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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/323548482 RISCOS E BENEFÍCIOS DO CONSUMO DE OVOS Article · January 2016 CITATIONS 0 READS 1,509 3 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Parasitology View project Environmental Sciences and Surveillance View project Teresa Letra Mateus Instituto Politécnico de Viana do Castelo 100 PUBLICATIONS 102 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Teresa Letra Mateus on 04 March 2018. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/323548482_RISCOS_E_BENEFICIOS_DO_CONSUMO_DE_OVOS?enrichId=rgreq-6c06b1e5499fe0ae5936c7ab822a2961-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMzU0ODQ4MjtBUzo2MDA1ODc4Mjk3ODQ1NzZAMTUyMDIwMjcwNTg2Nw%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/323548482_RISCOS_E_BENEFICIOS_DO_CONSUMO_DE_OVOS?enrichId=rgreq-6c06b1e5499fe0ae5936c7ab822a2961-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMzU0ODQ4MjtBUzo2MDA1ODc4Mjk3ODQ1NzZAMTUyMDIwMjcwNTg2Nw%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Parasitology-76?enrichId=rgreq-6c06b1e5499fe0ae5936c7ab822a2961-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMzU0ODQ4MjtBUzo2MDA1ODc4Mjk3ODQ1NzZAMTUyMDIwMjcwNTg2Nw%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Environmental-Sciences-and-Surveillance?enrichId=rgreq-6c06b1e5499fe0ae5936c7ab822a2961-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMzU0ODQ4MjtBUzo2MDA1ODc4Mjk3ODQ1NzZAMTUyMDIwMjcwNTg2Nw%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-6c06b1e5499fe0ae5936c7ab822a2961-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMzU0ODQ4MjtBUzo2MDA1ODc4Mjk3ODQ1NzZAMTUyMDIwMjcwNTg2Nw%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Teresa_Mateus?enrichId=rgreq-6c06b1e5499fe0ae5936c7ab822a2961-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMzU0ODQ4MjtBUzo2MDA1ODc4Mjk3ODQ1NzZAMTUyMDIwMjcwNTg2Nw%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Teresa_Mateus?enrichId=rgreq-6c06b1e5499fe0ae5936c7ab822a2961-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMzU0ODQ4MjtBUzo2MDA1ODc4Mjk3ODQ1NzZAMTUyMDIwMjcwNTg2Nw%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Instituto_Politecnico_de_Viana_do_Castelo?enrichId=rgreq-6c06b1e5499fe0ae5936c7ab822a2961-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMzU0ODQ4MjtBUzo2MDA1ODc4Mjk3ODQ1NzZAMTUyMDIwMjcwNTg2Nw%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Teresa_Mateus?enrichId=rgreq-6c06b1e5499fe0ae5936c7ab822a2961-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMzU0ODQ4MjtBUzo2MDA1ODc4Mjk3ODQ1NzZAMTUyMDIwMjcwNTg2Nw%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Teresa_Mateus?enrichId=rgreq-6c06b1e5499fe0ae5936c7ab822a2961-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMzU0ODQ4MjtBUzo2MDA1ODc4Mjk3ODQ1NzZAMTUyMDIwMjcwNTg2Nw%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf 58 CONSUMO TECNOALIMENTAR N.º9 RISCOS E BENEFÍCIOS DO CONSUMO DE OVOS 1 Departamento de Medicina Veterinária, Escola Universitária Vasco da Gama, Coimbra 2 Escola Agrária de Ponte de Lima, Instituto Po- litécnico de Viana do Castelo, Viana do Castelo 3 EpiUnit, Instituto de Saúde Pública da Univer- sidade do Porto, Porto *dealmeim@gmail.com Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam para uma produção de ovos de galinha para consumo em Portugal, de 111 mil toneladas, o que representa um aumento de 5,2% em relação a anos anteriores (INE 2015). O ovo de galinha é um alimento muito presente na alimentação humana por fatores culturais, gastronómicos e sobretudo nutricionais (teor em proteínas, ácidos gordos, vitaminas e minerais) (DGS 2014). Contudo, o seu consumo comporta também alguns riscos para a saúde, motivo pelo qual devem ser acauteladas condições que assegurem a sua frescura e salubridade, nomeadamente no transporte e armazenamento. CONSTITUIÇÃO DO OVO O ovo é constituído por 3 partes: a casca, a clara e a gema (Figura 1). A casca possui uma membrana proteica fina que serve de proteção contra microrganismos e é compos- ta maioritariamente por elementos minerais como o carbonato de cálcio que confere resistência mecânica ao ovo. É uma estrutura porosa que permite trocas gasosas para o desenvolvimento do embrião. A clara do ovo ou albúmen é uma componente interna composta principalmente por água, albumina, enzimas e minerais. Tem funções an- tibacterianas e de sustentação da gema no centro do ovo com as calazas. A gema (ou vitelo) do ovo é composta por várias camadas constituídas por água, lípidos e proteínas. O ovo é um dos raros alimentos a conter naturalmente vitamina D (Sauveur 1988). Por: Melissa de Almeida1*, Humberto Rocha1, Teresa Letra Mateus1,2,3 59CONSUMO CONSUMO DE OVOS O consumo regular de ovos está associado a uma dieta equilibra- da. Os consumidores de ovos, comparando com os não consumi- dores, fazem uma maior absorção de todos os nutrientes à excep- ção da vitamina B6 e da fibra alimentar. A composição nutricional de um ovo de tamanho médio (Tabela 1) inclui 6,5g de proteínas, bem como 5,8g de gordura das quais 2,6g são monoinsaturadas. TABELA 1. COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DO OVO DE GALINHA (ADAPTADO DE: RUXTON, 2010) Nutriente Quantidade de nutriente em 100g de ovo Quantidade de nutriente num ovo médio (58g) Energia (kcal) 151 78 Proteína (g) 12,5 6,5 Carbohidratos (g) Residual Residual Gorduras (g) 11,2 5,8 Colesterol (mg) 391 225 Retinol (µg) 190 98 Vitamina D (µg) 1,6 0,9 Riboflavina (mg) 0,47 0,24 Folates (µg) 50 26 Vitamina B12 (µg) 2,5 1,3 Colina (mg) 160 83,2 Biotina (µg) 20 10 Fósforo (mg) 200 104 Ferro (mg) 1,9 0,99 Zinco (mg) 1,3 0,68 Iodo (µg) 53 28 Selénio (µg) 11 5,7 trientes, e é também uma fonte importante de colesterol e áci- dos gordos monoinsaturados (Ruxton 2010). TABELA 2. COMPARAÇÃO NUTRICIONAL DE VÁRIOS ALIMENTOS QUE SÃO FONTES PROTEICAS (ADAPTADO DE: RUXTON, 2010). SFA: ÁCIDOS GORDOS SATURADOS; MUFA: ÁCIDOS GORDOS MONOINSATURADOS; PUFA: ÁCIDOS GORDOS POLINSATURADOS. Frango (assado) Bife (grelhado) Ovos (cozidos) Peixe (salmão cozido a vapor) Tofu (vapor) Energia (kcal) 148 202 147 194 73 Proteína (g) 32 36,2 12,5 21,8 8,1 Gordura total (g) 2,2 6,3 10,8 11,9 4,2 SFA (g) 0,6 2,6 3,1 2 0,5 MUFA (g) 1,0 1,0 2,8 4,7 0,8 PUFA (g) 0,4 0,3 1,2 3,3 2,0 Colesterol (mg) 94 88 385 54 0 Sódio (mg) 55 62 140 49 4 Vitamina A (µg) Residual Residual 190 14 0 Vitamina D (µg) 0,3 0,8 1,8 8,7 0 Folatos (µg) 6 21 39 17 15 Biotina (µg) 2 2 16 7 N Fósforo (mg) 310 230 200 270 95 Selénio (µg) 16 12 11 28 N Iodo (µg) 7 13 53 4 N FIGURA2. ABSORÇÃO DE MICRONUTRIENTES EM FUNÇÃO DO CONSUMO DE OVOS SEMANAL (ADAPTADO DE: RUXTON, 2010). 0 Número de ovos por semana Vitamina B12 % do RNI Niacina % do RNI Vitamina A % do RNI Iodo % do RNI Cálcio % do RNI Zinco % do RNI Magnésio % do RNI Vitamina D % do RDA RDA: Aporte diário recomendado RNI: Aporte nutricional de referência 0 <3 >3 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 O OVO É UMA FONTE PROTEICA IMPORTANTE Os ovos fornecem uma grande quantidade de proteína de qua- lidade, de elevado valor biológico, e aminoácidos essenciais para o crescimento e desenvolvimento muscular tanto dos mais novos como dos mais idosos (Ruxton 2010). O seu teor proteico é muito interessante em relação a outros alimentos de matriz proteica (Tabela 2) pela sua associação com vários micronu- O OVO É UMA FONTE DE MICRONUTRIENTES O consumo de ovos está relacionado com a absorção de mais Vitamina D, B12 e A, bem como de Biotina, Iodina e minerais como o Zinco e o Magnésio (Figura 2). FIGURA1. CONSTITUIÇÃO DO OVO DE GALINHA (ADAPTADO DE: ANÓNIMO S.D.) Casca Membrana externa Membrana interna Calaza Albúmen exterior Albúmen médio Membrana vitelina Gema Disco germinal Gema Gema Albúmen interno Calaza Câmarade ar Cutícula 60 TECNOALIMENTAR N.º9 Os ovos são um dos raros alimentos a conter vitamina D natu- ralmente, o que explica a sua importância na homeostasia do cálcio. A vitamina B12 ou cobalamina têm um papel importan- te na eritropoiese e outras funções essenciais nomeadamente do sistema nervoso e na síntese proteica. A vitamina A ou retinol possui várias funções relacionadas com a visão, a manutenção do tecido epitelial e o sistema imunitário. A biotina é uma enzi- ma que participa na neoglucogénese e a iodina é uma compo- nente das hormonas tiroideias, o que realça a importância da presença de ovos na alimentação (Ruxton 2010). O OVO É UMA FONTE DE GORDURAS O consumo de ovos encontra-se também relacionado com a ab- sorção de uma quantidade mais elevada de colesterol (Tabela 4) e de outras gorduras: ácidos gordos saturados (SFA), monoinsatura- dos (MUFA) e polinsaturados (PUFA) (Tabela 3) (Ruxton 2010). TABELA 3. APORTE DE ENERGIA E MACRONUTRIENTES EM FUNÇÃO DO CONSUMO DE OVOS SEMANAL (ADAPTADO DE: RUXTON 2010) Consumo de ovos semanal 0 <3 3 ou mais Energia (MJ) 7,6 7,9 8,8 Proteína (g) 69 73 81 Gorduras (g) 65 70 82 Carbohidratos (g) 229 229 244 Polissacarídeos excepto amido (g) 13,5 13,5 14,3 Açucares extrínsecos não lácteos (g) 62 61 66 Percentagem de energia proveniente da gordura 32,0 33,3 35,1 Percentagem de energia proveniente de SFA 12,0 12,6 13,2 Percentagem de energia proveniente de MUFA 10,5 11,0 11,7 Percentagem de energia proveniente de PUFA 5,9 5,9 6,1 Percentagem de energia proveniente da proteína 15,5 15,8 15,7 Percentagem de energia proveniente dos açucares extrínsecos não-lácteos 12,4 11,8 11,6 A ocorrência de doenças cardiovasculares é comummente as- sociada à circulação de colesterol de baixa densidade (LDL) na corrente sanguínea, alguns estudos chegaram a comparar o efeito do consumo de ovos e o tabagismo no desenvolvimento de ateros- clerose (Spence, Jenkins et al. 2012). No entanto, o consumo de mais de um ovo por dia não revelou um aumento significativo de acidentes de origem cardiovascular (Hu, Stampfer et al. 1999). Em indivíduos de alto risco de doença cardiovascular como no caso dos indivíduos com diabetes de tipo 2 foi comprovado que uma alimentação rica em ovos não têm influência no perfil de lípidos sanguíneos. Isso porque os ovos sob a forma de alimento contém outros nutrientes que vão interagir entre eles e permitir por exem- plo a formação intestinal de uma proteína que vai gerar colesterol de alta densidade (HDL) e regular assim o nível de colesterol de baixa densidade (LDL) e diminuir o risco de doença cardiovascu- lar (Fuller, Caterson et al. 2015). Um estudo experimental demonstrou ainda que as proteínas da clara dos ovos interferem na formação de micelas de co- lesterol nos intestinos, diminuindo a sua absorção (Matsuoka, Kimura et al. 2008). Assim, pensa-se que o consumo de ovos não está diretamente li- gado à ocorrência de acidentes cardiovasculares mas a atenção deverá ser focada nos hábitos alimentares e estilo de vida das pessoas consumidoras de ovos, que podem influir sobre a ocor- rência de acidentes cardiovasculares (Hu, Stampfer et al. 1999). O OVO TEM UM EFEITO PROMOTOR DA SACIEDADE Está comprovado que pessoas que ingerem ovos ao pequeno almoço ingerem menos calorias durante o resto do dia (Vander Wal, Marth et al. 2005, Fuller, Caterson et al. 2015), o que torna a ingestão de ovos benéfica no âmbito de dietas hipocaló- ricas, tendo por objetivo a perda de peso ao longo prazo (Van- der Wal, Gupta et al. 2008). Os mecanismos dessa diminuição da ingestão voluntária não são bem conhecidos, sabe-se que a ingestão de proteínas provenientes dos ovos induzem uma secreção de insulina e ghrelin inferior e tem assim uma ação indutora da saciedade (Ratliff, Leite et al. 2010). A INGESTÃO DE OVOS TEM UM IMPACTO POSITIVO NO ENVELHECIMENTO O consumo de ovos equivale à ingestão de proteínas de eleva- do valor biológico, como já anteriormente referido, o que se encontra positivamente relacionado com o aumento da massa muscular, contrariando assim a atrofia muscular associada ao envelhecimento (Pedersen and Cederholm 2014). O OVO ENQUANTO ALERGENO Os ovos são uma causa frequente de alergia em crianças com me- nos de 3 anos (Benhamou, Caubet et al. 2010) e a exposição oculta é comum. Este tipo de alergia alimentar pode causar dificuldades e diminuição da qualidade de vida dos indivíduos. Está relaciona- da com uma reação do sistema imunitário de hipersensibilidade contra proteínas da clara de ovo que estão resumidas na Tabela 4 (Caubet and Wang 2011) . Na gema os principais alergenos são a alfa-livetina, a apovitelenina I e a apovitelenina VI, mas os seus mecanismos de acção alérgica ainda são poucos claros. Nesta situação a ingestão de ovo pode provocar reacções como dermatite atópica, esofagite eosinofílica alérgica ou sintomas gastrintestinais. Para efetuar o controlo da doença é necessário prevenir a ingestão de ovos ou produtos à base de ovos (Caubet and Wang 2011). 61CONSUMO O OVO PODE CONTER PERIGOS ALIMENTARES Os ovos são alimentos que potencialmente podem transportar pe- rigos alimentares bacterianos para a saúde pública, graças à con- taminação fecal à qual são sujeitos na sua postura, e devido muitas vezes à incapacidade em manter a continuidade da cadeia de frio no seu transporte e armazenamento. Assim, torna-se muito im- portante cuidar das condições de armazenamento e do estado físi- co dos ovos que vão ser consumidos (Parlamento Europeu 2004). Um estudo recente permitiu revelou a presença de Escherichia coli e Arcobacter butzerly em ovos disponibilizados nos supermer- cados mas não se observou a presença de Salmonella nem de mi- cotoxinas (apesar destas últimas estarem presentes na alimenta- ção dos animais estudados) (Lee, Seo et al. 2016). A refrigeração abaixo dos 7°C permite uma inibição da mul- tiplicação de Salmonella dentro do ovo mas assegura a sua so- brevivência na casca. Para além disso as propriedades físicas dos ovos conservados à temperatura de refrigeração também se mantêm mais do que à temperatura ambiente, nomeadamente uma câmara de ar pequena, um elevado peso e a elasticidade da membrana vitelina são factores de qualidade procurados pe- los consumidores. No entanto, o problema situa-se na interrup- ção da cadeia de frio que promove a condensação na superfície do ovo e consequente entrada de bactérias no seu interior, bem como qualquer traumatismo na casca do ovo podendo provo- car fissuras e entrada de bactérias (EFSA 2009). Em relação às substâncias químicas que podem se encontrar nos ovos podemos afirmar que uma pequena proporção (inferior à 1%) de ovos testados na União Europeia apresentavam níveis de coccidiostáticos e antimicrobianos, seguidos de organoclorados e substâncias proibidas acima dos valores autorizados entre os anos de 2000 e 2009 (DGAV 2009). Os resíduos veterinários e pesti- cidas apresentam-se então como uma ameaça para a segurança alimentar e a saúde pública, e o cumprimento dos intervalos de segurança deve ser respeitado escrupulosamente. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os ovos são alimentos com alto teor proteico e são recomenda- dos para evitar a atrofia muscular associada ao envelhecimento. TABELA 4. PRINCIPAIS ALERGENOS DA CLARA DE OVO (ADAPTADO DE: BENHAMOU, 2010) Alergeno Nome comum Percen- tagem Carbo- hidratos (%) Trata- mento térmico Trata- mento digestivo Atividade alergé- nica Gal d1 Ovomu-cóide 11 25 Estável Estável +++ Gal d2 Ovoal-bumina 54 3 Instável Instável ++ Gal d3 Ovo- transfe- rina 12 2,6 Instável Instável + Gal d4 Lisozima 3,4 0 Instável Instável ++ São uma fonte importante de micronutrientes essenciais para o sistema imunitário e para o sistema nervoso. São também um dos raros alimentos a conter naturalmente vitamina D, o que os torna indispensáveis numa dieta isenta de produtos do mar por exemplo. A sua influência positiva no controlo da sacieda- de permite incluí-losnuma dieta com baixo aporte calórico no âmbito de uma perda de peso. Não se encontrou relação direta entre o consumo de ovos e a ocorrência de acidentes cardiovas- culares mas sim entre estes acidentes e um estilo de vida pouco saudável (práticas de tabagismo ou alimentação rica em gordu- ras saturadas). O maior risco alimentar associado ao consumo de ovos encontra-se na contaminação bacteriana associada à sua postura, sendo também importante manter condições de transporte e armazenamento seguras. É recomendado evitar mudanças de temperatura no local de armazenamento do ovo que podem levar à formação de condensação e consequente desenvolvimento bacteriano no interior do ovo. Para além disso o consumo de ovos partidos é desaconselhado. BIBLIOGRAFIA Anónimo (s.d.). http://www.theanimalfiles.com/anatomy/egg_ anatomy.html. Benhamou, A. H., J. C. Caubet, P. A. Eigenmann, A. Nowak-Wegrzyn, C. P. Marcos, M. Reche and A. Urisu (2010). “State of the art and new horizons in the diagnosis and management of egg allergy.” Allergy 65(3): 283-289. Caubet, J. 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