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absorvidas pelo mercado; b) quanto menor o preço de venda de um produto, maior o número de unidades a serem consumidas pelo mercado. FIGURA 16 – FORMAÇÃO TRADICIONAL DE PREÇOS FONTE: Sartori (2004, p. 101) A análise e determinação das prováveis reações do consumidor, em face de prática de diferentes níveis de preços de vendas pela empresa, constituem uma das tarefas mais complexas para a gerência responsável pela projeção de vendas. Podemos, inclusive, dizer que a prática de diferentes níveis de preços de venda de um produto sem dúvida provocará diferentes volumes de vendas (SANTOS, 2000). Quando realizada a análise e determinação do preço de venda é necessário ter como base o ponto de comparação às demais empresas do setor ou segmento considerados concorrentes significativos em termos de mercado. Essa análise deve ser realizada com bastante cuidado, uma vez que o resultado obtido representará a real posição da empresa em termos de mercado. TÓPICO 1 | CUSTOS NAS DECISÕES DE PREÇOS 141 Conforme ênfase dada por Bernardi (1996), destacamos os seguintes pontos para análise comparativa: preço de venda do produto, grau de inovação ou tecnologia, qualidade do produto, pontualidade de entrega, garantia e assistência técnica, imagem da empresa no mercado, análise de outros fatores específicos. Ao elaborar o preço de venda, é imprescindível que tal valor seja fixado em níveis superiores ao custo de produção da empresa, ou prestação de serviços. Entretanto, quando esses preços são estipulados abaixo do custo, podem ser justificados através de algumas exceções, que precisam ser objeto de uma aprovação prévia. Em nível de alta administração, destacam-se os seguintes pontos, conforme Santos (2000), Wernke (2005), Coelho (2007), Bernardi (1996), Sardinha (1995) e Sartori (2004): a) relacionados às ações táticas, de caráter temporário, tendo como objetivo a abertura de novos mercados; b) quando a organização tem como objetivo a expansão de mercado já atendido por um concorrente, porém em processo de recessão de vendas, onde em um período temporário baixa seu valor para aumentar sua participação em tal mercado; c) quando o objetivo é aumentar sua participação no mercado de forma mais rápida; d) na entrada de uma nova marca ou reforçar a imagem de um produto muitas vezes da própria empresa no mercado; e) na realização de uma promoção, quando se utiliza um produto com valor abaixo do praticado, também conhecida como produto perdedor. Em casos especiais poderá caracterizar o produto que, isoladamente, não apresenta um resultado significativo, mas que, na realidade, força a venda de um conjunto maior. No mercado temos vários exemplos assim, como na compra de um creme dental você leva um enxágue bucal, constituindo uma prática comum, inclusive de empresas de grande porte; f) outras razões diversas ou estratégias específicas mesmo quando praticadas temporariamente por uma empresa, visando um objetivo a ser alcançado. É importante ressaltar algumas estratégias básicas de preços que podem ser objeto de aplicação pela empresa, segundo Cogan (1994), Bernardi (1996) e Sartori (2004): a) alcançar um patamar de lucratividade no curto prazo; b) fixar-se de forma eficiente, dentro de um volume razoável de operações sem prejudicar os objetivos a longo prazo da empresa; c) encorajar a entrada de outras empresas no mercado e estimular a demanda do produto; d) estimular o crescimento do mercado com o intuito de aumentar seu grau de participação firmando-se como uma empresa de porte significativo; e) manter os possíveis e futuros concorrentes fora do mercado ou ainda eliminar aqueles que atuam na região estabelecida. UNIDADE 3 | GESTÃO DE CUSTOS 142 É indicado realizar a análise do mercado, da concorrência e demais fatores que podem influenciar as decisões de preços da organização, definindo estratégias com base nos objetivos estipulados pela empresa. Desta forma é possível garantir uma definição de preços de maneira criteriosa e livre de quaisquer influências ou vícios comportamentais que podem surgir. Para Santos (2000, p. 106) “o problema da formação dos preços está ligado às condições de mercado, às exigências governamentais, aos custos, ao nível de atividade e à remuneração do capital investido”. Segundo o autor, para efetuar o cálculo do preço de venda é necessário que ele chegue a um valor: a) que proporcione à empresa a maximização dos lucros; b) que seja possível manter a qualidade, atender as expectativas do mercado àquele preço determinado; c) que melhor aproveite os níveis de produção. Conforme Bornia (2002), Santos (2000), Sartori (2004) e Wernke (2001), a definição dos preços de venda de produtos deve receber uma atenção rigorosa, através de uma análise de cunho gerencial, levando em consideração alguns aspectos básicos, tais como: definição de políticas básicas da empresa relacionadas a preços e resultados; estipulação de objetivos e metas a serem alcançadas pela organização relacionados ao volume de vendas e resultados; volumes de vendas e margem de lucro, necessária para a cobertura de seus custos fixos e atingir o lucro desejado; aspectos de cunho financeiro que envolvam o giro de estoques, os prazos médios ponderados de compras e as vendas; volume de capital de giro necessário para atender as diferentes formatações projetadas para o mix de vendas dos produtos da empresa; o ponto de equilíbrio operacional, financeiro e do nível de grau de retorno dos investimentos realizados pelos empresários na empresa. Segundo Bornia (2002), conforme a lógica da empresa tradicional, salienta que o preço de venda é calculado a partir dos custos, adicionados a uma margem de lucro. Assim, podemos representar esse pensamento por meio da seguinte equação: Preço = Custo + Lucro Levando em consideração esse pensamento, o lucro é determinado por um percentual sobre os custos do produto ou serviço. A principal questão neste caso, é o cálculo do custo dos produtos, para que um item não subsidie o outro. Portanto, no ambiente competitivo de um mercado tradicional, onde a demanda TÓPICO 1 | CUSTOS NAS DECISÕES DE PREÇOS 143 por produtos é superior à oferta, o mercado aceita praticamente qualquer preço e, nesta situação, o cálculo do custo não necessita ser apurado detalhadamente. Já na percepção de uma organização moderna, quem determina o preço de venda é o mercado, transformando a equação vista anteriormente em: Lucro = Preço – Custo Podemos perceber que a diferença entre as duas equações abordadas é que na primeira o preço é a variável dependente, ou seja, determinada em função do custo obtido e do lucro desejado, já na segunda equação ele se torna uma variável independente. Nessa situação, o lucro é definido em função do preço de venda fixado pelo mercado e do custo que a empresa consegue atingir. É importante que o gestor de custos tenha em mente que todo o preço calculado para a venda do produto ou serviço deve ser formado de modo a cobrir todos os custos, as despesas fixas, as despesas variáveis de venda e os impostos, de forma que o valor restante atinja o retorno esperado pelos investidores, ou seja, o lucro. 2.1 CONDIÇÕES QUE CONDUZEM À FORMAÇÃO DOS PREÇOS Conforme Bruni e Famá (2004), as condições que encaminham à formação dos preços são: • forma-se um preço-base; • critica-se o preço-base à luz das características existentes do mercado; • testa-se o preço às condições do mercado; • fixa-se o preço mais apropriado com condições diferenciadas. Nesta linha de raciocínio, para atender as diferentes necessidades no momento da formação de preços, Bruni e Famá (2004), Coelho (2007), Sartori (2004) e Wernke (2001) relatam que é preciso observar: • volumes diferentes; • prazos diferentes para o financiamento de