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Resumo - Maquiavel, Sua época, Idéias e a Ditadura de Transição

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TEORIA DA POLÍTICA E DO ESTADO
Prof. Manoel Moraes
Aluno: Carlos Arôxa
E-mail: carlos.2020170160@unicap.br
Fone: 81-9.
Resumo da Obra:
“Maquiavel: Sua Época, Suas Idéias e a Ditadura de Transição
(Vinícius Soares de Campos Barros)
Nicolau Maquiavel é considerado o maior arauto do realismo político. Nasceu em 1492, em Florença na Itália. Ele foi secretário da República de Florença (Segundo Chanceler). Além de diplomata, filósofo(mais cientista que filósofo) e historiador, foi poeta e músico. Para ele, política e moral não deviam andar juntas. Para ele, a política e a moral regem-se pelas próprias regras, de modo que não há o que se falar de impoliticidade da moral ou de imoralidade da política, pois cada uma seguem suas próprias regras, obedecem às suas próprias leis. Aliás, aqui cabe uma observação: apesar de menosprezar a moral cristã, a qual a enxergava como individualista, fazendo o homem pensar mais na sua salvação, ele enaltecia a moral pagã, a qual valorizava as glórias do mundo terreno e a defesa da pátria.
O secretário florentino não se conformava com a situação em que a Itália se encontrava: fragmentada, sempre vítima de outras potências como França e Espanha, as quais constantemente invadiam seu território. Seu maior sonho era ver a península unida em um só Estado. A República era seu grande sonho.
O contexto histórico da época de Maquiavel era o período da Renascença, movimento inspirado na Antiguidade Clássica, que começou na Itália no século XIV e dali se propagou por toda Europa. Nesse período, há uma transição da idade medieval para a idade moderna, com a preponderância das verdades científicas, demonstradas empiricamente, sobre as verdades reveladas e estabelecidas pela fé. Os livros de Maquiavel foram extremamente influenciados por todo esse apego às coisas terrenas e que caracterizavam a experiência renascentista.
Em seu livro “O Príncipe”, Maquiavel trata dos conceitos de Virtu (sem confundir com a virtude moral) e Fortuna (sorte) que o Príncipe deve ter, considerando uma abordagem renascentista, deixando claro a preponderância da virtu como controladora da imprevisibilidade da fortuna, já que o homem é o centro de todos os acontecimentos, sendo capaz de erguer ou destruir grandes civilizações. Em seus escritos, predominará a visão racional e realista, em sobreposição à postura moralista, contaminada de ideais cristãos, além de dar grande importância às coisas antigas, como escrito na Introdução ao Livro I dos Comentários sobre a Primeira Década de Tito Lívio, em que enaltece as sentenças dos juriconsultos pretéritos e a experiência dos médicos de outros tempos, os quais afirma ser os orientadores, respectivamente, dos juristas e dos clínicos de seu tempo.
Lourenço, o Magnifíco, assumiu o poder de Florença de 1469 (ano de nascimento de Maquiavel), até 1492, quando morreu, assumindo seu filho Pierro de Médici. Durante esse período, Lourenço edificou uma paz provisória, devido à sua grande habilidade diplomática. Em 1494, Carlos VIII, rei da França, invadiu Florença e provocou o exílio da família Médici, quando o filho de Lourenço, Pierro de Médici, acovardado, entrega ao monarca francês as principais fortalezas da cidade, o que gerou uma grande revolta da população.
Em 1498, surge a República livre de Florença, sobre domínio francês, e Maquiavel, então com 29 anos, passa a fazer parte como secretário da segunda Chancelaria, tratando de assuntos internos, e ainda como assessor da Comissão dos Dez, responsável pela Defesa Nacional, realizando missões diplomáticas.
Após 14 anos de serviços prestados à República, em 1512, a milícia de Maquiavel, organizada 6 anos antes, não conseguiu conter o exército espanhol (contando com o apoio do Papa Júlio II, que não tinha Florença como aliada), o qual havia invadido a República florentina, possibilitando o retorno da família Médici ao controle da política.
Após esse episódio, o diplomata é demitido do governo, preso e torturado sob a acusação de conspirar contra os novos senhores. É anistiado e vai morar em sua pequena propriedade na cidade de Sant’ Andrea in Percussina, há 13 quilômetros de Florença. Lá, no campo, ele começa a refletir sobre sua experiência política, transformando-se em pensador, passando a escrever cartas ao governo florentino, com base nos textos da Antiguidade.
Em 1513, ele escreve uma carta ao embaixador de Florença em Roma, Francesco Vettori, falando de seus dias ociosos e da sua vida enfadonha, oferecendo sua obra De Principatibus, obra que conhecemos como o tão aclamado livro O Príncipe, na tentativa de poder voltar a ocupar seu cargo no governo de Florença, por meio da intervenção do embaixador.
Durante esse período no campo, Maquiavel escreveu outros livros:
	Comentários sobre a Primeira Década de Tito Lívio (1513-1517);
	A Mandrágora(1518);
	Belfagor, o Arquidiabo(1518);
	A Arte da Guerra(1519);
	A Vida de Castruccio Castracani(1520);
	História de Florença(1521-1525);
Somente em 1525, aos 56 anos, depois de anos buscando aproximação com os Médici, consegue retornar ao governo de Florença. Contudo, sem as bênçãos da fortuna, em 1527, Francisco I, rei da França, invade a Itália para recuperar os territórios perdidos dois anos antes. Júlio de Médici, o novo pontífice, foge e instaura-se uma nova República, a qual considera Maquiavel como um traidor, por tentar aproximação com os Médici, os antigos senhores, o que o porá mais uma vez no ostracismo, morrendo doente e deprimido em 21 de junho do mesmo ano, pobre e sem prestígio.
Maquiavel é considerado o fundador da Ciência Política moderna, o primeiro pensador a refletir sobre o poder e revelar a sua face cruel, mostrando-o como de fato o é. Para tanto, desvencilhou-se da análise da política segundo uma perspectiva normativa (a política como deveria ser) dos tempos dos filósofos da Grécia antiga, para abordar a política sobre uma perspectiva com base na análise fria dos fatos (a política como de fato é), apoiada em toda sua experiência adquirida em seus 14 anos em que serviu à República de Florença, como Segundo Chanceler, bem como nos textos clássicos. De uma forma objetiva e pragmática, defendia que o poder é de quem possuir a virtu necessária para aproveitar a oportunidade oferecida pela fortuna e exercer o comando do Estado. Desse modo, Maquiavel democratiza o acesso ao comando estatal, deixando claro que este não é exclusividade dos nobres, mas pode pertencer a um pobre, quando este detém a virtu.
Em sua obra, O Príncipe, capítulo XV, revela-se o método maquiaveliano, quando o autor relata que seu intento é escrever:
	algo útil para quem o ler (utilidade);
	que predomine a verdade efetiva da coisa sobre a imaginação dela (empirismo);
	que não seja algo sobre repúblicas que talvez jamais existiram (antiutopismo);
	que não se deve trocar o que se faz pelo que se deveria fazer (realismo).
Quanto à natureza humana, Nicolau tem uma visão de que os homens tem uma inclinação para a maldade, e a revelarão mais cedo ou mais tarde. Apresentam-se portanto, como uma ameaça, pois sua própria natureza o impulsionam à busca pelos seus próprios interesses e, sendo assim, à busca pelo poder. Maquiavel, diante dos egoísmos inerentes à natureza dos homens, vislumbra nos conflitos, nos tumultos e nos antagonismos, uma forma de frear os egoísmos conflitantes de cada um, e assim dar vida ao surgimento de leis que visam a atender aos interesses coletivos (ou, pelo menos, a uma parte deles), permitindo que os homens possam viver em sociedade.
Nesse aspecto, Vinícius Soares de Campos Barros, adverte sobre a diferença que existe entre o Maquiavel de O Príncipe e aquele que escreveu os Comentários sobre a Primeira Década de Tito Lívio demonstrando que a primeira obra ensina a militância política, estratégias para municiar Lourenço II, a fim de que o mesmo possa conseguir unificar a Itália, expulsando os invasores bárbaros e a transformando numa República. A segunda obra demonstra que os conflitos de interesse do povo e da aristocracia, eram os principais responsáveis pelaliberdade que reinava na República, visto que a desunião e os embates fazem surgir as boas leis, e estas, fazem surgir a boa educação. Maquiavel entendia que, dessa desunião entre a aristocacia e o povo, nasciam todas as leis para proteger a liberdade.
A obra O Príncipe, na visão de Renato Jaime Ribeiro, parece ter sido escrito com o propósito de subsidiar alguém em um momento de transição, valendo-se inclusive de procedimentos cruéis quando necessário for, a fim de se alcançar o objetivo que seria unificar o poder na Itália, transformando-a em uma República Moderna. Para ele, esse governante, ou agente de transição, serve apenas àqueles dias de desespero, para que depois, em situação de normalidade política, a república, considerada por Maquiavel como a melhor forma de governo, possa triunfar. De fato, Maquiavel, de forma pragmática, defendia a idéia de que “ocasiões especiais requerem remédios não menos extremos” e que essa violência, nos períodos mais conturbados, ganharia legitimidade mais à frente, abrindo espaço para a liberdade das instituições republicanas.
Em que pese as diferentes opiniões e as distorções que o pensamento de Maquiavel sofreu ao longo dos séculos, o florentino foi um republicano, e seu sonho de ver a República italiana só se concretizou 3 séculos após sua morte, ocorrida em 1527. Contudo, foi no ócio criativo, quando demitido do governo em 1512, expulso e torturado que, após ser anistiado e ter se refugiado no campo, Maquiavel entrou para a história com suas obras literárias, especialmente O Príncipe, a qual, foi e ainda é, o livro de cabeceira dos maiores líderes do planeta, a exemplo de Napoleão Bonaparte.

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