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Aula 8 - O Segredo e o Profissional de Enfermagem

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EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM 
O SEGREDO E O PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM 
Em seus contatos diários com pacientes, familiares e funcionários, o profissional de enfermagem, 
como ser humano e profissional, defronta-se com problemas que não pode revelar e outros que pode 
ou deve revelar. 
Mas, o que pode ou não pode ser revelado? A quem pode-se revelar? 
Estas perguntas são feitas principalmente se levarmos em consideração que este assunto envolve 
aspectos humanos, jurídicos e deontológicos. 
CONCEITO DE SEGREDO 
Segredo ou sigilo vem do latim sigillum, significando sinal, sinete, selo, segredo. 
Nesta última definição, cabe-lhe o sinônimo latino secretum (Santos, Saraiva, Dicionário Latino-
Português, verbetes). 
Usava-se, indiferentemente, sigilo ou segredo profissional. 
Segundo Campos, "os documentos sigilosos, antigamente, caracterizavam-se por um selo de 
diferentes tipos de goma adesiva, impresso de forma tal que seu rompimento o tornava irrecuperável 
e revelava a quebra do sigilo". 
SEGREDO, portanto, segundo Camargo, é "tudo aquilo que, ou por sua natureza, ou por um contato 
especial, deve ser conservado oculto". 
Esta coisa oculta, este segredo, fundamenta-se na confiança, na confidência e na justiça. 
Sem confiança não há confidência, pelo menos espontânea. 
E, ao se guardar ou revelar um segredo indevidamente, respeitamos ou desrespeitamos a justiça, pois o 
segredo pertence ao dono. 
TIPOS DE SEGREDO E CONTEÚDO 
Vários são os tipos de segredo, mas podemos dividi-los em dois principais: o segredo natural e o 
profissional. 
O segredo natural abrange o que se vem a conhecer sem estar no exercício de uma profissão. 
O segredo profissional envolve o que se vem a saber exercendo uma atividade profissional. 
Cada profissão, por exemplo a de um médico, um advogado, um sacerdote, possui o seu conteúdo 
específico frente ao segredo. 
Para o profissional de enfermagem, o conteúdo do segredo é tudo o que se refere ao paciente, à 
família, aos funcionários sob seu comando e à empresa, ao hospital ou campo de atividade. 
Tudo o que se refere ao paciente está contido no seu prontuário (diagnóstico, resultado dos exames, 
prescrição, assuntos particulares, etc.). 
Os problemas dos familiares do paciente, sabidos no exercício da profissão, também fazem parte do 
segredo, bem como os problemas dos funcionários e da instituição onde trabalha. 
FORMAS DE POSSÍVEL REVELAÇÃO DO SEGREDO 
O segredo profissional pode ser revelado de forma direta ou indireta. 
A revelação direta de um segredo dá-se quando são publicados o conteúdo e o nome da pessoa a quem 
pertence o segredo. 
O segredo é revelado de forma indireta a partir do instante em que são oferecidos indicativos para o 
conhecimento da coisa secreta e do seu dono. 
 2 
Esta distinção é feita porque, embora a revelação seja direta ou indireta, a injustiça é praticada da 
mesma forma e as responsabilidades jurídica e deontológica estão presentes. 
QUANDO É PERMITIDA E QUANDO É OBRIGATÓRIA A REVELAÇÃO DO SEGREDO 
Há circunstâncias em que o segredo pode ser revelado e outras em que deve ser manifestado a quem 
de direito. 
Este aspecto torna-se importante, pois podemos ser processados ou ferir a deontologia revelando ou 
guardando um segredo. 
PODE-SE REVELAR O SEGREDO 
a) Quando o dono o permite; 
b) Quando o bem comum o exige; 
c) Quando o bem de terceira pessoa o exige; 
d) Quando o bem do depositário o exige. 
DEVE-SE REVELAR UM SEGREDO 
� Ao se tratar de uma declaração de nascimento; 
� Para evitar um casamento, em casos de enfermidades que possam pôr em risco um dos cônjuges 
ou a prole; 
� Na declaração de doenças infecto-contagiosas de notificação compulsória; 
� Ao se tratar de fato delituoso previsto em lei; 
� Em caso de sevícias (crueldades) de menores; 
� Ao se ter conhecimento de abortadores profissionais; 
� Nas perícias médico-legais; 
� Nos registros de livros hospitalares. 
ASPECTOS JURÍDICOS 
Para que haja caracterização do delito de quebra do segredo, faz-se necessário, segundo França: 
- A existência de um segredo; 
- Ser conhecido em razão de função, ofício, ministério ou profissão; 
- Ausência de justa causa; 
- Estar presente o dolo (intenção de provocar determinado resultado). 
Os códigos Penal e Civil Brasileiros referem-se expressamente ao segredo profissional. 
O CÓDIGO PENAL trata do assunto nos artigos 153 e 154, a seguir transcritos: 
Art. 153 - É crime divulgar a alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular, cuja 
divulgação possa produzir dano a outrem. 
Art. 154 - É crime revelar a alguém, sem justa causa, segredo de que venha a ter ciência em razão de 
função, ministério, ofício ou profissão e cuja revelação possa produzir dano a outrem. 
O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO assim se expressa: "Ninguém pode ser obrigado a depor de fatos a 
cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo" (Art. 144). 
Com este artigo, o referido código dá cobertura legal a quem for convocado a depor em juízo sobre 
fatos conhecidos no exercício da profissão. 
 3 
Sem dúvida, a pessoa convocada deverá se apresentar, mas não será obrigada a revelar o que sabe, 
evidentemente, nos casos em que a revelação não for obrigatória. 
A Lei das Contravenções Penais diz: 
"Deixar de comunicar à autoridade competente: (...) II. crime de ação pública, de que teve 
conhecimento no exercício da medicina ou de outra profissão sanitária, desde que a ação penal não 
dependa de representação e a comunicação não exponha o cliente a procedimento criminal" (Art. 66). 
ASPECTOS ÉTICOS 
O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem estabelece a atitude a ser tomada perante o 
segredo profissional no CAPÍTULO II - DO SIGILO PROFISSIONAL: 
DIREITOS 
Art. 81 - Abster-se de revelar informações confidenciais de que tenha conhecimento em razão de seu 
exercício profissional a pessoas ou entidades que não estejam obrigadas ao sigilo. 
RESPONSABILIDADES E DEVERES 
Art. 82 - Manter segredo sobre fato sigiloso de que tenha conhecimento em razão de sua atividade 
profissional, exceto casos previstos em lei, ordem judicial, ou com o consentimento escrito da pessoa 
envolvida ou de seu representante legal. 
§ 1º - Permanece o dever mesmo quando o fato seja de conhecimento público e em caso de 
falecimento da pessoa envolvida. 
§ 2º - Em atividade multiprofissional, o fato sigiloso poderá ser revelado quando necessário à 
prestação da assistência. 
§ 3º - O profissional de enfermagem, intimado como testemunha, deverá comparecer perante a 
autoridade e, se for o caso, declarar seu impedimento de revelar o segredo. 
§ 4º - O segredo profissional referente ao menor de idade deverá ser mantido, mesmo quando a 
revelação seja solicitada por pais ou responsáveis, desde que o menor tenha capacidade de 
discernimento, exceto nos casos em que possa acarretar danos ou riscos ao mesmo. 
Art. 83 - Orientar, na condição de enfermeiro, a equipe sob sua responsabilidade, sobre o dever do 
sigilo profissional. 
PROIBIÇÕES 
Art. 84 - Franquear o acesso a informações e documentos para pessoas que não estão diretamente 
envolvidas na prestação da assistência, exceto nos casos previstos na legislação vigente ou por ordem 
judicial. 
Art. 85 - Divulgar ou fazer referência a casos, situações ou fatos de forma que os envolvidos possam 
ser identificados. 
Entre os casos de segredo previstos por lei estão os que há obrigatoriedade de serem revelados a quem 
de direito, como, por exemplo, o conhecimento de abortadores profissionais. 
ASPECTOS DEONTOLÓGICOS 
Os aspectos deontológicos (ciência que estabelece normas de orientação das atividades profissionais 
de acordo com princípios da moral e da honestidade) analisados por Haring e outros autores, 
envolvem o respeito à pessoa, à justiça, ao direito individual e comunitário. 
Ao se revelar indevidamente um segredo profissional desrespeita-se a confiança depositada, e pode-se 
ocasionar grave prejuízo ao bom nome, à honra ou àprofissão. 
Por exemplo, um cliente revela ao profissional de enfermagem que foi drogado, mas seus pais e 
amigos não sabem. 
 4 
Se o profissional de enfermagem revelar este segredo, comprometerá a honra do cliente e a confiança 
em si como profissional. 
Por outro lado, ocultar alguma coisa sabida, mas que deveria ser revelada, pode da mesma forma 
violar a justiça e o direito comunitário. 
Um cliente revela ao profissional de enfermagem, sob segredo, que é portador de moléstia contagiosa 
de notificação compulsória. 
Este segredo não poderá ser mantido, pois está em risco a saúde da comunidade. 
Diante de situações como estas, evidencia-se a importância de se saber decidir quando revelar ou 
quando guardar um segredo. 
Ao analisar o segredo profissional podemos constatar que ele envolve aspectos jurídicos e 
deontológicos. Sua revelação indevida fere leis e princípios deontológicos. 
Normalmente, o profissional é levado a dar mais importância à infração legal do que às exigências 
deontológicas. 
É de extrema importância rever estas maneiras de proceder e ter em mente que, ao violar um segredo, 
desobedecem-se leis, mas, principalmente, violam-se aspectos fundamentais ao ser humano: o 
respeito, a justiça, a confiança e a confidência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disciplina: Introdução à Enfermagem 
Profa. Marilia J. Pereira

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