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Clínica de Grandes Animais IV – Prof Foz e Gabriela Luna Peralta – 2020 Abdômen • Conselho nacional de educação câmara de educação superior. Resolução CNE/CES 1, de 18 de fevereiro de 2003. Para dar ínicio em sistema digestório, qual o comportamento do animal Equino na natureza? Quais mudanças adotamos? O cavalo na natureza ele passava horas andando, comendo, e defecando. Anda e pasta até 18 horas. O estômago do Equino foi projetado para ingestão contínua de alimento, então esses cavalos livres se alimentavam do pasto, de gramíneas, capim, ou seja, volumoso. Com o passar dos anos, os cavalos passaram a ser domesticados e confinados em baias, diminuindo a sua movimentação, como também alterando a sua alimentação, acrescentando o concentrado na dieta. Normalmente o cavalo tem acesso a concentrado 2x ao dia, e deveria ter livre acesso de volumo (feno), porém nem sempre é assim. Há uma relação íntima entre Alimentação (ingestão), digestão (processos intraluminais) e absorção. Variáveis em Peristaltismo e pH podem implicar alterações dos processos. Mas porquê? Justamente por conta da diferença do manejo do Equino livre na natureza, com o estabulado de hoje. Trabalhos Científicos de Fisiologia • Feeding and Digestive Problems in horses • Lane, Roberts and Argenzio- North Carolina • Physiology of the gastrointestinal tract • Barry Smyth -Colic Management in the Horse → Foram colocados animais em média de 160, 170 kg. Passou a se observar o que acontece com os animais quando começam a se alimentar de concentrado. O cavalo apenas produz saliva quando vai se alimentar, e produz de 15 a 20 Litros de saliva. Este processo de produção de saliva leva de 15 a 30 minutos durante a manhã. As glândulas salivares irão atuar neste momento, irá haver secreção gástrica, bile, pancreática, diversos tipos de secreção. Quando o animal se alimenta na parte da manhã irá desidratar, dessa forma o hematócrito do Equino vai aumentar em 10%. Hematócrito = Quantidade de células vermelhas comparado ao plasma. Tem uma quantidade de células brancas também, porém em quantidade menor. Hemácias/Plaqueta/Leucócitos 30 a 40% de Células 60 a 70% de Plasma Na natureza em forma livre, o cavalo após se alimentar (desidratado) vai trabalhar, e necessita de um gasto para os músculos gerando um desequilíbrio. Porém na medida que o cavalo vai se alimentando, que vai comendo o capim, gramíneas, diversos tipos de fibras, irá entrar um pouco de líquido na circulação e o excedente desse líquido será eliminado pela urina, não irá passar pela alteração que o Cavalo passa quando estabulado ou confinado. Quando o alimento é em ração (concentrado), o trânsito intestinal irá ficar mais rápido, pois o pH diminui (ácido), haverá um aumento de ácido lático, de peristaltismo e irritação da mucosa. Este ciclo irá gerar alteração da microbiota ocasionando morte de bactérias gram (-), que tem sua parede composta por Lipossacarídeo (LPS) que são endotoxinas. Estas toxinas (LPS) serão absorvidas nos endotélios dos vasos, e nos Equinos onde tem maior quantidade será no casco do cavalo. Quando ocorre a absorção de toxinas, gera uma alteração nos vasos do endotélio causando inflamação e microtromboses. Quando isto ocorre, irá chegar nos cascos nas lâminas causando morte das lâminas. Haverá diminuição das lâminas dérmicas, fazendo com que descole da lâmina epidérmica causando a laminite. • Quando o alimento é em ração (concentrado), o trânsito intestinal é mais rápido ou mais lento? O trânsito intestinal é mais rápido porquê o pH fica mais ácido, o intestino fica mais irritado e o peristaltismo aumenta. Haverá um aumento de secreção gástrica, diminuindo o pH. • Com este ciclo, haverá alteração da Microbiota? Sim, haverá morte de bactérias que não suportam as alterações de pH. • Quando se diz que o cavalo está toxêmico, o que significa? Há uma série de bactérias gram (-), que tem uma parede envolto (lipopolisacarídeo/ LPS) que é uma endotoxina. Quando o cavalo está toxêmico se refere a absorção de LPS, está havendo morte de bactérias devido a alteração de pH. • Onde é a câmara de fermentação do Equino? O ceco. • Como é realizada a quebra de Celulose nos herbívoros? Os herbívoros não produzem enzimas para quebra de Celulose. A digestão da Celulose é feito no ceco para obter energia. • Qual a consequência da absorção destas toxinas? Estas toxinas serão absorvidas e irão atuar nos endotélios dos vasos, causando reação inflamatória. • Onde o cavalo tem uma série de capilares que pode sofer a ação do endotélio? No casco • Qual o porcentual Líquido do cavalo? Por volta de 60% no cavalo adulto. 60% do corpo é água. • Quanto de líquido tem no cavalo? 60% de 500 kilos. 500 kilos = 300 Litros de líquido. • Um cavalo com desidratação leve 5%/300= 15 litros. Se o cavalo tem 500 kilos tem que dar 15 litros de soro pro cavalo pra reeidratar. O cavalo levou 6 horas após a ingestão para manter o equílibrio eletrolítico. Porém após 6 horas o tratador irá dar ração novamente e voltará o ciclo. • O que fazer para diminuir este ciclo? Aumentar a quantidade de volumoso, deixar ‘’Feno’’ à vontade. Porém o problema está no custo, contratar funcionário e convencer o proprietário. • Na maioria das vezes o problema não vai ser solucionado, então teremos que diminuir o impacto disso, minimizar as consequências. Desta forma irá fracionar a ração concentrada dando maior quantidade de volumoso. Fatores de estática das vísceras: Que mantém as vísceras intacta • Conexões peritoneais ( mesos, ligamentos e omento) • órgãos vizinhos • artérias • líquido peritoneal • pressão dentro da cavidade • parede do abdomen Resumindo Cólicas = muito comum = fisiologia e anatomia ● O cavalo foi criado para pastar e andar por 18h/dia, porém com a domesticação estes hábitos foram alterados ● Somente a alimentação com ração faz com que o animal desidrate = grande produção de saliva —> alteração de pH —> alteração temperatura corporal —> destruição da microbiota —> alimento chega mais rápido ao ceco —> animal entra em toxemia (bactérias fermentativas G—) —> morte das bactérias = liberação de LPS (lipopolissacarídeo) —> liberação de mediadores inflamatórios —> lesão de todos os vasos (principalmente rede capilar do casco) —> LAMINITE ● Para melhorar este quadro: ❏Refeições em número máximo para diminuir a sobrecarga ● Os órgãos abdominais são mantidos no lugar pelo peritônio, pelos órgãos vizinhos, musculatura abdominal, vasos (principalmente as artérias), pressão abdominal e liquido peritoneal ● Cavalo só tem dor em vísceras para distensão e espasmos = manipular as vísceras não doi ● Sempre deve-se fazer a palpação retal = traz muitas informações importantes (anatomia dos órgãos à características das fezes) ● Transporte até o hospital: ❏Animal sempre sondado ❏Potros sempre acompanhados com a sua mãe ❏Transferir sempre o mais possível ❏Encaminhar antes que a cirurgia se torne uma emergência ● A cólica não é um processo estático, ela vai evoluindo = um problema primário pode se tornar um grande problema → O cavalo tem 15 metros de Intestino Delgado. 15 metros pra chegar até o Ceco → O cavalo consegue dormir de pé, anula as forças em cima do membro torácico, não tem gasto muscular. → O Cavalo tem o estômago projetado pra ingestão contínua de alimento, porém passa a ficar estabulado, colado em uma baia e se alimentar de concentrado. → O cavalo não vomita. Conforme aumenta o estômago com a fermentação, o estômago fica em formato agudo. Não tem reflexo do vômito, e o alimento não retorna. Os quadros podem se iniciar de forma leve e evoluir se não tratado. → A anatomiado equino difere do bovino. O estômago do bovino possui 4 compartimentos, e há armazenamento de alimento. Esse processo de armazenamento ocorre para que o alimento volte, e retorne lentamento, que é o processo de ruminação. Enquanto o Equino não tem armazenamento. → O cavalo na natureza pode percorrer até 1500 metros quando observa o predador. Puro Sangue Inglês de corrida. Critérios para encaminhamento de Equinos com Síndrome de Colica para a Cirurgia O que causa dor é a distenção e espasmo das vísceras, as vezes só a manobra de descompressão irá diminuir a distenção gerando alívio do animal. • Não dar antiflamatórios potentes • Porquê não pode fazer os exames físicos antes? Porque o animal com dor irá dar os exames alterados. Irá dar alteração de frequência cardíaca, pode estar alta devido a dor e provavelmente vai estar. Sem contar que é uma emergência, o atendimento deve ser imediato para que não se agrave o problema. • A sonda nasogastrica nos dá informação do conteúdo gástrico, o odor, o cheiro, o pH, a coloração • Porque as pessoas demoram pra levar o animal pro hospital? Porquê é caro e as pessoas não querem ter este investimento financeiro. • Quanto mede uma sonda? 2 metros e meio. Observar se a sonda foi colocada completa. A manobra de descompressão deve ser realizado, para diminuir a compressão, ou seja, irá reposicionar os órgãos, pois nesse momento as vísceras estão comprimidas. • O cavalo 1. Manobras de descompressão - Obrigatório, manobras de descompressão devem ser realizadas para podermos criarmos o critério dor fidedigno. 2. Sonda nasogástrica (cavalo não vomita = importante ajudar o animal à eliminar este conteúdo que esta fermentando) — brigatório Procedimento: -O cavalo deve ser contido com um cachimbo ou pito, preferencialmente em um tronco de contenção adequado. O auxiliar deverá se posicionar do lado contrário ao veterinário que irá passar a sonda; -segura-se o focinho e abre-se a narina correspondente; -introduz-se a sonda um pouco e então flexiona-s e a cabeça do animal par a que a sonda não vá para a traquéia; -observa-se se o animal deglutiu a sonda; -podemos observar a sonda passar dentro do esôfago na região cervical esquerda; -progride-se a sonda at é a mesma se localizar no estômago (odor de conteúdo estomacal). ** É possível que somente com 1 e 2 resolva o problema do animal, porém o animal pode acumular gás em ceco e então é necessário fazer outras manobras. ● Cuidados: em casos onde a distensão do estômago é muito acentuada, a sonda não ultrapassa o cárdia e portanto as manobras de lavagem de estômago não são efetivas = nestes casos o uso de solução morna de lidocaína pode ser útil (relaxa o cardia e permite a passagem da sonda) 3. Tiflocentese = Puncionar ceco com um cateter 16 ou agulha 40/10 para retirar o excesso de gás Quanto tempo irá sair de gás quando estiver realizando a Tiflocentese? Pouco tempo, 20 a 30 minutos. Agulha fina, perfura desde a serosa até a mucosa e quando retiro o orifício não vaza. Deixa com um equipo durante este tempo, e deixa no balde com água, e irá borbulhar. Porque está borbulhando? Porque está saindo gás. Não deve tirar e deixar. (SOMENTE QUANDO CÉCO ESTIVER CHEIO DE GÁS = SE NECESSÁRIO) ● Sabe-se que o ceco esta cheio de gás = percussão, flanco direito aumentado e palpação retal. 4. Exame físico - (pode ser que sem dor se aproxime dos parâmetros normais) ● Auscultação FR, FC ● Mucosas (pálida = sangramento, anemia / congesta = toxemia, deficit circulatório / ictérica = babesia; fígado) ** Cuidado com mucosa ocular = O animal pode estar com a mucosa congesta, pois quando está com colica se rola no chão e pode machucar o olho ocasionando inflamação, nem sempre tem haver com toxemia. ** Em mucosas congestas = não usar as duas jugulares, porque causará flebite em ambas e não terá mais drenagem da cabeça ● Temperatura ● TPC (2 segundos = normal; se estiver 2-4 = diminuição da perfusão; se estiver maior que 4 = diminuição severa da perfusão e coque —> hidratar de maneira agressiva) ● Dor ● Aspecto do refluxo gástrico ● Refluxo volvo (vermelho vinho) = torção de alças / necrose ** quando mais ácido = mais próximo do estômago ** quanto mais alcalino = mais distante do estômago 5. Paracentese abdominal (linha Alba = 3 dedos caudal ao esterno) = avaliação do liquido peritoneal. Pode ser feito com a cânula mamária ou agulha 40/12. Procedimento É realizada uma tricotomia e assepsia cirúrgica em uma área quadrada de aproximadamente 10 cm x 10 cm, caudal ao p rocesso x ifóide, na regi ão mais ventral do abdômen ● Avaliar coloração (normal = translúcidos), aspecto, celularidade (laboratório), proteína/lactato 1. Aspecto do líquido dá pra se ver a olho nú 2. Exames laboratoriais com esse líquido. Irá usar 2 tubos, um com antigoagulante e 1 sem anti coagulante. O que tem anti coagulante irá mandar pra celularidade se tem leucócito, se tem hemácia enquanto no outro irá ver as provas bioquímicas. ● É possível avaliar este liquido em laboratório = Coletar em tubo seco e com anticoagulante —> dosagem de lactato (aumentado [>1] = sinal claro que esta havendo respiração anaeróbica = isquemia = necrose —> encaminhar animal rapidamente ao hospital). Na isquemia irá aumentar o lactato e a proteína no líquido abdominal ● Liquído verde = Rompimento de alça (pode ser que durante a paracentese você perfurou uma alça e coletou o líquido lá de dentro) —> se o exame físico estiver muito alterado (FC aumentado, FR aumentada, temperatura aumentada, etc) houve rompimento de alça, se estiver normal você perfurou a alça (e tudo bem, não tem problema = agulha fina). Só irá mudar os parâmetros e deve estar atento 6. Palpação retal : Entrar com as mãos fechadas como se estivesse fazendo uma mão de bico de passarinho delicadamente. O instetino delgado não é palpável, toda vez que palpar, indica que o intestino delgado está alterado. • Síbalas-normais/pequenas/secas/ausentes • Aorta-pulso simétrico/frêmito • Baço-margem afilada/não palpável/plano mediano/lig.lienorenal livre • Anel inguinal/vaginal-diâmetro/estruturas • Útero-Responsivo/torção • Bexiga-repleta/cálculos ** Fazer fluidoterapia ao longo de todo esse processo, partir do pressuposto que o animal esta desidratado ** Se mesmo após a sonda o animal estiver ruim pode fazer analgesia (dipirona ou buscopan) ** Alterações de delgado nos cavalos são sempre graves —> Casos que se deve internar o animal ● Afecções cirúrgicas já diagnosticadas ● Animais que necessitam tratamento e acompanhamento que dificilmente será realizado na propriedade (fluidoterapia, paracentese seriada) ● Animais cujos parâmetros não definam ainda se trata-se de caso cirúrgico ou clínico, porém a internação proporcionará melhor atendimento e caso haja deterioração do quadro e necessidade de cirurgia o encaminhamento será mais rápido. —> Pensamentos obrigatórios = casos característicos de determinados animais ● Cavalo inteiro = hérnia inguinal ● Égua recém parida = torção de cólon ● Égua no final da gestação = diferencial de torção uterina —> Parâmetros importantes: ● Considerar: ❏Tempo decorrido desde o inicio da cólica (muito tempo = encaminhar para hospital) ❏Dor intensa e contínua (incontrolável com analgésicos), distensão abdominal ❏Atonia intestinal ❏Ausência de defecação, achados de exame transretal (intestino delgado distendido, tênia sob tensão) ** Mesmo com as manobras e medicamentos não melhorar = Levar para o hospital —> Cuidados no atendimento para não atrasar o diagnóstico: 1. Não administrar analgésicos potentes e de longa duração, antes de ter o diagnóstico - Alguns animais com afecções cirúrgicas podem dar falsa impressão de melhora (sintomas mascarados). 2. Nunca retirara sonda nasogástrica antes que o estômago esteja vazio = produção de gás ou ocorrência de refluxo pode levar a um desdobramento/reagudização com ruptura gástrica. 3.Não manter o animal no tronco de contenção ou fazer manobras que levem situações de estresse ● Benefícios que supostamente serão obtidos com alguns procedimentos não justificam os riscos grandes de piora no quadro ● Ex.: Animais que não aceitam o tronco, mas permitem tomar soro na baia = administrar soro na baia ● Ex 2.: Muitas vezes animais agitados só querem urinar e não querem faze-lo no concreto = levar para urinar em outro lugar 4. Não colocar o animal para pastar precocemente sob efeito de analgésicos (repetidamente) = Animal pode estar frente a uma compactação que irá se agravar podendo levar a ruptura. ● Comer somente quando começar a defecar 5. SEMPRE proceder na abdominocentese = não ter receio de contaminação da cavidade ● Muitas informações importantes são obtidas por meio da observação e exame do liquido peritoneal ● Muitas vezes fornece o prognóstico e o diagnóstico ● Não fazer somente se o animal for bravo e não tiver tronco —> Transporte para o hospital: ● TODOS os animais devem ser transportados com sonda nasogástrica ● Potros e éguas devem ser transportados com suas mães e vice-versa ● A rápida transferência de um paciente cirúrgico para o hospital irá determinar a diferença entre a morte e a sobrevivência Quando há rompimento, o exame clínico irá alterar por completo, aumento de TPC, Frequência Cardíaca alta, Hipertemia, etc. .
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