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Crescimento e desenvolvimento físico na adolescência

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6º Semestre Enfermagem/ Prof Ingrid Leite 
Crescimento e desenvolvimento físico na adolescência 
O crescimento e desenvolvimento físico na adolescência são repletos de peculiaridades. As 
transformações físicas de uma criança até a fase adulta, consistem em importantes mudanças 
em altura, peso, distribuição de gordura, musculatura e na proporção corporal. 
Regulação do início e da progressão da puberdade normal 
Os gatilhos moleculares iniciais que desencadeiam o início da puberdade permanecem 
desconhecidos. Acredita-se haver influência de fatores genéticos e ambientais. 
O início da puberdade se dá como consequência da ativação do eixo hipotálamo-hipófise-
gônada (HHG) (aumento da frequência e amplitudes de pulsos de GnRH pelo hipotálamo, que 
desencadeia aumento da secreção pulsátil de gonadotrofinas – LH e FSH, pela hipófise anterior, 
estimulando as gônadas) e do eixo hipotálamo hipófise-adrenal (HHA). 
Gonadarca 
O eixo HHG é ativo na vida fetal, neonatal e nos primeiros períodos da infância, mas depois se 
torna relativamente quiescente. A puberdade é marcada pela reativação do mesmo: aumento da 
frequência e amplitudes de pulsos de GnRH pelo hipotálamo, que desencadeia aumento da 
secreção pulsátil de gonadotrofinas – LH e FSH, pela hipófise anterior, estimulando as gônadas. 
O eixo HHG está sob controle tanto de mecanismos inibitórios quanto de estimulação. Sua 
ativação requer sinalização do sistema nervoso central (SNC) para o hipotálamo. O hipotálamo 
libera GnRH, que por sua vez estimula a produção de LH e FSH a partir da hipófise. LH e FSH 
ativam as gônadas para produção de hormônios sexuais, que por sua vez iniciam as mudanças 
puberais nos órgãos-alvo. 
Nas meninas, a maturação neuroendócrina leva ao início dos ciclos menstruais. As 
gonadotrofinas regulam a função ovariana: células da teca passam a secretar androgênios, e 
células da granulosa, estradiol, antes da ovulação. O corpo lúteo secreta progesterona após a 
ovulação. 
Nos meninos, o LH promove a secreção de andrógenos (testosterona e androstenediona) pelas 
células de Leydig. Esse início de função endócrina gonadal é chamado de gonadarca. 
Adrenarca 
A puberdade também está associada a um evento fisiológico independente, a adrenarca 
(ativação adrenal), que ocorre tipicamente aos 6-8 anos de idade, em ambos os sexos. Cursa 
com desenvolvimento de caracteres sexuais secundários – inclusive pelos pubianos, acne e odor 
axilar. É marcada por aumento da atividade da 17-alfa hidroxilase (citocromo P450c17) e 
aumento da atividade do citocromo b, resultando em aumento da produção de 
dehidroepiandrosterona (DHEA), sulfato de dehidroepiandrosterona (DHEA-S) e 
androstenediona. Estes aumentos hormonais iniciais se intensificam com o tempo, levando a 
aumento dos níveis de andrógenos. 
A ativação do eixo HHA requer sinalização do SNC para o hipotálamo. O hipotálamo libera 
hormônio liberador de corticotrofina (CRH), que estimula a produção de hormônio 
adrenocorticotrófico (ACTH) pela hipófise. O ACTH ativa o córtex adrenal, levando a 
produção de androstenediona e desidroepiandrosterona (DHEA), que causam aumento de pelos 
axilares e pubianos, além de alterações na pele (também sob influência dos andrógenos). 
 
Regulação do início e da progressão da puberdade normal. Positivo (+) e negativo (-) indicam sinais estimuladores e inibitórios 
e “+/-” no SNC indica uma combinação de sinais neuronais excitatórios e inibitórios. 
Altura 
Uma das características mais notavéis da puberdade é a aceleração da velocidade de 
crescimento. É a fase em que o indivíduo mais cresce, excetuando o primeiro ano de vida. 
 
Curva de Velocidade de Crescimento de Menino e Menina Hipotéticos (Adaptado de Tanner et al., 1966). 
O ganho de altura durante a adolescência equivale a cerca de 20% da altura final do adulto e 
resulta da aceleração do crescimento por um período de 24 a 36 meses. 
O crescimento esquelético na puberdade pode ser esquematicamente dividido em três fases: 
– Fase de crescimento estável: os acréscimos de altura e peso são geralmente constantes 
(aproximadamente 5-6 cm e 2-3 quilos por ano); 
– Fase de aceleração de crescimento: a velocidade de crescimento aumenta progressivamente 
até atingir um valor máximo (pico do estirão); 
– Fase de desaceleração: a velocidade de crescimento diminui gradativamente até a parada do 
crescimento. 
Observa-se, para qualquer grupo populacional, que o estirão feminino ocorre cerca de dois anos 
mais cedo e é menos intenso que o estirão masculino. Ocorre mais cedo, pois as meninas iniciam 
a puberdade aproximadamente um ano antes dos meninos e, é menos intenso pois a velocidade 
máxima de crescimento no sexo feminino é de cerca de 9 cm por ano enquanto que no sexo 
masculino aproximadamente 10,3 cm por ano. 
O início do estirão pubertário também é variável de um indivíduo para outro, mostrando alguns 
estudos seu início entre 9,5-14,5 anos nas meninas e entre 10,5-16 anos nos meninos, com o 
pico do estirão ocorrendo em média entre 11-12 anos no sexo feminino e entre os 13-14 anos 
para o sexo masculino. 
Após o pico do estirão, segue-se gradual desaceleração do ganho estatural até a parada de 
crescimento ao redor de 15-16 anos nas meninas e 17-18 anos nos meninos. Crescimento 
adicional pode ser notado até 18 anos nas meninas e até os 20 anos nos meninos. 
Até aproximadamente os 9-10 anos de idade, meninos e meninas são muito semelhantes em 
relação a peso e altura. Entre 11 e 14 anos, os valores médios dessas medidas são superiores no 
sexo feminino e ao redor dos 15 anos essa situação se inverte atingindo o sexo masculino 
dimensões médias maiores. A diferença estatural entre um indivíduo adulto do sexo masculino 
e feminino é em média de 13 cm (10%) e, esta diferença é obtida durante a puberdade. 
Peso e distribuição de gordura 
O ganho de peso na adolescência é resultante do aumento do tamanho do esqueleto, músculos, 
órgãos internos e quantidade de gordura. O peso é uma medida mais variável que a estatura, 
pois depende também de fatores externos, como a dieta. 
O aumento de peso na adolescência apresenta, como no caso da estatura, uma fase de aceleração 
e posterior desaceleração, representando um ganho de cerca de 40-50% do peso adulto final. 
A velocidade máxima de ganho de peso nas meninas ocorre cerca de 6 meses após o pico do 
estirão; nos meninos, os picos de peso e estatura coincidem. No ano do pico máximo de 
crescimento estatural, o ganho de peso é, em média, de 9-10 kg. 
O ganho de peso no sexo masculino é resultante principalmente do aumento da massa muscular 
sob a influência da testosterona, enquanto no sexo feminino é consequência da deposição de 
gordura, por ação estrogênica. 
Por volta dos 8-10 anos de idade ocorre uma fase de repleção pré-puberal, onde ocorre 
acréscimo de tecido adiposo em ambos os sexos. Com o início do estirão puberal, a velocidade 
de ganho de gordura diminui, atingindo valores mínimos na época em que o esqueleto tem 
velocidade máxima (pico do estirão). Esta diminuição do tecido adiposo é mais acentuada no 
sexo masculino. 
A taxa de deposição de gordura nas meninas é sempre maior do que nos meninos e, mesmo 
diminuindo o ritmo de depósito, as meninas continuam ganhando gordura embora mais 
lentamente, enquanto que os meninos chegam realmente a perder tecido adiposo, podendo levar 
a uma “falsa impressão de magreza”. 
O depósito de gordura, após a fase de decréscimo, volta a aumentar, sendo mais acentuado e 
prolongado no sexo feminino, de forma que que há duas vezes mais gordura na mulher adulta 
do que no homem. As mulheres tem corpos mais arredondados do que os homens devido à 
deposição de gordura em áreas como a região da pelve, peito, costas, quadril e nádegas. 
 
Velocidade média de ganho anual de gordura subcutânea (área transversal combinada de braço + coxa + perna), em função do 
tempo, antes e depois do PVC (adaptado de Tanner, 1965).Musculatura e força 
O desenvolvimento muscular do adolescente é devido ao aumento do número (hiperplasia) e 
tamanho (hipertrofia) das células musculares. A massa muscular aumenta gradativamente em 
tamanho e força durante a puberdade, atingindo seu pico máximo na mesma época ou logo após 
o pico de crescimento estatural. 
Antes da puberdade não há diferença significativa entre massa e força muscular entre meninos 
e meninas. A discrepância aparece durante a puberdade e persiste na idade adulta. Entre 11 e 
16 anos, a massa muscular dobra nos meninos e aumenta apenas 50% nas meninas; aos 17 anos 
os rapazes tem 30 a 50% mais células musculares que as meninas. 
 
Velocidade média de ganho anual de tecido muscular (área transversal combinada de braço + coxa + perna), em função do 
tempo, antes e após o PVC (Adaptado de Tanner, 1965). 
O adolescente que ainda não teve seu estirão não poderá ter o mesmo grau de desenvolvimento 
e a mesma força muscular que outro de mesma idade, porém em fase adiantada da puberdade. 
Portanto, a solicitação para atividades físicas incompatíveis com o grau de desenvolvimento 
muscular resultará certamente em fadiga e em sensação de fracasso. 
Como o aumento da força muscular atinge seu máximo somente um ano após o pico do estirão, 
ou seja, mais próximo ao fim da puberdade, muitos adolescentes, embora fisicamente bem 
desenvolvidos, não têm o mesmo desempenho e resistência física do adulto. 
Proporções corporais 
Pés e mãos 
Durante a puberdade o crescimento esquelético não é uniforme. As extremidades iniciam o 
estirão antes do tronco; a aceleração de crescimento segue então uma direção distal-proximal. 
Assim, os pés e as mãos são os primeiros a crescerem, seguidos das pernas, coxas e, por último, 
o tronco. Estes segmentos também param de crescer na mesma ordem; os pés, ao atingirem a 
velocidade máxima de crescimento, param de crescer antes dos outros segmentos. O tronco é o 
último segmento a parar de crescer, o que implica em aumento na relação tronco/membros. 
Face 
A face sofre mudanças significativas durante a puberdade: seus ossos crescem mais 
rapidamente que os da caixa craniana, fazendo com que a face pareça emergir do esqueleto. O 
perfil torna-se mais fino, o nariz mais projetado e a mandíbula mais proeminente. Todas estas 
mudanças são mais marcantes no sexo masculino. 
Diâmetros biacromial e biilíaco 
Há ainda na puberdade aceleração do crescimento dos diâmetros biacromial e biilíaco em 
ambos os sexos. A relação entre diâmetro biacromial e biilíaco aumenta no sexo masculino e 
diminui no sexo feminino e, portanto, os rapazes passam a ter ombros mais largos e as moças 
quadris mais largos ao se considerar sua proporção relativa à altura. 
Mudanças internas 
Além de importante mudança no sistema reprodutivo, na puberdade existem também mudanças 
que envolvem estruturas de vários órgãos do corpo, assim como suas funções fisiológicas, 
incluindo o coração, pulmões e vísceras abdominais (fígado, rim, pâncreas, porções não 
linfáticas do baço). 
Laringe 
A laringe, por ação da testosterona, no sexo masculino apresenta rápido crescimento, 
provocando a típica mudança do timbre da voz, mais frequentemente observada em fase 
adiantada do desenvolvimento puberal e as cordas vocais tornam-se mais longas e espessas e a 
voz mais grave. 
Sistemas circulatório e respiratório 
Na puberdade temos importante desenvolvimento dos sistemas circulatório e respiratório 
levando, principalmente no sexo masculino, ao aumento de força e resistência. 
Tecido linfóide 
Praticamente todos os órgãos participam do processo de aceleração do crescimento, com 
exceção do tecido linfóide que sofre involução. 
Padrão normal de progressão puberal 
A maturação sexual engloba o desenvolvimento das gônadas, órgãos de reprodução e caracteres 
sexuais secundários. 
Há um padrão previsível de mudanças nas características sexuais secundárias. Caso estes 
eventos ocorram fora de sua sequência normal, condições patológicas devem ser consideradas. 
Por exemplo: 
 
1- Sangramento vaginal sem telarca ou sem estirão do crescimento é patológico até que se prove 
o contrário; 
 
2- Ausência de menstruação após a menina atingir M4 e ter completado seu estirão de 
crescimento, é motivo de preocupação, principalmente se a menarca não tiver ocorrido dentro 
de dois anos após o pico de velocidade de crescimento; 
 
3- Sem o aumento dos testículos, não há produção suficiente de andrógenos para causar o 
aparecimento dos caracteres sexuais secundários. Portanto, caso alterações puberais ocorram 
antes do esperado, uma fonte não gonadal deve ser investigada. 
Ao contrário do sequenciamento de eventos puberais, cujo padrão é previsível, o tempo pode 
ser altamente variável de pessoa para pessoa. Por exemplo, o desenvolvimento de mamas pode 
ir da telarca a M5 em menos de dois anos, mas também pode levar mais de seis anos até a 
conclusão. Embora os maturadores precoces tenham um PVC mais alto do que os tardios, eles 
também fundem suas epífises em uma idade mais precoce. 
Progressão puberal nas Meninas 
Telarca 
A primeira manifestação de puberdade no sexo feminino é o aparecimento do broto mamário 
– telarca, que inicialmente pode ser unilateral, e representa o estágio 2 de maturidade sexual 
(M2). A telarca ocorre em média aos 9,7 anos, podendo variar de 8 a 13 anos. 
O hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) estimula a hipófise anterior a liberar 
gonadotrofinas. Estas atuam nos ovários, promovendo a liberação de estrogênio, que estimula 
o crescimento do tecido mamário. O estrogênio também causa crescimento e maturação 
esquelética, resultando no estirão de crescimento e no pico de velocidade de crescimento, que 
ocorre um ano após o início do desenvolvimento mamário. 
Pubarca 
A telarca é seguida de perto pelo aparecimento dos pêlos pubianos. Os pêlos 
axilares ocorrem um pouco mais tardiamente, em torno dos 10,4 anos. 
Embora o aparecimento de pêlos pubianos, a pubarca, ocorra junto com a puberdade, ele é 
devido à atividade adrenal, não relacionada à atividade gonadal. Assim, o aparecimento de pêlos 
pubianos também pode ser chamado de adrenarca. 
O desenvolvimento de pêlos nas áreas genital e axilar está sob influência do eixo hipotálamo-
hipófise-adrenal (HHA), sendo deidroepiandrosterona (DHEA) e sulfato de 
deidroepiandrosterona (S-DHEA) os hormônios responsáveis. Os eixos HHA e hipotálamo-
hipófise-gonadal (HHG) são relativamente independentes um do outro. 
Menarca 
A menarca é fenômeno tardio dentro do desenvolvimento puberal, ocorrendo cerca de dois anos 
e meio após o aparecimento do broto mamário, em média aos 12,2 anos (há uma tendência 
secular de diminuição da ocorrência da idade da menarca). 
Algumas adolescentes apresentam, nos meses que antecedem a menarca, uma secreção vaginal 
clara (leucorréia fisiológica), mucóide, sem sinais inflamatórios. A primeira menstruação 
ocorre quando os ovários desenvolvem um número adequado de folículos maduros em resposta 
a níveis suficientes de gonadotrofina que estimulam os ovários a produzir estrogênio suficiente 
para proliferar o endométrio e progesterona suficiente para causar alterações secretoras 
endometriais. 
As primeiras menstruações costumam ser irregulares, durante os primeiros 12-24 meses. 
Ovulação pode ocorrer desde a primeira menstruação, porém habitualmente está presente um 
ano ou mais após a menarca (o intervalo usual entra a menarca e os ciclos ovulatórios é de 14 
a 24 meses; menarca tardia está associada a intervalo mais longo até que a maioria dos ciclos 
sejam ovulatórios). 
Útero, trompas e vagina apresentam desenvolvimento marcante na adolescência. 
Progressão puberal nos MeninOs 
Nos meninos, os eventos puberais iniciais clinicamente relevantes não são facilmente visíveis. 
Gonadarca 
Uma das primeiras mudanças observadas clinicamente é o aumento do volume dos testículos, 
às custas do aumento dos túbulosseminíferos que passam a ter luz e se tornam tortuosos. A 
gonadarca ocorre em média aos 10,9 anos, podendo variar de 9-14 anos. 
O aumento dos níveis séricos de testosterona ocorre após o início do desenvolvimento dos 
túbulos seminíferos. Assim, é de se esperar que na puberdade normal masculina o aumento do 
volume testicular anteceda as outras manifestações sexuais. 
Os testículos pré-púberes tem menos de 4 ml de volume, o que corresponde a menos de 2,5 cm 
no eixo longitudinal. A mensuração do volume testicular é critério importante de avaliação da 
maturação sexual. Pode ser feita de duas maneiras: 
– Orquidômetro de Prader: conjunto de doze modelos de testículos, de forma elipsóide, feitos 
de madeira ou plástico, graduados em volumes crescentes de 1 a 25 ml, com os quais o testículo 
é comparado. O encontro de um volume de 4 ml ou mais é indicativo de puberdade 
masculina, enquanto que os volumes de 12 a 25 ml significam volumes adultos. 
 
Orquidômetro de Prader. 
– Eixos testiculares: se não se dispuser do orquidômetro, pode-se medir os dois eixos do 
testículo com uma régua e calcular o volume pela seguinte fórmula: 0,52 x eixo maior x (eixo 
menor)². 
Cerca de 25% dos adolescentes podem apresentar diferenças, geralmente pequenas, entre os 
volumes dos testículos direito e esquerdo. Quando o aumento testicular for apenas unilateral, 
deve-se levantar a suspeita de tumor, principalmente se este estiver endurecido. 
Pubarca 
A maturação das células de Leydig e o consequente aumento da produção dos níveis séricos de 
testosterona, ocasiona o crescimento de pêlos pubianos, o desenvolvimento peniano em 
comprimento (que precede o aumento em diâmetro), bem como ao crescimento dos pêlos 
pubianos (em média aos 11,3 anos), axilares (em média aos 12,9 anos), faciais (em média aos 
14,5 anos) e no restante do corpo. O aumento dos testículos precede o aparecimento de pêlos 
pubianos (P2) em aproximadamente seis meses. 
A ação androgênica estimula o funcionamento das glândulas sudoríparas, com aumento da 
sudorese e surgimento do odor adulto característico. 
Espermarca 
Próstata, glândulas bulbouretrais, vesículas seminais e epidídimo apresentam também 
crescimento acentuado a partir do desenvolvimento testicular. A idade da primeira ejaculação 
é bastante variável, ocorrendo geralmente em fases adiantadas do desenvolvimento genital, 
embora alguns meninos possam produzir esperma em fases iniciais. 
Avaliação do estágio de maturidade sexual 
O estadiamento puberal é realizado, no sexo masculino, pela avaliação do desenvolvimento dos 
genitais e dos pêlos pubianos, utilizando-se a Classificação de Tanner, 1962. 
Existem cinco estágios de maturidade sexual. Nas meninas são avaliados mamas (M) e pêlos 
pubianos (P). Nos meninos são avaliados testículos / pênis / bolsa escrotal (G) e pêlos pubianos 
(P). 
Maturidade sexual nas meninas 
meninas, pêlos pubianos (P) 
– Estágio 1: é pré-puberal. Pêlos pubianos estão ausentes, podendo haver pelugem natural. 
– Estágio 2: surgimento de pêlos pubianos esparsos, finos, longos, lisos, um pouco mais 
escuros, ao longo da vulva, na linha central da região pubiana. 
– Estágio 3: pêlos pubianos em quantidade um pouco maior, grossos, ligeiramente 
encaracolados, mais escuros, que se estendem para o meio do púbis, distribuídos em toda a 
região pubiana. 
– Estágio 4: pêlos de características adultas, cobrindo os órgãos genitais externos (mas ainda 
em pequena quantidade), encaracolados, mas que não se estendem para a raiz / região medial 
das coxas. 
– Estágio 5: pêlos de características adultas, cobrindo os órgãos genitais externos (em maior 
quantidade), que se estendem para a raiz / região medial das coxas. Também é considerado 
estágio 5 a extensão dos pêlos para linha alba ou região anterior da coxa. 
Meninas, mamas (M) 
– Estágio 1: é a mama infantil, pré-puberal. Sem tecido mamário palpável, com pequena aréola 
no plano da parede torácica. 
– Estágio 2: presença de “botão” mamário imediatamente sob a aréola, cujo diâmetro começa 
a aumentar. O broto mamário forma-se com uma pequena saliência, com elevação da mama e 
da papila, e ocorre aumento do diâmetro areolar. Melhor visualizado lateralmente. 
– Estágio 3: extensão do tecido mamário além dos limites da aréola. Maior aumento da aréola 
e da papila, sem separação do contorno da mama. 
– Estágio 4: a aréola, mais escurecida e com diâmetro aumentado, forma um montículo acima 
do restante do tecido mamário, chamado de “duplo contorno”. 
– Estágio 5: mama com aspecto adulto, com volta do contorno da aréola para o contorno da 
mama, e projeção da papila além do contorno da aréola e da mama. 
Algumas mulheres adultas normais não atingem o estágio 5 de desenvolvimento mamário, ou 
atingem apenas durante a gravidez. Portanto, o estágio 4 pode ser considerado sexualmente 
maduro. A maioria das mulheres no estágio 4 de desenvolvimento mamário já menstruaram. 
Nas meninas, embora o início da aceleração da velocidade de crescimento seja anterior ao 
aparecimento de características sexuais secundárias, isso geralmente não é visível na prática 
clínica, mas apenas detectável com medidas frequentes e precisas, geralmente realizadas em 
estudos longitudinais. 
 
Maturidade sexual nos meninos 
Os meninos geralmente entram na puberdade depois das meninas. 
O estirão de crescimento e o pico de velocidade de crescimento, a diminuição da gordura 
corporal e o aumento de massa corporal magra, e alterações como ginecomastia e acne, estão 
associadas a uma maior atividade de andrógenos. A presença deste na ausência de aumento 
testicular merece investigação de outras fontes de andrógenos, como hiperplasia adrenal. 
A palpação dos testículos permite a avaliação do volume, bem como o rastreio de massas ou 
varicoceles. Também e uma maneira de o adolescente mais jovem ter certeza de que ele é 
“normal”. 
Meninos, pêlos pubianos (P) 
– Estágio 1: é pré-puberal. Pêlos pubianos estão ausentes, podendo haver pelugem natural. 
– Estágio 2: surgimento de pêlos pubianos esparsos, finos, longos, lisos, um pouco mais 
escuros, na linha medial ou na base do pênis. 
– Estágio 3: pêlos pubianos em quantidade um pouco maior, grossos, ligeiramente 
encaracolados, mais escuros, que se estendem para o meio do púbis, distribuídos em toda a 
região pubiana. 
– Estágio 4: pêlos de características adultas, cobrindo os órgãos genitais externos (mas ainda 
em pequena quantidade), encaracolados, mas que não se estendem para a raiz / região medial 
das coxas. 
– Estágio 5: pêlos de características adultas, cobrindo os órgãos genitais externos (em maior 
quantidade), que se estendem para a raiz / região medial das coxas. Também é considerado 
estágio 5 a extensão dos pêlos para linha alba ou região anterior da coxa. 
Meninos, testículos / pênis / bolsa escrotal (G) 
– Estágio 1: é a genitália infantil, pré-puberal. 
– Estágio 2: aparece um afinamento e hipervascularização da bolsa escrotal, com aumento do 
volume testicular (4 ml de volume ou mais, o que corresponde a 2,5 cm ou mais no eixo 
longitudinal; para uma medição mais específica, utiliza-se um orquidômetro). Sem aumento do 
tamanho do pênis. 
– Estágio 3: ocorre aumento da bolsa escrotal e do volume testicular, com aumento do 
comprimento do pênis (não há critérios definitivos para tamanho do pénis, como existe para o 
volume testicular). 
– Estágio 4: maior aumento e hiperpigmentação da bolsa escrotal, maior volume testicular, 
com aumento do pênis em comprimento e diâmetro, além de desenvolvimento da glande. 
– Estágio 5: genitália adulta em tamanho e forma. 
 
Eventos puberais x Crescimento estatural 
O crescimento estatural está diretamente relacionado com a maturação sexual. A importância 
prática de se conhecer a sequência dos eventos puberais em relação ao crescimento de um 
adolescente está, entre outros, no fato de que quanto mais ele estiver na fase inicial da maturaçãosexual, independentemente da sua idade cronológica, mais chance terá de crescer, sendo o 
inverso também verdadeiro. 
 
Correlação entre a maturação sexual e o estirão do crescimento – sexo feminino. 
No sexo feminino, na época do aparecimento do broto mamário (M2), as jovens já estão 
acelerando seu crescimento, atingindo velocidade máxima em M3, seguindo-se gradual 
desaceleração nos estágios seguintes. A menarca ocorre na fase de desaceleração (cerca de um 
ano após o PVC) e o ganho de altura após a menarca é de aproximadamente 5-7 cm, dentro dos 
próximos dois anos (o estrogênio causa fechamento das placas de crescimento nas extremidades 
dos ossos longos). 
 
Correlação entre a maturação sexual e o estirão do crescimento – sexo masculino. 
No sexo masculino observa-se que, ao iniciar o desenvolvimento genital (G2), os meninos 
mantêm ainda a velocidade de crescimento constante, quando os ganhos correspondem a 5-6 
cm por ano. A aceleração do crescimento começa cerca de um ano após, concomitantemente ao 
crescimento do pênis (G3). O pico do estirão de crescimento coincide frequentemente com o 
estágio G4, seguindo-se gradual desaceleração em G5. 
Nos homens, o crescimento estatural pode continuar até a fase de adulto jovem. 
 
Correlação entre a maturação sexual e o estirão do crescimento – sexo masculino x sexo 
feminino. 
Alterações físicas / Patologias associadas à puberdade 
• Acne: a puberdade está associada a maior atividade dos andrógenos em todo o corpo, em 
ambos os sexos, levando a mudanças na pele e nas glândulas sebáceas. Os níveis mais elevados 
de andrógenos atuam sobre as glândulas sebáceas, aumentando a oleosidade e predispondo à 
acne. 
• Escoliose: a época do PVC é a melhor idade para começar o rastreio de escoliose, cuja 
prevalência na população adolescente americana é de aproximadamente 2%. 
• Ginecomastia puberal: cerca de dois terços dos meninos apresenta aumento de tecido 
mamário (ginecomastia) durante o desenvolvimento puberal, principalmente nos estadios 3 e 4 
de Tanner. Este aumento persiste por 1-2 anos, involui espontaneamente na maioria dos casos, 
podendo ser uni ou bilateral. Havendo repercussões psicológicas importantes, a cirurgia pode 
ser indicada naqueles casos em que ginecomastia puberal não involui adequadamente. Deve ser 
feito diagnóstico diferencial com acúmulo excessivo de tecido adiposo nesta região 
(lipomastia), observado em obesos, e também diferenciada daquelas que ocorrem devido à 
ingestão de drogas, tumores adrenais ou gonadais, hepatopatia, síndrome de Klinefelter e outras 
causas. 
• Más oclusões dentárias: também surgem frequentemente ou se acentuam durante o estirão 
puberal. 
• Miopia: na adolescência observa-se crescimento do globo ocular, principalmente do eixo 
sagital (podendo ocorrer mais frequentemente neste período a miopia). O rastreio de rotina deve 
incluir o uso da escala optométrica de Snellen e exame oftalmológico básico. 
• Pseudofoliculite da barba (Pseudofollicularis barbae): ocorre naqueles com predisposição 
genética. O tratamento primário inclui a interrupção do barbear, seguido de uso de antibióticos 
e esteróides tópicos. 
• Risco de fraturas: esse período de crescimento rápido pode estar associado a um aumento 
temporário do risco de fratura. Dados sugerem que a densidade mineral óssea pode diminuir 
antes da idade do pico da velocidade de crescimento, com rebotes após este pico ser atingido. 
Isso pode levar a um período de fraqueza esquelética. 
• Síndrome de Osgood-Schlatter: uma queixa comum entre os meninos, e em algumas 
meninas, é um edema sobre tuberosidade tibial, característico da Síndrome de Osgood-
Schlatter. É observada durante os anos do pico de velocidade de crescimento, quando a 
atividade da fosfatase alcalina óssea associada ao crescimento ósseo atinge seu pico nos 
meninos, aos 12-14 anos de idade. O tratamento é principalmente de suporte e não-operatório. 
 
Referências Bibliográficas 
• CRAIG, Kanti R.; BIRO, Frank M. Normal Pubertal Physical Growth and Development. In: 
FISHER, Martin M. et al (Org.). Textbook of Adolescent Health Care. United States of 
America: American Academy of Pediatrics, 2011. cap. 4, p. 23-31. 
• LOUIS, Germaine M. Buck et al. Environmental Factors and Puberty Timing: Expert Panel 
Research Needs. Pediatrics, v.121, s.3, fevereiro 2008, p.192-206. 
• BEZNOS, Geni Worcman. Crescimento e Desenvolvimento Físico. In: FRANÇOSO, 
Lucimar Aparecida; MAURO, Athenê Maria de Marco França (Org.). Manual de Atenção à 
Saúde do Adolescente. São Paulo: Secretaria de Saúde, 2006. cap. 4, Seção III, p. 95-
105.Marcelo Meirelles–Médico Pediatra– Médico Hebiatra (Especialista em Medicina do 
Adolescente).

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