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Disciplina: Teoria das Estruturas II Aula 6: Processo de Cross (Método da Distribuição de Momentos) Apresentação Nas aulas anteriores, vimos como calcular uma estrutura hiperestática pelo Método das Forças e Método da Deformação. Outra maneira de calcular uma estrutura hiperestática é pelo Processo de Cross (Método da Distribuição de Momentos). Tal Processo é um método relativamente simples para o cálculo de momentos fletores em vigas contínuas, pórticos planos, grelhas e até em pórticos espaciais. Nesta aula, você aprenderá a calcular uma estrutura hiperestática pelo Processo de Cross. Objetivos • Reconhecer um dos métodos clássicos para análise de estruturas hiperestáticas, o Processo de Cross. • Calcular uma estrutura hiperestática aplicando o Processo de Cross; • Traçar os diagramas solicitantes de uma estrutura hiperestática, usando o Processo de Cross. Processo de Cross (Método da Distribuição de Momentos) Vigas (Fonte: Rachid Jalayanadeja / Shutterstock) É um método relativamente simples para o cálculo de momentos fletores em vigas contínuas, pórticos planos, grelhas e até em pórticos espaciais. Este processo é baseado no Método dos Deslocamentos. Criado por Hardy Cross na década de 1930 ainda é utilizado para o cálculo de estruturas.” SUSSEKIND, s./d., v .3 O método desenvolvido por Cross é inspirado em um processo matemático de resolução por aproximações sucessivas dos sistemas lineares. Supõe-se, inicialmente, que os nós da estrutura estão bloqueados e não podem sofrem nenhuma rotação. Depois da aplicação das cargas, os nós são liberados sucessivamente, os quais sofrem rotação. Em seguida, o nó liberado é bloqueado antes de passar ao nó seguinte. Estas operações são repetidas até que a liberação dos nós não provoque mais rotações. Isto significa que o estado de equilíbrio foi atingido. Segundo Cross, a ideia principal do processo de resolução de estruturas hiperestáticas resume-se a simples operações aritméticas, o que não é inteiramente verdadeiro. O processo de Cross, para vigas de seção constante, depende da solução de três problemas: • a determinação dos momentos de engastamento perfeito; • da rigidez de cada viga; e • do fator de distribuição de carga de cada membro da estrutura em consideração. Sobre o Método de Distribuição de Momentos, Cross escreveu que deveria ser imaginado que todos os nós da estrutura não pudessem girar e que os momentos de engastamento perfeito nas extremidades das barras fossem calculados para esta condição. Para cada nó da estrutura, distribuem-se os momentos de engastamento perfeito desequilibrados entre os membros conectados na proporção de cada rigidez. Multiplica-se o momento distribuído para cada membro para o nó pelo fator de distribuição de carga. Distribui-se somente a carga recebida. Repete-se este processo até que os momentos transportados sejam tão pequenos que possam ser negligenciados. Somam-se todos os momentos das extremidades das barras de cada membro a fim de obter o momento verdadeiro. Para uma estrutura com um único nó a solução é exata, mas para mais de um nó, a solução é aproximada (Processo Iterativo).” MORAES e ROVERE, 2005 O trabalho de Cross teve um impacto inicial muito grande, porque possibilitou a solução manual de estruturas hiperestáticas em um momento no qual estruturas de concreto armado estavam se tornando muito comuns. O concreto armado propicia a criação de pórticos com ligações contínuas, com alto grau de hiperestaticidade. A aplicação prática do Processo de Cross diminuiu bastante, pois atualmente faz-se uso de programas de computador para a análise de estruturas, que em geral utilizam o Método dos Deslocamentos (embora alguns programas usem o Processo de Cross como procedimento de análise de vigas contínuas). Apesar de o uso do Método da Distribuição de Momentos ter caído nas últimas décadas, a sua apresentação tem um objetivo acadêmico, pois tem um apelo intuitivo muito forte e, por isso, serve para uma melhor compreensão do comportamento à flexão de estruturas reticuladas.” MARTHA, s/d, cap. 12 Vejamos agora três conceitos importantes: Rigidez das Barras e Coeficientes de Transmissão, Convenção de sinais a o Coeficientes de distribuição Clique nos botões para ver as informações. Já visto em Método da Deformação, vejamos agora em resumo. A rigidez de uma barra (k) em nó é o valor do momento aplicado nesse nó capaz de provocar um giro unitário nesse nó. a) Barra biengastada: A rigidez da barra biengastada é dada por: b) Barra engastada-rotulada: A rigidez da barra engastada-rotulada é dada por: Rigidez das Barras e Coeficientes de Transmissão = e =MA 4 E Jl MB 2 E J l Será utilizada a convenção de Grinter. No cálculo de equilíbrio dos nós será considerado positivo o momento que atua no nó no sentido horário (mantendo a convenção de esforço positivo na extremidade da barra no sentido anti-horário). Convenção de sinais Seja o pórtico plano indeslocável mostrado na figura abaixo. O único grau de liberdade da estrutura é a rotação (j) do nó A. Devido à atuação do binário M (figura abaixo), as barras irão se deformar e os esforços internos nas extremidades serão proporcional à rigidez das mesmas e à rotação sofrida pelo nó A. Seja um momento “m” aplicado no nó A na estrutura abaixo. Assim, para girar o nó, o momento deve deformar todas as barras ligadas ao nó A. (SUSSEKIND, s./d.) O momento em cada barra. Mas: Somando, tem-se: Substituindo o ângulo nas equações dos momentos, tem-se: Adotando o coeficiente de distribuição: Coeficientes de distribuição = + + +MA m1 m2 m3 m4 ∑ = φM1 KA1 = φM2 KA2 = φM3 KA3 = φM4 KA4 ⎫ ⎭ ⎬ ⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪ ⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪ KA M = φ ( + + + ) = φKA1 KA2 KA3 KA4 φ = M/ ∑ KA φ = ( / ∑S )mM1 KA1 KA = ( / ∑ )mM2 KA2 KA = ( / ∑ )mM3 KA3 KA = ( / ∑ )mM4 KA4 KA = / ∑dAi KAi KA Os momentos serão obtidos por: = mmAi dAi Atenção A soma dos coef. de distribuição em um nó é igual à unidade. ∑ = 1dA Número de incógnitas – deslocabilidade interna e externa Análise de planta (Fonte: Dragon Images / Shutterstock) O cálculo do número de deslocabilidade é igual ao explicado na Aula 4 (Método da Deformação). Saiba mais Acesse a tabela 1 <galeria/aula6/anexo/doc02.pdf> – Momento de engastamento perfeito (viga com inércia constante). Esse método será explicado detalhadamente pelos exercícios a seguir. Exercícios resolvidos Materiais de escritório (Fonte: ArthurStock / Shutterstock) Nesses exercícios (exemplos) a nomenclatura de Momento de Inércia será a letra J. Exemplo Obter os diagramas solicitantes e as reações de apoio da viga abaixo, conforme mostra a Figura 1. Dados: J = 0,01 m (para o trecho AD) J = 0,006 m (para o trecho DE) E = 2,1 x 10 kN/m 4 4 7 2 Figura 1 – Viga hiperestática. 1º Passo: Sistema Principal (S. P.): No sistema principal, temos que colocar as placas e o apoio adicional (caso precise) na estrutura hiperestática. Colocar os nomes nas barras, nomes nos apoios e numerar as placas e os apoios adicionais. Temos que excluir o balanço e redesenhar a viga hiperestática sem o balanço e com as cargas de 50kN e (50 x 3 = 150) KNm de momento fletor (Figura 2). Colocar placa e apoio adicional: d = 0 (apoio adicional) d = 1 (placa) e i Figura 2 – Sistema principal para calcular a viga hiperestática pelo método da deformação. 2º Passo: Momento de engaste perfeito (tabela 1): Barra 1: apoio e engaste Calcular o momento fletor em D usando a tabela de Momento de engastamento perfeito (tabela 1). Carga momento de 150kNm. Carga pontual de 100kN Carga pontual de 50kN ➜ Barra 2: engaste e apoio = − ( − 1) = = = 75kNmMD M2 3a2 l2 M 2 150 2 = − (l+ a) = − (8 + 3) = −128, 91kNmMD Pab2l2 100x3x5 2x82 = − (l+ a) = − (8 + 0) = 0 kNmMD Pab2l2 50x0x8 2x82 Calcular o momento fletor em D usando a tabela de Momento de engastamento perfeito (tabela 1). Carga distribuída de 20kN/m 3º Passo: Rigidez nas barras = + = = 90kNmMD ql28 20 x 62 8 Barra 1: apoio e engaste Barra 2: engaste e apoio 4º Passo: Distribuição d = Ki / ∑ K = 78750 / 141750 = 0, 5556dB1 = 63000 / 141750 = 0, 4444dB2 Atenção O somatório dos di de cada placa é = 1 ➜ (0,5556 + 0,4444) 5º Passo: Processo de Cross Para começar o processo de Cross: 1) Escolher uma placa ➜ placa 1 2) Somar os momentos dessa placa escolhida ➜ -53,91 + 90 = 36,09 3) Trocar o sinal ➜ - 36,09 4) Multiplicar pelo di ➜ - 36,09 x 0,5556 = -20,05 - 36,09 x 0,4444 = -16,04 1) Passar a metade para a extremidade da barra, caso a extremidade receba momento. 2) Ir para outra placa ➜ não tem outra placa, logo finaliza a viga somando os momentos fletores. Figura 3 – Viga com o Processo e Cross. Figura 4 – Viga com os valores dos momentos fletores. Figura 5 – Viga com as reações de apoios. Figura 7 – Viga com diagrama de momentos fletores (kNm). Saiba mais Acesse outros 8 Exercícios resolvidos (exemplos) <galeria/aula6/anexo/doc01.pdf> . Dessa forma, você dará continuidade aos seus estudos sobre o assunto e ampliará seu conhecimento. Atividade 1. Calcular pelo Processo de Cross a estrutura hiperestática e desenhar os diagramas de esforços internos cuja rigidez à flexão (EJ) é constante. Adotar EJ=1. 2. Calcular pelo Processo de Cross a estrutura hiperestática e desenhar os diagramas de esforços internos cuja rigidez à flexão (EJ) é constante. Adotar EJ=1. 3. Calcular pelo Processo de Cross a estrutura hiperestática e desenhar os diagramas de esforços internos cuja rigidez à flexão (EJ) é constante. Adotar EJ=1. 4. Calcular pelo Processo de Cross a estrutura hiperestática e desenhar os diagramas de esforços internos cuja rigidez à flexão (EJ) é constante. Adotar EJ=1. 5. Calcular pelo Processo de Cross a estrutura hiperestática e desenhar os diagramas de esforços internos cuja rigidez à flexão (EJ) é constante. Adotar EJ=1. 6. Recalcular todas as estruturas da aula 1 e 2 pelo Processo de Cross. Notas
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