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VIOLÊNCIAS NA ESCOLA: PREVENÇÃO E INTERVENÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR Maria das Graças do Espirito Santo Tigre UEPG – Universidade Estadual de Ponta Grossa – PR Combater as “violências” que ocorrem no ambiente escolar é uma questão prioritária e urgente, dadas as proporções que o fenômeno tem assumido na atualidade e por ser esse um problema que compromete tanto o trabalho docente quanto a aprendizagem dos alunos. O presente trabalho, vinculado ao projeto de extensão universitária “Violências na escola: prevenção e intervenção no contexto escolar” possui como principais objetivos: compreender a problemática da violência na, da e à escola, implementando estratégias pedagógicas de formação humana que possibilitem a intervenção e contribuam para diminuição dos conflitos que ocorrem em ambiente escolar; despertar a comunidade escolar para a importância da implantação de uma política de prevenção e, consequentemente, redução de situações de violência; desestimular a perpetuação de uma visão naturalizada e banalizada das “violências” na escola, identificando os prejuízos que esta produz no cotidiano escolar e na vida daqueles que dele fazem parte. A metodologia utilizada baseia-se predominantemente em uma pesquisa-ação e as ações estão sendo desenvolvidas em uma escola pública da rede estadual de ensino da cidade de Ponta Grossa – PR, envolvendo professores, gestores e alunos da escola, e contemplam as seguintes etapas: mobilização e conscientização; diagnóstico;construção coletiva do projeto de intervenção; definição e implementação das ações; e, monitoramento dos resultados. As principais estratégias de formação empreendidas são as oficinas pedagógicas, grupos de estudos, dinâmicas de grupos ecine-fórum a respeito da temática. Por meio das ações do projeto, ainda em andamento, espera-se como resultados tomar a escola como espaço de intervenção social e articuladora, através de sua equipe de gestão, de uma proposta que vise a prevenção das “violências” no ambiente escolar; formar gestores escolares e professores, envolvendo-os em processos reflexivos acerca da temática; e, através de oficinas e dinâmicas de grupo proporcionar aos alunos o desenvolvimento sociopessoal e a construção de valores. PALAVRAS-CHAVE: Violência na escola. Formação de professores. Desenvolvimento sociopessoal. INTRODUÇÃO Os estudos teóricos apontam que a categoria violência é polissêmica e comporta múltiplos significados, o que a torna plural e é por essas razões que alguns autores (ABRAMOVAY; RUA, 2004; SCHILLING, 2010; MISSE, 1999) têm preferido falar em “violências” na escola, no plural. “[...] não existe violência, mas violências, múltiplas, plurais, em diferentes graus de visibilidade, de abstração e de definição de suas alteridades” (MISSE, 1999, p. 38). XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira 5407ISSN 2177-336X 2 Para a realização deste trabalho, optamos por uma concepção de violência que incorpore não só a ideia de violência física, de utilização da força ou intimidação e que se materializa em atos e práticas materiais “duras”, como classificaCharlot (1997), mas também, aquela que ocorre no plano simbólico, institucional e psicológico do fenômeno. Motivo pelo qual será utilizada a expressão “violências” na escola, devido à pluralidade das dimensões envolvidas e a suas múltiplas manifestações. Combater as “violências” que ocorrem no ambiente escolar é uma questão prioritária e urgente, dado as proporções que o fenômeno tem assumido na atualidade e por esse ser um problema que compromete não só o trabalho docente, como também a aprendizagem dos alunos. Na prática, o que se percebe é uma dificuldade muito grande, por parte dos agentes escolares, em lidar com esses conflitos, seja pela falta de mobilização dos envolvidos, seja por falta de conhecimento teórico adequado e de quais medidas adotar para esse tipo de intervenção e enfrentamento, o que sugere tanto a omissão dos educadores no tange à intervenção pontual nos conflitos que presenciam quanto denota que as condições de trabalho e de preparo técnico dos professores da escola pública não são condizentes com a complexa e desafiadora tarefa de educar os mais jovens. O presente projeto de extensãovisa preencher algumas dessas lacunas e socializar os conhecimentos produzidos por meio de pesquisas que foram realizadas pela proponente a respeito da temática. Partindo do pressuposto de que a violência que se manifesta na escola precisa começar a ser encarada como um problema de cunho pedagógico, passível de ser prevenido e enfrentado pela instituição escolar e não apenas como um caso de polícia. Pois, se a escola é um local de formação das novas gerações as violências que se manifestam nesse ambiente representam, por si só, um elemento que demanda atenção especial no processo de socialização. “Portanto, cuidar do tema significa trabalhar para descontruir fontes de violências, bem como sua multiplicação em outros lugares e tempos, arriscando o hoje e o amanhã” (ABRAMOVAY; RUA, 2004, p. 26). OBJETIVOS Geral: Compreender a problemática da violência na, da e à escola,implementando estratégias pedagógicas de formação humana que possibilitem a intervenção e contribuam para diminuição dos conflitos que ocorrem em ambiente escolar. XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira 5408ISSN 2177-336X 3 Específicos: • Proporcionar a reflexão sobre as ações necessárias à prevenção e ao combate à violência que ocorre em ambiente escolar e sobre as ações necessárias para tal. • Despertar a comunidade escolar para a importância da implantação de uma política de prevenção e, consequentemente, redução de situações de violência; • Possibilitar o desenvolvimento sociopessoal dos alunos através da amplificação de “habilidades sociais” que os possibilite lidar diante de novas situações sociais, como por exemplo: autocontrole e autoreflexão, empatia, assertividade, negociação, mediação e solução de conflitos; • Oportunizar aos acadêmicos do curso de Licenciatura em Pedagogia a vivência de uma prática concreta no que tange ao enfrentamento das “violências” na escola; • Desestimular a perpetuação de uma visão naturalizada e banalizada dos atos de violência, identificando os prejuízos que esta produz no cotidiano escolar e na vida daqueles que dele fazem parte. METODOLOGIA A metodologia utilizada baseia-se predominantemente numa pesquisa-ação de cunho qualitativoe visa contemplar a formação de gestores, professores e alunos da escola pública selecionada, possibilitando a compreensão e a intervenção pontual nos casos de violênciana, da e à escola (CHARLOT, 2002), e será desenvolvida em cinco etapas básicas: 1ª Etapa: mobilização e conscientização: O primeiro passo a ser dado é no sentido de sensibilizar a comunidade escolar em relação aos conflitos que ocorrem no seu interior fazendo-os perceber que esses interferem diretamente no processo de ensino-aprendizagem. 2ª Etapa: diagnóstico: Coleta de dados, registro de incidentes, verificação de onde é preciso intervir. 3ª Etapa: Construção coletiva do projeto de intervenção: Paralelamente as duas primeiras etapas, será elaborado um projeto de intervenção com a participação coletiva de professores e gestores, que explicitará as ações e etapas a serem seguidas, bem como qual será o papel a ser desempenhado por cada um dos sujeitos envolvidos. 4ª Etapa: definição e implementação das ações: XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira 5409ISSN 2177-336X 4 Em função dos dados obtidos na segunda etapa será traçado um plano de ação coletiva que englobará a escola como um todo, envolvendo os parceiros do projeto e a comunidade na qual elaestá inserida, no qual serão estabelecidas ações que podem ser empreendidas, visando o enfrentamento da situação. As principais estratégias de formação a serem empreendidas nesta etapa serão as oficinas pedagógicas, dinâmicas de grupos, assembleias e contrato pedagógico. 5ª Etapa: monitoramento dos resultados A avaliação deverá ser feita ao longo do processo, ao final de cada ação pontual – para que ajustes possam ser feitos – e uma avaliação geral do projeto será feita periodicamente a cada semestre. RESULTADOS ESPERADOS Por meio das ações do projeto, ainda em andamento, espera-se como resultados tomar a escola como espaço de intervenção social e articuladora, através de sua equipe de gestão, de uma proposta que vise a prevenção das “violências” no ambiente escolar; formar gestores escolares e professores, envolvendo-os em processos reflexivos acerca da temática; e, através de oficinas e dinâmicas de grupo proporcionar aos alunos o desenvolvimento sociopessoale a construção de valores. Pretende-se ainda, integrar ensino, pesquisa e extensão, aproximando a universidade da escola pública envolvendo a participação de acadêmicos do curso de Licenciatura em Pedagogia, contribuindo para a construção de sua identidade docente e possibilitando o enriquecimento profissional através da troca de experiências com os professores da educação básica, tornando-os assim, mais conscientes da importância de sua atuação como professores e agentes transformadores da sociedade. REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, M.; RUA, M. G. Violências nas escolas.3 ed. Brasília: UNESCO, Instituto Ayrton Senna, UNAIDS, Banco Mundial, USAID, Fundação Ford, CONSED, UNDIME, 2004. CHARLOT, B. A violência na escola: como os sociólogos franceses abordam a questão. Sociologias, Porto Alegre, ano 4, n. 8, jul./dez, 2002, p. 432-443. CHARLOT, M.; ÉMIN, J. C. (Coords.).Violences à l’école:étatdessaviors. Paris: Masson& Armand Colin Éditeurs, 1997. XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira 5410ISSN 2177-336X 5 MISSE, M. Malandros, marginais e vagabundos e a acumulação social da violência no Rio de Janeiro.Rio de Janeiro, 1999. Tese (Doutorado em Sociologia) – Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1999. SCHILLING, F. Indisciplina, violência e o desafio dos Direitos Humanos nas escolas. In: Enfrentamento a violência na escola. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretoria de Políticas e Programas Educacionais. Coordenação de Desafios Educacionais Contemporâneos– Curitiba: SEED – PR, 2010. (Cadernos temáticos dos desafios educacionais contemporâneos), p. 13-17. XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira 5411ISSN 2177-336X
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