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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS UNIDADE BÁSICA DAS BIOCIÊNCIAS CURSO DE MEDICINA RELATÓRIO II: discussão de caso clínico Ana Paula Lazarin Bernardes Fernanda Fernandes Andrade Geovana de Almeida Pina Ítalo Rezende Franco Juciê Ferreira da Silva Laressa Brunna Couto Lucas Zaltron Nascimento Maria Clara Ribeiro Figueiredo Pedro Sousa Tânia Pacheco dos Santos MINEIROS-GO 2020 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS UNIDADE BÁSICA DAS BIOCIÊNCIAS CURSO DE MEDICINA RELATÓRIO II: discussão de caso clínico Relatório apresentado à disciplina de Práticas Funcionais da Unidade I do 5º período do curso de Medicina como requisito parcial para obtenção de nota formativa, sob orientação do Professor Dr Glauceni de Souza e Silva. MINEIROS 2020 SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO ................................................................................ 4 2- DESENVOLVIMENTO .................................................................. 5 2.1- Determinar o diagnóstico, explicando qual a base da conclusão...................................................................................................... 5 2.2- Conceituar a doença diagnosticada ...................................................... 5 2.3- Classificação do tipo de dor relatada ................................................... 7 2.4- Destaque os sintomas apresentados que justifiquem o diagnóstico e explique o motivo da apresentação desses sintomas .................................. 8 2.5- Relate quais são os exames, além do apresentando, que auxiliam no diagnóstico e quais são as alterações esperadas nestes exames para fechar o diagnóstico .................................................................................................. 8 2.6- Descrever e justificar as alterações no EAS relacionando com o diagnóstico ................................................................................................. 10 3- CONCLUSÃO ................................................................................ 10 4- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................... 11 1- INTRODUÇÃO O presente relatório aborda a discussão a respeito do segundo caso clínico apresentado em sala de aula. Segue apresentação. “G.F.G., 6 anos, sexo masculino, refere dor nas costas há 1 semana. Mãe refere inicio de lombalgia há 7 dias, bilateral, de intensidade moderada, sem fator desencadeante, que melhorava parcialmente com uso de dipirona. No primeiro dia o quadro era associado com vômitos alimentares (5 episódios). Há 6 dias foi atendido nesta unidade, quando recebeu hidratação venosa e realizou um hemograma sem alterações. Recebeu alta no mesmo dia após remissão dos sintomas. Há cerca de 24 horas houve retorno do quadro de lombalgia bilateral e um episódio de disúria. Nega febre. Aceita bem a dieta. Abdome globoso, normotenso, indolor, sem visceromegalias. Giordano ausente. Extremidades com boa perfusão, sem edema. O EAS mostrado auxiliou no diagnóstico complementar do paciente.” 2- DESENVOLVIMENTO 2.1- Determinar o diagnóstico, explicando qual a base da conclusão Litíase Renal. Paciente apresentava lombalgia bilateral há 7 dias o qual esteve associado com vômitos alimentares no primeiro dia e nas últimas 24 horas estava apresentando disúria. Com essas informações podemos já ter uma base dos sinais e sintomas de litíase renal que tem a dor localizada na lombar acompanhada de náuseas, vômitos e sintomas urinários. Analisando o hemograma temos mais algumas alterações que nos levam a este diagnostico: o aspecto turvo, aumento da densidade e hemoglobina presente. O aspecto turvo pode advim da presença de muco que vem da presença da pedra ou por excesso dos sais na urina. O aumento da densidade é reflexo do aumento do soluto no liquido urinário aumentando a concentrações de sais levando a formação de cálculos já a hematúria que frequentemente está associada ao cálculo urinário pode ser macroscópica ou microscópica. 2.2- Conceituar a doença diagnosticada Diante do quadro clinico apresentado pelo paciente e os achados nos exames clínicos e laboratoriais conclui-se que o diagnóstico é Litíase renal. Litíase renal é uma doença frequente que acomete mais homens que mulheres (atualmente em proporção inferior a 2:1) e pode estar localizada nos rins, ureter, bexiga e uretra. A recorrência da litíase renal é comum e aproximadamente 50% dos pacientes apresentarão um segundo episódio de litíase, após 5 a 10 anos do primeiro, se não forem submetidos a nenhum tipo de tratamento. (UFRGS, 20017) Aproximadamente 75-80% dos pacientes com urolitíase apresentam cálculos de cálcio, sendo que a maioria destes são compostos primariamente de oxalato de cálcio e, com menor frequência, fosfato de cálcio. Os outros tipos principais incluem cálculos de ácido úrico, estruvita (fosfato de amônio magnesiano) e cistina. O mesmo paciente pode ter um cálculo misto. A formação dos cálculos urinários é o resultado de um processo complexo e multifatorial. Os principais mecanismos fisiopatogênicos responsáveis pela sua formação são distúrbios metabólicos, infecções urinárias, anormalidades anatômicas e causas idiopáticas. Outros fatores envolvidos na litogênese são o pH urinário, o volume urinário e a dieta. Os principais fatores de risco conhecidos são: (UFRGS, 20017) • questões dietéticas (baixa ingestão hídrica, dieta pobre em cálcio e rica em proteína animal e sódio); • história prévia pessoal ou familiar de nefrolitíase; • infecção urinária de repetição; • uso de medicamentos (aciclovir, sulfadiazina e indinavir); • hipertensão, diabetes e obesidade. Os cálculos de cálcio estão associados a alterações bioquímicas urinárias: • hipercalciúria, com ou sem hipercalcemia; • hiperoxalúria (associada à doença inflamatória intestinal e/ou malabsorção intestinal ou hiperoxalúria primária); • hipocitratúria, que pode ser importante em pacientes com acidose metabólica. No entanto, hipocitratúria leve ocorre numa proporção significativa de formadores de cálculo na ausência de acidemia aparente. Citrato é um importante inibidor da formação de cálculos de oxalato e fostato de cálcio; (UFRGS, 20017) • pH urinário persistentemente alcalino, como ocorre na acidose tubular renal distal (tipo I). Urina alcalina está associada com a formação de cálculos de fosfato de cálcio; • baixo volume urinário, que aumenta a concentração dos fatores litogênicos. Certas condições predisponentes estão associadas à formação de cálculos de cálcio: • hiperparatireoidismo primário, que é suspeitado na presença de hipercalcemia (usualmente leve e intermitente); • anormalidades anatômicas do trato urinário (rins em ferradura, obstrução da junção ureteropélvica, divertículos calicinais e rim esponja medular) que aumentam o risco de litíase por determinar obstrução e estase urinária. • acidose tubular renal distal (tipo I), em que o pH urinário é persistentemente alto e leva à acidose metabólica na maioria dos pacientes. Outros tipos de cálculos: Acido úrico – ocorrem principalmente devido urina persistentemente ácida (pH urinário < 5,5) bem como em situações de hiperprodução e excreção de ácido úrico; Estruvita – formam-se apenas em pacientes com infecção urinária crônica devido a microorganismo produtor de urease como Proteus e Klebsiella; no entanto, tem-se observado que mesmo bactérias não produtoras de urease, tal como a Escherichia coli, podem criarcondições litogênicas por centralizarem o processo de cristalização. Cistina – podem se desenvolver em pacientes com cistinúria (doença autossômica recessiva caracterizada por uma inabilidade no manuseio dos aminoácidos dibásicos). (UFRGS, 20017) 2.3- Classificação do tipo de dor relatada O paciente sentia dor nos rins sendo do tipo visceral, há vários dias (lenta) e difusa, o que classificaria como dor causada por fibras do tipo C, além disso, é também referida por apresentar dor lombar devido aos dermátomos. Portanto, a via seria paleoespinatalamica, dor visceral, referida, com fibras tipo C. 2.4- Destaque os sintomas apresentados que justifiquem o diagnóstico e explique o motivo da apresentação desses sintomas O paciente do caso apresente a seguinte sintomatologia: lombalgia, vômitos alimentares e disúria. A clínica existe por se tratar de uma dor de origem visceral que se apresentou de maneira referida nas costas devido aos dermátomos nas áreas lombares. Sabe-se que vias aferentes sensitivas de algumas áreas do corpo podem se convergir no gânglio sensitivo numa aferêrencia ao corno dorsal da medula espinhal. No caso dos rins, uma dor visceral sentida por fibras do tipo C e , portanto, dor difusa e lenta, há convergência com a via sensorial advinda dos neurônios lombares. Assim, o paciente sente a lombalgia em detrimento da interpretação da resposta de dor pelo sistema somatosensorial. Já a disuria, definida por dor no ato de urinar, ocorreu devido a presença do cálculo na via descendente do trato urinário, o que possivelmente gerou uma obstrução, levando à dor. Geralmente, cálculos grandes remanescentes no parênquima renal ou sistema coletor renal são assintomáticos, a menos que causem obstrução e/ou infecção. Dor intensa, muitas vezes acompanhada de náuseas e vômitos, geralmente ocorre quando os cálculos atravessam o ureter e causam obstrução aguda. Segundo Lopes (2009), a dor é comum em razão de distensão da bexiga, do sistema coletor (i.e., ureter, pelve renal e cálices renais) ou da cápsula renal. Lesões na porção superior do ureter ou na pelve renal causam dor no flanco, ao passo que a obstrução na porção inferior do ureter causa dor que pode se irradiar para o testículo ou para os grandes lábios ipsilaterais. A distribuição da dor renal e ureteral geralmente acompanha T11 e T12. A dor pode ser intensa e acompanhada por náuseas e vômitos, na obstrução ureteral aguda completa (p. ex., cálculo ureteral obstrutivo). Uma grande sobrecarga de líquidos (p. ex., ingestão de bebidas alcoólicas ou cafeinadas, ou por diurese osmótica decorrente de um meio de contraste intravenoso) causa dilatação e dor se a produção de urina aumentar para um grau maior que a velocidade do fluxo através da área de obstrução. 2.5- Relate quais são os exames, além do apresentando, que auxiliam no diagnóstico e quais são as alterações esperadas nestes exames para fechar o diagnóstico Diagnóstico por imagem A avaliação padrão inclui uma detalhada história médica e um exame físico. A hipótese clínica será, então, amparada por métodos de imagem apropriados. Recomendação: a realização imediata dos exames de imagem é obrigatória nos pacientes com febre ou com rim único, bem como nos casos de dúvida diagnóstica. Se disponível, a ultrassonografia deverá ser o primeiro método diagnóstico de imagem, embora o alívio da dor ou qualquer outra medida de emergência não deva ser adiada em função de exames de imagem. O Rx abdominal não deve ser realizado se a tomografia computadorizada sem contraste - TCSC - for considerada; no entanto, esse método é útil ao diferenciar cálculos radiopacos e radiotransparentes, bem como para comparações durante o seguimento. Recomendação: a TCSC deve ser usada para confirmar o diagnóstico de litíase em um paciente com dor lombar aguda, pois é superior à urografia excretora. Recomendação: Um estudo renal contrastado (tomografia computadorizada ou urografia) está indicado para planejamento terapêutico da litíase urinária Avaliação laboratorial Todo paciente em avaliação em serviço de urgência por urolitíase necessita realizar uma avaliação laboratorial sucinta enquanto realiza os exames de imagem. Recomendações: análises laboratoriais básicas dos pacientes com litíase no serviço de urgência: Urina; Sedimento urinário/ fitas reagentes para: hemáceas/ leucócitos/ nitrito/ pH; Urocultura ou microscopia urinária; Sangue: Nível sérico de creatinina/ ácido úrico/ cálcio iônico/ sódio/ potássio/ PCR; Hemograma Se a intervenção cirúrgica por provável: teste de coagulação (KTTP e RNI) Exames de sódio, potássio, PCR e de coagulação podem ser omitidos nos pacientes que se encontram em avaliação eletiva, fora de situação de urgência. Os parâmetros bioquímicos em urina de 24 horas usualmente definidos como dentro da normalidade são os seguintes: • cálcio urinário: < 4mg/Kg/dia em adultos e crianças de ambos os sexos ou < 250mg/dia em mulheres e < 300mg/dia em homens; • ácido úrico urinário: < 750mg/dia em mulheres e < 800mg/dia em homens; • oxalato urinário: < 44 mg/dia em ambos os sexos; • citrato urinário: ≥ 320mg/dia em ambos os sexos; • cistinúria: amostra qualitativa negativa ou < 100mg/dia em urina de 24 horas; • creatinina urinária: em pacientes com menos de 50 anos – 20 a 25mg/Kg/dia em homens e 15 a 20mg/Kg/dia em mulheres. Pacientes em alto risco de recorrência devem realizar uma análise mais específica (ver seção TEM, abaixo). A análise da composição do cálculo deve ser realizada em todos os primeiros episódios de litíase (GR: A). Ela deverá ser repetida se ocorrer: • Recorrência sob prevenção farmacológica. • Recorrência precoce após intervenção terapêutica, com eliminação completa dos cálculos. • Recorrência tardia após um prolongado tempo sem cálculos (GR: B). Os procedimentos preferidos de análise da composição dos cálculos são: • Defração por Raio-X. • Espectroscopia infravermelha (EIV). A análise química, isoladamente, é tida como obsoleta. 2.6- Descrever e justificar as alterações no EAS relacionando com o diagnóstico O exame demonstrou a urina com aspecto turvo, indicando presença de outras substâncias como hemácias, bactérias, pus e sais minerais. A presença da hemoglobina na urina indica que ocorreu a destruição de hemácias no trato urinário, a presença de hemácias incontáveis no exame está relacionado ao mesmo processo causador da hemoglobinúria. O muco presente na urina é resultado da descamação das paredes do trato urinário e faz parte do sistema de defesa deste. 3- CONCLUSÃO Dessa forma, o presente relatório contribuiu com o estudo da litíase renal e suas manifestações clinicas com ressalvas nas vias da dor e sua classificação. Além disso, torna-se importante ressaltar que o diagnóstico se dá pelo quadro clínico do paciente, com dor de ocorrência aguda na região dos flancos. A presença de sangue na urina é um achado frequente, e ocorre por lesão direta do cálculo no ureter. Exames complementares são necessários para estabelecimento de correto diagnóstico, sendo que a ultrassonografia tem um custo menor, porém, não apresenta precisão diagnóstica para a detecção de pedras nos rins, enquanto que a tomografia computadorizada é considerada o exame de escolha para o diagnóstico de litíase renal. Apesar de possuir custo mais elevado, este exame permite a perfeita visibilização do cálculo e apresenta, ainda, a vantagem de medir a densidade do cálculo (dureza) em unidades Hounsfield (UH), informação fundamental para a definição da conduta terapêutica. Por fim, vale reiterar a importância do EAS e suas manifestações relevantes na detecção do diagnóstico. 4- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1]. UFRGS (Brasil). Ministério da Saúde. Litíase Renal. 20017. Disponível em: https://www.ufrgs.br/telessauders/documentos/protocolos_resumos/resumo_litiase_renal_TSRS.pdf. Acesso em: 08 mar. 2020. [2]. Antônio Carlos Lopes, Tratado de Clínica Médica, 2nd edição, Volume II, capítulo 256, pag. 2878-2884, Editora Roca, São Paulo, SP, 2009. [3]. TÜRK, C.. Diretrizes para urolitíase. 2012. Tradução para o Português: Charles Edison Riedner. Disponível em: http://portaldaurologia.org.br/medicos/wp-content/uploads/2017/06/369.pdf. Acesso em: 09 mar. 2010.
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