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PLANILHAS E CONCEITOS ESTATÍSTICOS NA GESTÃO PÚBLICA Gelson Bahia de Sales 1. INTRODUÇÃO No cenário atual, é comum os profissionais terem noções básicas de conceitos estatísticos, isso se deve ao constante aumento da tecnologia aplicada às mais diversas áreas de atuação. O homem, desde os primórdios da humanidade, é curioso, e como tal, procura investigar sobre tudo aquilo que o cerca. Investigação sugere pesquisa, busca de informações e análise de dados e tudo isto faz pensar em Estatística. Essa é uma ciência que se caracteriza por ser um campo da matemática que estipula dados cujo objetivo é sintetizar uma ideia referente a uma sociedade. Com o passar do tempo, a estatística evoluiu, abrangendo muito mais do que relatórios, dados, gráficos e tabelas. Tornando-se, assim, uma complexa ciência exata de pontos objetivos e também subjetivos. O relacionamento da Estatística com as demais ciências é cada vez mais intenso. É valiosa na Economia, na análise da produtividade, da rentabilidade, nos estudos de viabilidade; é básica para as Ciências Sociais, nas pesquisas sócio-econômicas; é de aplicação intensa na Engenharia Industrial, no controle de qualidade, na comparação de fabricação; é indispensável à Administração, à Programação, à Medicina, à Psicologia, à História, e, de forma direta ou indireta, às demais atividades. Nesse sentido, é claro que a Gestão Pública também seria beneficiada por esta ciência. Isso porque, o profissional da Gestão Pública deverá, após o término do Curso, estar integrado às particularidades da gestão pública, tais como: a estrutura do Poderes Públicos e hierarquia dos Setores Públicos; o processo de elaboração e execução dos planejamentos políticos e econômicos da administração pública, bem como o processo de prestação de contas aos cidadãos; o funcionamento dos quadros dos servidores públicos, bem como o processo de contratação e remuneração; os processos de comunicações formais utilizados pela administração pública, bem como o processo de aplicação destes recursos; o atendimento ao público e o processo de aplicabilidade da legislação, bem como adaptar-se às atualizações devido às mudanças de legislação. Dessarte, entende-se que a Estatística é primordial à Gestão Pública, pois na atualidade esta ciência tem contribuído de forma significativa para o processo de tomada de decisão, já que grande parte do que se faz é baseado em métodos quantitativos. Com isso, a partir daqui será discorrido com mais profundidade sobre o elo que interliga a Estatística à Gestão Pública. 2. ESTATÍSTICA E GESTÃO PÚBLICA De acordo com Salsburg (2009), durante o século XX, a estatística revolucionou a ciência através do fornecimento de modelos úteis que sofisticaram o processo de pesquisa na direção de melhores parâmetros de investigação, permitindo orientar a tomada de decisões nas políticas socioeconômicas. Para Stigler (1986), os métodos estatísticos foram desenvolvidos como uma mistura de ciência, tecnologia e lógica para a solução e investigação de problemas em várias áreas do conhecimento. A chegada de computadores pessoais cada vez mais poderosos foi decisiva e fez com que a estatística se tornasse mais acessível aos pesquisadores dos diferentes campos de atuação. Hoje em dia, os equipamentos e softwares permitem a manipulação de grande quantidade de dados, o que veio a dinamizar o emprego dos métodos estatísticos. Hoje, a utilização da estatística está disseminada nas universidades, nas empresas privadas e públicas. Gráficos e tabelas são apresentados na exposição de resultados das empresas. Dados numéricos são usados para aprimorar e aumentar a produção. Censos demográficos auxiliam o governo a entender melhor sua população e organizar seus gastos com saúde, educação, saneamento básico, infraestrutura, entre outros. Com a velocidade da informação, a estatística passou a ser uma ferramenta essencial na produção e disseminação do conhecimento. O grau de importância atribuído a ela é tão grande que praticamente todos os governos possuem organismos oficiais destinados à realização de estudos estatísticos. Para Matsushita (2010): [...] o que se entende, modernamente, por Estatística ou Ciência Estatística é muito mais do que um conjunto de técnicas úteis para algumas áreas isoladas ou restritas da ciência. Por exemplo, ao contrário do que alguns imaginam, a estatística não é um ramo da matemática onde se investigam os processos de obtenção, organização e análise de dados sobre uma determinada população. Também não se limita a um conjunto de elementos numéricos relativos a um fato social, nem a tabelas e gráficos usados para o resumo, a organização e apresentação dos dados de uma pesquisa, embora este seja um aspecto da estatística que pode ser facilmente percebido no cotidiano. Assim, a estatística é definida como um conjunto de métodos e técnicas que envolve todas as etapas de uma pesquisa, desde o planejamento, coordenação, levantamento de dados por meio de amostragem ou censo, aplicação de questionários, entrevistas e medições com a máxima quantidade de informação possível para um dado custo, até a consistência, processamento, organização, análise e interpretação de dados para explicar fenômenos socioeconômicos; inferência, cálculo do nível de confiança e do erro existente na resposta para uma determinada variável e disseminação das informações. Além da Estatística, é necessário entender também a Gestão Pública, esta que pode ser conceituada como um ramo do conhecimento humano que tem como objetivo o estudo e o trabalho nas organizações voltado ao interesse público. Esse ramo de conhecimento estuda algumas áreas importantes para atingir o seu objetivo, dentre elas, podem ser citados o estudo da administração pública, recursos humanos, políticas públicas, administração financeira e orçamentária dentre outros. Todos esses assuntos são utilizadas por um gestor público capacitado e com conhecimento necessário em órgãos estatais, organizações não governamentais (ONG’s), organizações privadas (que atuam com foco no interesse público) e até na vida política. Para tanto, o gestor público deve estar sempre atualizado e continuar estudando, acompanhar o cenário político e compreender cada detalhe da administração pública. Nesse sentido, quando a Estatística é aplicada à administração, os métodos estatísticos podem ser empregados para o planejamento e controle da produção, visando à implantação de técnicas administrativas eficientes que garantam menores custos e maiores lucros, na estimação de receitas, previsão de estoques e demandas e, principalmente, conhecimento do mercado e do seu cliente. Nas organizações não governamentais, a estatística tem sido aplicada com o objetivo de auxiliar a geração e avaliação de indicadores, tanto para definir seus focos de atuação quanto para o acompanhamento e avaliação da eficácia dos projetos sociais implementados nas diferentes esferas de governo. Essas sendo as esferas básicas da Gestão Pública.Assim, é possível notar que com os números se consegue tirar informações onde os riscos nas empresas serão menores e é por isso que cada vez mais a estatística é utilizada https://www.centrodeestudoseformacao.com.br/blog/administracao-financeira-orcamentaria-curso-online https://www.centrodeestudoseformacao.com.br/blog/administracao-financeira-orcamentaria-curso-online https://www.centrodeestudoseformacao.com.br/cursos-online/gestao-publica como ferramenta vital dentro da organização. Além disso, o funcionário que tem maior conhecimento na área está ganhando mais espaço no mercado e se valorizando. 3. CONCEITOS BÁSICOS DA ESTATÍSTICA APLICADOS À GESTÃO PÚBLICA Para compreender os métodos é preciso conhecer certos conceitos utilizados na área que são necessários para a interpretação dos resultados. Dentro das análises encontram-se os seguintes conceitos conforme Webster (2006): - População: conjuntos de todos os itens ou elementos; - Parâmetro: característica que descreve a população; - Amostra: uma parte da população que será analisada; - Variável: característica da população que será analisada; - Dado: valor coletado no estudo; - Estimador: característica numérica estabelecida na amostra e; - Observação: descrição. Através dos conceitos pode-se notar que os mesmos se inter-relacionam, porém é preciso entender suas diferenças. É importante lembrar que geralmente nas grandes empresas ou na economia, em áreas que englobam muitos dados, usa-se a amostra como forma de execução da pesquisa. Como se torna muito trabalhoso e com um custo muito alto pesquisar a população toda, faz-se um estudo preliminar da mesma a fim de encontrar os parâmetros e então buscar a amostra que tem confiabilidade no seu resultado, sendo menos trabalhoso e com menor custo 3.1. Estatística Descritiva, Inferencial e Probabilística Dentre os métodos da estatística descritiva, destaca-se a disposição ordenada dos dados numéricos, sua tabulação, a distribuição da frequência, frequência relativa e a distribuição de percentagem. Informações estas cuja aplicação foi facilitada com programas, softwares e aplicativos de elaboração de planilhas. O estudo da probabilidade, ou seja, da possibilidade de ocorrência de um determinado fato, deu origem à estatística inferencial e probabilística. Na estatística inferencial são usados os dados obtidos em uma estatística descritiva para compreender uma população, isto é, a partir de uma parte é possível determinar um determinado comportamento para toda a comunidade. A inferência estatística é a reunião de métodos que possibilitam a estimativa de uma ocorrência, uma característica em uma população, baseando-se na análise de resultados obtidos em uma amostra desse grupo (conjunto de elementos). É esse método somado a alguns outros que permite que em qualquer país seja possível traçar planos sociais e econômicos e projetar metas para o futuro. Técnicas estatísticas avançadas permitem estimar com um bom grau de precisão variáveis como tamanho da população, taxa de emprego e desemprego, índices de inflação, evasão escolar, demanda por determinados bens e serviços, assim como formular planos para atingir as metas programadas de avanço no bem-estar social. Em face da imensa quantidade de dados e indicadores socioeconômicos e demográficos atualmente coletados e analisados pelos diferentes institutos de pesquisa (públicos ou privados), tornou-se inquestionável a importância da ciência estatística nos últimos dois séculos. Esse é só um exemplo de como a inferência dos métodos estatísticos pode auxiliar na tomada de decisões, direcionando ações para atender áreas com maior ocorrência. 3.2 Variáveis Quantitativas e Qualitativas Para Bara (2019) [...] as variáveis qualitativas de um conjunto de elementos que está sendo analisado correspondem aos valores qualitativos, como características das partes do conjunto (qualidades) que são divididas em nominais e ordinais. As variáveis nominais condizem a valores em que não há uma ordenação, como sexo, cor dos olhos, raça, religião e profissão. [...] Já nas variáveis ordinais existe uma ordenação das categorias, como na escolaridade, que pode ser 1º, 2º ou 3º grau (correspondente ao Ensino Fundamental, Ensino Médio e graduação) ou o estágio de uma doença que pode ser inicial, intermediário ou terminal. De maneira mais simples, variáveis podem ser classificadas da seguinte forma: - Variáveis Quantitativas: são as características que podem ser medidas em uma escala quantitativa, ou seja, apresentam valores numéricos que fazem sentido. Podem ser contínuas ou discretas. - Variáveis discretas: características mensuráveis que podem assumir apenas um número finito ou infinito contável de valores e, assim, somente fazem sentido valores inteiros. Geralmente são o resultado de contagens. Exemplos: número de filhos, número de bactérias por litro de leite, número de cigarros fumados por dia. - Variáveis contínuas, características mensuráveis que assumem valores em uma escala contínua (na reta real), para as quais valores fracionais fazem sentido. Usualmente devem ser medidas através de algum instrumento. Exemplos: peso (balança), altura (régua), tempo (relógio), pressão arterial, idade. - Variáveis Qualitativas (ou categóricas): são as características que não possuem valores quantitativos, mas, ao contrário, são definidas por várias categorias, ou seja, representam uma classificação dos indivíduos. Podem ser nominais ou ordinais. - Variáveis nominais: não existe ordenação dentre as categorias. Exemplos: sexo, cor dos olhos, fumante/não fumante, doente/sadio. - Variáveis ordinais: existe uma ordenação entre as categorias. Exemplos: escolaridade (1o, 2o, 3o graus), estágio da doença (inicial, intermediário, terminal), mês de observação (janeiro, fevereiro,..., dezembro). Na Gestão Pública, pode ser utilizado para descobrir, por exemplo: a receita do Imposto Territorial e Predial Urbano (IPTU) de cada um dos bairros de uma cidade em vários anos. 3.3 Amostragem A amostragem refere-se à escolha dos valores obtidos de uma determinada situação em que os dados serão analisados. Pode ser um conjunto de informações adquiridas no censo, como idade de um grupo de pessoas que estão em um mesmo ambiente ou ainda o preço de um produto em diferentes estabelecimentos. 3.4 Planilhas Em qualquer coleta de dados, seja profissional, acadêmica ou pessoal, a forma como as informações serão repassadas para outras pessoas é fundamental. É necessário clareza na apresentação e análise dos resultados obtidos. O uso de softwares para elaboração de planilhas facilita a apresentação dos dados coletados. Além da facilidade em criar gráficos e apresentar informações, a outra situação em que se destaca o uso dessas ferramentas para criação de planilhas é o uso de suas funções. Assim, as Planilhas são de suma importância para a representação gráfica de tabelas de frequência. Logicamente, dependendo do tipo de variável, temos um gráfico mais adequado. Os diferentes tipos de gráficos (histogramas, polígonos de frequência, ogivas, gráficos de setores, pictogramase outros) permitem melhor visualização de resultados e esses gráficos podem ser obtidos facilmente utilizando-se planilhas eletrônicas, como o Excel ou a planilha Calc do OpenOffice. 4. CONCLUSÃO Para o administrador os números possuem uma importante significação, sejam nos gráficos que demonstram o crescimento ou a queda dos resultados, seja por meio de tabelas com os objetivos a serem atingidos, ou mesmo nas estimativas e probabilidades sobre o futuro. No âmbito da pesquisa operacional há a demonstração sobre a combinação ótima que se quer encontrar, envolvendo questões como “qual, quanto e como” investir nas áreas dentro da organização. Para resolver os problemas o gestor precisa não só estar ciente e compreender os temas da sua área de atuação, mas também ampliar ainda mais a sua visão. Cada empresa terá como resolver seus problemas através do grau de conhecimento que tiver sobre cada área, onde cada um se torna responsável em agir conforme o que espera de resultado. Cada empresa possui seu processo, sua hierarquia, suas metas, suas regras, sua missão, sua visão, seu modo de atuar, enfim, cada um aplicará as ferramentas estatísticas como lhe cabe e terá que trabalhá-la de maneira específica. Assim a estatística torna-se mais uma ferramenta para planejamento estratégico dentro da empresa, e com o auxílio de softwares se torna essencial em transformar números em soluções. Há uma grande significância do uso da estatística na elaboração de metas estratégicas e o uso de indicadores de desempenho para melhorar os resultados empresariais. Dessarte, atualmente, embora as empresas vejam o uso da estatística como algo importante, ainda há um conhecimento muito limitado e aplicação de poucas ferramentas estatísticas nas empresas pequenas. A maioria não possui especialista na área ou que saiba operar em sistemas com dados estatísticos. Outro dado a se avaliar é a questão de sistemas que possibilitam essas análises de dados, que ainda é inviável para empresas de pequeno porte, tornando assim desinteresse para grande parte dos proprietários. Mesmo com isso, o principal a se destacar é a premência da estatística para um desempenho satisfatório de não somente gestores públicos, mas diversos profissionais. Por isso, é necessário um conhecimento básico de estatística para que empresas de Gestão Pública, ou não, venham a descobrir como transformar quantidades de números e de gráficos em informações que servirão para reduzir os custos e aumentar os lucros. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARA, R. P. Estatísticas e Planilhas. 1 ed. Curitiba: Editora São Braz, 2019. MATSUSHITA, R. Y. O que é estatística? Disponível em: <http://vsites.unb.br/ie/est/>. Acesso em: 14 jul. 2010. SALSBURG, D. Uma senhora toma chá...: como a estatística revolucionou a ciência no século XX. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. STIGLER, S. M. The history of statistics: the measurement of uncertainty before 1900. Cambridge: Belknap Press of Harvard University Press, 1986. WEBSTER, A. L. Estatística aplicada à Administração e Economia. São Paulo: McGraw-Hill, 2006.
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