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Pamela Barbieri, T23 Semiologia do Abdome Anamnese – Sistema Digestivo Sintomas →Cavidade bucal: Dor: odontalgia, glândulas salivares (ex: caxumba), articulação temporomandibular (infecciosas ou não). Halitose: múltiplas causas. Gengivorragia. →Esôfago: Disfagia (dificuldade de deglutição), odinofagia (dor para deglutir, depende da ingestão). Pirose. Regurgitação (não é precedido por náusea). Sialose. Hematêmese (até o ângulo de Treitz – junção duodeno/jejuno). →Estômago e duodeno: Dor: geralmente é referida na linha mediana do epigástrio, abaixo do apêndice xifoide. Náuseas e vômitos: questionar conteúdo → ajuda definir etiologia; pode ter origem extradigestiva; O vômito pode ser com conteúdo biliar (obstrução de intestino delgado), pode ter apenas conteúdo gástrico (associado a gastrite/úlceras), conteúdo alimentar (estase gástrica associada). Hematêmese. Dispepsia: conjunto de sintomas → dor ou desconforto no epigástrio, acompanhada ou não de saciedade precoce, plenitude pós prandial (impressão de que a digestão não está adequada), distensão ou náuseas. Pirose →Intestino delgado: Diarreia: aumento do teor líquido das fezes, geralmente associado ao aumento do número de evacuações e do volume fecal. Diarreia alta (intestino delgado) → mencionar as características das evacuações → volume, consistência aspecto, frequência. Geralmente, essa diarreia é muito volumosa e a frequência pode não aumentar tanto. Geralmente, junto com as fezes há restos de alimentos e Esteatorreia (aumento de gordura nas fezes). Dor abdominal (localização variável) → caracterizar a dor. Distensão abdominal (aumento da concentração de gases). Melena (fezes enegrecidas, como borra de café, de odor forte e característico – liberação de sangue proveniente de partes altas). Enterorragia: menos comum quando comete porções do intestino delgado. →Intestino grosso: Dor: (localização variável) deve ser caracterizada Tenesmo: sensação de dor retal e perineal e desejo de defecar – elimina pequena quantidade de fezes ou muco. Hematoquezia: geralmente em doenças perianais, em porções mais baixas no intestino grosso – presença de sangue associado as fezes (fissuras anais, hemorroida). Enterorragia. Distensão abdominal (acúmulo de gases, obstrução). Diarreia baixa: volume fecal menor, frequência maior. Associada a quadros infecciosos → Disenteria (muco, pus ou sangue nas fezes). Pamela Barbieri, T23 Semiologia do Abdome Mudança de ritmo intestinal. (Hábito intestinal normal: intervalos de 8 a 48h, ou seja, 3 vezes por dia ou 1 vez a cada dois dias). Obstipação intestinal. Sempre caracterizar as evacuações e não rotular (não descrever meramente uma constipação ou diarreia)! →Fígado e vias biliares: Dor: no quadrante superior direito → caracterizar a dor. A dor em topografia hepática não é propriamente uma dor gerada no parênquima hepático e sim uma dor gerada por uma distensão da cápsula de Glisson (ex: IC esquerda que gera hepatomegalia (dor pela distensão da cápsula de Glisson)). Cólica biliar (dor de origem biliar: litíase biliar). Icterícia: impregnação em tecidos por pigmentos biliares. Vômitos. →Pâncreas: Dor: epigástrica ou localizada em hipocôndrio esquerdo, irradia para o dorso → caracterizar a dor. Náuseas e vômitos (frequentes em pancreatites (inflamação do parênquima pancreátici). Anorexia. Icterícia (por obstrução do colédoco). Diarreia e esteatorreia: insuficiência pancreática (diminuição da liberação de enzimas digestivas). Exame físico: Exame físico geral: Medidas antropométricas (infere estado de desnutrição, seja por pancreatites, neoplasia, diarreia crônica). Alteração de cor de pele e mucosas (anemia, icterícia). Lesões de pele (desnutrição, hipovitaminose). Alterações de pele e unha (desnutrição). Estado de hidratação (diarreia). Edema (desnutrição grave: diminuição da pressão coloidosmótica). Exame físico do abdome: Inspeção → ausculta → percussão → palpação Ausculta precede a palpação, pois ao realizar a ausculta posteriormente a percussão e palpação, poderíamos estimular a atividade motora das alças intestinais e falsear os ruídos. Inspeção: divisão topográfica, formato, cicatrizes, peristaltismo visível, abaulamentos, rede venosas. Pamela Barbieri, T23 Semiologia do Abdome Ausculta: ruídos hidroaéreos (atividade, timbre), sopros vasculares. Percussão: timpanismo, macicez. Palpação: superficial e profunda. Palpação de fígado e baço. Sinais semiológicos (manobras especiais). Cavidade bucal: deve ser examinada (procurar lesões). Esôfago: inacessível ao exame (atentar ao exame físico geral). Estômago: inspeção – peristaltismo gástrico visível em obstruções; palpação. (Não é um órgão tão acessíbel). Intestino delgado: inspeção – peristaltismo visível; palpação superficial; percussão; ausculta. Intestino grosso: inspeção, palpação, percussão, ausculta. Pâncreas: inacessível ao exame. Fígado: percussão, palpação. Baço: inacessível ao exame normal. Aumentado: percussão, palpação. Posicionamento do paciente adequado Exposição total da região a ser examinada Decúbito dorsal, membros superiores e inferiores estendidos Travesseiro baixo para apoio a cabeça e ombros (promover maior relaxamento dos mm. abdominais) Posição do médico varia de acordo com a técnica do exame. Inspeção: Divisão topográfica → possibilita localização mais apurada de sinais e sintomas e sua correlação com as possíveis vísceras. Mais adequada. Pamela Barbieri, T23 Semiologia do Abdome Formato: variável de acordo com o biotipo, idade, sexo, estado de nutrição, estado dos músculos da parede abdominal. Cicatrizes: importantes descrever cicatrizes cirúrgicas prévias. Cicatrizes de cirurgias anteriores podem ser causas de dores/sequelas da queixa atual. Avaliar presença de diástase (separação dos mm. retos abdominais) ou herniações: Pamela Barbieri, T23 Semiologia do Abdome Geralmente visíveis quando pede para o paciente levantar o pescoço. Peristaltismo visível: não são perceptíveis em condições normais. Exceto em situações de caquexia e hipotrofia muscular extrema. Pode representar obstrução intestinal, acompanhada de dor e vômitos → peristaltismo pode ser visível. Rede venosa – circulação colateral: rede venosa superficial normal: constituída por veias de fino calibre, raramente visíveis. Obstrução de fluxo da veia porta ou de uma das veias cavas pode causar fuga do fluxo sanguíneo do território esplâncnico, de drenagem prejudicada, para superfície do tronco, por veias que comunicam as duas regiões. → Resulta em dilatação das veias de parede abdominal que se tornam dilatadas e tortuosas. O padrão da distribuição da rede venosa na superfície do abdome e o sentido do fluxo revelam o território cuja drenagem se acha comprometida. →Circulação colateral tipo cava inferior: vasos dilatados visíveis nos flancos e ocasionalmente nas fossas ilíacas. Fluxo sempre ascendente. →Circulação colateral tipo porta: vasos dilatados são numerosos em torno da cicatriz umbilical, tanto no andar superior quanto no inferior. Fluxo sanguíneo de sentido ascendente no epigástrico e nos hipocôndrios e no descendente no hipogástrico e hipogástrio e fossas ilíacas. Pulsações: aorta abdominal Ausculta: Ruídos hidroaéreos: movimentação de água e gás em alças e vísceras ocas. → Atividade, timbres. Sopros vasculares: sopro abdominal → origem em dilatações ou obstruções de aorta abdominal ou a. renal. Ausculta-se o centro de cada quadrante abdominal por cerca de 15 segundos. Ausculta-se pelo menos dois pontos acima e abaixo da cicatriz umbilical Ruídos hidroaéreos: acontecem sempre que há movimentação de liquido e gases no tubu digestivo, mais evidente em estômago e cólon. Em geral, os ruídos ocorrem a cada 5 e 10 segundos, sem nenhuma regra específica. Intensidade dessessons varia com aumento da frequência. Maior frequência, maior intensidade. Melhor Pamela Barbieri, T23 Semiologia do Abdome forma de classificar é de acordo com a atividade (frequência + intensidade). Ruídos: normoativos, hiperativos, hipoativos, abolidos. Os ruídos podem estar abolidos em uma condição pós-cirúrgica em que as alças foram muito manipuladas: parada reflexa transitória da movimentação do tubo digestivo → íleo paralítico. Após refeições: aumenta a frequência. Timbre: mais metálico se houver obstrução. Sopros vasculares: condições anormais – (turbilhonamento sanguíneo (dilatação, estenose, comunicações aberrantes). Aorta abdominal ou A. renal. Percussão: Abranger todos os quadrantes: Sob vísceras ocas: timpanismo. Área do fígado: macicez. Evidência de macicez em outras regiões: visceromegalias, tumores. Palpação: Inicia-se com palpação superficial (sem qualquer pressão, para inferir condições e sinais associados à parede abdominal). Esse início relaxa o paciente para posteriormente realizar uma palpação mais profunda. Sensibilidade: avalia a presença de dor a palpação superficial. Resistência muscular: contratura muscular voluntária (por tensão, medo) ou involuntária (defesa da parede abdominal → peritonite localizada x localizada – abdome em tábua. Ex: apendicite em fase tardia). Massas superficiais/soluções de continuidade: diástases dos músculos retos, herniações. Palpação profunda: conteúdo da cavidade abdominal é avaliado. Órgãos possivelmente palpáveis normalmente: borda inferior hepática, grande curvatura hepática, ceco, cólons transverso e sigmoide. (Depende do paciente, se mais magros, mais fácil). Massas abdominais: órgãos anormais, presença de tumorações. Sempre que presença de algo anormal for identificado: localização, tamanho, formato, consistência, hipersensibilidade (dor), pulsações, mobilidade. Dor: deve ser descrita! Exame do fígado: inspeção + percussão + palpação. Percussão: Borda superior do fígado está no gradil costal e só é definida por percussão → como se define a borda superior? Começa-se a percutir o tórax do paciente, desde o 2º EIC delimitado pelo ângulo de Louis e Pamela Barbieri, T23 Semiologia do Abdome observa-se em que momento ocorre a transição do som claro pulmonar para o submaciço e consequentemente o maciço. Quando se começa a notar o som submaciço: marca-se a localização da borda superior do fígado. A percussão deve ser continuada em sentido descente e quando houver transição do som maciço para o som timpânico: marca-se a borda inferior do fígado. Hepatimetria do fígado: habitualmente na altura da linha hemiclavicular fígado tenha 6 a 12cm. Palpação: dará informação sobre a característica sobre a borda inferior do fígado. Auxílio de movimentos respiratórios. Na avaliação devem ser descritas: Regularidade da superfície (se tem nódulos ou é regular), consistência (o normal é parenquimatosa, em algumas situações pode estar endurecida ou amolecida), sensibilidade e pulsação. Normal: borda fina, superfície lisa, consistência firme elástica, indolor, sem pulsação. Para acessar o fígado durante a palpação da borda inferior: introduzir os dedos no ponto onde houve a transição de som maciço para timpânico. O movimento de palpação pode seguir duas técnica: 1) Lemos-Torres: mão direita do examinador se posiciona na área da borda inferior e a mão esquerda se insere no flanco direito, fazendo uma leve elevação. 2) Mathieu: examinador fica próximo a cabeça do paciente, e as duas mãos em garra avaliam a borda inferior. Auxílio dos movimentos respiratórios: Expiração: musculo mais relaxados – mais fácil introduzir os dedos. Inspiração: borda hepática desce pelo movimento do diafragma – fica mais acessível. Inserir os dedos na expiração e aguardar inspiração para que o fígado desça e borda inferior seja palpável. Pamela Barbieri, T23 Semiologia do Abdome Exame do baço: Apenas o aumento do baço em pelo menos 2 vezes o torna palpável e percutível. Inspeção + percussão + palpação. Percussão normal: som claro pulmonar → som timpânico Face lateral do hipocôndrio esquerdo, linhas axilares médias e anterior. Esplenomegalia: som claro pulmonar → som maciço. Técnica: examinador pode estar a direita do paciente, agora avaliando a região do hipocôndrio esquerdo. A mão direita tentando palpar região próxima do gradil costal e a mão esquerda apoiando região do flanco esquerdo. Manobra facilitadora: posição de Schuster. Examinador vai para o lado esquerdo. Percute e palpa o baço. Sinais semiológicos principais: Manobras específicas para analisar condição suspeita ou algum sinal encontrado no exame físico. Sinal de Blumberg: dor a descompressão brusca – durante a palpação profunda há piora da dor à descompressão súbita no ponto de McBurney (ponto apendicular). Apendicite; peritonite aguda → peritônio produz exsudato de fibrina, a compressão aproxima os folhetos Pamela Barbieri, T23 Semiologia do Abdome aderidos por fibrina. Com a descompressão, ocorre o deslocamento desses folhetos, ativando receptores sensoriais e causando dor intensa. Sinal do obturador: associado ao Bumblerg quando há apendicite. Dor intensa quando se tentar rotacionar a coxa fletida em região de fossa ilíaca direita. Sinal de Rovsing: se faz palpação na fossa ilíaca esquerda e o paciente refere dor reflexa na fossa ilíaca direita, pois quando se palpa o colon descendente, os gases se deslocam para o cólon ascendente e esse deslocamento atinge o apendice inflamado. Sinal de Lenander: temperatura retal aumenta 1°C superior a axilar (apendicite). Sinal de Murphy: parada da inspiração devido a dor durante a compressão do ponto cístico (borda subcostal direita, na linha hemiclavicular) – colecistite aguda (grande causa é a litíase vesicular). Sinal de Jobert: desaparecimento da macicez e aparecimento de timpanismo na região de projeção de fígado. É observado no pneumoperitôneo (perfuração de vísceras ocas – trauma). Pamela Barbieri, T23 Semiologia do Abdome Sinal de Courvoisier: Vesícula palpável, indolor, paciente ictérico. Leva a hipótese de neoplasia de cabeça de pâncreas (obstrução do colédoco terminal). Sinal de Cullen: equimose periumbilical por hemorragia retroperitoneal (pancreatite aguda grave). Sinal de Grey-Turner: equimose nos flancos (pancreatite grave) Questões de ascite (líquido livre na cavidade peritoneal): Sinal de piparote: positivo quando há ascite de grande volume (em geral maior que 1500mL). Pede-se que o paciente coloque sua mão na linha mediana do abdome e se realiza a percussão lateral. Procura de liquido livre no abdome: examinador põe uma mão em um flanco e no outro flanco faz o sinal de piparote, leve estímulo para que, se houver onda líquida, ela se choque com a outra mão no outro flanco. Para esse movimento não ser confundido com movimentação de parede, se pede para o paciente colocar a mão dele no meio do abdome. Ascite de médio volume, cerca de 1000mL (sinal de piparote não é possível). Sinal da macicez móvel: pede pro paciente assumir os dois decúbitos laterais: se o líquido se movimenta, o líquido se concentra todo em flanco direito e, então, no flanco direito se evidenciará som maciço e no flanco esquedo som timpânico. Se pede pro paciente mudar a posição para confirmar deslocamento do líquido. Semicírculo de Skoda: se o paciente assume decúbito dorsal, o líquido se localiza em hipogástrio, flancos fossas ilíacas, e toda região central do abdome estaria timpânica. Sinal de Giordano: Dor à percussão na região lombar, indica acometimento renal. (Litíase, pielonefrite). Pamela Barbieri, T23 Semiologia do Abdome
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