimento de que ambas as leis (8.666/93 e 10.520/02) igualmente tratam de normas gerais de licitação – sanções e modalidade licitatórias – devendo suas disposições serem acomodadas, e não excludentes entre si.

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