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e com uma conduta independente e a Administração por sua vez exerce uma atividade neutra, subordinada à lei ou regra técnica, atuando com responsabilidade profissional e com uma conduta hierarquizada. Ex: o Prefeito ao ser eleito, vai ser governante e, portanto, vai exercer atividades políticas e administrativas discricionárias, agindo de acordo consigo mesmo, de acordo com os seus próprios princípios. Poderá fazer os orçamentos através de técnicos, decidindo sempre com responsabilidade constitucional, pois se assim não o fizer, poderá ser cassado. Os seus funcionários são subordinados diretamente às leis ou às regras técnicas, tendo responsabilidade profissional e conduta hierarquizada. Todos têm poder de polícia. Órgãos Públicos O Governo e a Administração, como criações abstratas da Constituição e das leis, atuam por intermédio de suasentidades (pessoas jurídicas), de seus órgãos (centros de decisão) e de seus agentes (pessoas físicas investidas em cargos e funções). Teorias que tentam explicar a manifestação de vontade do Estado através dos Órgãos Públicos: 1) Teoria do Mandado-> "existe um contrato de mandado entre o Estado e o agente, sendo o Estado o mandante e o agente o mandatário" (mandado é um tipo de contrato que apresenta a figura do mandatário para realizar tarefas). Crítica: essa teoria tem a deficiência de não explicar quem representaria o Estado para outorgar esse mandado; 2) Teoria da Representação-> segundo esta teoria, o Estado seria um tutelado ou curatelado e o Agente Público o seu tutor ou curador, tal como acontece no D. Civil onde determinadas pessoas podem, através da lei, manifestar a vontade de outras (tutor e curador). Críticas: 1ª) Sabemos que de acordo com o D. Civil, o tutelado e o curatelado podem manifestar as suas vontades através do tutor e do curador, respectivamente. No entanto, quando estamos diante da relação Estado-agente, a vontade é uma só, ou seja, o agente não manifesta o seu desejo; 2ª) No D. Civil existe uma lei que dá a sucessão de quem será o tutor enquanto que na relação Estado- agente não há essa lei; 3) Teoria Orgânica-> Otto Gierke, buscando a explicação no D. Público, afirma que "a teoria orgânica assenta-se no D. Constitucional por força de cujas disposições a vontade de determinados indivíduos, os Agentes Públicos, vale como manifestação de pessoa jurídica de D. Público operando como órgão, ou seja, como instrumento". O Congresso Nacional tem competência de elaborar leis através de uma vontade do Estado e a Constituição é quem distribui para uma série de Órgãos Públicos a competência de cada um deles de manifestar a vontade do Estado. Esta teoria superou as duas anteriores e foi unanimemente aceita, tendo sido ampliada com a inclusão de 3 correntes: 1ª) corrente subjetiva: segundo Planiol e Ripert, o Órgão Público confunde-se com a pessoa do agente; 2ª) corrente objetiva: segundo Vitta e D´Alessio, o Órgão Público confunde-se com um conjunto de atribuições a serem desempenhadas, ou seja, Cargo Público; 3ª) corrente técnica: segundo Ranelleti e De Valles, o Órgão Público é constituído de dois elementos fundamentais: um elemento subjetivo que corresponde ao Agente Público encarregado de manifestar a vontade do órgão e um segundo elemento objetivo que corresponde ao complexo de atribuições definido na lei, ou seja, Cargo Público. Os Órgãos Públicos são elementos despersonalizados incumbidos da realização das atividades do Estado através de atos praticados por seus agentes. Segundo Hely Lopes Meirelles, Órgão Público é o centro de competência instituído para o desempenho de funções estatais através de seus Agentes Públicos ocupantes de cargos públicos cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem. Seja o órgão governamental ou administrativo, vai ter cargo e Agente Público. Quando são milhares de cargos públicos estes cargos podem não estar providos, isto é, podem estar vagos mas o órgão terá a sua existência independentemente da existência do agente. As tarefas realizadas pelos agentes vão representar a manifestação da vontade estatal. De acordo com a Constituição, somente a União, os Estados, o DF , os Municípios e as Autarquias é que são consideradas pessoas jurídicas. Os órgãos não possuem personalidade jurídica, eles só podem manifestar a vontade destas pessoas elencadas pela C.F.. Por exemplo, o Estado só pode ser citado na pessoa do procurador geral do Estado. É ele quem representa judicial e extrajudicialmente o Estado (art. 12 do CPC). Classificação dos Órgãos Públicos A) Quanto a posição estatal: esta classificação está ligada à hierarquização da Administração Pública onde encontramos órgãos superiores em relação a outros inferiores. Assim temos: 1) órgãos independentes -> são aqueles originários da Constituição e representativos dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Não têm subordinação hierárquica ou funcional, sujeitando-se exclusivamente aos controles constitucionais que permitem o controle de um Poder pelo outro (sistema de freios e contrapesos). Esses órgãos independentes são também chamados de órgãos primários do Estado. Exercem funções políticas, judiciais e quase judiciais. O Ministério Público (MP) não está subordinado a nenhum dos três Poderes, exercendo funções quase judiciais. Por exemplo, os órgãos independentes do Legislativo são a Câmara dos Deputados, a Câmara dos Vereadores etc.; do Executivo, as Prefeituras etc. e do Judiciário, os Tribunais, os Juízes etc.. Todos eles são agrupados como órgãos independentes. Obs.: o Tribunal de Contas também é órgão independente; 2) órgãos autônomos -> são os que se encontram na cúpula da Administração (em hierarquia) logo abaixo dos independentes, sendo a estes subordinados. Esses órgãos tem autonomia administrativa, financeira e técnica. Cuidam de planejamento, supervisão, coordenação e controle. Exs.: no plano federal temos os Ministérios (da Justiça e da Cidadania, da Educação, dos Transportes, da Fazenda, da Agricultura e Reforma Agrária); no plano estadual temos as Secretarias Estaduais (da Justiça, da Fazenda, da Agricultura, da Educação etc..) e no plano municipal, as Secretarias Municipais (da Educação, dos Transportes etc..). Além dos Ministérios, outros poderes também são subordinados diretamente ao Presidente da República, como o EMFA (Estado Maior das Forças Armadas) e a Consultoria Geral da República; 3) órgãos superiores -> correspondem às repartições dos órgãos independentes e dos autônomos, não havendo limite para a sua existência que fica subordinada às suas necessidades quanto ao desempenho de suas atribuições. Assim, esses órgãos independentes e autônomos serão subdivididos em repartições que são os gabinetes, as secretarias gerais, as procuradorias, as coordenadorias, os departamentos e as divisões. Os órgãos superiores, portanto, poderão ser multiplicados à medida de suas necessidades; 4) órgãos subalternos -> representam o último escalão da Administração, com reduzido poder decisório e com atribuições do poder de execução. Estas atribuições se referem aos serviços rotineiros e as tarefas de formalização dos atos administrativos executados por repartições públicas, tais como as portarias e a sessão de expediente; B) Quanto à sua estrutura: 1) órgãos simples -> também chamados de unitários, têm um só centro de competência. Ex.: portaria; 2) órgãos compostos -> têm em sua estrutura inúmeros outros órgãos menores, uns exercendo função idêntica à principal, ou seja, atividade fim e outras exercendo