Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Aline Alves dos Santos Objetivo da análise Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar a estrutura das demonstrações contábeis. � Definir a importância da análise das demonstrações contábeis. � Descrever as técnicas de análise horizontal, vertical e por indicadores. Introdução Neste capítulo, você vai adquirir conhecimentos relacionados à análise das demonstrações contábeis e à relevância desse processo diante da tomada de decisão empresarial. A análise das demonstrações contábeis é uma importante ferramenta utilizada para a avaliação de desempenho, apresentando indicadores das expectativas econômicas e financeiras da empresa. Este capítulo demonstrará a estrutura das demonstrações contábeis e as etapas que devem ser seguidas para a aplicação das análises vertical, horizontal e por indicadores. Estrutura das demonstrações contábeis Como indicam os autores Lins e Francisco Filho (2012), os relatórios de análise precisam ser desenvolvidos de modo transparente e sucinto, considerando as metas definidas, pois assim serão melhor entendidos pelos que precisarem dessas informações. Para a constituição de um relatório de análise são necessários alguns procedimentos que permitirão a correta análise empresarial, independente do segmento. É preciso obter um panorama geral do contexto (econômico, político e social) onde a empresa está inclusa, acompanhado de uma avaliação da situação operacional e do mercado concorrente, considerando estratégias futuras para manter-se ativa. Para a elaboração do relatório, deve-se: � destacar as tendências; � ajustar números, após um minucioso exame das informações oferecidas e dos objetivos esperados; � destacar os itens que merecem maior atenção do usuário das análises; � apresentar clareza e exatidão. Assim, considere os itens que pertencem à constituição de um relatório de análise: � Introdução: apresenta os motivos que levaram à elaboração do relatório, a metodologia usada e as observações referentes à análise. � Resultados: apresentam a descrição das análises. � Conclusões: demonstram relatos sobre a posição geral de cada item considerado importante e de modo individual. � Recomendações e sugestões: realizadas nos pontos levantados com base nos objetivos do trabalho (LINS; FRANCISCO FILHO, 2012). As demonstrações contábeis correspondem a uma estrutura da situação patrimonial e financeira da entidade, evidenciando o desempenho ocorrido dentro de um período específico. A estrutura das demonstrações contábeis apresenta informações constantes nos ativos; passivos; patrimônio líquido; receitas e despesas, considerando ganhos e perdas; mutações no capital próprio através de integralizações dos proprietários; distribuições realizadas e fluxos de caixa. A Lei nº 11.638 (BRASIL, 2007) apresentou modificações que alteraram a Lei nº 6.404/76 (BRASIL, 1976), art. nº 176 ao art. nº 182 e art. nº 187, em que estão definidos os elementos que contemplam a estrutura das demonstrações contábeis. A estrutura completa das demonstrações contábeis considera os seguintes elementos: Objetivo da análise2 � Balanço patrimonial: apresenta de forma padrão os saldos das contas patrimoniais que constituem o patrimônio organizacional de acordo com um período definido. � Demonstração do resultado do exercício (DRE): apresenta as receitas bruta e líquida de vendas, as despesas em geral, considerando as de vendas, financeiras, gerais e administrativas, assim como as despesas operacionais. A DRE demonstra o lucro ou prejuízo líquido que a empresa obteve em um período, depois de deduzidos os impostos. � Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados (DLPA) (pode ser substituído pela demonstração das mutações do patrimônio líquido): apresenta o saldo do início do período, ajustes, reversões de reservas e lucro líquido do exercício, entre outras informações perti- nentes a essa demonstração. � Demonstração do fluxo de caixa (DFC): evidencia as movimentações dos recursos financeiros da empresa, possibilitando o controle. � Demonstração do valor adicionado (DVA) (se for publicado pela empresa): corresponde a um informativo contábil que apresenta de maneira sintética a constituição da riqueza que a empresa gerou em um período definido. � Notas explicativas: apresentam as informações adicionais existentes nas demonstrações contábeis. Além dos elementos apresentados, que devem ser considerados como estrutura, as demonstrações contábeis comtemplam também quadros e demais informações necessárias aos usuários, que podem se referir a informações adicionais referentes a itens inseridos no balanço patrimonial e na demonstração do resultado do exercício. Existem outros elementos relevantes que fazem parte da composição das demonstrações contábeis e que são avaliados pelos seus usuários, como, por exemplo, o relatório de administração; as notas explicativas às demonstrações contábeis e o parecer de auditoria. Conforme Lins e Francisco Filho (2012, p. 132), para a constituição da análise das demonstrações contábeis é preciso considerar um modelo agregado e dirigido, em que: O trabalho de análise pode ser elaborado levando-se em consideração uma estruturação integrada e coordenada de seis partes, a saber: Parte 1. Compreende a descrição da metodologia empregada no trabalho de levantamento de dados. 3Objetivo da análise Parte 2. Mostra as principais contas que foram objeto de estudo direto do trabalho e a geração dos indicadores a serem analisados. De acordo com o objetivo proposto, deve-se montar um modelo padrão que permita identificar os fatores importantes para a análise. Parte 3. São as informações necessárias para melhor compreensão do trabalho. Como cada empresa possui o seu próprio plano de contas diferenciado de outras empresas, é necessário agregar contas a fim de que os balanços se tornem comparáveis (caso dos indicadores médios do setor em que a empresa atua). Parte 4. São observados dados e informações que complementam as demonstrações contábeis, como, por exemplo, taxas de juros, vencimentos e garantias de obrigações de longo prazo, os critérios contábeis, como os de avaliações de estoques, depreciações e demais provisões, ou ainda acrescen- tam informações, como garantias prestadas a terceiros, espécies de ações do capital social, eventos subsequentes à data do balanço que tenham efeitos relevantes sobre a situação da empresa. Parte 5. São realizadas as análises da empresa e uma discussão com a visão do que foi objeto do trabalho. Parte 6. São apresentadas as conclusões do trabalho da análise. Importância da análise das demonstrações contábeis Para Lins e Francisco Filho (2012), a análise das demonstrações contábeis poderá ser usada como método de controle sinalizando a situação financeira da empresa. As análises contribuem não somente para a avaliação e tomada de decisão da empresa, mas também para a análise da concorrência que atua no mesmo tipo de segmentação, contribuindo para uma melhor avaliação do mercado. As empresas normalmente têm um período de tempo específico em que precisam efetuar a prestação de contas das operações desenvolvidas. A pres- tação de contas tem por finalidade informar aos diversos interessados, que podem ser tanto internos quanto externos à empresa. Entende-se que os mesmos necessitam estar informados sobre os resultados da organização. Sois se forem usuários externos, como, por exemplo, acionistas, investidores, entre outros, precisam saber se podem ou não continuar investindo na empresa. Os usuários internos, como colaboradores, por exemplo, também possuem interesse na empresa, querendo entender como ela está diante do mercado concorrente, analisando a evolução da empresa, o que poderá refletir diretamente no cres- cimento individual dos profissionais. Objetivo da análise4 O principal objetivo da análise das demonstrações contábeisé a verificação da posição econômica e financeira organizacional, geralmente abrangendo pontos relevantes, como: � a situação interna da empresa; � a atuação da empresa no ramo de atividade onde está inclusa; � o desempenho da empresa diante da economia onde está inserida. A análise tem algumas finalidades específicas: � controle da atividade operacional da empresa; � verificação da atuação empresarial, ou seja, seu desempenho dentro do segmento onde atua, em que é equiparado seu desempenho em relação à principal empresa do mesmo ramo e é avaliada sua atuação e seus reflexos na economia considerando o todo; � projetos de evolução. As demonstrações contábeis se referem às principais fontes de informação, sendo consideradas muito relevantes para a análise, pois fornecem todos os dados necessários sobre a situação econômica e financeira momentânea da empresa, permitindo a visualização de perspectivas futuras. De acordo com Blatt (2001), a análise das demonstrações contábeis, prin- cipalmente para fins de aquisição de crédito, contempla o entendimento das demonstrações aliadas às notas explicativas, mediante um método especí- fico para adquirir melhor compreensão da situação econômico-financeira da entidade, com a finalidade de reconhecer e explicar elementos que possam ocasionar efeitos nas demonstrações contábeis. 5Objetivo da análise Procedimentos de análise vertical, horizontal e por indicadores Segundo Marion (2012), a análise das demonstrações contábeis corresponde a uma ferramenta útil que, mediante as análises vertical, horizontal e por indicadores, possibilita verificar a posição patrimonial da empresa com relação ao seu desempenho. Observe a seguir algumas técnicas para a aplicação da análise das demons- trações contábeis: análise vertical; análise horizontal; indicadores financeiros e econômicos. Análise vertical Através da análise vertical é possível definir a relevância de cada conta referente a um montante. No balanço patrimonial são calculadas as participações refe- rentes às contas, utilizando como base o capital total da empresa. Entretanto, quando se trata da demonstração de resultados, a base a ser usada para cálculo é a receita operacional líquida. Para obter a análise vertical é necessário determinar o que cada elemento da demonstração contábil representa como porcentagem de uma determinada base (MARION, 2012, p. 59): A base é geralmente o total dos ativos no caso do balanço patrimonial, e vendas líquidas, no caso da demonstração do resultado do exercício. Ela en- volve olhar para cima e para baixo nas colunas do balanço patrimonial e fazer comparações. Para demonstrações de resultado do exercício, isto representa estabelecer vendas líquidas de 100% e então calcular a porcentagem de vendas líquidas para cada custo, despesa ou outra categoria. A análise vertical tem por base os valores das contas constantes nas de- monstrações contábeis. Para aplicar a análise vertical é necessário calcular o percentual referente a cada conta ou grupo com relação ao valor total, ou seja, buscando calcular o total do ativo circulante, é preciso dividir o saldo constante nesse grupo pelo total do ativo, conforme vemos a seguir. Para as demais contas, o cálculo ocorre da mesma forma, no entanto, deve-se selecionar o saldo da respectiva conta ou grupo que será calculado. Ativo circulante/ativo total * 100 = % (valor em percentual) Fórmula: conta/ou grupo de contas * 100 Ativo total/passivo total Objetivo da análise6 Análise horizontal A análise horizontal busca apresentar a evolução ou o decréscimo em itens que compõem as demonstrações contábeis em períodos simultâneos. É possível confrontar percentuais em períodos consecutivos, sendo que a análise vertical é realizada dentro de um período. Se existirem mais de três períodos (exercícios sociais), a base para o cálculo da análise horizontal será o período mais antigo. A análise horizontal é aplicada mediante a comparação horizontal ao longo dos períodos nas demonstrações contábeis e nos indicadores. Vale ressaltar que é necessário que os valores equiparados estejam apresentados em moeda de poder aquisitivo constante. Essa análise permite calcular a variação percentual resultante ocorrida entre dois períodos, objetivando demonstrar se ocorreu evolução ou não refe- rente ao elemento analisado. É possível comparar os dados obtidos e realizar ajustes necessários. Entende-se, por exemplo, que se ocorreu acréscimo de vendas, consequentemente houve aumento relativo à produção e ao consumo de materiais. Para obter o cálculo para a análise horizontal, deve-se aplicar a fórmula a seguir: Análise horizontal = –1 × 100Ano atual Ano base Tanto a análise vertical quanto a horizontal auxiliam na constatação de situações que demonstrem, por exemplo, alta nas vendas com queda das margens brutas, assim como também é possível verificar se a empresa está com dificuldades em um único período ou nos demais ramos de atividade. As análises vertical e horizontal possibilitam essa visão, porém, dificilmente fornecem respostas, ou seja, somente possibilitam diagnosticar um problema. 7Objetivo da análise Análise por indicadores Um importante instrumento utilizado para avaliar o desempenho empresarial é a análise por indicadores, calculados a partir das contas das demonstrações contábeis. A análise das demonstrações contábeis mediante indicadores financeiros e econômicos facilita o entendimento referente às informações constantes na demonstração contábil. Essa análise informa sobre os resultados empre- sariais com margem de segurança, facilitando o gerenciamento e aplicação orçamentária. Os indicadores mensuram o desempenho da empresa relativo à sua liquidez, ao seu ciclo operacional, ao seu grau de endividamento, sua rentabilidade e atividade. Para aplicar o cálculo dos indicadores é preciso utilizar como base as informações demonstradas no balanço patrimonial e na demonstração do resultado do exercício. O cálculo e interpretação dos índices representam a relação entre contas ou grupos, conforme Perez Júnior e Begalli, (2015, p. 313): [...] visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa. O cálculo dos índices geralmente é feito por meio da divisão do saldo de um item contábil pelo saldo de outro e sua interpretação depende do conhecimento do conteúdo desses itens. Por exemplo, ao dividirmos o total de direitos de uma empresa pelo total de suas obrigações estaremos obtendo uma informação que nos indica a relação entre esses direitos e obrigações. Para selecionar os indicadores que serão aplicados nas demonstrações con- tábeis, é necessário decidir entre aqueles que são mais adequados ao objetivo da análise realizada. Os indicadores podem ser reunidos nos seguintes grupos: � indicadores de estrutura de capital e endividamento; � indicadores de liquidez (capacidade de pagamento de dívidas); � indicadores de atividade (prazos médios); � indicadores de rentabilidade; � indicadores de gestão do capital de giro; � indicadores de valor de mercado/bolsa. Os indicadores representam o resultado alcançado da divisão de duas grandezas. Nesse caso, entende-se que se a empresa tem a receber o valor de R$ 2.000,00 e a pagar R$ 1.000, será obtido um índice de 2. Observe a Figura 1. Objetivo da análise8 Figura 1. Representação do resultado alcançado. Numerador Denominador 2,00 = índiceContas a receber Contas a pagar =2.000 1.000 = Depois de realizado o cálculo do índice, é necessário realizar a sua in- terpretação, ou seja, diante do valor encontrado (2), é preciso entender se o resultado é considerado bom, razoável, ruim, entre outras características (PEREZ JÚNIOR; BEGALLI, 2015). BLATT, A. Análise de balanços: estruturação e avaliação das demonstrações financeiras e contábeis. São Paulo: Makrons Books, 2001. BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário Oficial da União, Brasília,DF, 17 dez. 1976. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6404consol.htm>. Acesso em: 16 out. 2018. BRASIL. Lei nº 11.38, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divul- gação de demonstrações financeiras. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 dez. 2007. Ed. extra. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/ Lei/L11638.htm#art1>. Acesso em: 16 out. 2018. LINS, L. S; FRANCISCO FILHO, J. Fundamentos e análise das demonstrações contábeis: uma abordagem interativa. São Paulo: Atlas, 2012. MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. PEREZ JÚNIOR, J. H.; BEGALLI, G. A. Elaboração e análise das demonstrações financeiras. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2015. Leituras recomendadas MEGLIORINI, E. Custos: análise e gestão. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. SAPORITO, A. Análise e estrutura das demonstrações contábeis. Curitiba: Intersaberes, 2015. 9Objetivo da análise ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Aline Alves dos Santos Índices econômico- financeiros de análise Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever a importância dos índices econômico-financeiros de análise. � Relacionar os índices econômico-financeiros utilizados na análise. � Identificar a utilização dos índices econômico-financeiros para as empresas. Introdução Neste capítulo, você vai adquirir conhecimentos referentes ao proce- dimento de análise das demonstrações contábeis através de índices, já que estes possibilitam, através das suas informações, demonstrar os fatos ocorridos anteriormente e prestar algumas bases para o entendimento sobre o futuro da organização. Você conhecerá a real importância dos índices econômico-financeiros nas análises, assim como a relação existente entre tais índices e seu uso para as empresas. Relevância dos índices As análises verticais e horizontais auxiliam na coleta de informações iniciais das demonstrações contábeis, podendo essas ser complementadas através da análise de índices, envolvendo o procedimento de cálculo e a interpretação de indicadores sintéticos ou resumidos, buscando mensurar o desempenho e posição empresarial. Através dos índices, são realizados comparativos. Por exemplo, se um balanço patrimonial de um período possui valor limitado, a análise de diversos períodos de resultados oferece maior consistência aos números. Quando é preciso concluir sobre a qualidade de uma empresa, é possível efetuar uma comparação dessa com outras que estejam no mesmo setor, esclarecendo assim essa questão. Isso é realizado com a aplicação dos indicadores na aná- lise, afirmando desse modo a importância que os mesmos possuem para as empresas (BRUNI, 2011). Conforme Lins e Francisco Filho (2012), os índices econômico-financeiros são de grande relevância para as organizações que objetivam adquirir recursos financeiros através de seus acionistas e investidores. Os indicadores econômico- -financeiros representam instrumentos essenciais para obter êxito na captação de recursos. Essas ferramentas servem como base para que os acionistas e investidores verifiquem a posição, tanto econômica, quanto financeira da organização, assim como é possível avaliar possíveis riscos que possam vir a sofrer. Desse modo, os indicadores auxiliam para que os investidores tomem a melhor decisão com relação à aplicação do capital. Os indicadores são primordiais para a gestão empresarial, sendo úteis tam- bém para mensurar as atividades da empresa diante do mercado concorrente. Sabe-se que as empresas apresentam grande variação no seu desempenho, o que acaba ocultando a complexidade das alterações que ocorreram em distintos setores econômicos, onde estão inclusos os diversos segmentos de negócios. Através da oscilação do desempenho empresarial é possível avaliar e entender porque algumas empresas do mesmo ramo possuem empenho melhor que outras. Isso é possível mediante a análise sobre os indicadores econômico-financeiros. É necessário que a empresa tenha conhecimento sobre as oscilações relativas ao seu desempenho, objetivando assim entender melhor o resultado atingido. A empresa possui diversos dados que são convertidos em importantes informações e apresentadas através das demonstrações contábeis, que depois de analisadas com o uso de indicadores transmitem a atuação da empresa, possibilitando planejar as ações futuras. PASSADO FUTURO É necessário entender que nem sempre a evolução futura da empresa repre- senta uma evolução linear do passado. Um dos desafios constantes na análise das demonstrações contábeis é visualizar a evolução empresarial comparando diferentes períodos através do auxílio de índices econômico-financeiros. Índices econômico-financeiros de análise2 A informação financeira é usada para apoiar as decisões tomadas pela gestão em- presarial, pois fornece informações confiáveis relativas aos recursos financeiros e às obrigações que ela possui. Os indicadores têm a importante função de apresentar um diagnóstico financeiro empresarial que pode ser de uma necessidade interna ou externa. A necessidade interna está relacionada ao controle interno das ações que são desenvolvidas diariamente, no entanto, quando os indicadores forem aplicados para necessidade externa, poderá estar relacionada a decisões que refletirão diretamente na empresa, como sua influência com instituições financeiras, fornecedores, clientes, entre outros. A relação entre os índices econômico- financeiros usados na análise Conforme Bruni (2011), os índices econômico-financeiros são obtidos através de cálculos realizados com base no balanço patrimonial e na demonstração do resultado do exercício, esclarecendo as informações apresentadas através de números que identificam a situação da empresa, com relação aos seus elementos patrimoniais, financeiros e de rentabilidade. No entanto, não basta somente realizar os cálculos, é preciso também compará-los com períodos diferentes ou ainda com indicadores de outras empresas que atuem no mesmo ramo ou com características equivalentes. A relação dos indicadores com a análise das demonstrações contábeis existe quando os índices são calculados permitindo que os gestores financeiros consigam visualizar a posição empresarial. Os indicadores que geralmente são usados nas análises das demonstrações contábeis são divididos conforme segue (BRUNI, 2011): Indicadores de liquidez: estão relacionados com a análise, buscando apresentar a solvência ou a capacidade que a empresa possui em cumprir suas obrigações assumidas com terceiros. Se a empresa decidir manter um elevado nível de solvência, será preciso ter uma quantidade elevada de recursos investidos com maior liquidez. Os indicadores de liquidez estão divididos em: liquidez geral, 3Índices econômico-financeiros de análise liquidez corrente, liquidez seca e liquidez imediata. Para realizar o cálculo do índice de liquidez, é preciso utilizar as informações demonstradas no balanço patrimonial, sendo este uma demonstração contábil que apresenta a situação patrimonial da empresa. LG = (AC + R LP) / (PC + PNC) LG = liquidez geral AC = ativo circulante RLP = realizável a longo prazo PC = passivo circulante PNC = passivo não circulante LC = AC / PC LC = liquidez corrente AC = ativo circulante PC = passivo circulante LS = (AC – estoques) / PC LS = liquidez seca AC = ativo circulante PC = passivo circulante LI = disponibilidades / PC LI = liquidez imediata PC = passivo circulante Indicadores de endividamento: são denominados também de indicadores de estrutura de capital. São aplicados na análise buscando entender a estrutura das composições das origens de financiamentos que foram contraídospela empresa e a relação existente entre os capitais auferidos pelos sócios e de terceiros, considerando curto e longo prazo. Através dos indicadores aplicados na análise das demonstrações contábeis, a elevação do endividamento empre- sarial geralmente reflete no aumento da percepção do seu risco. Empresas que possuem alto índice de endividamento demonstram maior comprometimento de resultados e fluxos de caixa vinculados ao pagamento de juros e à amortização da parcela das obrigações. Esse indicador está dividido em: endividamento geral, endividamento financeiro e cobertura de juros. EG = ((AT – PL) / AT) × 100 EG = endividamento geral AT = ativo total ROL = receita operacional líquida Índices econômico-financeiros de análise4 EF = (Empr. + Financ. / AT) × 100 EF = endividamento financeiro Empr. = empréstimos Financ. = financiamentos AT = ativo total CJ = LAJIR / juros CJ = cobertura de Juros LAJIR = lucro antes dos juros e do imposto de renda Indicadores de lucratividade: sua relação com a análise está em verificar o lucro alcançado pela empresa em virtude das vendas realizadas, podendo considerar os custos, os gastos operacionais ou ainda todos os gastos. IL = lucro líquido / receita bruta × 100 Indicadores de atividade: são aplicados com o intuito de analisar os efeitos das atividades operacionais da empresa sobre as demonstrações contábeis. Quando esse indicador é aplicado, demonstra fatores referentes aos prazos de recebimento e de pagamento da empresa e avalia os seus efeitos sobre os ativos, passivos e capital de giro. Esse indicador se divide em: rotação de estoques, prazo médio de recebimento, prazo médio de pagamento, ciclo operacional, ciclo financeiro e rotação de ativos. RE = CPV / EM RE = rotação de estoques CPV = custo do produto vendido EM = estoque médio PMR = (duplicatas a receber / vendas) × 360 PMR = prazo médio de recebimento PMP = (fornecedores / compras) × 360 Ciclo operacional = ciclo econômico + PMCR PMCR = prazo médio de recebimento de contas a receber Ciclo financeiro = ciclo operacional – PMPF PMPF = prazo médio de pagamento a fornecedores 5Índices econômico-financeiros de análise Ciclo financeiro: também conhecido por ciclo de caixa, corresponde ao período existente entre a realização dos pagamentos e o recebimento dos clientes. Demonstra a quantidade de dias existentes entre o pagamento dos insumos e estoques até o recebimento da receita de vendas. Ciclo econômico: representa o intervalo percorrido entre a compra e a venda, isto é, representa o prazo médio de estocagem (BRUNI, 2011). Indicadores de rentabilidade: estão relacionados com o estudo da remuneração relativa das origens do capital de empresa, evidenciada através das fontes totais que podem incluir sócios e terceiros, ou somente sócios. Esse indicador está dividido em: retorno sobre o investimento, retorno sobre o patrimônio líquido e giro do ativo. A rentabilidade deve ser analisada juntamente com a solvência e a análise deve contemplar os elementos financeiros considerados como primordiais, que podem ser visualizados conforme a Figura 1 (BRUNI, 2011). Figura 1. Elementos financeiros essenciais para a análise do índice de rentabilidade. Fonte: Adaptada de Bruni (2011, p. 70). + = TEMPO RISCO RETORNO A Figura 1 evidencia que o sacrifício do tempo (liquidez) e o risco corrido devem ser recompensados através do retorno da operação realizada. Nor- malmente, quanto maior o retorno, deve-se considerar maior o tempo, assim como uma maior exposição ao risco. O vínculo entre rentabilidade e risco deve ser considerado. Índices econômico-financeiros de análise6 ROI = (LL / AT) × 100 ROI = retorno sobre o investimento LL = lucro líquido AT = ativo total ROE = (LL / PL) × 100 ROE = retorno sobre o patrimônio líquido LL = lucro líquido PL = patrimônio líquido GA = RL / AT GA = giro do ativo RL = receita líquida AT = ativo total Ciclo financeiro = ciclo operacional – PMPF PMPF = prazo médio de pagamento a fornecedores RA = vendas líquidas / ativo total RA = rotação de ativo Indicadores dinâmicos: devem analisar os números da empresa através de um entendimento sobre as contas do balanço patrimonial, destacando os elementos relativos à gestão do capital de giro. Indicadores de necessidade de capital de giro: demonstram quando a em- presa deverá dispor de capital de giro, visando manter suas atividades. Esse indicador apresenta se a empresa precisará buscar outros recursos financeiros, como os financiamentos, por exemplo. NCG = contas a receber + estoque – contas a pagar É importante não confundir indicadores de lucratividade com indicadores de rentabilidade. � Lucratividade: ganho obtido sobre as vendas realizadas. � Rentabilidade: ganho obtido sobre o investimento realizado. 7Índices econômico-financeiros de análise Os principais elementos apresentados pelos índices econômico-financeiros são: � Posição financeira: estrutura e liquidez. � Posição econômica: rentabilidade. O uso dos índices econômico-financeiros O uso de índices econômico-financeiros visa auxiliar a empresa para que ela consiga atingir suas metas, mediante as informações que são evidenciadas. Os indicadores são aplicados buscando obter o controle interno das atividades da empresa, verificando e certificando que as atividades estão sendo desem- penhadas conforme planejamento e procedimentos estabelecidos, evitando possíveis desvios de qualquer natureza que ocasionem impactos nos objetivos empresariais. O uso de indicadores econômico-financeiros, que é aplicado para mensurar a posição financeira, ou ainda definir o desempenho empresarial, é cada vez mais presente nas empresas. O uso por diversas empresas é justificado devido a sua importância para a gestão empresarial, pois oferecem as informações precisas que auxiliam os gestores para que os mesmos tomem decisões corretas, contribuindo desse modo para que a empresa alcance suas metas. Os resultados apresentados através do uso dos indicadores econômico- -financeiros interessam aos diversos usuários das informações contábeis, como, por exemplo, gestores, credores e todos os investidores que a empresa possui. Desse modo, entende-se que os indicadores econômico-financeiros não servem somente para fins de controle interno da organização, mas atuam contribuindo com a divulgação de informações de modo mais claro, como na prestação de contas dos gestores, quanto à atuação empresarial, a todos os usuários das informações contábeis, favorecendo a escolha de práticas de governança corporativa. O uso dos indicadores afirma a relação entre contas ou grupo de contas das demonstrações contábeis que apresentam elementos relevantes da po- sição econômica ou financeira da empresa, com base em um determinado momento. Índices econômico-financeiros de análise8 Empresas que utilizam índices econômico-financeiros para a avaliação do seu desem- penho financeiro possuem uma base sólida e confiável para a tomada de decisão de modo coerente pelos investidores (BRUNI, 2011). De acordo com Marion (2012), a análise das demonstrações contábeis e os indicadores representam um instrumento primordial de análise para a apro- vação ou aumento de crédito de acordo com a necessidade das empresas. As demonstrações contábeis são elaboradas através das informações contidas no balanço patrimonial, na demonstração do resultado do exercício e também na demonstração de fluxo de caixa. Desse modo, é de extrema relevância entender como utilizar os indicadores financeiros, já que os mesmos são fundamentais para decidir com segurança a concessão de crédito. É de necessidade das empresas o uso dos indicadores quando precisam da concessão de crédito de terceiros para realizar investimentos, por exemplo. Através dos índices econômico-financeiros é possível calcular prazos de recebimento, projetar lucros, evidenciar a tendência de atuação e solvência, ou seja, usá-los com instrumentos gerenciais (MARION,2012). BRUNI, A. L. A análise contábil e financeira. 2. ed. v. 4. São Paulo: Atlas, 2011. LINS, L. S; FRANCISCO FILHO, J. Fundamentos e análise das demonstrações contábeis: uma abordagem interativa. São Paulo: Atlas, 2012. MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. Leituras recomendadas BLATT, A. Análise de balanços: estruturação e avaliação das demonstrações financeiras e contábeis. São Paulo: Makrons Books, 2001. BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6404consol.htm>. Acesso em: 11 nov. 2018. 9Índices econômico-financeiros de análise BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divul- gação de demonstrações financeiras. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 dez. 2007. Ed. extra. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/ Lei/L11638.htm#art1>. Acesso em: 11 nov. 2018. MEGLIORINI, E. Custos: análise e gestão. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. PEREZ JÚNIOR, J. H.; BEGALLI, G. A. Elaboração e análise das demonstrações financeiras. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2015. SAPORITO, A. Análise e estrutura das demonstrações contábeis. Curitiba: Intersaberes, 2015. Índices econômico-financeiros de análise10 Conteúdo: ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Aline Alves dos Santos Indicadores de liquidez ou solvência Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Relacionar os índices de liquidez ou solvência e seus conceitos. � Aplicar os índices de liquidez ou solvência. � Interpretar os resultados obtidos a partir dos cálculos dos indicadores de liquidez ou solvência. Introdução Neste capítulo, você vai adquirir conhecimentos sobre os índices de liquidez ou solvência, sendo esclarecidos o conceito e a aplicação. O conteúdo apresentará o desenvolvimento de cálculos que mostrem os índices de liquidez ou solvência e como entender os resultados atingidos. Índices de liquidez ou solvência Conforme Bruni (2011), um dos métodos para analisar a solvência ou a ca- pacidade financeira da empresa pode ser realizado com o auxílio dos índices de liquidez, que também são denominados de índices de solvência, visando verificar a capacidade que a empresa possui com relação ao cumprimento das suas obrigações, como, por exemplo, o pagamento dos fornecedores, empréstimos e financiamentos bancários realizados. O estudo relacionado à solvência implica verificar o relacionamento entre fontes distintas de capital. A solvência costuma ter seus principais quocientes demonstrados mediante os índices de liquidez geral, liquidez corrente, liquidez seca e liquidez imediata. Os índices de liquidez inferem a situação financeira. Vale destacar que a análise realizada através da aplicação dos indicadores de liquidez se refere ao momento em que foi efetuada e com base em um período específico, assim, se for realizada em um momento posterior, poderá apresentar resultados diferentes. Uma empresa é avaliada como solvente se apresentar segurança com relação ao pagamento das suas obrigações e mesmo assim permanecer com reserva de patrimônio significativo, evidenciando desse modo um bom cenário de lucro, garantindo a atuação empresarial no mercado por mais tempo. O índice de solvência indica se a empresa conseguirá pagar suas dívidas no longo prazo. A solvência representa a condição da empresa, onde o valor de seus ati- vos excede os passivos, ou seja, a capacidade da empresa com relação ao cumprimento dos seus compromissos com base nos valores que compõem o patrimônio perpetuando suas operações. A capacidade de saldar as dívidas de uma empresa pode ser estimada no curto prazo, assim considerando o período não superior a 12 meses, sendo analisada através do índice de liquidez corrente. Para melhor entendimento sobre os índices de liquidez ou solvência, serão apresentadas as suas divisões e em quais circunstâncias os mesmos poderão ser aplicados: Liquidez corrente (comum): consiste na divisão do ativo circulante pelo passivo circulante. Sabe-se que através do ativo circulante são evidenciados os valores que a empresa receberá futuramente dentro do período de 12 meses. Desse modo, o índice de liquidez demonstra a quantidade de recursos finan- ceiros que a empresa receberá em até 12 meses, ou seja, a quantia em reais (R$) que será auferida pela empresa para cada real a pagar no mesmo prazo. Liquidez seca: é utilizada para avaliar de forma mais rigorosa a capacidade de pagamento considerando o curto prazo, já que os estoques são desconsi- derados como itens para fazer frente às dívidas de curto prazo. A liquidez seca demonstra a quantidade em reais que a empresa tem a receber em no Indicadores de liquidez ou solvência2 máximo 12 meses, desconsiderando os estoques para cada real a pagar dentro do mesmo período. O motivo de escolha de estoques se refere ao maior risco destes quando são confrontados aos demais elementos significativos, como, por exemplo, clientes, pois os estoques estão sujeitos a perdas em decorrência de avarias, roubo, desvalorização, considerando também as dificuldades que podem envolver sua venda. Liquidez geral: é utilizada pela empresa que objetiva analisar a situação financeira, fundamentada na proporção entre o total dos valores que serão auferidos e no total das dívidas, sem diferença de prazos. A liquidez geral evidencia a quantidade de reais que a empresa possui (a receber), para todo valor em real que deve pagar, independente dos prazos. O índice de liquidez geral tem o intuito de apresentar a visão da solvência da empresa no longo prazo. Liquidez imediata: decorre da divisão realizada das disponibilidades, ou seja, caixa e equivalentes de caixa, pelo passivo circulante, e demonstra a capacidade que a empresa possui em relação ao pagamento das suas dívidas de curto prazo de modo imediato, considerando que demonstra quanto possui de recursos financeiros em meio aos pagamentos que vencerão até o término do exercício social seguinte. Os índices de liquidez correspondem a números decimais apresentados por números decimais com duas casas, não sendo demonstrados mediante percentuais, ou seja, eles evidenciam a quantidade de reais a receber em confronto com a quantidade de reais a pagar. A divisão do numerador (em reais) pelo denominador (em reais) resulta em um número decimal. Como aplicar na prática os índices de liquidez ou solvência? Conforme Bruni (2011), o indicador de liquidez é avaliado mediante a pres- teza que a empresa tem em converter seus ativos em recursos financeiros. Os ativos circulantes correspondem aos que possuem maior liquidez, já os ativos imobilizados necessitam de um período maior para que possam ser transformados em recursos financeiros. Os índices de liquidez possuem como base as demonstrações contábeis apresentadas pela empresa e são aplicados através de diferentes fórmulas, conforme segue: 3Indicadores de liquidez ou solvência � Índice de liquidez corrente (comum): expressa a proporção entre valo- res que serão auferidos no curto prazo e valores que serão pagos no curto prazo. Ao obter o resultado mediante o cálculo, é necessário entender que quanto maior ele for, maior será sua capacidade de pagamento no curto prazo, já que será maior a quantidade de reais a receber para cada real que deverá ser pago no curto prazo. Fórmula de liquidez corrente: Ativo circulante / passivo circulante � Índice de liquidez seca: através da sua aplicação é apresentada a proporção entre valores a receber no curto prazo, considerando nesse caso o ativo circulante, desconsiderandoos estoques e os valores que serão pagos no curto prazo, ou seja, no passivo circulante. Ao aplicar o índice de liquidez seca, a partir do resultado é preciso analisar o parâmetro, ou seja, a base necessária para a interpretação do resultado, onde afirma-se que quanto maior for o valor encontrado, melhor será a capacidade de pagamento no curto prazo, já que será maior a quantidade de reais por receber, independente da realização dos estoques para cada real que deve ser pago no curto prazo. Fórmula de liquidez seca: (Ativo circulante – estoques) / passivo circulante � Índice de liquidez geral: evidencia a proporção entre os valores que serão recebidos e os valores que serão pagos. Com base no resultado adquirido, quanto maior ele for, melhor será a capacidade empresarial de modo geral para saldar seus pagamentos, já que assim será maior a quantidade de reais a receber para todo real que será pago, desconside- rando os prazos de vencimentos. Fórmula de liquidez geral: (Ativo circulante + realizável a longo prazo) / (passivo circulante + passivo não circulante) � Índice de liquidez imediata: apresenta a proporção existente entre as disponibilidades e os valores a pagar no curto prazo pela empresa. Posterior à realização do cálculo, com relação ao resultado apresentado, Indicadores de liquidez ou solvência4 quanto maior ele for, melhor será a capacidade imediata do pagamento das dívidas contraídas pela empresa e que possuem vencimento em curto prazo. Fórmula de liquidez imediata: Caixa e equivalentes de caixa / passivo circulante Todos os índices de liquidez de curto prazo (corrente, seca e imediata) possuem o passivo circulante como denominador nas fórmulas. Saporito (2015, p. 154) realiza um comparativo com relação aos indicadores de liquidez: Isso serve para ressaltar que, nos três casos, as comparações são com a dívida de curto prazo e o que varia é o numerador, que diz respeito ao que é comparado com a dívida de curto prazo. O índice de liquidez geral é o único dos quatro índices de liquidez que tem a dívida total como denominador. Em comum, os quatro índices têm sua avaliação, pois todos eles são do tipo “quanto maior o resultado do cálculo, melhor é a avaliação do índice. Resultados adquiridos com cálculos dos indicadores de liquidez ou solvência A aplicação dos índices de liquidez apresenta resultados que são úteis para aqueles que os analisam e por isso é importante a correta interpretação dos resultados obtidos. Algumas informações devem ser seguidas, pois servem como base para a interpretação do resultado apresentado pelos índices de liquidez ou solvência, conforme segue: � Quando for > 1: a organização conseguirá cumprir com suas obrigações. � Quando for = 1: o valor que a organização possui disponível corresponde ao mesmo valor das suas obrigações, ou seja, o total a pagar. � Quando for < 1: significa que a organização não tem recursos financeiros suficientes para quitar com suas obrigações. Índice de liquidez corrente O capital de giro das empresas normalmente é demonstrado através de índices. Através do cálculo aplicado, onde se divide o ativo circulante da empresa pelo passivo circulante, se obtém o índice de liquidez corrente (GARRISON, NOREEN, BREWER, 2013). Observe o Quadro 1. 5Indicadores de liquidez ou solvência Fonte: Adaptado de Marques, Carneiro Júnior e Kühl (2015, p. 50). Balanço patrimonial — Exercício findo em 31/12/X2 — Em R$ Ativo X1 X2 Passivo X1 X2 Circulante Circulante Disponível 6.850 7.000 Fornecedores 4.780 10.290 Cliente 4.800 3.710 Dividendos a pagar 1.300 520 Estoques 7.460 5.800 IR/CSSL a pagar 430 510 Total do circulante 19.110 16.510 Total do circulante 6.510 11.320 Não circulante Não circulante Investimentos 10.200 15.000 Exigível a longo prazo 8.000 9.300 Imobilizado 17.200 21.500 Empréstimos 8.000 9.300 Máquinas 20.000 25.300 Total do não circulante 30.000 40.000 Depreciação acumulada (2.800) (3.800) Patrimônio líquido 2.000 2.390 Intangível 27.400 10.000 Capital social 32.000 42.390 Total do não circulante 46.500 Reservas de lucros Total do PL Total do ativo 46.510 63.010 Total do passivo + PL 46.510 63.010 Quadro 1. Balanço patrimonial – aplicação de índices de liquidez Utilizando a fórmula para calcular o índice de liquidez corrente, com base nos valores expressos através do Quadro 1, obtém-se o seguinte: LC: Ativo circulantePassivo circulante = = 2,94 19.110 6.510 = 1,46 16.510 11.320 Ano X1 Ano X2 Indicadores de liquidez ou solvência6 Com base nos valores obtidos através da fórmula de liquidez corrente, é correto afirmar que no ano X1, para cada R$1,00 de obrigação que a empresa possui e vencível até 12 meses, existe R$ 2,94 em ativos de curto prazo que garantem esses pagamentos. Com base no ano X2, observa-se que o resultado obtido foi de R$ 1,46, ou seja, para cada R$ 1,00 de obrigação que a empresa possui e vencível até 12 meses, existe R$ 1,46 em ativos de curto prazo para que os pagamentos sejam quitados. É importante destacar que a empresa con- seguirá cumprir com suas obrigações, mas é notável que nesse período o resultado adquirido foi bem menor em comparação com o ano anterior, o que identifica que a empresa possui um valor maior referente às dívidas com relação ao período X1. Índice de liquidez seca Assim como os demais indicadores de liquidez, para o índice de liquidez seca não seria diferente, assim devemos considerar para o resultado, quanto maior, melhor será para a empresa. LS: (Ativo circulante – Estoques) Passivo circulante = (19.110 – 7.460) 6.510 = 1,79 (16.510 – 5.800) 11.320 = 0,95 Ano X1 Ano X2 Com relação aos valores extraídos do Quadro 1 e aplicados na fórmula da liquidez seca, podemos verificar uma redução considerável entre os períodos de X1 para X2, pois em X1 a empresa apresentou R$ 1,79 para cada R$ 1,00 de dívidas que a empresa possui. No entanto, para o ano X2 o resultado foi de R$ 0,95 para cada R$ 1,00 de dívidas a pagar, o que identifica que a capacidade de pagamento das dívidas no curto prazo da empresa pode estar comprometida. Índice de liquidez geral O índice de liquidez geral avalia a saúde financeira da empresa considerando sempre o longo prazo. Com base nos valores adquiridos através do Quadro 2, é necessário avaliar o resultado encontrado a seguir. 7Indicadores de liquidez ou solvência LG: (Ativo circulante + Realizável a longo prazo)(Passivo circulante + Passivo não circulante) LG: (26.530 + 1.550)(18.880 + 10.880) 28.080 29.760= = 0,94 (96.894 + 9.950) (96.438 + 13.240) 106.844 109.678= = 0,97 Ano 31/12/X Ano 31/12/X1 Através do resultado adquirido mediante cálculo do índice de liquidez geral, utilizando as informações coletadas no Quadro 2, é possível analisar que a empresa apresenta no período de 31/12/X, R$ 0,94 para cada R$ 1,00 de dívida que possui para quitar. Avaliando o período de 31/12/X1, o resultado foi de R$ 0,97. Observa-se uma pequena melhora com relação ao ano anterior, no entanto, a empresa possui R$ 0,97 para cada R$ 1,00 de dívidas a pagar. Com base no resultado encontrado para os dois períodos, é preciso destacar que se a empresa precisasse saldar todas as suas obrigações teria dificuldades financeiras. Como para os demais índices de liquidez, quanto maior o resultado, melhor para a empresa, destacando que o ponto base a ser considerado é de R$ 1,00 ou acima de um. Balanço patrimonial Controladora Delta (Exercício findo em 31/12/X1) Ativo 31/12/X 31/12/X Passivo 31/12/X 31/12/X1 Circulante 26.530 96.894 Circulante 18.800 98.438 Disponibi- lidades 10.660 58.790 Fornecedores 6.640 58.890 Caixa 7.090 58.220 Salários a pagar 2.670 4.150 Bancos 3.570 570 Contas a pagar 7.410 9.810 Provisão de férias 2.160 2.730 Direitos realizáveis 14.160 36.394 Provisão para imposto de renda 1.910 Quadro 2. Análise dos índices de liquidez (Continua) Indicadores de liquidez ou solvência8 Quadro 2. Análise dos índices de liquidezBalanço patrimonial Controladora Delta (Exercício findo em 31/12/X1) Clientes 4.070 12.470 Contribuição social 1.260 Estoques 8.560 19.400 Participações a pagar 4.303 Adiantamento de viagem 1.530 1.530 Dividendos a pagar 4.379 Dividendos a receber 2.994 Encargos sociais a pagar 4.690 ICMS a pagar 2.426 Despesas do exercício seguinte 1.710 1.710 Empréstimo SIGMA 3.800 Seguros pagos anteci- padamente 1.710 1.710 Não circulante 10.880 13.240 Financiamen- tos a pagar, longo prazo 7.350 9.710 Não circulante 24.210 47.312 Aluguéis rece- bidos anteci- padamente 3.530 3.530 Reutilizável a longo prazo 1.550 9.950 Emprétimo compulsório 1.550 3.950 Patrimônio líquido 20.980 32.528 Empréstimo ÔMEGA 6.000 Capital social 13.690 15.580 (Continua) (Continuação) 9Indicadores de liquidez ou solvência Fonte: Adaptado de Santos, Schmidt e Fernandes (2012, p. 24). Quadro 2. Análise dos índices de liquidez Balanço patrimonial Controladora Delta (Exercício findo em 31/12/X1) Investi- mentos 4.420 17.011 Capital subscrito 15.000 15.000 Participações em controladas 4.420 17.011 Capital a integralizar -1.310 580 Imobilizado 18.240 18.731 Reserva de capital 0 0 Imóvel de uso 20.220 20.220 Depreciação acumulada, imóvel de uso -1.980 -2.789 Reserva de avaliação patrimonial 2.020 2.020 Veículos 1.300 Reservas de lucros 2.920 3.311 Intangível 0 1.620 reserva legal 0 730 Marcas e patentes 1.620 Reserva estatutária 0 1.461 Reserva de contingências 1.800 0 Reserva de lucros a realizar 1.120 1.120 Lucros acumulados 2.350 11.617 Total do ativo 50.740 144.206 Total do passivo e patrimônio líquido 50.740 144.206 (Continuação) Indicadores de liquidez ou solvência10 Índice de liquidez imediata O índice de liquidez imediata avalia as disponibilidades, como, por exemplo, contas como caixa, bancos e aplicações financeiras que são de liquidez ime- diata e o passivo circulante. Através da sua aplicação é evidenciado quanto a empresa possui de recurso financeiro disponível para cada uma das dívidas adquiridas de curto prazo. O índice de liquidez imediata é considerado con- servador, possuindo no numerador os fundos imediatamente disponíveis e no denominador as obrigações com prazos de vencimentos estipulados para até 360 dias. LI: Caixa e Equivalentes de caixa Passivo circulante = 10.660 18.880 = 0,56 58.790 96.438 = 0,61 Ano 31/12/X Ano 31/12/X1 Através dos valores obtidos com o cálculo do índice de liquidez imediata, utilizando as informações coletadas no Quadro 2, é possível verificar que a empresa apresenta no período de 31/12/X, R$ 0,56 para cada R$ 1,00 de obrigações a pagar. Com relação ao período seguinte, de 31/12/X1, o resultado foi de R$ 0,61, onde é possível analisar uma melhora ao comparar com o ano anterior, porém, se a empresa necessitasse saldar todas as suas obrigações de forma imediata ela não teria essa capacidade, pois em ambos os períodos o resultado encontrado foi menor que um, sendo este o parâmetro mínimo para a interpretação dos resultados obtidos através dos indicadores de liquidez ou solvência. BRUNI, A. L. A análise contábil e financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. v. 4. (Série des- vendando as finanças). GARRISON, R. H; NOREEN, E. W; BREWER, P. C. Contabilidade gerencial. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. MARQUES, J. A. V. da C.; CARNEIRO JÚNIOR, J. B. A.; KÜHL, C. A. Análise financeira das empresas. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2015. 11Indicadores de liquidez ou solvência SAPORITO, A. Análise e estrutura das demonstrações contábeis. Curitiba: Intersaberes, 2015. SANTOS, J. L. dos; SCHMIDT, P.; FERNANDES, L. A. Contabilidade avançada: aspectos societários e tributários. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012. Leituras recomendadas BLATT, A. Análise de balanços: estruturação e avaliação das demonstrações financeiras e contábeis. São Paulo: Makrons Books, 2001. LINS, L. S; FRANCISCO FILHO, J. Fundamentos e análise das demonstrações contábeis: uma abordagem interativa. São Paulo: Atlas, 2012. MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. MEGLIORINI, E. Custos: análise e gestão. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. PEREZ JUNIOR, J. H.; BEGALLI, G. A. Elaboração e análise das demonstrações financeiras. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2015. Indicadores de liquidez ou solvência12 Conteúdo: ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Aline Alves dos Santos Indicadores de atividade Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar o conceito e a utilização dos indicadores de atividade. � Reconhecer os indicadores de atividade. � Aplicar a relação entre os indicadores de atividade. Introdução Neste capítulo, você vai adquirir conhecimentos referentes aos indica- dores de atividade, que permitem verificar aspectos do capital de giro da empresa mediante o ciclo financeiro. A partir do uso dos indicadores de atividade, a empresa poderá tomar melhores decisões, pois estará amparada pelos resultados apresentados e que são de grande relevância, já que indicam se existe discordância entre os prazos de recebimentos e de pagamentos. Serão apresentados o conceito e a formação do índice de capital líquido, como é realizado seu cálculo e as circunstâncias em que esse índice pode ser aplicado. Os indicadores de atividade e a sua aplicação Os índices de atividade representam indicadores relativos à velocidade com que circulam alguns elementos de análise e são importantes para um correto entendimento da liquidez e da rentabilidade. A partir desses indicadores ficam evidentes as rotações que o capital teve, assim como os valores investidos na produção, apontando o número de vezes que foram aplicados e recuperados Tais índices também auxiliam a formular os conceitos de ciclo operacional e ciclo financeiro (SAPORITO, 2015). Conforme Padoveze e Benedicto (2010), os indicadores de atividade opera- cional permitem a verificação da atuação da empresa e se a mesma necessita investir em capital de giro. Os usos dos indicadores visam demonstrar o desempenho operacional da empresa referente aos seus elementos principais, apresentados através do balanço patrimonial e da demonstração do resultado do exercício. O uso dos indicadores é aplicado com relação ao produto das operações da empresa e o saldo disponível apresentado no balanço patrimonial, abordando os elementos primordiais que constituem o capital de giro próprio da empresa. De maneira geral, os indicadores de atividade demonstram as políticas de controle do fluxo de caixa, assim como a capacidade de assegurar um fluxo constante de atividades operacionais. Você sabe o que significa a gestão operacional? Refere-se à gestão do ciclo de compras, produção e vendas de produtos ou serviços. Trata da gestão de recursos precisos para o processo de transformação de produtos até a entrega aos clientes (PADOVEZE; BENEDICTO, 2010). Através do uso dos indicadores de atividade é possível identificar a média de dias que a empresa demora para receber as vendas que foram realizadas a prazo, assim como a média de dias que a empresa levará para quitar suas compras e renovar seu estoque. Quando os indicadores de atividade são utilizados para uma análise, quanto maior for a velocidade do recebimento das vendas e da renovação dos estoques, melhor será para a empresa. No entanto, quanto mais demorado for o processo de pagamento das compras, a empresa corre o risco de ter que buscar recursos financeiros através de instituições financeiras para saldar suas dívidas, mas para isso estará pagando juros. Assim, será necessário que a empresa faça uma análise minuciosa sobre os prazos, pois os recebimentos devem possuir prazo bem menor que os pagamentos, ou seja, será preciso criar novas estratégias buscando melhorar esse índice, resultando em melhores prazos para a empresa. Usandoos indicadores de atividades a) Prazo médio de recebimento de vendas Fórmula: PMRV = (duplicatas a receber / vendas) × 360 Indicadores de atividade2 Considere: Duplicatas a receber: R$ 120.000 Receita bruta de vendas: R$ 600.000 PMRV = (120.000 / 600.000) × 360 PMRV = 72 dias O PMRV demonstra que a empresa possui uma média de 72 dias para receber suas vendas. b) Prazo médio de pagamento de compras PMPC = (fornecedores / compras) × 360 Considere: Fornecedores a pagar: R$ 230.000 Compras: R$ 670.000 PMPC = (230.000 / 670.000) × 360 PMPC = 123 dias O PMPC indica que a empresa possui uma média de 123 dias para pagar suas compras. c) Prazo médio de renovação de estoques RE = CPV / EM (estoque médio) Considere: CPV (custo do produto vendido): R$ 422.000 EM: R$ 629.000 RE = (422.000 / 629.000) × 360 RE = 241 dias 3Indicadores de atividade O PMRE indica que a empresa possui uma média de 241 dias para vender seu estoque. Identificando os indicadores de atividade Os indicadores de atividades possibilitam verificar aspectos do capital de giro da empresa mediante o ciclo financeiro. Os indicadores de atividade evidenciam a situação da empresa em relação ao recebimento das vendas realizadas, o giro e o uso dos estoques até o momento das suas obrigações. Conforme Gitman e Joehnk (2005), os indicadores de atividade correspondem à rotação de estoques, recebimento de vendas, pagamento de compras, ciclo operacional, ciclo financeiro e rotação do ativo. O índice de prazo médio de rotação de estoques ou renovação de estoques (PMRE) objetiva analisar a velocidade do giro dos estoques, isto é, verifica o tempo preciso desde o seu desenvolvimento até a sua venda. É necessário destacar que, quanto menor for esse prazo de renovação dos estoques, mais próximo do processo de transformação em dinheiro estarão os valores inves- tidos nesse item. O PMRE pode ser calculado através da comparação do valor dos estoques de acordo com o período do balanço patrimonial e do custo dos produtos vendidos (CPV), ou seja, do valor do CPV constante na DRE dividido pelo período constante nela. Fórmula para cálculo da rotação de estoques: PMRE = CPV / EM RE = rotação de estoques CPV = custo do produto vendido EM = estoque médio O prazo médio de recebimento de vendas (PMRV) pode ser calculado ao dividirmos o valor das contas a receber de clientes pelo de vendas diárias. Assim, proporcionalmente é possível afirmar que a conta clientes corresponde a um determinado número de dias de vendas. Esse índice pode ser calculado mediante uma posição única, com base na data do balanço patrimonial. Indicadores de atividade4 O índice PMRV indica uma média do tempo transcorrido, entre a efetuação da venda dos produtos e o recebimento das vendas. As vendas realizadas diariamente são obtidas mediante a divisão das vendas do período constantes na Demonstração de resultado do exercício (DRE) pela quantidade de dias do período. Se a DRE se referir ao ano, é preciso considerar o ano comercial de 360 dias que será usado na fórmula. O ideal é que o valor relacionado às vendas aconteça dentro do menor espaço de tempo. Objetivando verificar esse indicador é necessário entender que, quanto menor for a quantidade de dias, mais rápido a empresa receberá os valores relativos às vendas. Ao calcular o prazo médio de recebimento de vendas, vale destacar que não está sendo avaliado somente as vendas a prazo, ou seja, considera-se o montante de vendas. O montante das vendas usado nos cálculos do PMRV considera a receita bruta, menos as devoluções, considerando os tributos devidos, como, por exemplo, IPI, ICMS, entre outros, e o montante de duplicatas a receber, sem excluir provisão para devedores duvidosos e duplicatas descontadas. Mantendo desse modo a mesma consistência de base de cálculo. Fórmula para cálculo do prazo médio de recebimento: PMRV = (duplicatas a receber / vendas) × 360 PMRV = prazo médio de recebimento O prazo médio de pagamento de compras é uma importante tarefa das empresas comerciais. O valor das compras deve ser calculado como custo da mercadoria vendida (CMV) mais o estoque final e menos o estoque inicial. Com relação às empresas industriais, o nível de dificuldade para calcular o valor de compras é maior, já que o CPV considera os custos de transformação, isto é, a mão de obra direta e os custos indiretos decorrentes da fabricação. Para encontrar o PMPC é preciso estabelecer o valor das compras diárias, utilizando o valor da conta fornecedores e dividir pelas compras diárias, obtendo, desse modo, o valor que se refere ao PMPC. Nesse sentido, a conta fornecedores não é considerada como valor a pagar, mas sim como a quantidade de dias de compras em que a empresa é financiada. 5Indicadores de atividade O índice PMPC aponta o período da realização das compras até o período do paga- mento. Para esse indicador, é necessário considerar que, quanto maior for o resultado do indicador, melhor será a posição financeira da empresa. Uma dificuldade que pode surgir no cálculo do PMPC, é referente ao valor de compras, considerando que a DRE não a destaca, somente os custos das vendas. Ao tratar de uma empresa comercial, tudo se resume. O custo da mercadoria vendida indicado na DRE se refere à soma do estoque inicial mais as compras realizadas no período, menos o estoque final, conforme a seguinte fórmula: CMV = EI + C – EF Ao fazer uso dos valores dos estoques apontados no ativo circulante nas colunas, estoques inicial e final, e o próprio valor do CMV constante na DRE, encontra-se o valor referente às compras. Fórmula para cálculo do prazo médio de pagamento: PMPC = (fornecedores / compras) × 360 O ciclo operacional se refere o período entre a compra dos estoques e o recebimento das vendas. Representa também o período que a empresa precisa para transformar suas vendas em dinheiro, considerando desde o momento em que for realizada a compra da matéria-prima usada na produção (CAVAL- CANTE, [201-?]). A partir do ciclo operacional é possível comparar dos prazos de pagamento, os prazos de recebimento e o giro dos estoques. Ele evidencia a evolução, o retorno empresarial e sua eficiência. Através desse indicador é demonstrado o período utilizado desde a compra dos insumos ou materiais até o momento do recebimento das vendas, assim, quanto menor for o resultado, melhor será para a empresa. Indicadores de atividade6 Fórmula para cálculo do ciclo operacional: Ciclo operacional = ciclo econômico + PMRV PMRV = prazo médio de recebimento das vendas O ciclo financeiro representa o tempo esperado pela empresa para os pagamentos e os recebimentos de clientes. Quanto maior for o seu resultado, menos vantajoso será para a empresa, pois isso significa que a empresa estará fazendo uso do financiamento por um período mais longo e, dessa forma, consequentemente, pagando um custo mais elevado pelo seu uso. Fórmula para cálculo do ciclo financeiro: Ciclo financeiro = ciclo operacional – PMPC = prazo médio de pagamento das compras O ciclo financeiro também é conhecido por ciclo de caixa e corresponde ao tempo existente entre os pagamentos e os recebimentos das vendas realizadas. As empresas precisam de um período mínimo posterior à entrega do produto ou do serviço para providenciar o pagamento. O índice de rotação ou giro de ativos apresenta o número de vezes que o ativo foi recuperado decorrente das vendas que foram efetuadas no período. O ideal para esse índice é considerar “quanto mais elevado for este índice, melhor”. Através da rotação de ativos é demonstrada a eficiência que a empresa possui com relação aos seus ativos, visando gerar vendas. Quanto maior for a quantidade de vendas realizadas, maior será o fluxo dos ativos gerados por elas, ou seja, quanto mais a empresa vender, mais intensa será a movimentação. Para descobrir a quantidade de vezes que o ativo girou em virtude do volume de vendas, é necessário dividir o valor dasvendas líquidas pelo ativo total. Fórmula para cálculo da rotação de ativos: RA = vendas líquidas / ativo total 7Indicadores de atividade A relação entre os indicadores de atividade De acordo com Lins e Francisco Filho (2012), os indicadores de atividade relacionam-se através dos itens apresentados no balanço patrimonial e da demonstração do resultado do exercício da empresa. Os indicadores de ati- vidade são evidenciados em conformidade com a sua natureza, ou seja, são expressos em períodos de dias, meses ou giro no ano. A exatidão dos prazos médios deve ser uniforme, relativa às compras e às vendas realizadas a prazo pela empresa. Se a empresa possui compras e vendas com prazos semelhantes durante o período, os prazos médios apresentarão efeitos satisfatórios e de acordo com a realidade. No entanto, se as vendas e as compras oscilarem, ou seja, tiverem variações nos seus prazos, poderá refletir nos prazos médios que possivelmente apresentarão resultados distorcidos com relação ao esperado. Através da Figura 1 é possível verificar a existência da relação entre os indicadores de atividade. Figura 1. Ciclo operacional de compra e venda. Fonte: Adaptada de Padoveze e Benedicto (2010, p. 169). Compras de materiais ou matérias-primas Recebimento Produção Vendas A Figura 1 apresenta o vínculo entre os indicadores, demonstrando que uma ação reflete diretamente nas demais, ou seja, a empresa precisará adquirir matéria-prima ou insumos para o desenvolvimento dos produtos. Os produtos, depois de concluídos, são estocados e posteriormente vendidos. Quando essa Indicadores de atividade8 venda é realizada a prazo aos seus clientes, é necessário que esse prazo apre- sente uma média maior que a média dos pagamentos que a empresa possui, pois, a empresa poderá realizar seus pagamentos conforme seus vencimentos quando já tiver recebido os valores dos seus clientes. A Figura 1 apresenta um ciclo operacional da ação de compra e venda, evidenciando a importância do recebimento antes dos pagamentos. Observe a relação direta existente entre as vendas, as compras e o custo das vendas: Os indicadores que envolvem as compras, as vendas e os estoques, auxiliam na compreensão da melhor posição financeira da empresa, pois demonstra qual o prazo médio de pagamento, o prazo médio de recebimento e o que a empresa possui de produtos em estoque. Através da análise dos indicadores de atividade é possível constatar se a empresa se encontra ou não com dificuldades financeiras, pois isso pode ser analisado através do cálculo do PMRV. Através do cálculo desse indicador, a empresa saberá se o prazo dos recebimentos será menor que o prazo dos pagamentos, pois dessa forma terá recursos disponíveis para saldar suas dívidas. Buscando entender a relação entre os indicadores de atividade, considere as seguintes informações: Prazo médio de recebimento: 72 dias Prazo médio de pagamento: 123 dias Prazo médio de rotação de estoques: 241 dias Posicionamento de atividade: (PMRE + PMRV) / PMPC PA = (241 dias + 72 dias) / 123 = 2,5 O resultado apresentado pelo posicionamento de atividade, de 2,5, é to- talmente desfavorável, pois se considera que o ideal de resultado para esse índice seja o mais próximo de 1, ou menor que 1. Diante da situação apresentada, a empresa leva para vender (PMRE) e para receber (PMRV) as vendas realizadas um prazo considerado longo, de 313 dias (241 + 72). Seu ciclo operacional possui prazo de quase um ano. No entanto, a empresa possui 123 dias para pagar suas compras. Nesse caso, fica evidente que a empresa nem realizou vendas ainda, porém já desembolsou com salários de funcionários, pagamento de fornecedores, entre outros, o que resulta em dificuldades de capital de giro. 9Indicadores de atividade CAVALCANTE, F. Aspectos avançados na análise econômica e financeira. Up-to-date, [s. l.], n. 72, [201-?]. Disponível em: http://cavalcanteassciados.com.br/utd/UpToDate072. pdf. Acesso em: 17 nov. 2018. GITMAN, L. J.; JOEHNK, M. D. Princípios de investimentos. 8. ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2005. LINS, L. S; FRANCISCO FILHO, J. Fundamentos e análise das demonstrações contábeis: uma abordagem interativa. São Paulo: Atlas, 2012. PADOVEZE, C. L; BENEDICTO, G. C. de. Análise das demonstrações financeiras. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Cengage Learning, 2010. SAPORITO, A. Análise e estrutura das demonstrações contábeis. Curitiba: Intersaberes, 2015. Leituras recomendadas BLATT, A. Análise de balanços: estruturação e avaliação das demonstrações financeiras e contábeis. São Paulo: Makrons Books, 2001. BRUNI, A. L. A análise contábil e financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. v. 4. (Série des- vendando as finanças). GARRISON, R. H; NOREEN, E. W; BREWER, P. C. Contabilidade gerencial. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. MARQUES, J. A. V. da C.; CARNEIRO JÚNIOR, J. B. A.; KÜHL, C. A. Análise financeira das empresas. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2015. MEGLIORINI, E. Custos: análise e gestão. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. PEREZ JUNIOR, J. H.; BEGALLI, G. A. Elaboração e análise das demonstrações financeiras. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2015. Indicadores de atividade10 Conteúdo: ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Aline Alves dos Santos Índice capital circulante líquido Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir o conceito e a formação do capital circulante líquido. � Descrever o cálculo do capital circulante líquido. � Resolver situações aplicando o índice de capital circulante líquido. Introdução Neste capítulo, você vai adquirir conhecimentos relacionados ao índice de capital circulante líquido (CCL). Primeiramente, você estudará o conceito do CCL, que se refere à diferença existente entre o ativo circulante e o pas- sivo circulante, de acordo com um período específico. Serão apresentados o conceito e a formação do índice de capital líquido, como é realizado seu cálculo e as circunstâncias em que esse índice pode ser aplicado. O que é CCL? Conforme Blatt (2001), o CCL também é denominado de capital de giro líquido (CGL) e representa o excesso financeiro empresarial, ou seja, a folga ou falta de ativos circulantes em contrapartida aos passivos circulantes. O ativo circulante aborda algumas contas, como, por exemplo, a soma das contas a receber, dos estoques, dinheiro em caixa, dinheiro em banco, aplicações financeiras e duplicatas a receber. O passivo circulante envolve algumas contas, como, por exemplo, fornecedores, contas a pagar, folha de pagamento, encargos sociais, impostos a pagar, empréstimos a pagar e demais dívidas vencíveis dentro do prazo de um ano, ou seja, 12 meses. A fórmula usada para calcular o CCL é definida da seguinte forma (BLATT, 2001, p. 99): CCL = CGL = AC – PC Ou CCL = (PNC + PL) – ANC Onde: CCL: capital circulante líquido CGL: capital de giro líquido AC: ativo circulante PC: passivo circulante PNC: passivo não circulante PL: patrimônio líquido ANC: ativo não circulante Através do CCL fica evidente a falta ou o excesso do ativo circulante relativo ao passivo circulante. Desse modo, quanto mais elevado for o CCL ou CGL, melhor será para a empresa, já que a partir desse resultado ela possui um excesso financeiro, o que não representa uma folga de caixa. O resultado adquirido com o CCL corresponde à proporção em que o passivo circulante financia o ativo circulante. O uso do CCL busca evidenciar se há estabilidade entre risco e rentabilidade. É possível afirmar que o CCL ou CGL corresponde à soma dos recursos financeiros de curto prazo que estão disponíveis para financiamento das operações empresariais. Observe os possíveis resultados para o CCL e o que eles indicam: Índice capital circulante líquido2 CCL > 0: quando o CCL for maior que 0 significa que o ativocirculante é maior que o passivo circulante, o que resulta em um índice de liquidez corrente maior que 1. Analisando o Quadro 1, é possível constatar no exemplo que o ativo cir- culante é relativamente maior que o passivo circulante, o que representa que o CCL da empresa é positivo e que ela possui uma folga financeira. CCL = 0: quando o valor do CCL for igual a 0 resultará em um índice de liquidez corrente igual a 1. Fonte: Adaptado de Blatt (2001, p. 99). ATIVO PASSIVO AC PC ELP RLP PL AP Quadro 1. CCL maior que 0 Observando o Quadro 2, verifica-se que o ativo circulante é equivalente ao passivo circulante, ou seja, possui a mesma proporção. CCL < 0: quando o resultado obtido do CCL for menor que 0, significa que o ativo circulante é menor que o passivo circulante, resultando em um índice de liquidez corrente menor que 1. Nesse caso, o CCL é negativo. 3Índice capital circulante líquido Fonte: Adaptado de Blatt (2001, p. 100). ATIVO PASSIVO AC PC RLP ELP AP PL Quadro 2. CCL igual a 0 Ao analisar o Quadro 3, observa-se que ao contrário do Quadro 1, o passivo circulante é maior que o ativo circulante, significando que a empresa não possui excesso ou folga financeira. Fonte: Adaptado de Blatt (2001, p. 100). ATIVO PASSIVO AC PC RLP ELP AP PL Quadro 3. CCL menor que 0 Índice capital circulante líquido4 Calculando o CCL De acordo com Saporito (2015), ao calcular o CCL pode-se obter um resultado positivo, negativo ou nulo. Ao adquirir um resultado negativo, constata-se que essa empresa possui um risco mais elevado da sua operação, já que ela possui obrigações de curto prazo que são superiores aos ativos de curto prazo. No entanto, mesmo com o índice CCL negativo, muitas empresas conseguem se manter no mercado. Isso pode ocorrer em virtude da operação empresarial ou também das diversas obrigações que a empresa possui, que vencerão no próximo exercício social, e que serão substituídas por outras obrigações do curto prazo. Com base nas informações apresentadas, relativas ao índice de CCL, é possível afirmar que quanto maior o total do CCL da empresa, menor risco ela apresentará, ou seja, ela terá menor probabilidade de insolvência técnica. O Quadro 4 apresenta o resultado adquirido para o CCL no ano de 2013 e no ano de 2014. No ano de 2014, o ativo circulante prevaleceu sobre o passivo circulante, onde o resultado do CCL foi de R$ 100.000. Para chegar nesse resultado, foi preciso coletar os dados do ativo circulante e passivo circulante e aplicar a fórmula do CCL. Fonte: Adaptado de Saporito (2015, p. 264). CIA. Exemplo completo 31/12/2014 31/12/2013 Variação R$ mil R$ mil R$ mil Ativo circulante 300.000 257.000 43.000 (–) Passivo circulante 200.000 170.000 30.000 (=) CCL 100.000 87.000 13.000 Quadro 4. Resultado para o CCL nos anos de 2013 e 2014 5Índice capital circulante líquido CCL = AC – PC Ano 2014 CCL = 300.000 – 200.000 = 100.000 Ano 2013 CCL = 257.000 – 170.000 = 87.000 A variação do CCL do ano de 2013 para o ano de 2014 foi de R$ 13.000,00, e isso pode ser visualizado ao comparar os dois períodos (R$ 100.000 – R$ 87.000). Quando aplicada a fórmula do CCL será obtido um resultado que pode ser favorável ou desfavorável para a empresa. Ao obter um CCL positivo se identifica que o total dos investimentos de curto prazo, como, por exemplo, caixa, clientes, entre outros, é maior que as obrigações que constam no pas- sivo circulante e que estão compreendidas dentro do curto prazo, como, por exemplo, fornecedores, empréstimos bancários, entre outros. Ao calcular o CCL, o resultado de um CCL positivo identifica o equilíbrio financeiro empresarial, conforme demonstra o excesso de recursos financeiros de longo prazo, como obrigações e capital próprio, que são investidos no curto prazo. Desse modo, um CCL positivo demonstra a capacidade de solvência que a empresa possui no curto prazo, assim como as decisões estratégicas, dado que os investimentos de longo prazo são financiados por recursos financeiros também de longo prazo. Vale destacar que a sobra referente aos recursos financeiros de longo prazo designados ao curto prazo, fonte do possível excesso financeiro, pode ter sido investida em ativos que não possam ser convertidos tão facilmente em caixa. Dentre os ativos que são de difícil transformação em dinheiro, estão os capitais que foram investidos em estoques com baixo giro ou em clientes inadimplentes, entre outros. Com base no Quadro 5, a seguir, é possível visualizar o que seria exatamente essa folga ou excesso financeiro posterior aos cálculos do CCL. Índice capital circulante líquido6 ANO X 1 ANO X 2 AC 70% AC 55% PC 49% PC 34% Quadro 5. Representação do cálculo do CCL O Quadro 5 permite visualizar os resultados do CCL posterior ao seu cálculo, que deve ter por base valores apresentados por uma empresa, onde as parcelas cinza escuro expostas no ativo circulante de ambos os períodos (X1 e X2) correspondem à folga financeira empresarial, pois comparando ativo circulante e passivo circulante proporcionalmente, essa sobra existiria somente no ativo circulante, evidenciando que este é maior que o passivo circulante, ou seja, representa uma medida de ativos disposta pela empresa para financiar dívidas de curto prazo, no entanto, se esses ativos circulantes forem transformados em dinheiro facilmente. Aplicando o índice de CCL Através da aplicação do índice de CCL, se realiza a análise dos recursos financeiros empresariais vencíveis no curto prazo e, desse modo, se necessário, criam-se estratégias para fins de controlar o fluxo de caixa da empresa. A partir do Quadro 6, é possível visualizar a situação empresarial mediante o cálculo do CCL e definir métodos que modifiquem a situação futura da empresa. 7Índice capital circulante líquido Fonte: Adaptado de Padoveze e Benedicto (2010, p. 192). BALANÇO PATRIMONIAL 20X1 20X2 Ativo circulante 85.000 95.800 Caixa e equivalentes de caixa 25.000 23.800 Clientes 15.000 32.000 Estoques 45.000 40.000 Ativo não circulante 100.000 93.500 Duplicatas a receber 30.000 30.800 Investimentos em controladas 13.000 17.200 Imobilizados 150.000 162.000 (-) Depreciação acumulada -80.000 -99.300 TOTAL 185.000 189.300 Passivo circulante 91.800 90.100 Fornecedores 28.000 29.900 Contas a pagar 29.000 17.000 Impostos a recolher 3.800 6.200 Dividendos a pagar 7.000 5.000 Empréstimos a pagar 24.000 32.000 Passivo não circulante 34.400 37.000 Financiamentos a pagar 34.400 37.000 Patrimônio líquido 58.800 62.200 Capital social 41.000 41.000 Reservas 13.300 16.000 Lucros acumulados 4.500 5.200 TOTAL 185.000 189.300 Quadro 6. Balanço patrimonial Índice capital circulante líquido8 Com base no exposto pelo balanço patrimonial da Figura 6, a empresa poderá calcular o CCL buscando entender a situação nesses dois períodos, 20X1 e 20X2. 20X1 CCL = AC – PC CCL = 85.000 – 91.800 = (6.800) – CCL negativo 20X2 CCL = 95.800 – 90.100 = 5.700 – CCL positivo A partir dos resultados encontrados, é identificado que no período de 20X1 a empresa apresentou um CCL negativo de R$ 6.800 e que através dessa análise foi possível definir algumas estratégias de gestão que não estavam sendo realizadas, buscando melhorar os resultados empresariais. O gestor financeiro estabeleceu algumas medidas simples, porém eficientes, para refletir de forma relevante no resultado financeiro da empresa, como, por exemplo: � Delegação de funções específicas, onde o colaborador responsável pela movimentação do caixa não execute outras atividades. � Realizar um controle de fundo fixo com o intuito de pagar dívidas de pequenos valores diários da empresa, não utilizando, desse modo, os valores disponíveis no caixa para todos os gastos. � Aplicar um controle diário referente aos pagamentos e recebimentos, o que antes não era efetuado. Através desse controle, a empresa iden- tificou que alguns clientes estavam pagando fora do prazo definido, o
Compartilhar