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O tegumento comum compreende a pele (cútis) com seu revestimento de pelos e uma variedade de glândulas cutâneas, assim como garras, cascos e cornos. ➢ A espessura da cútis varia nas espécies, assim como a cor, porém esta é mascarada na maioria dos lugares pela cobertura de pelos. A pele é, em geral, altamente elástica e resistente. A cútis é composta por duas partes: um epitélio superficial (epiderme) e uma camada fibroelástica resistente (derme) que descansa na tela subcutânea (subcútis). A pele protege contra agressões, desempenha termorregulação e tem um importante papel na secreção e excreção. A epiderme é formada por epitélio escamoso estratificado e queratinizado, podendo ser diferenciada pela presença de pelos e glândulas, além de ser continuamente renovada. Ela pode ser dividida em: ✓ Camada basal: é a camada mais profunda da epiderme; ✓ Camada espinhosa: se encontra acima da camada basal; ✓ Camada granulosa: é a camada central da pele; ✓ Camada lúcida: é encontrada somente em partes espessas da pele; ✓ Camada córnea: camada mais externa e dominante na epiderme. A derme é composta por feixes de fibras colágenas e é frequentemente utilizada para fazer couro, sendo composta por duas camadas: ✓ Camada papilar- superficial e fina, constituída de papilas da derme; ✓ Camada reticular- profunda e espessa (80% da derme). A tela subcutânea é uma camada espessa de tecido conjuntivo frouxo entremeado por tecido adiposo que reside abaixo da derme. Ela varia de quantidade de acordo com a situação e local, sendo ampla em cães e gatos e contendo acúmulo de gordura nos suínos (“bacon”). A subcútis permite o deslocamento da pele. Os bovinos possuem uma proeminência variavelmente desenvolvida na região peitoral conhecida por barbela, consistida de uma prega de pele (cútis). Camada córnea Camada lúcida Camada granulosa Camada espinhosa Camada basal Derme Barbela ❖ Dois tipos básicos de glândulas da pele podem ser identificados, as glândulas sebáceas e as glândulas sudoríparas. As glândulas sebáceas produzem uma secreção gordurosa (sebo) que lubrifica e impermeabiliza a pele e retarda o crescimento bacteriano. Essas glândulas são encontradas por todo o corpo exceto nos coxins e no plano nasal. No suíno, as glândulas sebáceas são espalhadas e rudimentares. As glândulas sudoríparas estão dispersas por todo o corpo, mas são escassas nos carnívoros e suínos. Podem ser subdivididas em: ✓ Apócrinas: são mais comuns e liberam seu suor nos folículos pilosos na maior parte do corpo com uma secreção com odor individual característico; ✓ Écrinas: secretam um suor mais aquoso diretamente sobre a pele, sendo encontradas apenas em regiões sem pelo (região glabra) ou quase sem pelos. ❖ Essas glândulas formam aglomerações localizadas, cujo tamanho, formato e posição variam conforme a espécie. As glândulas circum-orais são observadas nos lábios dos gatos, os quais as utilizam para marcar seu território ao se esfregar em algo ou em alguém. As glândulas cornuais estão presentes em caprinos caudomedialmente à base do corno e produzem um odor repugnante. As glândulas do seio infraorbital estão localizadas em um seio cutâneo rostral ao olho da face dos ovinos e servem como marcadores territoriais sendo maiores nos carneiros. A parede do seio contém glândulas sebáceas e serosas. As glândulas cárpicas estão presentes nos suínos e nos gatos, servindo para demarcação territorial. Nos suínos se encontram na face mediopalmar do carpo e nos gatos é marcada por um tufo de pelos táteis proximais ao coxim cárpico. As glândulas do seio interdigital são encontradas nos ovinos e contêm glândulas sebáceas ramificadas, servindo como um “marcador de trilha”. As glândulas do seio inguinal contêm glândulas sebáceas e sudoríparas e são encontradas próximas à base do úbere ou do escroto do ovino. Sua secreção auxilia o cordeiro a encontrar o úbere. As glândulas do seio paranal são bolsas cutâneas que se abrem ao lado do anûs dos carnívoros. A secreção é expelida durante a defecação para demarcação territorial. Os gambás as utilizam para defesa de predadores. As glândulas da cauda são localizadas na face dorsal da base da cauda em carnívoros com a função de auxiliar no reconhecimento e identificação de outros animais individualmente. ➢ O pelo é uma característica dos mamíferos e na maioria das espécies recobre o corpo todo, exceto próximo aos orifícios e coxins. Nos suínos a cobertura pilosa é escassa. Glândulas cornuais do caprino Seio infraorbital do ovino Seio interdigital dos ovinos. Seio inguinal do ovino Seio paranal no cão Glândula da cauda no cão. Pelos são filamentos córneos finos, elásticos e longos formados pela epiderme, tendo um importante papel na manutenção da temperatura corporal. Os pelos podem ser divididos em três categorias: pelos de revestimento (retos e firmes), pelos lanosos (finos e ondulados) e pelos táteis (resistentes e restritos). Os pelos de revestimento normalmente situam-se junto à pele e estendem-se uniformemente, dando uma cobertura lisa que pode ser interrompida por redemoinhos, cristas e linhas. Há muitas variações no desenvolvimento desses pelos. Por exemplo, as cerdas duras e esparsas dos suínos, os pelos grossos da crina e cauda dos equinos, os pelos de barba dos caprinos, as vibrissas do vestíbulo do nariz e os cílios. A troca de pelos é intermitente, sendo relacionada com a estação do ano (geralmente outono e primavera) e acometendo uma alta queda de pelos. Os pelos lanosos fornecem uma cobertura macia e, na maioria das espécies, são mais curtos e numerosos do que os de revestimento. Em muitas espécies vários pelos compartilham uma única abertura do folículo. O pelo central (primário) é mais longo e de revestimento, enquanto os pelos que o circundam (secundários) são mais curtos e lanosos. Os pelos táteis são modificações dos pelos de cobertura mais grossos e geralmente projetam-se além da pele tendo eficácia como órgão do tato. A maior parte deles é encontrada na face, principalmente no lábio e próximo aos olhos. Suas raízes alcançam profundamente a subcútis e cada um é envolvido por um seio venoso. ➢ Os cornos e os chifres são orgãos utilizados para a defesa do animal. A principal diferença entre eles se relaciona com a presença (corno), ou ausência (chifre) de osso na sua constituição. Os cornos dos ruminantes domésticos apresentam bases ósseas fornecidas pelos processos cornuais. Ao contrário dos chifres, que caem e são substituidos, os cornos são permanentes. O tecido córneo produzido pela epiderme na base é mole e transparente, atribuindo ao corno um brilho lustroso. A epiderme do corno é intensamente cornificada e forma o estojo córneo. O corno pode ser dividido em: ✓ Ápice; ✓ Corpo; ✓ Base. Em geral os cornos são encontrados em ambos os sexos, porém o dos machos são maciços. Os cornos do ovino seguem um trajeto helicoidal, enquanto os cornos do caprino crescem no sentido caudal sobre o crânio. Os chifres são protuberâncias do crânio inicialmente recobertas por pele, mas que ficam expostas quando a pele morre. A pele morta (veludo) é removida pela fricção do chifre contra objetos. Sua indução na formação ocorre por fotoperiodismo. ➢ Os coxins (tórus) são as almofadas sobre as quais os animais caminham cobertas por epiderme desprovida de pelo e cornificada. Os coxins são mais desenvolvidos nos animais plantígrados, nos quais os coxins digitais, metacárpico (metatársico) e cárpico (társico) estão presentes. Pelo primário Pelos secundários Folículo piloso adulto complexo do cão Pelos táteis do gato Os pontos dos lábios correspondem às glândulas circum-orais. As setas apontam os pelos táteis bucais.Corno bovino Corno ovino Corno caprino Chifre de cervo Nos digitígrados (cão e gato), apenas os coxins digitais e metacárpico (metatársico) fazem contato com o solo e não há o coxim társico. O coxim carpal e tarsal (quando presente) se localizam na superficie caudal do “pulso”; o coxim metacárpico e metatársico são os coxins centrais das patas para suportar o peso; e os coxins digitais protegem cada dígito. Nos ungulados (do latim unguis, unha), apenas os coxins digitais entram em contato com o solo, geralmente incorporados ao casco, fornecendo estruturas conhecidas como bulbo nos ruminantes e suínos, e a ranilha nos equinos. O equino, diferentemente dos outros ungulados, apresenta coxins metacárpicos (metatársicos) rudimentares (esporões) e coxins cárpicos (társicos) vestigiais (castanhas). ➢ A ponta da narina em felinos, cães, suínos e ovinos é denominada plano nasal. No bovino e equino, a narina é denominada focinho e é referida como plano nasolabial. Como os coxins, o plano nasal é uma forma incomum de pele. Essas estruturas são permanentes e individualment distintas, e fornecem uma forma de identificação utilizada em cães e bovinos (mufla). ➢ As unhas, garras e cascos servem para proteger o tecido, arranhar, cavar, segurar e para ataque e defesa. O gato consegue retrair suas garras, protegendo-as de uso excessivo. O casco do equino é a estrutura mais complexa e serve para reduzir a concussão do impacto dos pés e das mãos. ❖ Os órgãos digitais dos carnívoros compreendem o coxim digital e a garra. O cão possui cinco unhas no membro torácico e quatro unhas no pélvico (pode aparecer um 1° dedo rudimentar, sem elementos esqueléticos) que correspondem à quantidade de dedos. A garra felina é curvada e utilizada para ataque e defesa, sendo totalmente retrátil para caminhar silenciosamente e sem desgastar as garras. Coxins torácicos e pélvicos caninos (A, A’) 1, coxim digital; 2, coxim metacárpico; 3, coxim metatársico; 4, coxim cárpico 1: bulbo 2: sola do casco 3: parede do casco 4: casco do dígito acessório 5: casco rudimentar Suíno Bovino Membro torácico (à esquerda) Membro pélvico (à direita) do equino 1,1’: Castanhas 2: Esporões 3: Ranilha 1 1’ 2 3 Mufla do bovino Impressão nasal canina Garra de um felino Garra de um cão ❖ Os equinos andam somente sobre um dedo em cada pata, que é o terceiro dígito. Os cascos repousam sobre um tecido sensitivo subjacente denominado córion, que é um estrato dérmico. Há cinco tipos de córion na pata equina: ✓ Córion laminar: consiste em uma lâmina primária e secundária e está localizado entre a parede do casco e a terceira falange. A laminite é uma condição séria em cavalos em que o córion laminar inflama; ✓ Córion perióplico: está localizado na faixa perióplica e fornece nutrientes ao perioplo; ✓ Córion coronário: está localizado na faixa coronária e fornece nutrientes ao estrato externo e médio; ✓ Córion da sola: está localizado superior à sola e lhe fornece nutrientes; ✓ Córion da ranilha: está localizado superior à ranilha e lhe fornece nutrientes. O casco e o córion formam um arranjo elaborado de interdigitações denominadas lâminas. Elas consistem em extensões primárias e secundárias que aumentam a área de superfície entre o córion e a parede do casco. O casco equino é dividido em três partes: a parede, a sola e a ranilha. PAREDE A parede é dividida em três regiões: a pinça, os quartos e os talões. A pinça é a frente da pata, os quartos completam as laterais e o talão envolve a parte de trás da pata. Os cascos torácicos são angulados de 45 a 50° e sua sola é mais circular. Os cascos pélvicos são angulados de 50 a 55° e sua sola é mais oval. Uma faixa de tecido córneo mole, a faixa perióplica posiciona- se sobre a superfície externa da parede próximo à sua junção com a cútis. SOLA A sola é a superfície plantar e palmar do casco. Ela preenche o espaço entre a parede e a ranilha, formando a maior parte da face inferior do casco. Uma faixa estreita denominada linha alba (branca) é formada na junção da sola e a parede. O casco lateral normalmente é maior que o medial. RANILHA A ranilha é uma estrutura córnea de formato triangular ou de “W” localizada entre os talões na parte de baixo do casco. O ápice da ranilha volta-se para a pinça, e a base corre entre o aspecto caudal da pata e os talões. ❖ Os ruminantes e o suíno são classificados como artiodátilos, pois possuem dois dedos que sustentam o peso em cada pé. Apesar de ser em princípio semelhante ao casco do cavalo, difere em vários aspectos: a parede é curvada para formar uma margem dorsal e possuem cascos rudimentares sem contato ao solo. Talão Pinça Quartos Ranilha Sola Parede Linha Branca Faixa perióplica Cútis Parede Casco torácico esquerdo Casco pélvico direito Casco rudimentar Linha alba Sola Faixa perióplica Bulbos (coxins) do talão Bulbos
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