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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO FACULDADE DE MEDICINA Dermato-Venereologia Profa Henda Vasconcelos * Objectivo Orientar o aprendizado sobre as doenças micobacterianas em Dermato - Venereologia Introdução Hanseníase Tuberculose cutânea Definições A Hanseníase e a Tuberculose são doenças infecciosas, cuja a etiologia é uma Mycobacterium. A Hanseniase é a Mycobacterium leprae, A Tuberculose é causada por micobactérias do complexo tuberculosis. O principal patógeno é Mycobacterium tuberculosis. Hanseniase O que é a Hanseníase? nervo derme epiderme subcutâneo Doença imunobacilar de evolução crônica com um período médio de incubação de 3 anos; Afeta principalmente a pele e os nervos periféricos; Características da Hanseníase? Pode afetar todas as idades e ambos os sexos O tratamento com a poliquimioterapia podem evitar a instalação de incapacidades e deformidades na Hanseníase e permite a cura. Transmissão Eliminanção dos bacilos de Hansen através da respiração. A fonte de contágio é um portador de hanseníase multibacilar que não esteja em tratamento. O tratamento com a poliquimioterapia mata a bactéria e interrompe a disseminação da doença com interrupção da cadeia epidemiológica de transmissão M.leprae Seres humanos Meio ambiente Transmissão Diagnosticar Hanseníase? Lesões cutâneas de Hanseníase : Podem ser hipocromicas, eritematosas ou acobreadas Como diagnosticar Hanseníase? Lesões cutâneas de Hanseníase: Podem aparecer em qualquer local do corpo e são persistentes Como diagnosticar Hanseníase? Lesões cutâneas de Hanseníase: Podem ser planas ou elevadas, infiltradas Geralmente sem dor, nem prurido Como diagnosticar Hanseníase? Lesões cutâneas de Hanseníase: Não tem sensibilidade ao calor, dor ou toque Como diagnosticar Hanseníase? Lesões cutâneas de Hanseníase: Nódulos eritematosos ou cor da pele, espessamento difuso, brilhante, liso da pele. Critérios diagnósticos da Hanseníase Lesões cutâneas com alteração de sensibilidade: Térmica Dolorosa Tactil Espessamento dos nervosos periféricos, e perda da sensibilidade em palmas e plantas Tabela 1.Classificação Hanseníase Operacional Números de lesões Madrid (1953) CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DA DOENÇA Ridley e Jopling (1966) IMUNOLÓGICOS E HISTOPATOLÓGICOS Paucibacilar (PB) Indeterminada (I) Indeterminada (I) Tuberculóide (T) Tuberculóide (TTp,TTs) Dimorfa-Tuberculóide (DT) Multibacilar (MB) Dimorfa (D) Dimorfa-dimorfa (DD) Dimorfa-virchowiana (DV) Virchowiana (V) Virchowiana (VVp,VVs) Classificação Hanseníase Paciente apresentando 5 lesões cutâneas são classificados como paucibacilares Classificação Hanseníase Pacientes com mais de 5 lesões cutâneas são classificados como multibacilares. Tabela 2: Características das formas da doença pela classificação da OMS Forma multibacilar Forma paucibacilar Infiltração difusa Única ou poucas lesões Múltiplas lesões Distribuição assimétrica Distribuição simétrica Poucos nervos acometidos Múltiplos nervos acometidos Baciloscopia negativa Baciloscopia positiva Mitsuda positivo nas formas tuberculóide e borderline tuberculóide e + ou - na indeterminada Mitsuda negativo Resposta Mediada por celulas Tuberculóide Única lesão ou pequeno número de nanchas, pápulas, placas com limites nítidos, alopecia parcial ou total, perturbação da sensibilidade e da sudorese. Neuropatia periférica Mitsuda – Fortemente + Baciloscopia - negativa Lesões com aspecto tuberculóide, no entanto numerosas. Acometimento assimétrico e irregular de vários troncos nervosos. Mitsuda - Fracamente + Baciloscopia - Muitas vezes - Dimorfa Tuberculóide Dimorfa Dimorfa Infiltrados eritematosos com centro deprimido ou claro, coloração ferruginosa Há também nódulos e placas eritêmato-pigmentadas O acometimento neural é assimétrico, com anestesia e parestesia. Mitsuda – negativo na maioria das vezes. Baciloscopia - positiva na maioria das vezes Lepromatosa Eritema, infiltração difusa, de bordos difusos, placas, nódulos, madarose, lepromas “Facies” leonina Tibial posterior Fibular Radial cutâneo Radial Mediano Ulnar Facial Auricular Principais nervos periféricos acometidos na Hanseníase O ulnar, o tibial posterior e o fibular são os nervos mais frequentemente comprometidos . O comprometimento dos troncos nervosos é observado quando houver: Espessamento Dor espontânea ou à palpação Alteração da função sensitivo-motora da área de inervação. Facial lagoftalmo, acuidade visual Mão caída Mão em garra Tabela 4: Diagnóstico diferencial conforme a apresentação clínica Forma Diagnósticos diferenciais Indeterminada Nevo acrômico, nevo anêmico, vitiligo, dermatite seborréica Tuberculóide Pitiríase rósea de Gilbert, líquen plano, dermatite seborréica, reação persistente a picada de inseto, esclerodermia, alopecia areata, psoríase, farmacodermias, sífilis, tubercúlides, sarcoidose, paracoccidioidomicose, esporotricose, leishmaniose Dimorfa Urticária, psoríase, farmacodermias, sífilis, linfomas, pitiríase Virchowiana Lúpus eritematoso sistêmico, linfomas cutâneos, sífilis, dermatomiosite, farmacodermia, dermatite seborréica, ictiose, alopecia areata, xantomatose, neurofibromatose, metástases cutâneas, paracoccidioidomicose, doença de Jorge Lobo, leishmaniose cutânea difusa Tabela 5: Tratamento da Hanseníase Forma Tempo Esquema (PQT pela OMS) - Adultos Paucibacilar 6 meses Rifampicina: 600 mg 1 vez/mês Dapsona: 100 mg/dia Multibacilar 12 meses Rifampicina: 600 mg 1 vez/mês Clofazimina: 300 mg 1 vez/mês e 50 mg/dia Dapsona: 100 mg/dia TUBERCULOSE É uma doença infecciosa sistémica que pode afectar qualquer órgão, incluindo a pele Os pulmões, são os órgãos mais comumente envolvido. EPIDEMIOLOGIA DISTRIBUÇÃO: Mundial Imigrantes, seropositivos HIV, idosos imunodepressões ,etc. AGENTE CAUSAL: Mycobacterium tuberculosis, bovis e BCG RESERVATÓRIO: Homem MODO DE TRANSMISSÃO: Inalação, Inoculação cutânea (raro) TUBERCULOSE CUTÂNEA Afecção cutânea originada pelo Bacilo de Koch na pele por: Inoculação direita Processo de hipersensibilização de foco tuberculoso ativo – tuberculides Manifestações clínicas dependem da imunidade adquirida frente ao Agente Causal. CLASSIFICAÇÃO DA TUBERCULOSE CUTÂNEA TUBERCULOSE CUTÂNEA VERDADEIRA (Lesões com bacilos ) I- Tuberculose primária II- Tuberculose secundária É muito rara Complexo primário Lesão local : cancro tuberculoso surge três a quatro semanas após a inoculação. Caracterizada por pápula, placa ou nódulo que cronificam para ulceração e fistulização (abcesso frio), com ou sem linfangite. Ocorre em indivíduo previamente infectado, tuberculino positivo e com certo grau de imunidade 1. Lupus vulgar 2. Tuberculose cutis verrucosa 3. Escrofuloderma 4 . Tuberculose cutis orificialis CLASSIFICAÇÃO DA TUBERCULOSE CUTÂNEA TUBERCÚLIDE (Reacção de hipersensibilidade com ausência de bacilos). I- Forma papular Lupus facial miliar disseminado Tubercúlides papulonecróticas Liquen escrofuloso II- Granulomatosa ulcero nodular Eritema indurado de Bazin. TUBERCULOSE CUTÂNEA PRIMÁRIA Clínica : Inicia-se pápula que úlcera 1 a 2 cm, persistente, não dolorosa, bordos em forma de sacabocado, coberta de crosta aderida a superficie, podem fistulizar. I- Adenopatias satélites, inicialmente única que posteriormente se generalizada. II-Frequente em áreas de trauma (crianças) e a localização genital - circuncisão, contacto sexual Prova de Mantoux inicialmente negativa mas torna-se reativa no curso da doença. DIAGNÓSTICO Clínico-anamnésico Exame bacteriológico directo e cultural Exame histológico DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Úlcerações micóticas Úlcerações sifilíticas Leishmaniose COMPLICAÇÕES : Raras 1. Eritema Nodoso 2. Tuberculose Miliar 3. Meningite Tuberculosa 4. Osteomielite Tuberculosa TUBERCULOSE CUTÂNEA SECUNDÁRIA Ocorre apartir de : Extensão por contiguidade para a pele apartir de infecções pulmonar, intestinal ou urogenital Reinoculação/ autoinoculação – 95 % da TbC Disseminação hematogénica a partir de um foco tuberculoso TUBERCULOSE CUTÂNEA SECUNDÁRIA CLÍNICA Infiltração avermelhada que evolui para úlceras arredondadas, violácea, bordos sinuosos, fundo com granulação amarelada, muito doloroso LOCALIZAÇÕES MAIS FREQUENTES Mucosa oral ( mucosa bucal, língua, palato, gengivas) 2. Região perianal 3. Meato uretral e vulva DIAGNÓSTICO Clínico Microscópico directo e cultural Histológico (granuloma tuberculoso) ETIOLOGÍA Geralmente bacilo tuberculosis ESCROFULODERMA I. ORIGINA-SE : quando os bacilos tuberculosos se disseminam dos gânglios linfáticos, ossos para a pele. II. LUGARES FREQUENTES DE INFECÇÃO : as parotidas, Supraclaviculares, Axilares e Inguinais III: CLÍNICA : Nódulo firme eritematoso com fistulizações Úlceração múltiplas bilateral Cicatrização e fibrose (hipertrofia cicatricial) DIAGNÓSTICO Clínico e laboratorial Lesões prévias – diagnóstico retrospectivo DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Hidrosadenite Gomas sifilíticas e micóticas Osteomelite bacteriana TUBERCULOSE VERRUCOSA I. ORIGINA-SE POR: Inoculação cutânea Autocontaminação II. LOCALIZAÇÕES MAIS FREQUENTES: Dorso das mãos e Membros inferiores e nádegas. III. CLÍNICA : Lesão única, nódular duro e verrucosa Placa hiperqueratósica DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Micoses profundas (Cromomicose, Esporotricose) Líquen plano (forma verrucosa) Verrugas vulgares extensas Outras liquenificações LUPUS VULGAR É devido a inoculação na pele do M. Tuberculosis a partir de un foco activo, endógeno ou exógeno. Cutâneo Linfonodal Osseo Pulmonar As lesões geralmente se localizam na face, entretanto podemos encontrar em qualquer parte do corpo. CLÍNICA Lesão solitaria, roxa, elevada, de bordos definidos, infiltrada consistência mole, coloração amarelada Com vitro presão aparecem pequenos nódulos na superficie da placa de cor castanho translucido- “geleia de maçã” Evolui para lesão atrófica e descamativa Ulceração e cicatrização; PATOGENIA Ocorre em pessoas previamente infectadas e sensibilizadas. Resulta da disseminação hematogenica de um foco velho, reactivado no pulmão ou por extensão linfática de uma linfadenite cervical tuberculosa. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Doença de Hansen Cromomicose Sífilis terciária Sarcoidose COMPLICAÇÃO Carcinoma Espinocelular: Más frequente TUBERCULOSE MILIAR Ocorre em Crianças e imunodeprimidos Invasão hematogénica da pele Infecção primária infecção grave do pulmão ou de uma outra víscera Tronco disseminação sobre todo o tegumento. Erupção polimorfa, pequenas pápulas pústulas purpúricas ou liquenóides. É a forma altamente bacilífera TUBERCULIDES Hipersensibilização - reacções hiperérgicas devido a difusão de antigénios ERITEMA INDURATO DE BAZIN Frequente sexo feminino, recidivante Originado possivelmente por complexos imunitários circulantes. Placas e nódulos profundos, sensiveis ulceração Localização face posterior das pernas TUBERCULIDE PAPULO-NECRÓTICA Lesões papulo-pustulosas recobertas de uma crosta aderente, acastanhadas Infiltração de coloração violácea Depressão central Cicatriz deprimida atrófica hiperpigmentada São simétricas, a nível da superfície extensora dos membros. TUBERCULIDE LIQUENÓIDE Micropápulas (pequenas pápulas miliares) acuminadas, rugosas (aspecto folicular)coloração rosa-pálido / amarelada Localização preferencial -Tronco TRATAMENTO Rifampicina 10- 20 mg Isoniazida 5- 10 mg Pirazinamida 15- 30 mg Etambutol 15- 25 mg Muito obrigada pela atenção dispensada
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