Buscar

Livro- Texto - Unidade I - República Nova e República Liberal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Autor: Prof. Ricardo Felipe Di Carlo
Colaboradores: Prof. Vinícius Albuquerque
 Prof. Gabriel Lohner Gróf
República Nova e 
República Liberal
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
Professor conteudista: Ricardo Felipe Di Carlo
Possui bacharelado e licenciatura em História pela Universidade de São Paulo – USP (2007). Concluiu o mestrado 
em 2011 pelo programa de História Econômica na USP.
Em 2013, começou a escrever para a Universidade Paulista – UNIP, o que tem sido uma grande honra e prazer para 
sua atividade profissional, já que propicia a oportunidade de dialogar com aqueles que são amantes da história e já 
perceberam, de algum modo, a satisfação enorme que ensinar propicia.
Atualmente, grava aulas para a EaD da UNIP, acompanha os fóruns de discussão, resenha importantes obras 
relacionadas à temática do desenvolvimento da educação a distância, avalia os níveis de aprendizado dos alunos 
e cresce no espírito criativo da UNIP. Compreende que a tecnologia pode ser uma ferramenta de boa valia para a 
aproximação do aluno e do saber se usada corretamente e se bem supervisionada.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
D545r Di Carlo, Ricardo Felipe.
República Nova e República Liberal. / Ricardo Felipe di Carlo. – 
São Paulo: Editora Sol, 2016.
192 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXII, n. 2-045/16, ISSN 1517-9230.
1. República nova. 2. República liberal. 3. Redemocratização. 
I. Título
CDU 981
A-XIX
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Marcilia Brito
 Lucas Ricardi
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
Sumário
República Nova e República Liberal
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 A REPÚBLICA VELHA E A REVOLUÇÃO DE 1930 ................................................................................. 11
1.1 Significados da Revolução de 1930 .............................................................................................. 21
2 A FORMAÇÃO DO POPULISMO .................................................................................................................. 24
2.1 Industrialização tardia ........................................................................................................................ 24
2.2 O populismo ........................................................................................................................................... 28
2.3 A biografia de Getúlio Dorneles Vargas ...................................................................................... 30
2.4 Governo Provisório de Getúlio Vargas – 1930-1934 ............................................................. 32
Unidade II
3 GOVERNO CONSTITUCIONAL DE GETÚLIO VARGAS – 1934-1937 .............................................. 65
4 A ESTRUTURAÇÃO DO ESTADO NOVO .................................................................................................... 84
4.1 O Brasil e a Segunda Guerra Mundial ........................................................................................101
Unidade III
5 REDEMOCRATIZAÇÃO ..................................................................................................................................119
6 GOVERNO DUTRA E GOVERNO VARGAS .............................................................................................125
6.1 Governo Dutra – 1946-1951 .........................................................................................................125
6.2 Governo Vargas – 1951-1954 .......................................................................................................137
Unidade IV
7 A CRISE SUCESSÓRIA E OS GOVERNOS DE JK E JÂNIO QUADROS ...........................................151
7.1 Crise sucessória – 1954-1956 .......................................................................................................151
7.2 Governo JK – 1956-1961 ................................................................................................................152
7.3 Governo Jânio Quadros – 1961 ....................................................................................................160
8 CRISE INSTITUCIONAL .................................................................................................................................165
8.1 Jango – 1961-1964 ...........................................................................................................................168
7
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
APRESENTAÇÃO
Desenvolver um material específico de nossa história é tarefa, sem dúvida, bastante instigante. Aqui 
tratamos de um momento extremamente importante da formação do Brasil. Trata-se, para muitos, da 
primeira experiência democrática com a introdução do voto secreto e universal, na década de 1930. 
Ao mesmo tempo, o discurso de modernização ecoava em diversas partes do país ao longo de todo o 
processo da Revolução de 1930, ainda que ela estivesse inserida, diretamente, nas disputas entre as 
oligarquias no Brasil de então.
Outra perspectiva extremamente importante foi a discussão acerca do projeto de desenvolvimento 
para o país. De um lado, tendo como maior símbolo Getúlio Vargas, estavam os defensores da modernização 
associada à industrialização, em defesa da intervenção direta do Estado, ou seja, a criação de indústrias 
de base pelo Estado garantidor e potencializador das riquezas nacionais. De outro lado, tendo como 
maior símbolo Juscelino Kubitschek, os entreguistas entendiam que a industrialização deveria estar 
associada, diretamente, à participação do capital privado, nacional ou estrangeiro, facilitando uma 
explosão do setor econômico. Essas visões, por muito tempo, perduraram em nosso país e até hoje, 
mesmo em uma economia global, trazem marcas evidentes.
A partir da Era Vargas, a população urbana entra no jogo político. A concessão de direitos trabalhistas 
perpetuou a imagem de Getúlio como “pai dos trabalhadores do Brasil” – feito muito rememorado e 
comemorado por muitos homense mulheres que enfrentam a labuta e, por vezes, conseguem desfrutar 
dessas benesses.
No entanto, é inegável que outra marca desse período foi o populismo. A política marcada pela 
manipulação das massas produzida por um líder carismático e demagogo, com aparência conciliatória, 
foi criada no Brasil por Vargas e marcou os anos de 1930 a 1964. Com efeito, muitos historiadores chegam 
a denominar esse momento de República Populista. Em maior ou menor grau, todos os presidentes do 
período em questão tiveram características dessa típica política da América Latina.
O fato é que o populismo se perpetuou no Brasil. Criou um mito em torno de Vargas, o mais importante 
político da nossa história, tanto que seu governo é denominado de Era Vargas (feito extremamente raro 
para um governante, pode ser comparado à Era de Augusto ou à Era Napoleônica, salvo as devidas 
limitações de amplitude mundial). E, nesse sentido, Vargas passou das relações políticas do Estado ao 
paternalismo, cristalizando a típica visão de que o governo ajuda os cidadãos – e de que o inverso é o 
governo ruim, que não ajuda – ou seja, perde-se de vista a questão de que o Estado existe para garantir 
os serviços que os cidadãos pagam através de seus impostos, sendo nada mais do que um prestador de 
serviços, ainda que, em pontos mais polêmicos, seja capaz de distribuir renda e criar condições para o 
desenvolvimento econômico.
Para aquele que quer se tornar um educador, é fundamental conhecer sua própria história. 
Entender como se estabeleceu a garantia dos direitos trabalhistas, a construção do modelo industrial 
do país ou mesmo as nítidas marcas do populismo. Tais assuntos são centrais para entender a 
história do Brasil liberal.
8
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
Nosso esforço, nesse sentido, é de tentar compreender as teias de relações, cada vez mais complexas, 
que se estabeleceram ou se desestruturaram ao longo das diferentes ideologias de um período de enorme 
agitação social e política no mundo, ou mesmo da maior catástrofe da economia capitalista.
A unidade I traz à tona a expectativa pela modernização do país com o estabelecimento da Revolução 
de 1930. O movimento, que conseguiu aglutinar em torno de si diversos grupos, foi o norte das relações 
políticas que foram formadas a partir dali e, inclusive, por meio da publicação de manifestos em busca 
de reais e amplas mudanças estruturantes no país. Em especial destaque, a figura de Getúlio Vargas 
promoveu no Brasil a participação das massas no processo político e a criação do populismo. Amante 
do poder, Getúlio garantiu em torno de si as principais decisões políticas, no contexto do fim da força 
econômica do café paulista com a Crise de 1929. Não é à toa, portanto, que São Paulo partiu para um 
movimento revolucionário em 1932 – ainda que com discurso de defesa da constituinte, era evidente 
que ambicionavam o retorno do estado à participação política.
De qualquer forma, a ideologia da defesa de um regime democrático gerou o Governo Constitucional 
de Vargas analisado na unidade II. A polarização ideológica mundial, entre os defensores da democracia 
e os simpatizantes do nazi-fascismo, rapidamente ecoou no país. A Ação Integralista Brasileira (AIB) e 
a Aliança Nacional Libertadora (ANL) passaram a ter grande relevância na política nacional. Mais uma 
vez discutiam-se os caminhos pelos quais o país obteria o desenvolvimento econômico e o progresso 
social. No entanto, a ação dos comunistas deu o motivo que Vargas mais precisava para instaurar uma 
ditadura, em defesa da ordem – o Estado Novo. Aqui se estabeleceu uma grande ideologia nacionalista, 
unitarista e de forte viés econômico industrial – com seu projeto intervencionista e estatizante. Foi, 
inclusive, por essa economia industrial que o Brasil entrou na 2ª Guerra Mundial e acabou por escancarar 
a incoerência de Getúlio. Afinal, como uma ditadura lutava pela liberdade no mundo?
Na unidade III, então, é ponderada a progressiva conquista da redemocratização, aspiração central 
em todo Ocidente, sob a égide da influência dos Estados Unidos. O mundo do pós-guerra revelou o 
continuísmo de um conflito mundial. Duas superpotências, Estados Unidos e União Soviética, disputavam 
áreas de domínio e controle de seus sistemas: capitalismo de um lado, socialismo de outro. Esse contexto 
foi extremamente importante e influenciou os rumos do Brasil, e de toda a América Latina, no período 
em questão. O governo Dutra reestabeleceu a democracia. Trouxe consigo, inclusive, o liberalismo 
econômico e o sonho de um Brasil capaz de conviver bem com as importações por já ter uma economia 
sólida. Era só sonho. Em pouco tempo, as reservas obtidas nas exportações para os aliados logo se foram. 
O discurso de Vargas tornou a ter força, e o nacionalismo intervencionista e estatizante ganhou seus 
maiores contornos, principalmente, com a criação da Petrobrás em 1953. Outros projetos ainda foram 
estabelecidos, mas a oposição conservadora conseguiu desestruturar o “pai dos trabalhadores do Brasil”. 
Seu suicídio foi a última cartada do seu triunfante populismo.
A unidade IV, por fim, revela o Brasil com resquícios evidentes do populismo varguista, ou de 
oposição, ou de defesa. O desenvolvimento econômico foi festejado no governo JK. A construção de 
Brasília, em 1960, era o grande símbolo da modernidade que agora estava em completa evidência pelo 
país. No entanto, o presidente só se preocupou com o crescimento econômico, sob a égide industrial, 
sem se atentar aos meios necessários para isso. Logo, o país se viu imerso em uma crescente inflação, 
dívida externa e déficit orçamentário. A campanha para arrumar a casa, varrendo a corrupção, foi o 
9
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
que fez Jânio Quadros suceder a JK. Da mesma forma, sua inaptidão para lidar com as diferentes forças 
políticas do país, o fez renunciar em apenas sete meses. A partir de então, o país viveu grande tensão e 
não mais até 1964. Os militares recusam a entrada do vice Jango no poder. Acusam o vice-presidente de 
comunismo e de perigo à segurança nacional. A solução foi o Parlamentarismo, que vigorou até 1963. 
Um plebiscito deu os poderes presidenciais completos a Jango. Como herdeiro político do populismo 
varguista, tentou uma última cartada: suas reformas de base. Era a estruturação de medidas nacionalistas 
em prol dos trabalhadores. O radicalismo ganhou enorme força. Com isso, no contexto do auge da 
Guerra Fria, com o exemplo cubano pairando nas mentes e corações, garantia, segundo os militares, 
de que a liberdade democrática estava ameaçada. E, assim, em 31 de março de 1964, desfecharam um 
golpe na democracia, em nome da democracia, por mais estranho que isso possa parecer até hoje, mais 
de 50 anos depois do golpe.
INTRODUÇÃO
O Brasil é um país de imensidão. As realidades são variadas e fruto de diversos processos históricos 
que vivemos. Algumas temáticas, em torno dessas construções, trazem feridas que ainda sangram. Há 
algumas raízes que se perpetuaram e que permanecem impregnadas nas mentes e corações de boa 
parte dos brasileiros, e isso passa de geração a geração ganhando contornos de tristeza e amargura, ou, 
para outros, esperança de que o que ainda não se pode ter hoje é possível se alcançar no futuro.
Ao historiador cabe descortinar as teias que formaram nossa história. Mais do que isso, como educadores, 
devemos fazer nossos alunos pensarem acerca daquilo que foi vivido, daquilo que vivemos e o que queremos 
viver. Claro que esse não é um processo simples, mas quanto mais o exercício é feito, mais instigante ele se 
torna. Ao mesmo tempo, não se deve doutrinar o aluno baseando-nos em nossas convicções. Muito pelo 
contrário. É precisofazê-lo obter todas as ferramentas para pensar a partir de si mesmo. Ser capaz de fazer 
conexões, críticas e defesas por si e não ser massa de manobra ideológica de outros.
A República Liberal é um período de enormes emoções e que escancara tensões que até a atualidade 
são bastante evidentes na política do país, como a relação populista dos políticos para com a população 
e a perpetuação da visão do Estado como alguém que lança benesses para seus súditos, quase como uma 
monarquia. No viés econômico, ainda nos deparamos com acalorados debates acerca da perpetuação 
ou não da intervenção do Estado na economia, da manutenção ou privatização das grandes empresas 
estatais criadas por Getúlio Vargas, do nosso “atraso” econômico pela ausência de uma prioridade 
industrial, do desejo de uma educação técnica para formar trabalhadores ou de uma escola como 
problematizadora das construções sociais do país.
Essas são só algumas temáticas que você, caro aluno, verá por aqui. Procuramos, ao máximo, trazer 
elementos para fortalecer sua formação. O livro é dedicado a futuros historiadores e professores de 
História. Significa, assim, que traz à tona diversos documentos que são extremamente importantes 
para se produzir história. Trabalhar com os documentos é o que forma o exercício de ser e saber do 
historiador. Ser capaz, como dizia o mestre Marc Bloch, de fazer sua crítica externa e interna (tanto de 
sua produção como de seu conteúdo) precisa sempre ser a base do ofício. Portanto, procure ao máximo 
aproveitar os textos cuidadosamente selecionados que poderão ser uma fonte de pesquisa para o resto 
de sua vida.
10
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
Ao mesmo tempo, o material traz também uma ampla análise historiográfica com as produções 
mais recentes acerca dos temas. Claro que isso não esgota todo o estudo, pois muito mais poderia ser 
dito, mencionado ou criticado. Mas o percurso histórico foi feito a partir da análise da compreensão da 
formação democrática no país e, com ele, da imbricada relação com o populismo, até sua derrocada na 
década de 1960.
O pedido final a você, caro aluno, é que, como um verdadeiro detetive do passado, examine tudo 
que será visto. Atente-se às imagens, aos textos e a suas construções. Reflita sobre o contexto histórico 
de cada um dos momentos estabelecidos. Fortaleça suas informações com as sugestões elencadas e 
procure, ao máximo, investir em sua formação. Vale muito a pena aproveitar esse tempo de estudos.
Que a leitura possa instigá-lo a ser um promotor de cidadãos capazes de pensar sobre o nosso país 
e também ser agente de um desenvolvimento cada vez mais justo e igualitário. Boa jornada!
11
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
REPÚBLICA NOVA E REPÚBLICA LIBERAL
Unidade I
1 A REPÚBLICA VELHA E A REVOLUÇÃO DE 1930
O Brasil republicano nasceu de um grande sonho: a modernização – já em curso com a riqueza do 
café, com a instalação das ferrovias e telégrafos, com o início das atividades industriais e urbanas de 
Mauá, com a vinda de imigrantes europeus etc. Assim, o discurso oficial completava seu dualismo com 
a perspectiva de uma Monarquia símbolo de um Brasil retrógrado.
Os primeiros anos da República ficaram conhecidos pelo autoritarismo defendido tanto por Deodoro 
da Fonseca como por Floriano Peixoto. Esses militares acabaram por representar um processo de transição, 
com especial destaque para a Constituição de 1891, que garantia a formação de uma República Federativa 
Presidencialista com voto aberto e direto para homens com mais de 21 anos e alfabetizados.
A partir da eleição de Prudente de Morais, em 1894, o primeiro presidente civil de nossa história, 
a historiografia caracteriza esse período como a República Oligárquica – determinada por níveis de 
controle de poder, na esfera municipal, estadual e federal, em que pequenos grupos acabaram por 
controlar toda a estrutura política do país.
No domínio federal, São Paulo e Minas Gerais, mais ricos e populosos, em função da economia 
cafeeira (a grande fonte de riqueza no período), unem-se para dominar a política nacional.
Para garantir essa força, estabeleceram, no governo de Campos Sales (1898-1902), a política dos 
governadores, caracterizada pelo apoio total ao governo federal em troca de autonomia para os estados. 
Com isso, eliminava-se a oposição e formavam-se oligarquias estaduais.
Na esfera local, por fim, os coronéis dominavam, em virtude da força dos laços de dependência 
econômica e social, o que eram chamados de “currais eleitorais”. Ou seja, áreas onde o poder local 
dos grandes latifundiários, somados à titulação militar, exercia forte poder de coerção sobre aqueles 
que iriam exercer o direito ao voto. Nem sempre a coerção se dava pelo uso da força: havia ainda a 
possibilidade de apadrinhar a população local e por meio de uma “troca de favores” (como a manutenção 
do emprego e da casa), o voto estava garantido. Formava-se, com isso, o famoso “voto de cabresto”, o 
sufrágio guiado pelo coronel.
Há de se destacar que as fraudes eram comuns e poderiam ser auxiliares importantes para impedir 
qualquer desvio nas estruturas oligárquicas. O “voto fantasma” era a inclusão de eleitores mortos nas 
listas de participantes para adicionar votos; o “voto bico de pena”, por sua vez, era a inserção de nomes 
inventados. Tudo para maximizar a eleição dos candidatos da estrutura política vigente. Não existia justiça 
eleitoral para promover qualquer tipo de investigação sobre essas ilegalidades. Portanto, não é à toa que 
se perpetuou uma força política tão significativa e impositiva por mais de trinta anos na nossa história.
12
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
Unidade I
Figura 1 – A charge apresentada retrata o clientelismo político, que se estruturava em torno do voto aberto, garantido pela 
Constituição de 1891. Na prática, ficava evidente que o eleitorado se tornava “refém” das determinações do coronel e de suas 
alianças políticas. A intimidação e o castigo corporal eram práticas bastante comuns
De qualquer forma, houve certa oposição (mesmo com toda essa estrutura), já que, por vezes, 
estabelecia-se a divergência de candidatos e ideias, mas nada que causasse uma ruptura permanente 
no status quo. Ao todo, foram três eleições competitivas na história da República Velha, nomeadamente, 
a vitória de Hermes da Fonseca sobre Rui Barbosa, em 1° de março de 1910; o triunfo de Epitácio Pessoa 
também sobre Rui Barbosa, em 13 de abril de 1919; por fim, o surpreendente resultado vitorioso de Júlio 
Prestes sobre Getúlio Vargas em 1° de março de 1930.
Na economia, a riqueza do café era a linha mestre definidora das relações sociais e, por extensão, 
como vimos, de uma política oligárquica. Estruturas foram montadas para manter sua força, mesmo 
com as oscilações do mercado internacional frente a um produto primário não fundamental. Podemos 
citar como exemplo o Convênio de Taubaté de 1906, em que São Paulo, Minas Gerais e o Rio de Janeiro 
se uniram a fim de promover a intervenção do Estado no mercado cafeeiro para valorizar seu preço, o 
que logo foi adotado no nível federal, ou ainda o método da socialização das perdas, mecanismo em que 
era usada a desvalorização cambial para garantir que o café, com seu mercado de exportações, tivesse o 
mesmo valor de renda para seus produtores, mesmo quando havia declínio no seu preço.
Nesse breve apanhado da República, ainda merece destaque certo potencial industrial que surgiu 
acompanhado pelo desenvolvimento das cidades e que sempre foi mantido por uma forte política de 
controle trabalhista determinada pela repressão. Uma frase famosa do período,atribuída ao presidente 
Washington Luís (1926-30), resume bem essa ideia: “a questão social é um caso de polícia”.
No entanto, em carta para Evaristo de Moraes Filho, teria dito: “Eu jamais disse, ou escrevi, e jamais 
poderia ter dito, que a questão social era uma questão de polícia, frase que o mais bisonho político, 
mesmo em nossa terra, não ousaria empregar” (MANGANO, 1995, p. 50).
13
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
REPÚBLICA NOVA E REPÚBLICA LIBERAL
 Saiba mais
Apesar da frase “a questão social é um caso de polícia” ser 
tradicionalmente atribuída ao presidente Washington Luís (1926-30), há 
análises recentes que revisitam o tema.
Consulte o texto:
MAGANO, O. B. Washington Luís e a questão social. Revista da Faculdade 
de Direito, Universidade de São Paulo, v. 90, p. 49-65, 1995. Disponível em: 
<www.revistas.usp.br/rfdusp/article/download/67288/69898>. Acesso em: 
20 jan. 2016.
De qualquer forma, a crise de 1929, a maior crise da história do capitalismo, fez os paulistas perderem 
imensamente sua força. Os Estados Unidos, até então, eram responsáveis pela compra de cerca de 
70% do principal produto brasileiro, e imediatamente deixaram de lado essas aquisições, já que uma 
avalanche passou a ser sentida: falências, desemprego, fome e miséria. O café, produto secundário para 
a vida, ficava longe dos paladares americanos a partir desse momento.
Figura 2 – A foto demonstra a força econômica do café, sobretudo, paulista. A paisagem das grandes fazendas de café garantia o 
predomínio também político de São Paulo e Minas Gerais no país oligárquico da Primeira República
Soma-se, ainda, o crescente descontentamento de setores do exército contra as oligarquias (com 
um movimento denominado tenentismo), que já havia demonstrado sua força com a Coluna Prestes 
(1924-27) quando, sob o comando de Miguel Costa e tendo Luís Carlos Prestes como Chefe-Maior, 
percorreu mais de 24 mil km pelo interior do país para reunir adeptos contra o governo opressor das 
elites cafeeiras.
14
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
Unidade I
O roteiro da Coluna Prestes
Expansão da coluna no território brasileiro – de São Luís Gonzaga 
(RS) até Serra Nova (MG) – dezembro de 1924 a abril de 1926
Recuo da coluna até seu refúgio na Bolívia – de Serra Nova (MG) até 
San Matias (BOL) – abril de 1926 a fevereiro de 1927
Figura 3
Frente aos problemas econômicos e ao aumento da oposição, Washington Luís procurou, em sua 
sucessão, garantir a força de São Paulo, com a indicação de outro paulista para sua sucessão – Júlio 
Prestes. A justificativa, apesar de não ser completamente clara na historiografia, se dava, provavelmente, 
por entender que ele era o único capaz de continuar seu programa de saneamento financeiro. Tal 
programa era voltado para ações de equilíbrio monetário e cambial, inclusive criando, em 1926, a 
Caixa de Estabilização para emitir moeda apenas com garantias de lastro por empréstimos externos ou 
entradas de ouro e para atender às necessidades referentes à evidente crise do café.
No entanto, Minas Gerais, na figura de seu governador, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, não 
aceitou tal decisão. Mais do que isso, passou a organizar uma oposição firme contra os paulistas. Era o 
fim do acordo da Política do Café com Leite.
15
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
REPÚBLICA NOVA E REPÚBLICA LIBERAL
Para conseguir a participação vital do Rio Grande do Sul, terceiro maior colégio eleitoral do país 
naquela época, a negociação foi ampla – e logrou sucesso quando foi oferecida a presidência da República 
para os gaúchos, o que, inclusive, garantiu um acordo entre o Partido Republicano e o Partido Libertador 
no estado. Surgia assim a liderança de Getúlio Dorneles Vargas, então governador do estado. Para 
vice-presidente a chapa trouxe João Pessoa, sobrinho do ex-presidente Epitácio Pessoa e governador da 
Paraíba. A figura de Epitácio Pessoa é bastante significativa, já que ele se recusou a apoiar Júlio Prestes 
antes de se juntar ao grupo de oposição. Desta base, era criada a Aliança Liberal.
Figura 4 – Cartaz da campanha de Júlio Prestes. Evidencia-se, na imagem, que a perspectiva paulista era 
associar seu desenvolvimento econômico ao restante do país. Os prédios, aviões, luzes, tudo era a simbologia 
da modernidade, da civilização, como o próprio texto em questão estampava: “é a força do nosso idealismo, que 
conquista para a civilização a terra barbara e projecta no firmamento os audaciosos perfis das cidades modernas”
Figura 5 – Cartaz da campanha da Aliança Liberal contra Júlio Prestes. Destaca-se na imagem a figura imponente de Getúlio Vargas 
e sua perspectiva de estudo do país, representada pelo mapa a sua frente e pelas propostas a serem estabelecidas a partir de sua 
experiência no Rio Grande do Sul. Os dizeres do cartaz referem-se à pacificação do país, com a anistia dos tenentistas, a garantia do 
voto consciente e livre e reformas políticas para garantir o “livre exercício da soberania nacional”
16
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
Unidade I
A Aliança Liberal contou com a participação de políticos das velhas oligarquias, como Borges de 
Medeiros, Epitácio Pessoa, Artur Bernardes e Venceslau Brás, além de nomes de jovens na política, como 
Virgílio de Melo Franco, José Américo, Osvaldo Aranha, Batista Luzardo, Maurício Cardoso, João Neves, 
Flores da Cunha, Francisco Campos ou ainda de tenentes e membros dos grupos urbanos.
Há de se destacar que também computou a adesão do Partido Democrático (PD), que, apesar de 
paulista, era uma cisão do PRP, partido tradicional dos cafeicultores de São Paulo, e sonhava com novos 
rumos para o país. O programa do PD diferenciava-se das relações tradicionais paulistas, como analisa 
Fausto (2004, p. 318):
O PD se diferenciava do PRP pelo seu liberalismo, que o partido no poder 
repudiara na prática, e pela maior juventude relativa de seus integrantes. 
Ele despertou entusiasmo em uma parcela ponderável da classe média que 
não era contemplada pelos favores do “perrepismo” e aspirava a ampliar 
oportunidades na sociedade e na administração pública. Em fins de 1926, o 
PD reuniu 50 mil nomes em listas de apoio publicadas nos jornais. Apesar das 
fraudes, elegeu três deputados federais nas eleições de fevereiro de 1927 – um 
êxito que não se repetiu na eleição estadual de 1928. Nessa ocasião, foram 
eleitos dois deputados, um resultado aquém das expectativas do partido.
Com isso, o programa, redigido por Lindolfo Collor, se mostrou bastante amplo, visando garantir, o 
máximo possível, a união dos mais diversos setores contra os paulistas. Proclamava a necessidade da 
moralização política com a criação do voto secreto, justiça eleitoral e independência do Poder Judiciário. 
Além disso, garantiria a anistia daqueles que participaram dos movimentos relacionados ao tenentismo. 
Na economia, defendia a diversificação de produtos, inclusive o incentivo industrial. Preconizava, dentro 
do interesse de aumentar o número de seus entusiastas, o estabelecimento de direitos trabalhistas 
relacionados à proteção do trabalho, à aposentadoria, às férias e à regulamentação da proteção ao 
trabalho infantil e feminino. Em 20 de setembro, em convenção no Rio de Janeiro, homologou-se a 
chapa Vargas e Pessoa para novos rumos da política nacional.
E, assim, a campanha foi ganhando força:
Apesar das reticências de Getúlio, que, por algum tempo, procurou um 
acordo com Washington Luís, a campanha ganhou ímpeto. As caravanas 
liberais, formadaspelos elementos mais jovens, percorreram as principais 
cidades do Nordeste. Getúlio foi recebido com entusiasmo nos comícios 
realizados no Rio e em São Paulo. Anos mais tarde, um membro do PD – 
Paulo Nogueira Filho – relembraria um fato significativo com relação ao 
comício de São Paulo: a presença da massa proletária. Em suas palavras, ela 
viera do bairro do Brás, e se fundira com a burguesia, invadindo como casa 
sua o centro da cidade para aplaudir Getúlio (FAUSTO, 2004, p. 320).
O processo político até março de 1930 foi repleto de conchavos, de trocas políticas, de vários 
prognósticos e de variações de ânimos, até chegar às eleições. E, nesse período, a crise econômica 
17
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
REPÚBLICA NOVA E REPÚBLICA LIBERAL
mundial rapidamente se propaga no Brasil devido à economia cafeeira. Os produtores demandam uma 
ação de defesa imediata por Washington Luís. No entanto, o presidente, fiel ao seu programa de controle 
econômico, recusa. Ainda que sem ocorrer uma cisão entre cafeicultores e governo, os ânimos estavam, 
cada vez mais, aflorados. Finalmente, o dia 1° de março chegou, como narra Neto (2012, p. 411):
[...] os brasileiros foram às urnas. Além do presidente da República, iriam 
eleger os novos representantes da Câmara Federal e um terço do Senado. Era 
um sábado de Carnaval. No Rio de Janeiro, os bailes de máscaras e o desfile 
de carros alegóricos, bem como o tradicional banho de mar à fantasia em 
Copacabana e defronte do Posto Seis, mobilizaram muito mais gente do que 
a eleição.
Segundo uma anedota da época, uma velha e decrépita senhora, a fraude 
eleitoral, foi uma das foliãs mais animadas. Naquele ano, saiu às ruas 
mascarada, fantasiada de democracia.
Em uma população com 33,5 milhões de habitantes, sendo 5,7% de eleitores, Júlio Prestes venceu com 
1.091.709 votos (57,7% dos votos), contra 742.794 para Getúlio. Até que a Aliança Liberal conseguiu ganhar 
força em alguns lugares. Em especial destaque, como seria evidente, no Rio Grande do Sul, angariou 295 
mil votos contra apenas mil ao opositor. No entanto, da mesma maneira, em uma proporção maior, em São 
Paulo, Júlio Prestes teve 320 mil votos contra 30 mil para Vargas. Minas Gerais não favoreceu também a 
aliança opositora contra os paulistas: foram 280 mil votos para Getúlio e 77 mil para o candidato paulista. A 
diferença maior apareceu nos estados do Norte e Nordeste: na Bahia, por exemplo, Júlio Prestes conseguiu 
uma diferença de 141 mil contra 11 mil votos. Os ânimos ficaram acirrados.
Em um telegrama para Oswaldo Aranha, no dia 11 de março de 1930, Getúlio mostrava sua indignação 
com Minas Gerais:
Rio Grande cumpriu galhardamente seu dever até a eleição. Não temos mais 
compromissos, nem devemos assumi-los. Não podemos continuar papel 
quixotesco, lutando por interesses alheios em prejuízo dos nossos. Fracasso 
na votação mineira constitui remate final. Várias outras falhas vinham 
continuadamente desmentindo promessas e afirmações de Antônio Carlos 
(NETO, 2012, p. 414).
A partir dali, os políticos tradicionais, acostumados a perdas e vitórias na República Oligárquica, 
passaram a negociar acordos para se alinharem com os paulistas, como Borges de Medeiros. Parecia que 
a cisão fora temporária e que os laços de interesses mais uma vez poderiam unir o país. No entanto, 
por sua vez, os novos políticos não concordaram com o resultado das urnas e podiam ir “até as últimas 
consequências”. Passaram a conspirar com os tenentes, pois sabiam que estes tinham força militar e 
histórico de possibilidade de luta.
Assim, a Revolução de 1930 foi um projeto ligado aos interesses de grupos regionais completamente 
desligados do café, como o Rio Grande do Sul e a Paraíba, em torno de políticos não habituados a 
18
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
Unidade I
defender os tradicionais conchavos oligárquicos. E contou com o apoio dos jovens militares, os tenentes, 
ainda que as forças armadas não se demonstrassem homogêneas na decisão do embate com os paulistas. 
O projeto político era completado pela gigantesca crise de 1929, que estamparia os dias mais difíceis 
para os cafeicultores de São Paulo.
O processo revolucionário surgiu a partir dos próximos movimentos políticos e sociais que se 
sucederam no país. O Congresso reabriu em 3 de maio de 1930. Era ele o responsável por reconhecer 
as candidaturas vitoriosas e empossar os eleitos. Como de praxe, no período oligárquico, opositores 
da vitória paulista poderiam sofrer vingança. E sofreram. Utilizando a “degola” política – mecanismo 
de criar algum tipo de impedimento para o cumprimento de mandato – representantes de Minas 
Gerais e da Paraíba foram bloqueados de participar da política. O Partido Mineiro (PRM) perdeu 14 
deputados dos 37 eleitos.
 Lembrete
O sistema de “degola” política nada mais era do que mais um mecanismo 
garantidor das oligarquias na República Velha. Tinha como objetivo central 
reter os opositores que, mesmo em um processo eleitoral tão fraudulento, 
eventualmente, conseguissem se eleger. Argumentava-se dos mais variados 
e controversos motivos para o impedimento de tal candidato. O importante 
era manter a maioria favorável ao status quo.
Ainda naquele mês, surgiu o famoso Manifesto de Maio, pelo qual Luís Carlos Prestes, criticava 
tanto o governo estabelecido como a Aliança Liberal e qualquer possibilidade de revolução real com a 
insurreição que se organizava. Isso porque ambos não estavam relacionados aos reais problemas do país 
e nem representariam, diretamente, os anseios populares e as necessárias transformações de que o país 
necessitava. Segundo as palavras de Prestes:
O Brasil vive sufocado pelo latifúndio, pelo regime feudal da propriedade 
agrária, onde se já não há propriamente o braço escravo, o que persiste é um 
regime de semiescravidão e semisservidão. O governo dos coronéis, chefes 
políticos, donos de terras, só pode ser o que aí temos: opressão política e 
exploração impositiva. Toda a ação governamental, política e administrativa 
gira em torno dos interesses dos senhores que não medem recursos na defesa 
de seus privilégios. De tal regime decorrem quase todos os nossos males. Querer 
remediá-los pelo voto secreto ou pelo ensino obrigatório é ingenuidade de 
quem não quer ver a realidade nacional (CINTRA, 2014, p. 52).
A transformação real só poderia ser produzida por um movimento amplamente popular:
Uma simples mudança de homens, um voto secreto, promessas de liberdade 
eleitoral, de honestidade administrativa, de respeito à Constituição e moeda 
estável e outras panaceias, nada resolvem, nem podem de maneira alguma 
19
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
REPÚBLICA NOVA E REPÚBLICA LIBERAL
interessar à grande maioria da nossa população, sem o apoio da qual 
qualquer revolução que se faça terá o caráter de uma simples luta entre as 
oligarquias dominantes (CINTRA, 2014, p. 52-53).
A repercussão das palavras de Luís Carlos Prestes foi imediata. Exilado, tomava contato com as 
ideias comunistas e, por isso, entendia que um movimento de oligarquias contra oligarquias jamais 
promoveria um governo voltado ao povo.
Com a perda da possibilidade de utilizar o grande homem do tenentismo para a insurreição que 
agora se organizava, também não parecia ser fácil reunir a liderança do candidato à presidência. Afinal, 
Getúlio já afirmara que se não vencesse as eleições, terminava seus compromissos com a Aliança Liberal 
e procurava alinhar-se com Washington Luís.
No entanto, tudo se modificou em 26 de julho. O candidato a vice-presidente, João Pessoa, foi 
assassinado noRecife por João Dantas – um tradicional opositor na política. Como explica Fausto (2004, 
p. 323) “o crime combinava razões privadas e públicas, mas, na época, só se deu destaque às últimas, pois 
as primeiras arranhariam a figura de João Pessoa como mártir da revolução”.
A questão pessoal estava relacionada às disputas políticas na Paraíba que acabaram ganhando 
feições particulares. A perseguição do governo estadual a João Dantas acabou fazendo com que seus 
documentos pessoais fossem confiscados de um antigo escritório e logo trazidos a público e denunciavam 
relações com o governo federal. João Dantas rapidamente foi convertido a espião no estado. Mais do 
que isso, foram achadas suas cartas de amor com a professora Anaíde Beiriz, sendo ambos solteiros – a 
honra de ambos foi diretamente atacada a partir daí. A vingança, então, foi o assassinato do governador 
do estado, João Pessoa.
De qualquer modo, a repercussão do ato foi imediata tanto para a camada popular – que participou 
em peso do enterro – como para o aumento da participação nos meios militares – inclusive, com a 
entrada no comando militar de Góis Monteiro.
Garantir, contudo, a ação dentro da política tradicional do país, exatamente em oposição aos 
dizeres de Luís Carlos Prestes, também ganhou envergadura. Era o que ficou expresso na famosa frase 
atribuída a Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, o governador de Minas Gerais e preterido na indicação 
da presidência: “façamos a Revolução antes que o povo a faça”.
Getúlio Vargas, por sua vez, mudara suas posições, em um texto já deixado por volta de setembro, 
lançava um grande manifesto publicado no início do movimento:
Entreguei ao povo a decisão da contenda, e este, cansado de sofrer, 
rebela-se contra os seus opositores. Não poderei deixar de acompanhá-lo, 
correndo todos os riscos em que a vida será o menor dos bens que lhes 
posso oferecer.
[...]
20
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
Unidade I
Não foi à toa que o nosso estado realizou o milagre da união sagrada. É 
preciso que cada um de seus filhos seja um soldado da grande causa. Rio 
Grande, de pé, pelo Brasil (NETO, 2012, p. 468).
Enfim, em 3 de outubro de 1930, a revolução eclodiu, liderada militarmente por Gois Monteiro e, do 
lado civil, por Getúlio Vargas. Foram três focos de levante: incialmente, em Minas Gerais e São Paulo, 
e, logo no dia seguinte, no Nordeste. Rapidamente, as instalações do governo federal foram sendo 
dominadas e diversos grupos aderiam ao movimento – até mesmo com a formação de greves.
Em menos de uma semana, o movimento já controlava Alagoas, Ceará, Paraíba, Pará, Pernambuco, 
Maranhão, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Na Bahia e em Santa Catarina (Florianópolis, 
para ser mais exato) ainda havia alguma resistência.
Com o controle do Sul, a aguardada atuação era a invasão sobre São Paulo. A ação seria estabelecida 
a partir de Itararé. Para lá partiu Getúlio Vargas e, ao longo da jornada, contava com uma entusiasmada 
população que, cada vez mais, apoiava o sonho revolucionário. A batalha de Itararé, no entanto, nunca 
ocorreu. No dia 24 do mesmo mês, os militares no Rio de Janeiro já haviam deposto o presidente, 
que aceitou sair do poder, mesmo após tentar certa resistência, e formado uma junta provisória de 
governo. Os 3 mil homens que acompanhavam Getúlio Vargas, de trem, prosseguiram sua viagem para 
o Rio de Janeiro. Em 3 de novembro de 1930, assumiu o poder, em um traje tipicamente gaúcho, após 
amarrar seu cavalo no obelisco da Avenida Rio Branco. Estava acabada qualquer possibilidade de posse 
do candidato vitorioso daquele ano – Júlio Prestes pediu asilo na embaixada britânica.
Figura 6 – O paulista Júlio Prestes, que, apesar de eleito em 1930, não chegou a assumir
Neto (2012) lembra que o dia da posse do novo presidente foi o mesmo de 39 anos antes, quando 
Deodoro da Fonseca decidiu fechar o Congresso para garantir a ele poderes absolutos. Da mesma forma, 
Getúlio dissolvia o Congresso e suspendia a Constituição. No entanto, sabia que a Revolução de 1930 
estava repleta de apoio popular e militar, capaz de contagiar o sonho por uma mudança profunda a 
partir de então, como a poesia do jornal de época demonstrava:
21
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
REPÚBLICA NOVA E REPÚBLICA LIBERAL
Mal despontara o Sol republicano
Quando, após um político zunzum,
A melodia se deu: findava o ano
Mil oitocentos e noventa e um
No Senado e na Câmara, o Deodoro,
Aos pais da Pátria interditava o ingresso,
E em ácidos de enxofre, azoto e cloro,
Num momento dissolve-se o Congresso
Mas, em breve, o defunto ressuscita,
Volta a bandeira dos politicantes,
Os tempos mudam, mas é a mesma escrita,
E tudo volta a ser o que era antes.
Não seja o caso tal reproduzido
Morto, bem morto, não reviva o bruto,
Pois o Congresso agora dissolvido
Será sempre um Congresso dissoluto (NETO, 2012, p. 521-522).
1.1 Significados da Revolução de 1930
A Revolução de 1930, durante muito tempo, foi espaço de amplo debate historiográfico no país. 
Afinal, foi esse o momento de muitos sonhos de mudanças, e, acima de tudo, para alguns, de novas 
estruturas socioeconômicas para o país.
Promovendo um grande balanço a respeito do tema, Fausto (1986) demonstra que foi feita uma 
associação do movimento com a relação econômica do país: ou seja, para alguns autores, houve a 
mudança da estrutura econômica, sendo que os grandes latifundiários se tornaram parte da burguesia 
industrial e também que as análises se inclinaram para a importância da atuação do tenentismo como 
um fenômeno militar com ação política voltada para as classes médias.
Desconstruindo esses modelos, o autor demonstra que a incipiente burguesia do país oscilava entre 
as propostas revolucionárias e a neutralidade, já que estava bastante relacionada aos interesses dos 
latifundiários e também do imperialismo internacional. É pertinente notar que no dia 30 de julho de 
1930, a burguesia lançou um manifesto de apoio formal à candidatura de Júlio Prestes, inclusive em 
busca de uma coesão para o grupo todo seguir essa determinação, que dizia: “para os industriais, a 
vitória da chapa nacional de Júlio Prestes-Vital Soares representa a integral execução do programa 
financeiro do atual Governo da República” (FAUSTO, 1986, p. 29-30).
Esse era um movimento bastante evidente em São Paulo – já principal palco industrial do país. Há de 
se destacar que nem o Partido Democrático (PD), como vimos, cisão do partido tradicional paulista (PRP), 
representava os interesses industriais – em vários momentos, indicavam que tinham como plataforma 
a manutenção dos negócios agrícolas. Assim,
[...] na realidade, o Partido Democrático não expressa o impulso de “áreas 
modernizantes”, supostamente identificadas com a indústria, mas uma 
22
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
Unidade I
aliança das classes médias de São Paulo com elementos descontentes do 
setor agrário (FAUSTO, 1986, p. 38).
Também a própria ideologia da Aliança Liberal não simpatizava com uma clara visão voltada à 
industrialização, pois não havia propostas claras como o protecionismo alfandegário, incentivos fiscais 
ou mesmo investimento estatal na indústria de base. Portanto,
A Revolução de 1930, seja sob a forma direta de intervenção da fração 
de classe, seja sob a forma mediada de uma “revolução do alto”, não foi 
um movimento que tenha conduzido a burguesia industrial à dominação 
política (FAUSTO, 1986, p. 50).
Quanto ao tenentismo, estabelecia-se como um movimento difuso, em torno de uma ampla gama de 
perspectivas nada claras. Havia um ideal de salvaçãonacional em busca da moralização política – com 
a introdução do voto secreto, mas, ao mesmo tempo, após o ataque inicial às tradicionais oligarquias, 
agora o conteúdo se atinha à centralização administrativa, tendo como necessidade básica o aumento 
da força do Poder Executivo.
O tenentismo pode ser também classificado como um movimento elitista, compreendido a partir 
do afastamento de populares de suas ações, apesar de se declarar vagamente nacionalista, envolto, 
basicamente, na defesa da pátria amada contra qualquer entrega de interesses. Afinal, foi justamente 
isso uma das grandes acusações aos governos anteriores a Washington Luís (ou seja, Epitácio Pessoa e 
Artur Bernardes).
Claro, que poderiam ocorrer conexões entre determinados interesses tenentistas com os da classe 
média e da burguesia, por exemplo, o voto secreto ou mesmo a garantia de direitos individuais. No 
entanto, os acontecimentos da década de 1930 demonstraram que também houve grande radicalização 
política que resultou nos movimentos da AIB e ANL. Pode-se perceber que parte dos tenentes que 
participam do poder a partir da década de 1930 acabou por estabelecer um programa incipiente de 
reformas que contribuíam para o desenvolvimento socioeconômico das classes médias e até para a 
ascensão burguesa.
A explicação de Fausto (1986, p. 101) acerca do movimento o associa diretamente ao quadro maior, 
latino-americano, em torno da crise de 1929:
Dentro do quadro mais amplo de toda a América Latina, a ocorrência de 11 
movimentos revolucionários, predominantemente militares, em apenas dois 
anos [Argentina (09/1930); Brasil, (10/1930); Chile (06/1932); Equador (08 
e 10/1931 e 08/1932); Peru (08/1930 e 02 e 03/1931); Bolívia (06/1930); 
República Dominicana (02/1930); Guatemala (12/1930)], é bastante 
significativa. Não se pode reduzir estes movimentos a uma identidade que 
em nada elucidaria episódios de sentido diverso, como a Revolução de 1930, 
no Brasil, e o golpe do general José Uriburu, na Argentina. Porém, em sua 
base está o desajuste provocado nos países dependentes pela crise mundial 
23
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
REPÚBLICA NOVA E REPÚBLICA LIBERAL
que atinge os preços dos produtos de exportação e impõe um novo arranjo 
interno, nas condições específicas de cada país.
Ao mesmo tempo, no entanto, a participação das classes médias não quer dizer que a ruptura da 
ordem foi diretamente, e tão somente, direcionada para suas prioridades. Ou seja:
O movimento de 1930 não pode ser entendido sem a intervenção das classes 
médias, mas não é uma revolução destas classes, nem no sentido de que 
elas sejam o setor dominante no curso da revolução, nem de que sejam seus 
principais beneficiários. Não se nega com isto que certos traços da orientação 
do governo Vargas, especialmente o maior intervencionismo do Estado, 
tenham permitido a ampliação de oportunidades para as classes médias e a 
formação de novos segmentos no seu interior (FAUSTO, 1986, p. 84).
Portanto, analisar a Revolução de 1930 requer mais do que as linhas tradicionais que a historiografia 
já trilhou. A crise econômica acabou por permitir que as dissidências regionais, que já existiam, mas que 
não conseguiam voz e união para um movimento firme e efetivo, conseguissem, finalmente, demonstrar 
força. Como brilhantemente sintetizou, mais adiante, em seus estudos:
Os vitoriosos de 1930 compunham um quadro heterogêneo, tanto do ponto 
de vista social como político. Eles tinham-se unido contra um mesmo 
adversário, com perspectivas diversas: os velhos oligarcas, representantes 
típicos da classe dominante de cada região do país, desejavam apenas maior 
atendimento à sua área e maior soma pessoal de poder, com um mínimo de 
transformações; os quadros civis mais jovens inclinavam-se a reformular 
o sistema político e se associaram transitoriamente com os tenentes, 
formando o grupo dos chamados “tenentes civis”; o movimento tenentista – 
visto como uma ameaça pelas altas patentes das forças armadas – defendia 
a centralização do poder e a introdução de algumas reformas sociais; o 
Partido Democrático – porta-voz da classe média tradicional – pretendia o 
controle do governo do estado de São Paulo e a efetiva adoção dos princípios 
do Estado liberal, que aparentemente asseguraria seu predomínio (FAUSTO, 
2004, p. 326).
Corrobora com essa interpretação a necessidade de avaliarmos a Revolução de 1930 em torno das 
várias forças políticas regionais e de suas dissidências com o fim da política dos governadores e dos 
acordos do Café com Leite. Skidmore (2010, p. 44-45) analisou:
No fim das contas, muitos dissidentes da elite política estavam ansiosos 
para usar o golpe em seu próprio benefício. Sua dissensão tinha, em 
muitos casos, surgido de rivalidades políticas rotineiras nos estados e entre 
os estados. Líderes de clãs de oposição na política estadual, por exemplo, 
ficaram felizes por ganhar poder localmente por meio de um golpe militar 
no Rio de Janeiro. Em âmbito nacional, os controladores de máquinas 
24
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
Unidade I
políticas em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, líderes da Aliança Liberal, 
ficaram furiosos com Washington Luís por tentar colocar outro paulista, 
Júlio Prestes, no palácio presidencial. Eles apoiaram a “revolução” não por 
desejarem mudanças sociais e econômicas básicas, mas como justificativa 
por terem recorrido à revolta armada contra os “da situação”, que tinham 
ignorado seus interesses nas negociações para escolher um candidato do 
“governo” em 1929. Esses políticos frustrados, tanto nos estados grandes 
como nos menores, dariam a indispensável continuidade entre a República 
Velha e os sucessivos estágios da Era Vargas.
Exemplo de aplicação
Perceba, após o balanço historiográfico do tema Revolução de 1930, que é possível problematizar 
o porquê do termo do movimento ter se mantido na história e na memória como “revolução”. Procure 
pesquisar os diferentes significados dessa temática tão comum em história e levante quais são os pontos 
de defesa dessa designação e quais são os contrários.
2 A FORMAÇÃO DO POPULISMO
2.1 Industrialização tardia
Para compreender as relações políticas do Brasil a partir da desintegração da República Oligárquica, 
tendo como marco a Revolução de 1930 e seus sonhos, é necessário inserir o contexto socioeconômico 
e perceber o movimento maior, sentido em toda a América Latina, em maior ou menor intensidade, com 
reflexos evidentes no mundo contemporâneo.
Figura 7 – Uma das marcas mais comuns do desenvolvimento econômico na América Latina foi a exclusão social. 
O processo abrupto não criou condições de melhoria na qualidade de vida para todos. Na foto em destaque, 
perceba um cenário bastante comum de várias cidades do nosso continente
25
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
REPÚBLICA NOVA E REPÚBLICA LIBERAL
O mundo capitalista foi reconfigurado a partir das inúmeras transformações que a Revolução 
Industrial promoveu, nos idos da segunda metade do século XVIII, tendo como palco inicial a Inglaterra. 
Na prática, a introdução da máquina no processo produtivo alcançou um exponencial crescimento 
da produção e, consequentemente, trouxe novas relações de trabalho – formadoras do proletariado, 
crescimento do meio urbano, busca constante por mercado consumidor e uma inovadora maneira de se 
viver –, com a transformação do tempo, até então voltado aos ciclos da natureza e suas limitações, para 
a constância da capacidade produtiva das máquinas.
Este foi um processo que só cresceu e modificou as relações mundiais em maior ou menor proporção.Na América Latina, não foi diferente. Aqui, diversas contradições emanaram. A tradição colonial da 
dependência ao setor primário-exportador, sobretudo relacionado ao latifúndio de bases escravistas 
ou de manutenção de uma mão de obra bastante explorada, pouco foi alterada ao longo do século XIX. 
No Brasil, particularmente, o impulso surgiu dos sonhos desenvolvidos por Irineu Evangelista de Sousa 
(1813-1889), o Barão de Mauá. O país passou a contar com inovações urbanas e até mesmo uma metalúrgica. 
No entanto, mesmo após ter se tornado o homem mais rico do país, chegando a ter uma fortuna acumulada 
maior do que a de todo o Estado brasileiro, suas ações não conseguiram atingir um status revolucionário. 
Muito pelo contrário: o surto industrial durou pouco e não foi apoiado pelo Império. Aqui havia um embate 
entre, de um lado, o modernismo e, de outro, a famosa vocação natural, agrícola exportadora, em grande 
pujança com o café – e bastante relacionada às tradições das elites do país desde o período colonial. Há de se 
destacar que esse exemplo se encaixa nos países vizinhos, em maior ou menor intensidade.
Dentro de um quadro mais geral, havia uma Divisão Internacional do Trabalho (DIT), em que caberia 
aos países da Europa o desenvolvimento dos produtos industriais e aos países da América Latina a 
produção de alimentos e matéria-prima.
Não é à toa, assim, que a região em questão nunca tenha passado por uma revolução industrial – quando 
utilizamos esse termo, precisamos ter em mente uma relação abrupta de transformações capazes de, rapidamente, 
alterar o modelo econômico e estrutural do país e com imediatos reflexos nas relações socioeconômicas. O que 
se viu na América Latina foi uma industrialização tardia a partir de meados do século XIX.
Desde as últimas décadas do século XIX e, principalmente, no início do século XX, as indústrias 
tiveram significativo crescimento, inicialmente, com a participação do capital excedente das atividades 
primárias ou mesmo do investimento dos grandes centros mundiais como a Inglaterra, a França, a 
Alemanha ou os Estados Unidos. De qualquer forma, predominava a importação de produtos industriais, 
mantendo uma visão de livre-cambismo, ou seja, ausência de tarifas alfandegárias protecionistas para 
assegurar que as indústrias nacionais pudessem crescer e competir com as internacionais. Esse foi um 
fator muito atrelado à preponderância do capitalismo inglês desde o processo da gênese dos Estados 
Nacionais na América Latina.
No século XX, as crises internacionais – Primeira Guerra Mundial (1914-18), Crise de 1929 e Segunda 
Guerra Mundial (1939-45) – abriram novos caminhos para o crescimento industrial. Havia a necessidade 
de substituir as importações, já que os países produtores europeus estavam com problemas – nas 
Guerras Mundiais, essas nações passaram a concentrar seus esforços produtivos na indústria bélica e 
nos suprimentos voltados ao confronto armado.
26
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
Unidade I
Há de se destacar que a demanda já estabelecida do mercado interno abria condições garantidas 
de vendas e, ao mesmo tempo, o contexto internacional facilitava o trato da comercialização de 
matérias-primas, alimentos e minérios, gerando rendas para que a indústria crescesse. A Segunda 
Guerra Mundial, particularmente, trouxe ainda mais um elemento a se considerar: os Estados Unidos se 
voltaram para a América Latina como parceiros, fornecedores de capital e de tecnologia, facilitando a 
concretização de projetos industriais até então inimagináveis na periferia do continente.
Já na Crise de 1929, a desarticulação do sistema capitalista mundial fez com que os países da 
América Latina não tivessem divisas para adquirir produtos internacionais. Com isso, o Estado passou a 
promover investimentos nos setores de base para procurar alcançar o avanço industrial local e garantir 
o abastecimento do país. Também houve certo papel de destaque à migração de capitais dos países que 
sofriam diretamente com as seguidas falências resultantes da quebra do sistema financeiro no centro 
nevrálgico do capitalismo.
Os palcos centrais do processo de desenvolvimento de industrialização tardia foram Argentina, 
Brasil, México e, depois, Chile. Na década de 1920, esses países chegaram a ter 60% dos 100 milhões de 
habitantes da América Latina. No entanto, a produção industrial, nesses momentos, jamais chegou a ter 
um impacto profundo de mudanças na estrutura econômica – claro que passou a ter certa relevância, 
mas muito inferior aos grandes centros econômicos do capitalismo mundial.
De qualquer forma, é evidente que, a partir dali, a população urbana passou a ser um grupo em 
franca expansão, fortalecendo o desenvolvimento de demandas políticas – o que criou fenômenos 
políticos bastante semelhantes ao longo do século XX.
A população ainda vivia em sua maioria no campo, mas algumas grandes 
cidades já firmavam sua presença, ostentando os símbolos da modernidade 
com altos edifícios, carros, bondes, telefone e iluminação elétrica nas ruas. 
Buenos Aires, onde o metrô fora inaugurado em 1913, possuía por volta de 
2 milhões de habitantes em 1930; a Cidade do México, que passara por uma 
ampla reforma urbana no começo do século, passava de 1 milhão de pessoas 
em 1930; do mesmo modo, o Rio de Janeiro, também reformado, tinha mais 
de 1 milhão em 1920. Mas outras cidades menores já despontavam como 
futuras metrópoles, tais como Santiago do Chile, Montevidéu, Bogotá, Lima 
e a brasileira São Paulo (PELLEGRINO; PRADO, 2014, p. 116).
A população urbana era ou proveniente do campo, em busca de melhores condições – já que a área 
rural era dominada por elites opressoras – ou oriunda de outros países, principalmente na Argentina e 
no Brasil, já que muitos imigrantes europeus que chegaram a esses países não foram para as áreas de 
produção agrícola.
O processo foi bastante conflituoso. Havia a chegada, cada vez maior, de belíssimos empreendimentos, 
como a instalação de novos sistemas de transporte, de iluminação pública, ou mesmo o crescimento 
das relações financeiras e, consequentemente, do setor de serviços. Assim, formavam-se as relações da 
classe média.
27
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
REPÚBLICA NOVA E REPÚBLICA LIBERAL
Figura 8 – A cena de uma concentração urbana e com diversas lojas em seu entorno passou a ser cada 
vez mais comum na América Latina do século XX
No entanto, a modernidade foi um processo caro para boa parte da população. As vias de acesso ao 
centro foram se tornando dispendiosas e, portanto, não permitiam a todos viverem ali. Muitos, com isso, 
acabaram por se instalar na periferia das cidades, construindo suas próprias moradias desordenadamente. 
Foi, assim, uma urbanização sem planejamento ou infraestrutura.
Figura 9 – A ilustração do crescimento rápido da periferia das cidades demonstra regiões, muitas vezes, sem acesso à infraestrutura 
urbana relacionada ao saneamento básico e aos serviços essenciais como energia elétrica e água encanada
Na prática, a indústria do Brasil, até os anos 1930, estava limitada à esfera de bens de 
consumo têxteis e alimentícios. Outro setor importante, a indústria de base ou pesada – aquela 
que dá suporte para a industrialização, como as siderúrgicas, metalúrgicas, hidroelétricas etc. – 
praticamente inexistia. Havia pouco capital e, portanto, pouco desenvolvimento; logo, era difícil 
encontrar concentrações industriais.
28
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
Unidade I
Quadro 1 – Tipos de indústria e valor de produção no Brasil (1920)
Tipo de indústria Valor da produção em %
Alimentação40,2
Têxteis 27,6
Vestuário e toucador 8,2
Produtos químicos e análogos 7,9
Outros grupos 16,1
Total 100
Fonte: Fausto (1986, p. 20).
Com o crescimento industrial houve o aumento da população urbana, que passou a exigir, cada vez 
mais, melhorias sociais. Afinal, o sistema de trabalho nas fábricas era extenuante. As jornadas eram de 
12-14 horas, sem qualquer descanso ou folga remunerada, os ambientes eram insalubres, os abusos 
eram constantes e não havia qualquer previdência para aposentadoria ou acidente de trabalho, como 
também proteção ao trabalho feminino e infantil.
Com isso, a luta pelos benefícios trabalhistas formou-se no país, sobretudo, no século XX, sob a 
liderança dos imigrantes italianos e espanhóis, de inspiração anarquista – principalmente da vertente 
anarcossindicalista. O maior movimento de luta foi a famosa Greve de 1917, que começou em São 
Paulo e irradiou para o interior paulista e para outras capitais. A repressão, no entanto, foi violentíssima. 
Os líderes foram deportados, as associações e jornais fechados e para atenuar as demandas, apenas 
aumentos salariais foram concedidos.
Portanto, em torno da ascensão política de Getúlio Vargas, sob os auspícios da esperança de um 
novo país iniciado com a Revolução de 1930, acreditava-se que as demandas dos trabalhadores seriam 
atendidas e que as relações sociais seriam mais bem estabelecidas.
2.2 O populismo
Não é à toa que Getúlio Vargas inaugura no país uma política populista. A questão central desse modo 
de governo, típico da América Latina nesse processo de industrialização tardia, é caracterizado a partir 
de um Estado forte, tendo como elemento central um líder carismático e demagogo, que, com aparência 
conciliatória, manipula as massas urbanas, para se perpetuar no poder. Acaba, assim, por aglutinar os 
interesses mais variados, em torno de um momento histórico com o sonho do crescimento industrial, 
de reformas transformadoras e beneficiadoras do povo, além de angariar o nacionalismo econômico – 
em torno, num primeiro momento, de interesses de parte dos militares. Há de se destacar ainda que tal 
prática vem acompanhada sempre de um jogo “de cima para baixo”, garantindo o apaziguamento das 
tensões sociais, com a paz social, a harmonia, o bem-estar. Os mais importantes líderes foram Getúlio 
Vargas no Brasil, de 1930-45 e 1951-54, Lázaro Cárdenas no México, de 1934-40, Juan Domingos Perón 
na Argentina, de 1946-51, ou ainda, em proporções menores, Velasco Ibarra no Equador, em vários 
momentos entre 1934-1972, e Vitor Paz Estenssoro na Bolívia, em 1952.
29
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
REPÚBLICA NOVA E REPÚBLICA LIBERAL
Claro que perpetuar uma visão conceitual da política na América Latina pode diminuir a visão de 
que há especificidades nos processos e variações de acordo com cada político, cada momento histórico 
e cada processo que se viu ao longo do tempo. Apesar disso, por outro lado, é uma temática bastante 
pertinente e duradoura.
É interessante notar que nos anos iniciais dessa forma de fazer política, o termo “político” era visto 
com bastante simpatia. Ou seja, o político, assim caracterizado, era um representante direto do povo, 
dos interesses dos mais sofridos e daqueles que precisam que o Estado atue em seu favor. Nesse sentido, 
completa-se uma característica importante: o paternalismo intrínseco ao populismo.
No entanto, com o passar do tempo, sobretudo em torno de seus opositores, o termo passou a ter 
conotação negativa relacionada àqueles que enganam o povo com promessas que, na prática, jamais 
serão cumpridas.
Figura 10 – No Brasil, o populismo foi uma política bastante atrelada ao crescimento dos grandes centros urbanos como o Rio de 
Janeiro, capital do país de 1763-1960
É importante, nesse sentido, a crítica produzida por Gomes (2013, p. 34-35):
Não sem razão, por ganhar tal abrangência, essa interpretação acabou 
por perder sua precisão conceitual, transformando-se em um adjetivo – 
da política e dos políticos – sempre com conotação negativa, pejorativa, 
acusatória. A inconsistência teórica e histórica da utilização de uma 
categoria como essa reside na adoção de uma perspectiva simplista de 
construção de um modelo para pensar relações sociais de dominação, em 
que um dos termos é praticamente anulado, deixando de ser um sujeito 
histórico atuante. Dessa forma, não se percebe que, no interior mesmo 
das relações entre os dominantes, bem como entre os dominados, existem 
hierarquias de poder. Alinhamentos automáticos entre os dominados contra 
os dominantes, e vice-versa, devem ser afastados, e uma dinâmica política 
de alianças e oposições muito mais complexa e sofisticada se coloca para a 
análise historiográfica. Tal análise, sem excluir o conflito aberto (sob várias 
formas), passa a atentar para ações que têm marcas mais sutis, envolvendo 
negociações e produzindo alinhamentos aparentemente inusitados. Essa 
30
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
Unidade I
abordagem, contudo, não deve ser entendida (como às vezes o é) como uma 
tentativa de eliminar ou minimizar as tensões e oposições sempre existentes 
nas relações de dominação. Ao contrário, ela é uma tentativa de sofisticar 
o tratamento dessas relações, ampliando seu escopo, até para evidenciar 
que, em certas circunstâncias, pode haver convergência de interesses 
entre dominantes e dominados, pode haver pacto e negociação políticos. 
O poder, nessa perspectiva teórica, não é um monopólio do dominante, 
existindo também no espaço dos dominados, o que não elimina a situação 
de desigualdade, muitas vezes radical, entre eles.
No caso do Brasil, um dos maiores legados dessa política de Getúlio Vargas foi promover a visão de 
uma relação intrínseca do Estado com o Presidente da República – que se perpetua no imaginário de 
muitos cidadãos do país. Isso pode ser visto pela rápida atribuição da relação de benefícios ou malefícios 
do país ao que ocupa o cargo máximo do Executivo, mas deixa de lado a preocupação com as medidas, 
diretrizes e fiscalizações do Legislativo ou mesmo com as decisões tomadas pelo Judiciário.
 Observação
Alguns analistas contemporâneos compreendem que o populismo foi 
uma prática contínua em nosso país a partir de então, inclusive em outros 
níveis políticos além do Executivo.
Exemplo de aplicação
Procure pesquisar quais são as análises promovidas a respeito do populismo, examinando os jornais 
de maior circulação de nosso país. Investigue quais sãos os políticos assim denominados tanto na 
República Liberal (1946-1964) como na Ditadura Militar (1964-1985) ou mesmo na Nova República (a 
partir de 1985).
2.3 A biografia de Getúlio Dorneles Vargas
Getúlio Dorneles Vargas nasceu em 1882, em São Borja (RS), em uma família de estancieiros bastante 
associada à tradição militar e à política local. Seu pai foi um bravo combatente na Guerra do Paraguai 
e depois se envolveu nas lutas contra os federalistas, compondo o quadro do Partido Republicano 
Rio-grandense (PRR) na República Oligárquica.
Getúlio teve um período de investimento na carreira militar, mas logo percebeu que a política o 
atraía muito mais. Em 1907, formou-se, pela Faculdade de Direito de Porto Alegre, como bacharel em 
Direito. Não muito tempo depois, ao longo da década de 1920, foi eleito para seguidos cargos políticos: 
deputado estadual, deputado federal e líder do grupo gaúcho. Em 1926, progrediu na carreira federal 
ao tornar-se ministro da Fazenda do governo de Washington Luís, até 1927, quando pôde aprender 
características da formação de gabinete e do plano de saneamento financeiro – ainda que tenha saído 
31
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
amaç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
REPÚBLICA NOVA E REPÚBLICA LIBERAL
do cargo a tempo de não cair sobre si a impopularidade que logo se veria. A seguir, voltou ao seu estado, 
pois se tornou presidente do Rio Grande do Sul (1927-1930), cargo que ocuparia até se candidatar à 
presidência na chapa da Aliança Liberal contra Júlio Prestes, intervalo em que se mostrou um astuto 
político de conciliação entre as facções políticas intempestivas que ali se mantinham.
Figura 11 – Getúlio Vargas (1882-1954), o presidente que mais tempo ficou no poder no Brasil, transformou a política nacional, e 
teve sua ascensão marcada pela força militar demonstrada na Revolução de 1930
Sua figura política foi fundamental e a mais importante para o Brasil do século XX. Ao longo de 
seu domínio da política, se mostrou multifacetado, capaz de garantir apoio de diversos grupos, criar 
projetos variados, perspicaz nas relações internacionais, ardil nos discursos, preocupado com os inimigos. 
Acima de tudo, para muitos, um grande amante do poder – um ditador. Para outros, no entanto, um 
promotor de um projeto econômico nacional com visão de estadista que, se completado, levaria o país 
ao desenvolvimento capitalista. Não menos importante, o grande garantidor dos direitos trabalhistas, 
daí sua alcunha mais famosa, “pai dos trabalhadores do Brasil”. A ligação direta e constante de Vargas 
aos trabalhadores urbanos, no entanto, não deixou de lado seu tom conciliatório, para alguns, às vezes, 
até esquecido, mas cientes de que havia projetos de desenvolvimento de apoio ao grupo de elite. Com 
isso, ficou conhecido como “pai dos pobres” e, ao mesmo tempo, “mãe dos ricos”.
Inegavelmente, seu governo acabou sendo associado à modernidade e ao fim de um Brasil dominado 
pelo modelo tradicional colonial, o latifúndio exportador. Ainda que não perdesse de vista o setor agrário 
em vários momentos, e nem sua reconfiguração de forças, promovia o discurso progressista bastante 
atrelado à industrialização e à consequente urbanização. Moldou um sistema de Estado que ainda se 
discute bastante no Brasil contemporâneo, ou seja, a intervenção do estado na economia para garantir 
o desenvolvimento econômico, ou mesmo as relações sociais daí estabelecidas.
Se metamorfoseando de tudo que já havia vivido e observado em sua terra natal, agora estava 
estabelecido como um “homem do novo” que conquistaria amores daqueles de quem tomara o poder, 
ou mesmo dos que, por certo período, foram opositores. Portanto, deixou, com o passar do tempo, de ser 
um típico gaúcho, como se apresentou na posse após a Revolução de 1930, para se tornar um brasileiro 
e, diga-se de passagem, ferrenho defensor da unidade nacional dali em diante.
32
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
Unidade I
 Saiba mais
Um dos instrumentos mais utilizados atualmente para relembrar a vida 
de grandes estadistas são os memoriais, espaços que trazem memórias 
históricas e pessoais, onde há a possibilidade de se promover discussões 
e de se perceber as tensões pessoais, as reponsabilidades da função, e, 
sobretudo, os traços pessoais de cada um deles.
Nesse sentido, não deixe de visitar o Memorial Getúlio Vargas. Seu 
endereço eletrônico é:
<http://www0.rio.rj.gov.br/memorialgetuliovargas/>.
Procure analisar o amplo acervo e tecer as relações estabelecidas aqui 
com o material disponibilizado no memorial.
Outra fonte importante de memória é o Centro de Pesquisa e 
Documentação Histórica Contemporânea do Brasil (CPDOC), gerido pela 
Faculdade Getúlio Vargas (FGV). O CPDOC possui um enorme centro de 
imagens e de documentos oficiais capazes de complementar, em grande 
medida, as discussões aqui estabelecidas e de demonstrar ao historiador em 
formação o quanto as fontes primárias são interessantes para nós.
Seu site oficial é:
<http://cpdoc.fgv.br/>.
2.4 Governo Provisório de Getúlio Vargas – 1930-1934
A primeira necessidade de Getúlio Vargas era reestruturar a dinâmica do Estado para contemplar 
os diversos interesses que a Revolução de 1930 propagou. E isso envolvia, diretamente, acabar 
com todas as instituições relacionadas ao passado oligárquico. Formava-se uma relação básica e 
bastante comum de que a Revolução veio para acabar com o velho, em busca da modernização, 
ou seja, do novo.
Logo de início, na posse de Getúlio Vargas, no dia 3 de novembro de 1930, lhe foram dados 
amplos poderes – garantidos pela imposição da Lei Orgânica –, o que foi justificada pelo imperativo 
de mudanças de todas as estruturas do país, que envolvia a reestruturação econômica, a otimização 
do aparelho burocrático, o incentivo à diversificação agrícola e às novas áreas da economia, a 
anistia dos tenentes e a moralização do país (principalmente no que se refere às evidentes eleições 
fraudulentas permitidas até então).
33
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
REPÚBLICA NOVA E REPÚBLICA LIBERAL
Com isso, a anistia, para todos os movimentos ocorridos até então, foi concedida em 8 de novembro. 
Já no dia 11 do mesmo mês, o ministro da Justiça, Oswaldo Aranha, amigo próximo do presidente, lia o 
Decreto nº 19.398, que estabelecia, em seus pontos principais:
Art. 1º O Governo Provisório exercerá discricionariamente, em toda sua 
plenitude, as funções e atribuições, não só do Poder Executivo, como 
também do Poder Legislativo, até que, eleita a Assembleia Constituinte, 
estabeleça esta a reorganização constitucional do país;
Parágrafo único. Todas as nomeações e demissões de funcionários ou de 
quaisquer cargos públicos, quer sejam efetivos, interianos ou em comissão, 
competem exclusivamente ao Chefe do Governo Provisório.
Art. 2º É confirmada, para todos os efeitos, a dissolução do Congresso 
Nacional das atuais Assembleias Legislativas dos Estados (quaisquer 
que sejam as suas denominações), Câmaras ou assembleias municipais e 
quaisquer outros órgãos legislativos ou deliberativas, existentes nos Estados, 
nos municípios, no Distrito Federal ou Território do Acre, e dissolvidos os que 
ainda o não tenham sido de fato.
[...]
Art. 4º Continuam em vigor as Constituições Federal e Estaduais, as demais 
leis e decretos federais, assim como as posturas e deliberações e outros 
atos municipais, todos; porém, inclusive as próprias constituições, sujeitas 
às modificações e restrições estabelecidas por esta lei ou por decreto dos 
atos ulteriores do Governo Provisório ou de seus delegados, na esfera de 
atribuições de cada um.
Art. 5º Ficam suspensas as garantias constitucionais e excluída a apreciação 
judicial dos atos do atos do Governo Provisório ou dos interventores federais, 
praticados na conformidade da presente lei ou de suas modificações 
ulteriores.
[...]
Art. 11. O Governo Provisório nomeará um interventor federal para cada 
Estado, salvo para aqueles já organizados; em os quais ficarão os respectivos 
presidentes investidos dos Poderes aqui mencionados.
§ 1º O interventor terá, em cada Estado, os proventos, vantagens e 
prerrogativas, que a legislação anterior do mesmo Estado confira ao seu 
presidente ou governador, cabendo-lhe exercer, em toda plenitude, não só o 
Poder Executivo como também o Poder Legislativo.
34
Re
vi
sã
o:
 M
ar
ci
lia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: J
ef
fe
rs
on
 -
 0
8/
02
/1
6
Unidade I
[...]
Rio de Janeiro, 11 de novembro de 1930, 109º da Independência e 42º da 
República.
GETÚLIO VARGAS.
Oswaldo Aranha.
José Maria Whitaker.
Paulo do Moraes Barros.
Afranio de Mello Franco.
José Fernandes Leite de Castro.
José Isaias de Noronha (BRASIL, 1930a).
Figura 12 – Oswaldo Aranha anuncia, em 11 de novembro de 1930, a dissolução do Congresso

Outros materiais